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Localidades: o papel das oportunidades locais e da informalidade
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Embora haja muita literatura descrevendo a diferença nas opções de emprego entre empresas estatais e privadas, há pouca evidência empírica que compare as diferenças no ajuste do emprego a choques entre as empresas protegidas pelo estado e as empresas desprotegidas.
Para preencher esta lacuna, Fernandes e Silva (2021) comparam a mudança no emprego que se segue a um choque adverso em empresas estatais e empresas privadas. Elas concluem que as empresas estatais fizeram um ajuste menor ao longo da margem intensiva (meses de trabalho do trabalhador) em resposta à crise financeira global de 2008 – 09 porque essas empresas estavam protegidas do choque.
Até aqui, este capítulo explorou as possíveis diferenças no efeito cicatriz que podem ser devidas a diferenças em características pessoais (demográficas) e das empresas. Uma terceira dimensão que pode afetar o efeito cicatriz no mercado de trabalho são as características dos mercados de trabalho locais onde os trabalhadores vivem e trabalham. Pesquisas recentes têm dado crescente atenção aos custos significativos que os trabalhadores têm que suportar quando se deslocam entre cidades e setores. Dix-Carneiro (2014) estima que os custos medianos de mobilidade direta que os trabalhadores enfrentam ao mudar de setor variam de 1,4 a 2,7 vezes os salários médios anuais. Artuc, Chaudhuri e McLaren (2010) e Artuc e McLaren (2015) obtêm estimativas semelhantes para o custo de mudar de setor. Os custos de uma mudança de localidade, por algumas estimativas, podem chegar a sete vezes a renda média anual (Bayer, Keohane e Timmins [2009], Bishop [2008]; Kennan e Walker [2011]).3 Como resultado, os trabalhadores, especialmente os de baixa renda, tendem a estar mais fortemente ligados a seus mercados de trabalho locais do que se pensava anteriormente.
Esses vínculos com o mercado de trabalho local significam que as características desses mercados podem ter um papel considerável na formação do efeito cicatriz no mercado de trabalho. Por exemplo, Meekes e Hassink (2019) mostram que o mercado imobiliário local afeta significativamente os trabalhadores após a perda de emprego - o efeito da perda involuntária do emprego na probabilidade de mudar de casa é negativo. As lições da seção anterior já sugerem que o nível de concentração de determinado setor pode afetar o emprego e os salários. A vida em uma “cidade corporativa” oferece oportunidades muito diferentes da vida em uma área metropolitana grande e diversificada. O grau de informalidade do mercado de trabalho local também é importante.
A informalidade pode afetar o desenvolvimento do efeito cicatriz de várias maneiras importantes, e nem todas apontam na mesma direção. Para muitos trabalhadores, especialmente na região da ALC, o mercado de trabalho informal é considerado uma rede de segurança que substitui o papel tradicional da seguridade social. Os trabalhadores que perdem o emprego no setor formal e não recebem apoio da família ou do governo têm pouca escolha a não ser aceitar qualquer oportunidade de emprego disponível. Quando os requisitos legais para abrir ou operar uma empresa não são estritamente aplicados, esses trabalhadores podem ter mais facilidade em abrir negócios informais (por exemplo, os vendedores ambulantes, ou tianguis, vistos com frequência no México) do que encontrar um emprego formal. O emprego no setor informal pode, portanto, oferecer oportunidades para a acumulação de capital humano através da experiência e do empreendedorismo.
No entanto, a presença de um grande setor informal pode indicar uma aplicação imperfeita da legislação que rege o salário-mínimo ou de outras leis trabalhistas. Em muitos casos, os empresários do setor informal oferecem serviços a empresas exportadoras e empresas do setor formal que ajudam essas empresas a lidar com flutuações da demanda. Devido aos vários tipos de