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3.10. Compreender os comportamentos das pessoas
3.10. Compreender os comportamentos das pessoas
O comportamento das pessoas, sejamos conscientes, é sempre algo muito complexo de analisar, entender ou prever. A nós, contudo, interessa-nos perceber as atitudes e comportamentos que levam os nossos destinatários a dirigirem-se a nós, a adoptarem as nossas indicações, a escolherem os serviços ou produtos que proporcionamos. São inúmeras as abordagens destes aspectos. Quando se trata de proporcionar às pessoas certos processos e meios de tomarem certas decisões e de adoptarem determinadas condutas, há que ter em conta o balanço entre benefícios e custos. Mais à frente, veremos que os custos envolvidos podem ser de muita natureza, não apenas monetária. Por outro lado, mesmo quando os benefícios são superiores aos custos despendidos, nem sempre as pessoas são levadas à acção. É necessário que se conjuguem motivação, oportunidade – ou seja, momento e meios para que a motivação se concretize em actos – e, finalmente, autoconfiança, isto é, a capacidade de a pessoa acreditar que pode, efectivamente, concretizá-los e ter meios para isso.
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As atitudes, decisões e actos das pessoas dependem da maneira como elas se vêem a si próprias e da percepção que têm dos custos de não as tomarem ou realizarem. Aqui, a sociedade, em geral, e os grupos em que elas se inserem exercem uma forte influência sobre as respectivas condutas.
Aspecto importante é que nem todas as pessoas em causa se encontram nas mesmas condições. Os psicólogos James O. Prochaska e Carlo Di Clemente (1987) desenvolveram um modelo, profusamente usado, a este respeito, denominado transteorético ou modelo dos estados de mudança. Chama ele a atenção para cinco estados que definem a situação das pessoas face a determinada acção:
. pré-contemplação – onde a pessoa nem sequer tem a noção de um problema ou assunto que envolva a necessidade de acção; . contemplação – tem a noção, mas não considera ainda nenhuma acção
a curto prazo; . preparação – está preparado para uma acção imediata; . acção – envolve-se na acção; . manutenção – procura assegurar a continuação da acção e do comportamento que ela implica.
A nossa função é perceber o estado em que se encontram as pessoas envolvidas e proceder adequadamente a cada um deles. Não vale a pena fazer apelos à acção para pessoas que nem contemplam o problema. Aí, o nosso papel é proporcionar-lhes a consciência e o conhecimento para encará-lo. Mas também não vale a pena fazer apelos para a acção sem que haja formas e processos acessíveis por parte das pessoas que a ela desejem passar.
Alguns autores (ver Le Net, 1993, ou Rothschild, 1999) sublinharam a importância de articular persuasão, com regulamentação e controlo. Quer dizer que não basta tentar persuadir as pessoas. É necessário gerar normas e assegurar o seu cumprimento. Por isso, algumas vezes, é do interesse das organizações e dos agentes sociais que certos comportamentos sejam devidamente legislados e a sua aplicação devidamente controlada por autoridades com capacidade e legitimidade para tal.
O trabalho da
No mundo, estima-se que a Taxa de Reincidência para a população que sai da prisão seja de 75 a 80%. Dos participantes de todos os programas da Associação de Protecção e Apoio ao Condenado – Portugal, 7 em cada 10 dos já tinham cometido crimes. A conferência da APAC Prison Insights procura: . dar a conhecer a alternativa de uma reclusão vivida em casas que, por permitirem um tratamento individualizado e uma rotina mais aproximada da normal vida em sociedade, potenciam a ressocialização e o combate à reincidência. . contribuir para a adoção de políticas públicas focadas numa execução de penas cada vez mais humanista e normalizada com a vida em sociedade. . contribuir para a criação de uma rede entre os vários agentes e decisores do setor criminal.
Ver www.apac-portugal.pt/