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Fluxos do Mercado de Trabalho: Desemprego versus Informalidade

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Referências

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na América Latina? Novas pesquisas feitas no contexto deste projeto mostram que as crises podem, de fato, afetar consideravelmente a estrutura do mercado trabalho durante vários anos (Regis e Silva, 2020). Nos três países analisados (Brasil, Chile e México), a queda no emprego formal causada pelas crises mostrou-se forte e duradoura. Em dois desses países, a informalidade parece ter funcionado como um amortecedor de longo prazo para o desemprego; no terceiro país, o emprego formal estagnou ou caiu. Ao considerarem os efeitos das crises sobre a mobilidade e o bem-estar da força de trabalho, Artuc, Bastos e Lee (2020) concluíram que em períodos de desaceleração e crise a redução dos fluxos de trabalho diminui a compatibilidade entre o trabalhador e o emprego, reduzindo assim a utilidade estimada do trabalho. Os resultados sugerem que uma crise tem o potencial de empurrar o mercado de trabalho para um novo ponto de equilíbrio entre o emprego formal e informal, com implicações de longo prazo no bem-estar e na produtividade.

Fluxos do Mercado de Trabalho: Desemprego versus Informalidade

Na região da ALC, as crises econômicas são consideráveis e frequentes, representando um grande entrave para o desenvolvimento econômico e para a redução da pobreza. Esses choques econômicos reduzem a demanda de modo geral, diminuindo a demanda por mão de obra e eventualmente culminando em ajustes quantitativos no emprego. Esta seção apresenta evidências sobre quatro margens desse ajuste quantitativo no emprego: desemprego, saídas da força de trabalho, transição para a informalidade e transição para o trabalho em regime de tempo parcial.

O objetivo desta seção, baseada em Sousa (2020), é caracterizar os impactos de curto prazo das flutuações cíclicas do crescimento no mercado de trabalho, analisando como os fluxos do mercado de trabalho variam com o ciclo de negócios. Sousa (2020) estimou os fluxos de trabalhadores usando dados sobre mais de seis milhões de transições no mercado de trabalho, construídos a partir de painéis de pesquisa da força de trabalho do projeto de Banco de Dados do Trabalho para a América Latina e o Caribe (um projeto conjunto do Centro de Estudos Distributivos, Trabalhistas e Sociais e o Banco Mundial). A análise neste capítulo concentra-se em trabalhadores urbanos, limitando assim o efeito das diferenças entre os países nos níveis de subsistência ou atividades de baixa produtividade do setor primário nos resultados. Devido a questões de disponibilidade de dados, os países considerados foram Argentina, Brasil, Chile, Equador, México e Peru. Para cada país, foram construídos painéis trimestrais conectando dados de diversos levantamentos consecutivos entre o primeiro trimestre de 2005 e o quatro trimestre de 2017 com indivíduos de 15 a 64 anos de idade. Os painéis foram usados para calcular fluxos de trabalho e taxas de transição trimestrais a partir de dados de nível individual.

Esta seção discute tanto os fluxos de trabalho quanto as transições no emprego. Enquanto os fluxos de trabalho medem o número de trabalhadores que transitam entre estados de ocupação em determinado momento, as transições de emprego medem a taxa com que os trabalhadores transitam entre esses estados. Para calcular a ciclicidade das transições no emprego (ou seja, os desvios da frequência/tendência natural) foram utilizados microdados. Os estados de emprego utilizados na análise são: emprego formal remunerado no setor privado, emprego público formal, emprego informal remunerado, autônomo, desempregado, desocupado e trabalho em tempo parcial. Conforme Moscarini e Postel-Vinay (2012), a ciclicidade é medida pela construção de séries de crescimento (onde o ciclo de crescimento é medido como o crescimento do PIB trimestral, ano a ano) e por séries trimestrais de transição no emprego. O crescimento e as transições econômicas foram destendenciados e dessazonalizados com aplicação do filtro de Hodrik-Prescott para obter o componente cíclico desses números. Uma transição é procíclica quando a correlação entre o ciclo de crescimento e a respectiva série de transição é positiva, e contracíclica quando a correlação é negativa.

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