V i s ã o G e r a l
localização, criando uma ponte entre as agendas de bem-estar e crescimento. Este estudo baseia-se nas principais conclusões dos documentos de referência e inclui um tratamento mais rico da literatura e um resumo de políticas de intervenção recentes para trazer novas perspectivas para os debates atuais sobre políticas. Os documentos de referência e análises complementares desenvolvidos neste estudo usam fontes de dados ricas e variadas, bem como abordagens analíticas, incluindo novas evidências provenientes de pesquisas harmonizadas sobre as famílias e forças de trabalho (corte transversal e painel) de 17 países da ALC; dados longitudinais de compatibilidade trabalhador-emprego referentes ao Brasil e ao Equador (com o acompanhamento de todos os trabalhadores formais e empresas por mais de 15 anos); e uma análise das contas nacionais para avaliar a dinâmica do mercado de trabalho. Para avaliar os efeitos causais das crises, o estudo também explora choques sobre as empresas decorrentes de choques de demanda externa. Esses choques exógenos possibilitam a separação dos efeitos da crise dos efeitos de outras forças que afetam o emprego e a produtividade a longo prazo. Essa evidência é complementada pelas conclusões de um modelo estrutural usando dados brasileiros e desenvolvido para avaliar as consequências no bem-estar dos ajustes do mercado de trabalho.
Principais ideias Este relatório oferece novas percepções em seus três temas analíticos: a dinâmica de ajuste do mercado de trabalho; o impacto das crises sobre os trabalhadores, empresas e localidades; e as políticas de resposta.
As crises têm fortes impactos na estrutura e dinâmica do emprego na América Latina Como as crises mudam os fluxos do mercado de trabalho? Um choque macroeconômico causa uma realocação microeconômica, tanto nos trabalhadores quanto nas empresas.
Nesses momentos difíceis, os destinos dos trabalhadores e das empresas ficam entrelaçados. As empresas podem ajustar o número de funcionários, as horas de trabalho e os salários oferecidos e os trabalhadores podem optar por aceitar o que é oferecido ou buscar outras opções. A partir dessas interações, forma-se um novo equilíbrio de curto prazo. Os choques negativos causam mais desemprego do que informalidade no curto prazo De acordo com novos estudos no âmbito deste relatório, no curto prazo, o ajuste se dá, principalmente, pelo desemprego (Sousa, 2021). Embora o egresso da força de trabalho e a migração para o trabalho de tempo parcial não pareçam ser margens de ajustamento expressivas, Sousa (2021) encontra uma forte correlação negativa entre os fluxos de emprego formal e informal em cinco dos seis países analisados (reduções na formalidade costumam ser acompanhados do aumento da informalidade e vice-versa) onde a grande economia informal do país acaba servindo como rede de segurança e absorvendo parte do excesso de trabalho. Porém, mesmo com a existência dessa função de amortecimento, o desemprego absoluto continua representando uma margem considerável de ajuste do mercado de trabalho aos choques econômicos na região da ALC. Os grandes fluxos brutos de emprego em direção ao desemprego, por sua vez, reduzem expressivamente a renda familiar, aumentando a vulnerabilidade e ampliando e aprofundando a pobreza. Nos países da ALC, a renda do trabalho representa 60 por cento da renda familiar dos 40 por cento mais pobres. A perda de emprego da pessoa responsável pela maior parte da remuneração das famílias não-pobres pode levar 55 por cento delas à pobreza. Além disso, a perda de empregos impõe custos aos trabalhadores que vão muito além da perda imediata de renda4. O ajuste econômico por meio do desemprego também é especialmente oneroso porque, em matéria de emprego, as perdas ocorrem mais rapidamente que os ganhos - em outras palavras, as perdas de emprego podem persistir por muito tempo após o fim da crise.
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