Quatorze de novembro de 2018 — Venha cá, rapaz, né você que é fuxiqueira andante? No Paripe – Barroquinha, quarta-feira, maravihosamente entro no buzu e tenho a sorte de me bater com outro cobrador ‘cantor’. E esse era bonito, viu? Negro, cheio de marra, lupão no rosto, careca, barba alinhada faraônica, coreografando olhando para o nada a música do Sorriso Maroto: “Me olha nos olhos e diz”, numa pressão com os braços para cima, como se tivesse vendo Deus. Aí, todo mundo rindo no buzu, é claro, entra um passageiro coroa, com a camisa aberta, barrigudão, e fala: — Cobra tá apaixonado... Ele disse: — Porra, man, amanhã é feriado e eu tô folgando! Já pensando na carne que eu vou queimar amanhã com minha Itaipava... Na maior intimidade, continuaram o papo como amigos de infância. Nisso, chega um cara do lado de fora: — Motô, meu pivete, me dá uma carona, na “omildade”... — Dá não, véi... tô na correria aqui, pai! Vai e vem de buzu, de manhã cedo, só não se anima com essas situações quem é muito chato nesta Bahia de meu Deus. Às vezes as pessoas se comportam dessa forma para esquecer as mazelas pessoais. Viver assim é bemmmm mais divertido, viu.
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