AS ORGANIZAÇÕES DA ECONOMIA SOCIAL SÃO PARA AS PESSOAS

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3.16. Definir os preços envolvidos

Precisamos, antes de mais, de uma visão abrangente de preços. Por um lado, é fundamental a consciência de que eles se enquadram na nossa desejada relação com as pessoas que servimos. Os preços devem, sobretudo, servir essa relação, que, sendo boa, é o lucro de uma organização sem fins lucrativos. Contudo, podemos ter de encarar situações muito diferentes: se há certas áreas onde o preço deve ser gratuito ou muito compensado por meios que não resultam do pagamento dos destinatários, há outras, mesmo numa organização sem fins lucrativos, que podem ser bastante rendíveis, do ponto de vista monetário. Sublinhe-se que nem sempre a gratuitidade favorece uma correcta relação com os utilizadores. Por vezes, a existência de um preço adequado reforça o seu empenho na relação com o produto ou com o serviço (ver Banerjee & Duflo, 2011). Mas na abordagem dos preços não se pode levar em conta apenas a dimensão monetária. Também são preços para os destinatários todas as dificuldades, materiais e conceptuais, que têm de superar para usufruir dos nossos produtos ou serviços. Nós providenciamos, por exemplo, uma consulta de prevenção de cancro de mama: também é um preço o tomar a decisão de fazer o exame, o reservar um período de trabalho para tal fim, o deslocar-se à consulta, o tempo, o transporte, o estacionar, o encarar o local e as pessoas que nos vão receber, o enfrentar os resultados do exame... Tudo isto são preços, colaterais ou imateriais, mas são isso mesmo. Temos de os considerar e, por vezes, necessitamos de elaborar estratégias de equilíbrio desses preços, sempre que consideremos que eles estão a entravar o comportamento e acesso dos principais beneficiários. Há mesmo situações, não desprezíveis, onde o preço pode ser um instrumento de limitação ou redução do consumo por parte dos destinatários. Chama-se a isso demarketing. Pense-se, por exemplo, num produto disponível em quantidades limitadas. Fora dos casos de grande necessidade, podemos usar o preço para dissuadir as pessoas que não estão nesse grau, de consumirem o produto, criando maiores barreiras de custos monetários ou de dificuldade de acesso.


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Bibliografia

19min
pages 89-97

Anexo – MarketingEcSocScorecard

2min
pages 87-88

3.20. Avaliar processos e resultados, melhorar e voltar a agir

5min
pages 81-85

3.19. Testar decisões tomadas

1min
page 80

3.21. E ainda

1min
page 86

3.18. Comunicar, comunicar, comunicar

1min
pages 78-79

serviços ou acções

1min
pages 76-77

3.16. Definir os preços envolvidos

1min
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que enquadre a nossa missão e intervenções

2min
pages 69-71

3.15. Conceber produtos, serviços ou acções adequados

2min
pages 72-74

3.13. Adoptar um posicionamento adequado

1min
pages 67-68

3.12. Definir alvos

2min
pages 65-66

3.10. Compreender os comportamentos das pessoas

3min
pages 61-62

3.11. Segmentar grupos das pessoas envolvidas

1min
pages 63-64

3.6. Recolher meios adequados

1min
page 54

3.9. Identificar a concorrência

1min
page 60

3.4. Considerar a co-criação

3min
pages 47-49

e as entidades envolvidos

5min
pages 55-57

3.8. Traçar objectivos e metas

1min
pages 58-59

3.3. Pensar e operar em estrela

1min
pages 45-46

3.5. Fazer um plano estratégico de marketing

3min
pages 50-53

3.2. Nortear-se pela sua missão

1min
pages 43-44

numa organização da economia social

2min
pages 41-42

2.2. Marketing social em Portugal

5min
pages 34-38

2.1. Marketing das organizações da economia social em Portugal

7min
pages 29-33

1.4. Marketing e social: um campo ainda mais vasto e diversificado

3min
pages 23-26

1.3. Uma disciplina não isenta de críticas

3min
pages 21-22

1.2. O marketing das organizações da economia social

6min
pages 17-20

Introdução

1min
page 7

1.1. Marketing???

6min
pages 11-16
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AS ORGANIZAÇÕES DA ECONOMIA SOCIAL SÃO PARA AS PESSOAS by Carlos Oliveira Santos - Issuu