3 minute read

3.4. Considerar a co-criação

Next Article
Bibliografia

Bibliografia

3.4. Considerar a co-criação

Muitos (porventura, os próprios especialistas de marketing) verão este começo de abordagem dos aspectos instrumentais do marketing das organizações da economia social como algo estranho. A verdade é que há um enorme potencial nas comunidades que nos são próximas e nas pessoas em geral que pode, com muito proveito, ser chamado a participar, desde o início, em processos de marketing para as nossas organizações da economia social. Daí o conceito de co-criação (ver Prahalad & Ramaswamy, 2004).

Advertisement

Ter uma perspectiva aberta, convocar participações,

envolver as pessoas no estudo dos problemas,

apelar a ideias e contributos,

chamar à participação em acções,

chamar à avaliação e melhoria das intervenções,

é um método a considerar e praticar a vários níveis e dimensões: desde os contactos e encontros locais e sectoriais até ao envolvimento das próprias pessoas e comunidades a quem nos dirigimos, e ainda, sabe-se lá, ao apelo a todo o mundo com vista a uma contribuição criativa para os nossos problemas.

Divulgou-se, neste século que vivemos, o conceito de inovação aberta (open innovation) formalizado, em 2003, pelo professor da Universidade da Califórnia (Berkeley) Henry Chesbrough (2003) e posto em prática por inúmeras plataformas que usam a Internet como veículo para a apresentação de desafios (challenges) sobre os mais diversos problemas, por parte de instituições e empresas (seekers) a que participantes (solvers), de inesperados pontos cardeais, respondem com propostas que, em muitos casos, têm aplicação produtiva.

Os problemas e preocupações sociais não têm sido alheios a este conceito e processo. Plataformas internacionais como a OpenIDEO (www.openideo.com), a Challenge.gov (challenge.gov) ou a Ideaconnection (www.ideaconnection.com) proporcionam o relacionamento das pessoas em torno da resolução de problemas sociais, para além da existência de inúmeras plataformas de resolução de questões específicas (ver listagem

em Board of Innovations, www.boardofinnovation.com/list-open-innovation-crowdsourcingexamples/).

Porque não pensar na inserção dos seus problemas e desafios numa plataforma de inovação aberta já existente ou mesmo na criação de um processo próprio de inovação aberta através dos meios da sua organização, o seu website, os meios de comunicação locais ou nacionais, os contactos directos?

Por outro lado, há uma recente dimensão do marketing que tem particular importância para as organizações da economia social e que reforça, a seu modo, esta dimensão participativa: trata-se do chamado marketing relacional (ver Berry, 1983; Sheth & Parvatyar, 2000; Gummesson, 2002; Grönroos, 2004). Mais do que algo centrado numa mera transacção de um produto, numa perspectiva de curto prazo e sem grande envolvimento do consumidor, o marketing relacional foca-se no estabelecimento de uma relação prolongada e aprofundada entre fornecedor e consumidor, de forma mais personalizada, com base num processo interactivo de comunicação, no acompanhamento por serviços permanentes e num renovado grau de confiança e de qualidade.

Diversos autores, como Burnett (1998), Sargeant & Lee (2001), Money et al. (2008) ou Shabbir et al. (2008), consideram apropriada e útil a extensão dos conceitos e processos do marketing relacional às organizações sem fins lucrativos, tanto no fornecimento de produtos e serviços a beneficiários, como na relação com os doadores.

Co-criação na

A FUNDAÇÃO MATA DO BUSSACO (FMB), em parceria com os departamentos de Comunicação e Arte e de Biologia da Universidade de Aveiro, o Sapo Labs, com o apoio da Fundação PT, promoveu o projecto «Bussaco Digital», que se traduziu num programa informático, que permite ao utilizador plantar uma ou mais árvores nas áreas de floresta da Mata Nacional do Bussaco, destruídas após o ciclone de Janeiro de 2013. A aplicação, reconhecida internacionalmente com o prémio Natura 2000 Communication Award, oferece ainda uma série de outras funcionalidades. O respectivo website permite ao usuário adquirir e dedicar uma das árvores centenárias existentes na mata a alguém especial, baptizar a árvore plantada, bem como acompanhar o desenvolvimento desta, através da sua monitorização por meio de coordenadas GPS.

Ver www.fmb.pt/v2/pt/2015-10-22-10-39-11/arquivo-de-noticias

This article is from: