Emprego em Crise

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em Crise

percepções abstraídas de evidências existentes e experiências com políticas e apresenta recomendações para melhorar as respostas da região à atual crise de COVID-19. Em seguida, o capítulo muda o foco para os efeitos das crises na eficiência e analisa como lidar com questões estruturais que podem prejudicar os ajustes do mercado de trabalho - mais especificamente, como quebrar a rigidez, abordar a clivagem entre insiders e outsiders e a responder à falta de oportunidades. O Capítulo 3 mostrou como fatores além do mercado de trabalho afetam o tamanho dos impactos das crises sobre os trabalhadores. Os desafios estruturais na região da ALC tendem a desacelerar e até mesmo impedir os ajustes necessários no mercado de trabalho, enfraquecendo assim as recuperações econômicas. Essas questões estruturais podem mudar a natureza - e o impacto nas pessoas - dos choques sistêmicos, de algo transitório para uma situação de longo prazo. As implicações desses achados e da literatura relacionada são que, mesmo que as políticas de ajuste macroeconômico, proteção social e trabalho do país em questão estejam em perfeita ordem, melhores resultados poderiam ser alcançados para os trabalhadores prejudicados por meio do reforço de políticas setoriais e locais para lidar com as questões estruturais que estão impedindo recuperações mais robustas. Essa reforma envolveria abordar as ineficiências no ajuste do mercado de trabalho causadas pela legislação, pela estrutura do mercado de produtos, pela falta de mobilidade geográfica dos trabalhadores e pelas áreas desfavorecidas. Enfrentar esses desafios estruturais requererá mudanças nas estruturas legais e regulamentações, bem como investimentos públicos direcionados.

Três dimensões principais das políticas Até aqui, este relatório revelou as situações de bem-estar e eficiência advindas da tríade trabalhadores, setores e empresas e localidades e examinou quais são os mecanismos em jogo. Um choque exógeno é transmitido ao mercado de trabalho por meio de impactos

na oferta e na demanda, alterando o funcionamento normal do mercado de trabalho e gerando perdas de empregos e transições para empregos informais, em taxas superiores às observadas em tempos normais. Esses fluxos excedentes afetam o tamanho e a composição do emprego. O Capítulo 2 descreve esse processo de ajuste na região da ALC, considerando as várias margens pelas quais o mercado de trabalho pode se ajustar aos choques e os que fatores ajudam a determinar a severidade do ajuste em questão. O que esse processo significa para os trabalhadores e como as características dos setores, empresas e localidades afetam o tamanho e a natureza dos impactos das crises? Um choque macroeconômico resulta em realocação microeconômica nos níveis dos trabalhadores e das empresas. Nesses momentos decisivos, os destinos dos trabalhadores e das empresas estão interligados. As empresas podem ajustar o número de empregados, as horas trabalhadas e os salários oferecidos, e os trabalhadores podem optar por aceitar essas ofertas ou procurar outras opções. A partir dessas interações, um novo equilíbrio de curto prazo é formado. Este estudo mostra que esse equilíbrio depende das condições locais do mercado de trabalho, bem como da capacidade das empresas de ajustar empregos e salários, o que está ligado a regulamentações do mercado de trabalho. Como as empresas são um canal fundamental de transmissão dos efeitos das crises para os trabalhadores individuais, esses efeitos também dependem das rendas existentes, dos mecanismos de compartilhamento de renda e da estrutura dos mercados de produtos. Na transição para um novo equilíbrio, muitos trabalhadores perdem seus empregos ou sofrem queda em sua renda, algumas empresas fecham as portas e os novos ingressantes no mercado de trabalho enfrentam um início de carreira mais desafiador. Conforme explorado no capítulo 3, os impactos de uma crise deixam cicatrizes nos trabalhadores e nas empresas. Muitos trabalhadores não se recuperam totalmente, mesmo a longo prazo: seus lucros não voltam, suas carreiras seguem um caminho diferente e pior. Quem perde, perde muito. Trabalhadores menos


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Referências

24min
pages 161-169

nos trabalhadores

1min
page 156

Conclusão

9min
pages 157-159

mercado de trabalho

3min
page 155

Notas

3min
page 160

econômicas?

3min
page 154

4.17 Instrumentos normativos do mercado de trabalho e duração do desemprego

18min
pages 148-153

4.13 Abordagem do impacto das crises e preparação para a mudança: reformas de políticas

5min
pages 142-143

Estrutural: maior concorrência e políticas baseadas no local

3min
page 141

involuntária de emprego

2min
page 139

mudanças estruturais

3min
page 140

4.1 Auxílio Familiar como Seguro-Desemprego na Prática

3min
page 130

B4.2.1 Estratégia trabalhista e de proteção social adotada em resposta à COVID-19 no Brasil para dois grandes grupos vulneráveis

1min
page 133

4.8 Apoio insuficiente, com muitos deixados para trás

2min
page 129

4.1 Panorama do apoio formal à renda no desemprego na região da ALC

2min
page 119

Agregado: estabilizadores macroeconômicos mais robustos

6min
pages 113-114

4.1 Como funciona o ajuste e um triplo pacote de políticas para facilitá-lo

5min
pages 111-112

setorial e propriedade estatal

2min
page 98

Conclusão

6min
pages 101-102

Localidades: o papel das oportunidades locais e da informalidade

3min
page 99

Introdução

8min
pages 107-109

Empresas: o custo da concorrência limitada no mercado

9min
pages 93-95

Três dimensões principais das políticas

3min
page 110

3.1 Presença de efeitos negativos e efeitos cicatriz nos salários, por gênero e nível de ensino

2min
page 92

Fluxos do Mercado de Trabalho: Desemprego versus Informalidade

3min
page 52

Trabalhadores: uma carga maior sobre os não qualificados

9min
pages 81-83

Criação e destruição de empregos em tempos de crise

3min
page 60

por Decil Salarial, Setores Formal e Informal, 2005–17

5min
pages 69-70

A transformação na estrutura do mercado de trabalho e o desaparecimento dos bons empregos

3min
page 68

2.2 Ciclicidade de Fluxos Líquidos entre Setores, e de Saída do Emprego

6min
pages 55-56

Introdução

5min
pages 79-80

Principais ideias

18min
pages 29-34

Introdução

8min
pages 49-51

1.3 Estabilizadores e Estrutura Macroeconômica: Reformas de Políticas

8min
pages 38-40

Referências

5min
pages 44-45

sobre os trabalhadores

2min
page 42

1.2 Como funciona o ajuste e as políticas que podem atenuá-lo

4min
pages 36-37

Três dimensões das políticas de resposta

3min
page 35

Notas

3min
page 43
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Emprego em Crise by World Bank Publications - Issuu