Dois de julho de 2019
— Você não sabe é de nada! — respondeu um vendedor de cerveja a outro. — Rapaz, essa festa já deu bom, meu isopor tá cheio. Quero ver a galera em água! O observador falou: — Nem a galera da política foi forte este ano. Tá todo mundo cabreiro. — Aonde, pai? A gente é baiano, não tenho culpa se roupa de homem não dá em menino! Tudo culpa desse presidente! Essa disgraça! E eu só olhando... — Rapaz, vamos encerrar esse assunto? Deixa eu tomar minha cerveja, esperar meu samba e pegar o gorduroso para de noite ver o jogo daquela outra disgraça! Desviando a atenção dessas figuras curiosas, começou o samba. Só me lembrava da colega do trabalho com seus termos engraçados: só os modelitos shorts “beira-cu”, samba de bater a bunda no pandeiro e marcar remexendo, acompanhando o tantan. Era o povo da Liberdade com o Sambrasil engolindo o Centro Histórico com cada figura cheia de graça, esquecendo um pouco os problemas, sambando na cara do desemprego, das injustiças, no prato cheio de risada que vê o céu da boca, chamando todo mundo de caboclo e cabocla porque a resistência ancestral é o caldo do nosso balanço e a ousadia que
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