MUROS QUE FALAM: Letras manuscritas na paisagem urbana do Rio de Janeiro

Page 86

87

uma figura na qual a forma da letra parece ter tanta importância quanto a velocidade do traço. O escriba realiza a escrita de modo vivo e alerta, sem deixar de cuidar da formação correta dos signos. - Escritura epistolar, escritos privados e missivas: são escritas traçadas rápida e expeditamente. Nestas grafias se multiplicam as ligaduras, que podem chegar a ser ilegíveis. (MEDIAVILLA, 2005, p.15, 77).

Figura 35 - As três fases principais da escrita manuscrita. Fonte: MEDIAVILLA, 2005, p.16.

Muitas alterações de diversos tipos de escrita foram necessárias para chegar às formas de letras que reconhecemos e usamos hoje. Em 1500 a.n.e.31 surgiu o alfabeto protocaanita, que combinava elementos das quatro principais formas de alfabetos: cuneiforme sumério, pictográfico hitita, escrita de Micenas e hieróglifos egípcios em apenas 25 ou 30 caracteres. Escrevia-se da direita para a esquerda, da esquerda para a direita e em boustrofedon (Figura 36) – escritura em linhas continuas que correm alternativamente sem pulos até o final de uma margem e viram ao contrário ao começo da seguinte linha, como se fosse um espelho, em uma ou outra direção32 (CODOÑER, 2004, p.129) (MCLEAN, 2002, p.45) –. Identificam-se até 1400 a.n.e., diversos tipos de escritura, mas é só ao redor de 1200 a.n.e. que surge um alfabeto linear, o alfabeto fenício, considerado o alfabeto mais antigo que serviu para o desenvolvimento do nosso alfabeto latino. Esse alfabeto no Ocidente serviu como base para o alfabeto grego, que inspirou o etrusco e o

31

A abreviatura a.C. (antes de Cristo) foi substituída por a.n.e. (antes da nossa era), como uma forma neutral de determinar o período histórico correspondente, conforme apreciado no livro Alfabetos (2010), de Paulo Heitlinger (ver bibliografia). 32

Esta forma de escrita desapareceu no final do S. VII, provavelmente pela concepção gráfica de um texto mais ligado à funcionalidade da escrita e imposto pela generalização do estilo stoichedon, usando uma forma de gride numa sucessão de linhas nas quais a escritura corre sempre de esquerda para direita e de cima para baixo.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook

Articles inside

Gráfico 17 - Imagem 15. Texto nominal

18min
pages 167-180

entrevistas a transeuntes na Gávea, Zona Sul do Rio de Janeiro

1min
page 148

Figura 89 - Modelo de enquete para entrevista a transeuntes

2min
pages 146-147

Figura 87 - Área de levantamento de imagens em Santa Teresa

2min
pages 144-145

Figura 86 - Área de levantamento de imagens no Estácio e Tijuca

1min
page 143

tipografia

2min
pages 141-142

Quadro 6 - Gráficos da categoria Desenho - ilustração (lettering

1min
page 140

manuscrita (caligrafia

1min
page 139

no grafite

2min
pages 136-138

e classificação por características, entre os três tipos de escrita

1min
page 135

Figura 68 - Exemplo de Picho poesia, Santa Teresa, 10/2018

11min
pages 124-134

Figura 60 - Muro com grafites de Taki 183 e outros writers

4min
pages 115-117

Figura 59 - Diagrama de Graffiti and Street Art, de Daniel Feral

2min
pages 111-112

5.2. A escrita dentro do grafite

3min
pages 113-114

Figura 55 - Ishtar, tríptico de 1983, por Jean-Michel Basquiat

1min
page 107

Figura 56 - Ignorance = Fear, 1989, por Keith Haring

1min
page 108

Figura 65 - Exemplo de Tag assinatura, Tijuca, 10/2018

1min
page 122

Figura 57 - Exposição de Barbara Kruger, na Mary Boone Gallery, Nova Iorque, 1991

2min
pages 109-110

Figura 52 - Alphabet, 1969 por Jasper Johns

1min
page 105

Figura 49 - La trahison des images (A Traição das Imagens), 1929, por René Magritte

1min
page 102

Figura 51 - Image Duplicator, 1963, por Roy Liechtenstein

1min
page 104

Figura 47 - Garrafa de Vieux Marc, Vidro, Guitarra e Jornal, por Pablo Picasso (1913

1min
page 101

Figura 40 -. A Bíblia de Gutemberg e detalhe da tipografia usada

3min
pages 93-94

Figura 46 - Poema Nascemorre, de Haroldo de Campos, 1958

1min
page 100

Figura 50 - Letrismos, de Isidore Isou

1min
page 103

Figura 44 - Caligramas, por Guillaume Apollinaire

1min
page 99

4.3. Tipos de escrita

4min
pages 91-92

100 n.e

1min
page 89

Figura 35 - As três fases principais da escrita manuscrita

1min
page 86

Figura 34 - Exemplos de escrita pictográfica (esquerda) e ideográfica direita

1min
page 85

4.2. O desenvolvimento da escrita e o surgimento do alfabeto latino

1min
page 84

4.1. A escrita de origem popular

3min
pages 82-83

Quadro 1 - Aplicações do grafite apresentadas no Gráfico 2

1min
page 80

3.6. Dois eixos e uma referência para escalas de visibilidade

2min
pages 77-78

4. A evolução do alfabeto e sua influência no grafite

1min
page 81

BAGS

1min
page 76

3.5. O consumo do grafite além dos muros na rua

6min
pages 69-73

coletiva no Rio de Janeiro

10min
pages 62-68

3.3. A legislação sobre o grafite, no Brasil

11min
pages 56-61

2.2 Influência da imagem na percepção do espaço material

9min
pages 33-38

1. As letras manuscritas como elemento expressivo na composição

15min
pages 4-20

3.2. O papel social e a legitimação da prática do grafite

4min
pages 53-55

para a elaboração do projeto

10min
pages 22-28

2.3. A escrita na rua, dentro da construção do visual da cidade

11min
pages 39-45

1. Introdução

1min
page 21
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.
MUROS QUE FALAM: Letras manuscritas na paisagem urbana do Rio de Janeiro by Dea Camargo - Issuu