Secretaria foi comandada por mulheres em apenas duas passagens Durante muitos anos, a atividade fazendária de fiscalização era algo exclusivo dos homens. Era considerada árida, até mesmo arriscada. Não à toa, algumas funções permitiam a posse de arma de fogo para ampliar a proteção dos funcionários. Apenas após o concurso de 1982, quando uma grande quantidade de mulheres foi aprovada, a igualdade de gênero chegou de vez à Sefaz-PE. As funcionárias se mostraram aptas a realizar as tarefas que antes eram exercidas somente pelos homens, transformando um aspecto cultural predominante na Secretaria. Essa particularidade da Sefaz-PE se refletiu também na ocupação do cargo máximo da pasta. Apenas em 1988 a Secretaria seria dirigida de forma efetiva por uma mulher. Até então, somente a advogada Maria Frederica Kriek havia assumido, mas de forma interina, durante a ausência do secretário Everardo Maciel (1979-1983). Coube à economista Tânia Bacelar, que inicialmente também havia assumido a pasta interinamente, acumulando-a com a Secretaria de Planejamento, receber do então governador Miguel Arraes a missão de comandar a Fazenda de maneira oficial e permanente. Ela havia substituído o secretário Flávio Tavares Lyra, que não resistiu aos problemas de relacionamento com os fazendários. Era Carnaval e eles cumpriam uma agenda oficial, quando Arraes confidenciou que estava à procura de um novo secretário do Planejamento, pois Tânia continuaria na Sefaz-PE. “Você pacificou a Fazenda”, disse Arraes. Frase que a economista afirma jamais ter esquecido. O grande desafio como secretária foi o de construir o equilíbrio financeiro do Estado em um ambiente de hiperinflação. Para se ter uma ideia, em um dos meses do Governo Collor, já em 1990, a inflação fechou em 94%. Ela criou uma diretoria colegiada e o Conselho Financeiro, que trabalhava com vários cenários, indo do mais otimista ao mais pessimista. Nos pouco mais de dois anos e meio em que ficou à frente da Sefaz-PE, Tânia passou pelos desafios de enfrentar os planos econômicos Cruzado, Bresser e Collor I. A economista colocaria em prática a habilidade para buscar consenso em diversos episódios. Pernambuco vivenciava um período de ruptura política, com Arraes assumindo o poder após seguidos governos de direita alinhados com a ditadura militar. Além disso, o movimento sindical havia renascido com muita força em Pernambuco, como consequência dos avanços apresentados pela Constituição de 1988. Havia muita pressão por melhorias salariais por parte dos funcionários públicos, já que o cenário de hiperinflação desvalorizava as remunerações em uma velocidade impressionante. 147