Emprego em Crise

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R u m o a u m a p o l í t i c a d e r e s p o s t a i n t e g r a d a

Mais do que apoio de curto prazo à renda: ações de políticas para reconduzir as pessoas ao trabalho e à requalificação As políticas de emprego são a resposta tradicional para enfrentar os desafios do reemprego e da requalificação. No entanto, a maioria dos países da ALC gasta muito pouco em medidas ativas de trabalho: cerca de 0,5 por cento do PIB. Mas mesmo aqueles que gastam mais têm um histórico de desempenho bastante fraco (McKenzie 2017b). Por exemplo, de 90 programas de emprego para jovens rigorosamente avaliados na região da ALC, apenas 30 por cento tiveram efeitos positivos nas taxas de emprego ou nos salários, e os efeitos foram pequenos (Kluve et al., 2016; Robalino e Romero, 2019). Além disso, não houve diferenças significativas em matéria de efetividade entre os tipos de programas (por exemplo, capacitação versus assistência na procura de emprego). A maioria das medidas ativas de trabalho administradas por agências públicas de emprego não foram avaliadas. Mas geralmente a capacidade institucional é escassa, elas enfrentam várias restrições de recursos humanos e financeiros, e os funcionários existentes têm poucos incentivos para responder às necessidades de candidatos a emprego e empregadores. Há várias lições da experiência internacional que podem ser usadas para orientar a reforma das medidas ativas de trabalho na região da ALC. Em primeiro lugar, as evidências mostram que é importante abandonar intervenções únicas em prol de um pacote integrado de serviços. Mesmo indivíduos afetados pelo mesmo tipo de choque, raramente enfrentam restrições idênticas para acessar um novo emprego. Isso significa que o sucesso de um programa depende da sua capacidade para adaptar serviços a perfis muito diferentes e às demandas de diferentes trabalhadores. Portanto, os serviços de assistência ao reemprego devem instituir sistemas de cadastramento e criação de perfis estatísticos que ajudem a identificar os tipos de restrições enfrentadas pelos indivíduos. Além disso, práticas modernas de monitoramento e avaliação são fundamentais para aferir os resultados dos programas e fazer correções

quando necessário. A sustentabilidade fiscal de programas maiores e mais eficazes também exigirá fontes de financiamento diversas. Quando os governos tornam as estruturas de mutualização de riscos mais amplamente disponíveis para cobrir choques com perdas incertas e catastróficas, é razoável esperar que os recursos contribuídos para esses programas por pessoas e empresas atendam às necessidades decorrentes de choques mais previsíveis e menos onerosos. Hoje, a maioria das medidas ativas de trabalho são financiadas por despesas do orçamento geral. Dada a natureza dos choques e das perdas e o grau de falhas do mercado, essa fonte de financiamento é adequada para atender a algumas necessidades, mas não necessariamente a todas. É preciso haver uma assistência ao emprego mais robusta e coordenada, com maior foco nos resultados e consequências não intencionais desses programas. Em termos de políticas de requalificação, é importante apoiar os trabalhadores em momentos de mudança. Esse apoio envolve fortalecer o ensino técnico e profissionalizante e promover programas de ensino superior de curta duração, alcançar estudantes de baixa renda e condicionar o financiamento à empregabilidade dos alunos. Com base no que precede, a figura 4.13 apresenta uma caracterização mais completa das áreas de política de possível enfoque para a obtenção de uma resposta mais forte de proteção social às crises na América Latina (dimensão de política 2). Evidências de vários contextos mostram que cada uma das áreas prioritárias na figura pode fazer uma diferença real para o ajuste no mercado de trabalho.

Estrutural: maior concorrência e políticas baseadas no local Os Capítulos 2 e 3 deste relatório documentam a importância dos fatores de demanda e as três questões estruturais que servem para ampliar os impactos das crises no bem-­estar e na eficiência na região da ALC: a rigidez do trabalho, que complica as transições de emprego, a dicotomia da região entre as empresas protegidas e não protegidas

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Referências

24min
pages 161-169

nos trabalhadores

1min
page 156

Conclusão

9min
pages 157-159

mercado de trabalho

3min
page 155

Notas

3min
page 160

econômicas?

3min
page 154

4.17 Instrumentos normativos do mercado de trabalho e duração do desemprego

18min
pages 148-153

4.13 Abordagem do impacto das crises e preparação para a mudança: reformas de políticas

5min
pages 142-143

Estrutural: maior concorrência e políticas baseadas no local

3min
page 141

involuntária de emprego

2min
page 139

mudanças estruturais

3min
page 140

4.1 Auxílio Familiar como Seguro-Desemprego na Prática

3min
page 130

B4.2.1 Estratégia trabalhista e de proteção social adotada em resposta à COVID-19 no Brasil para dois grandes grupos vulneráveis

1min
page 133

4.8 Apoio insuficiente, com muitos deixados para trás

2min
page 129

4.1 Panorama do apoio formal à renda no desemprego na região da ALC

2min
page 119

Agregado: estabilizadores macroeconômicos mais robustos

6min
pages 113-114

4.1 Como funciona o ajuste e um triplo pacote de políticas para facilitá-lo

5min
pages 111-112

setorial e propriedade estatal

2min
page 98

Conclusão

6min
pages 101-102

Localidades: o papel das oportunidades locais e da informalidade

3min
page 99

Introdução

8min
pages 107-109

Empresas: o custo da concorrência limitada no mercado

9min
pages 93-95

Três dimensões principais das políticas

3min
page 110

3.1 Presença de efeitos negativos e efeitos cicatriz nos salários, por gênero e nível de ensino

2min
page 92

Fluxos do Mercado de Trabalho: Desemprego versus Informalidade

3min
page 52

Trabalhadores: uma carga maior sobre os não qualificados

9min
pages 81-83

Criação e destruição de empregos em tempos de crise

3min
page 60

por Decil Salarial, Setores Formal e Informal, 2005–17

5min
pages 69-70

A transformação na estrutura do mercado de trabalho e o desaparecimento dos bons empregos

3min
page 68

2.2 Ciclicidade de Fluxos Líquidos entre Setores, e de Saída do Emprego

6min
pages 55-56

Introdução

5min
pages 79-80

Principais ideias

18min
pages 29-34

Introdução

8min
pages 49-51

1.3 Estabilizadores e Estrutura Macroeconômica: Reformas de Políticas

8min
pages 38-40

Referências

5min
pages 44-45

sobre os trabalhadores

2min
page 42

1.2 Como funciona o ajuste e as políticas que podem atenuá-lo

4min
pages 36-37

Três dimensões das políticas de resposta

3min
page 35

Notas

3min
page 43
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Emprego em Crise by World Bank Publications - Issuu