Emprego em Crise

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R u m o a u m a p o l í t i ca d e r e sp o s t a i n t e g r a d a

de concorrência, as políticas regionais e as regulamentações do mercado de trabalho são uma terceira dimensão fundamental que dita os efeitos das crises (conforme ilustrado pela seta inferior na figura 4.1). Essas questões estruturais importantes também podem estar por trás dos ajustes insuficientes às crises nos mercados de trabalho da ALC e podem exigir intervenções nos níveis de setor e de localidade, além de intervenções para os trabalhadores e para a economia como um todo. É preciso que haja uma interação com as necessidades e incentivos de proteção social (conforme ilustrado pelas setas verticais na figura 1). As políticas de resposta dos países da ALC precisam abordar essas questões estruturais de forma direta, de acordo com o nível de prioridade de cada questão nos diversos países / cenários.

Agregado: estabilizadores macroeconômicos mais robustos Conforme ilustrado na figura 4.1, o primeiro escudo contra as crises é a força da estrutura macroeconômica do país e estabilizadores automáticos robustos. Essas políticas filtram até que ponto um choque exógeno afeta o mercado de trabalho nacional e, de forma especialmente relevante para a América Latina e o Caribe, até que ponto as condições internas podem levar a uma situação de crise. Esta seção analisa como a região da ALC progrediu em termos de suas estruturas macroeconômicas, levando a menos crises internas, mesmo na ausência de estabilizadores automáticos suficientes.

Estrutura Macroeconômica mais Robusta Poucos discordariam de que evitar crises, antes de mais nada, é uma prioridade importante para limitar seus efeitos, que ocorrem tanto em nível individual quanto agregado. Conforme documentado neste estudo, a região da ALC sofre de crises frequentes. Em um terço dos trimestres entre 1980 e 2018, um ou mais países da região estiveram em crise econômica (conforme mencionado no

capítulo 1). Políticas fiscais e monetárias prudentes, no entanto, podem diminuir a probabilidade de certos tipos de crises e as políticas macroeconômicas - incluindo o estímulo à demanda e as depreciações da taxa de câmbio - compõem uma primeira linha de resposta. Nas últimas décadas, os países da ALC progrediram bastante no fortalecimento de suas estruturas macroeconômicas e na melhoria da governança e de suas instituições. Esses esforços reduziram a frequência das crises na região, especialmente as de origem interna. Ainda existem desafios, no entanto - principalmente a crise na República Bolivariana da Venezuela e também as recentes crises políticas ou econômicas na Argentina, Brasil, Haiti e Nicarágua. De importância crítica para compreender como as crises afetam os trabalhadores, as estruturas macroeconômicas mais robustas da região também alteraram a natureza dos ajustes de mercado de trabalho da região. Devido a essas estruturas mais robustas, as crises na região da ALC hoje ocorrem em um contexto de inflação relativamente baixa. Em contraste, a década de 1980 e o início da década de 1990 foram um período de alta inflação na maioria dos países da região. As políticas monetárias latino-americanas na década de 1990 e no início dos anos 2000 tentava cada vez mais manter a inflação baixa (Céspedes, Chang e Velasco, 2014). Por exemplo, após a crise do Efeito Tequila, o México mudou de uma política de taxa de câmbio fixa para câmbio flutuante e adotou regras relativamente rígidas para as metas de inflação. Desde o início dos anos 2000, a maioria dos países da região conseguiu controlar a inflação. A taxa de inflação média não-ponderada da região foi de 69,6 por cento na década de 1980 e 30 por cento na década de 1990, caindo para apenas 5,4 por cento nos anos 2000.3 Embora esse novo contexto macroeconômico signifique que ocorrem menos crises internas na região da ALC, ele também tem implicações na forma como os mercados de trabalho da região se ajustam às crises que, de fato, ocorrem. A inflação baixa reduz a flexibilidade descendente dos salários reais,

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Referências

24min
pages 161-169

nos trabalhadores

1min
page 156

Conclusão

9min
pages 157-159

mercado de trabalho

3min
page 155

Notas

3min
page 160

econômicas?

3min
page 154

4.17 Instrumentos normativos do mercado de trabalho e duração do desemprego

18min
pages 148-153

4.13 Abordagem do impacto das crises e preparação para a mudança: reformas de políticas

5min
pages 142-143

Estrutural: maior concorrência e políticas baseadas no local

3min
page 141

involuntária de emprego

2min
page 139

mudanças estruturais

3min
page 140

4.1 Auxílio Familiar como Seguro-Desemprego na Prática

3min
page 130

B4.2.1 Estratégia trabalhista e de proteção social adotada em resposta à COVID-19 no Brasil para dois grandes grupos vulneráveis

1min
page 133

4.8 Apoio insuficiente, com muitos deixados para trás

2min
page 129

4.1 Panorama do apoio formal à renda no desemprego na região da ALC

2min
page 119

Agregado: estabilizadores macroeconômicos mais robustos

6min
pages 113-114

4.1 Como funciona o ajuste e um triplo pacote de políticas para facilitá-lo

5min
pages 111-112

setorial e propriedade estatal

2min
page 98

Conclusão

6min
pages 101-102

Localidades: o papel das oportunidades locais e da informalidade

3min
page 99

Introdução

8min
pages 107-109

Empresas: o custo da concorrência limitada no mercado

9min
pages 93-95

Três dimensões principais das políticas

3min
page 110

3.1 Presença de efeitos negativos e efeitos cicatriz nos salários, por gênero e nível de ensino

2min
page 92

Fluxos do Mercado de Trabalho: Desemprego versus Informalidade

3min
page 52

Trabalhadores: uma carga maior sobre os não qualificados

9min
pages 81-83

Criação e destruição de empregos em tempos de crise

3min
page 60

por Decil Salarial, Setores Formal e Informal, 2005–17

5min
pages 69-70

A transformação na estrutura do mercado de trabalho e o desaparecimento dos bons empregos

3min
page 68

2.2 Ciclicidade de Fluxos Líquidos entre Setores, e de Saída do Emprego

6min
pages 55-56

Introdução

5min
pages 79-80

Principais ideias

18min
pages 29-34

Introdução

8min
pages 49-51

1.3 Estabilizadores e Estrutura Macroeconômica: Reformas de Políticas

8min
pages 38-40

Referências

5min
pages 44-45

sobre os trabalhadores

2min
page 42

1.2 Como funciona o ajuste e as políticas que podem atenuá-lo

4min
pages 36-37

Três dimensões das políticas de resposta

3min
page 35

Notas

3min
page 43
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Emprego em Crise by World Bank Publications - Issuu