Saúde Silvestre Importa 2

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incluindo a morte de primatas não humanos. Profissionais de saúde, pesquisadores e outros atores envolvidos na vigilância da febre amarela inserem os dados sobre epizootias no sistema. Além disso, a participação da comunidade local pode ser incentivada para o registro de casos suspeitos ou mortes de primatas não humanos. O SISS-Geo envia alertas automatizados aos gestores de saúde a partir dos registros georreferenciados recebidos, possibilitando a detecção precoce e uma resposta rápida. O SISS-Geo também combina as informações dos animais observados e as condições ambientais locais para a geração de modelos computacionais que indiquem áreas de maior favorabilidade para ocorrência da doença. No entanto, é importante ressaltar que

que o sistema depende da conscientização e participação ativa das comunidades, o que pode ser uma limitação a ser considerada. Por outro lado, é uma plataforma que poderia ser expandida para a vigilância das demais zoonoses no país. Os sistemas e bancos de dados descritos são essenciais para uma vigilância eficaz da febre amarela, permitindo o compartilhamento rápido de informações, a detecção precoce de surtos e a implementação de medidas de controle adequadas. Entretanto, é bastante nítido como a integração e interoperabilidade entre esses sistemas necessita de grandes e urgentes melhorias, quando comparamos os dados disponibilizados pelo SINAN e pelo grupo técnico em febre amarela Figuras 3 e 4):

Registros de circulação

Fauna silvestre

População humana

Fauna silvestre e

População humana

Leishmania complexo L. donovani

Figura 3

Casos de febre amarela constantes no SINAN (dados sobre a população humana) e no conjunto BMPO (dados sobre a fauna silvestre).

51 PANORAMA DA SAÚDE SILVESTRE

Registros de circulação

Fauna silvestre

População humana

Fauna silvestre e

População humana

Figura 4

Leishmania complexo L. donovani

Casos de febre amarela constantes na planilha disponibilizada pelo grupo técnico do MS, atuando fora do SINAN

A VIGILÂNCIA EM SAÚDE SILVESTRE DEVE INCORPORAR OS SABERES DOS POVOS ORIGINÁRIOS E TRADICIONAIS

DE FORMA PARTICIPATIVA, E FOMENTAR A QUALIFICAÇÃO DOS COMUNITÁRIOS

• Conhecimento local e tradicional:

A incorporação dos saberes dos povos originários e tradicionais na vigilância em saúde silvestre reconhece a importância e a relevância desses conhecimentos ancestrais na compreensão e no manejo das doenças relacionadas à interação entre humanos e animais silvestres.

• Abordagem holística e integrada: A incorporação dos saberes tradicionais na vigilância em saúde silvestre promove uma abordagem holística e integrada, considerando não apenas os aspectos biológicos e epidemiológicos, mas também os aspectos socioculturais, espirituais e ambientais. Isso permite uma compreensão mais completa dos sistemas de saúde e ecossistemas, contribuindo para a identificação e prevenção de possíveis ameaças à saúde.

• Valorização da diversidade cultural: Ao incluir os saberes dos povos originários e tradicionais, valoriza-se a diversi-

52 PANORAMA DA SAÚDE SILVESTRE

dade cultural e o respeito à pluralidade de visões de mundo. Isso fortalece as comunidades e promove a equidade, reconhecendo a importância dos conhecimentos locais na tomada de decisões e na gestão dos recursos naturais.

• Empoderamento comunitário:

A participação dos povos originários e tradicionais na vigilância em saúde silvestre promove o empoderamento das comunidades, fortalecendo a represensentatividade e a inclusão dessas comunidades no planejamento e nas decisões relacionadas à prevenção e controle de zoonoses, e capacitandoas a lidar de forma autônoma com as questões relacionadas à saúde e ao manejo dos recursos naturais. Isso contribui para a construção de soluções sustentáveis e para a promoção da saúde nas comunidades.

• Valorização da cultura e dos sistemas de conhecimento:

Ao incorporar os saberes dos povos originários, a vigilância em saúde silvestre reconhece a importância da

diversidade cultural e promove a valorização dos sistemas de conhecimento tradicionais, contribuindo para a preservação dessas culturas e práticas. A troca de experiências e a construção conjunta de estratégias fortalecem as ações de vigilância em saúde silvestre, possibililitando a adoção de abordagens mais eficazes e adaptadas à realidade local.

• No Brasil:

A Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas (PNASPI 2002) busca garantir aos povos indígenas atenção integral e diferenciada à sua saúde. Reconhece a eficácia das medicinas indígenas e o direito dos povos indígenas às suas culturas, e recomenda a integração dos serviços do SUS com os sistemas tradicionais indígenas de saúde. Para ser efetivada, é necessário criar uma rede de serviços nas Terras Indígenas para superar as deficiências de cobertura, acesso e aceitabilidade do SUS. Os demais povos tradicionais são atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

A incorporação dos saberes dos povos originários e tradicionais fortalece a vigilância, resultando em uma abordagem mais inclusiva, holística e eficaz na prevenção e controle das doenças zoonóticas, preservando a saúde humana e os ecossistemas.

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RECOMENDAÇÕES PARA A SAÚDE

SILVESTRE NO BRASIL

SAÚDE SILVESTRE NA BIODIVERSIDADE E CONSERVAÇÃO

• Estabelecer programas de monitoramento e pesquisa que incorporem a saúde dos animais silvestres como parte integral dos estudos de biodiversidade: Isso inclui a ampliação dos investimentos e financiamentos em pesquisas para melhor compreensão da biodiversidade de parasitos, das interações parasitohospedeiro e dos efeitos de estressores ambientais nessas interações.

• Avaliação da presença e distribuição de parasitos e risco de doenças zoonóticas em atividades de conservação e manejo de fauna silvestre: Avaliação da presença e distribuição de parasitos e do risco de doenças zoonóticas em atividades de restauração ecológica, criação de corredores ecológicos, translocações para conservação e solturas de fauna silvestre, especialmente aquelas envolvendo espécies não nativas.

• Incorporação da abordagem de Saúde Única em planos de ação e de manejo de espécies:

Inclusão da abordagem de Uma só Saúde nos Planos de Ação Nacional para a Conservação das Espécies Ameaçadas de Extinção (PAN) e programas de manejo de espécies, garantindo ações integradas que considerem a identificação de problemas e busca de soluções para proteger a biodiversidade e a saúde pública.

• Incorporação da abordagem de Saúde Única na criação e planos de manejo de áreas protegidas: Realização de monitoramentos periódicos da saúde da fauna para implemen-

mentar protocolos de biossegurança e de boas práticas de visitação adequados às espécies e ao risco zoonótico local, capacitar equipes de trabalho, incentivar pesquisas na área e estabelecer parcerias com órgãos de saúde pública. Promover a educação em saúde para trabalhadores, visitantes e moradores próximos a áreas protegidas, enfatizando os riscos de transmissão de parasitos ao interagir com animais silvestres e manejar animais domésticos, utilizando a coexistência como princípio de integração.

• Inclusão da abordagem de Saúde Única em estudos de impacto ambiental:

Inclusão da abordagem de Uma só Saúde e saúde silvestre em estudos de impacto para processos de licenciamento ambiental, para avaliar como o projeto/empreendimento pode afetar os serviços ecossistêmicos essenciais para a saúde humana, como a regulação de doenças zoonóticas, bem como o risco de emergência de zoonoses. Garantir que o risco de doenças da vida silvestres seja suficientemente considerado na avaliação, análise de custo-benefício e implementação de projetos de desenvolvimento, particularmente para conversão de terras, produção e comércio de animais e indústrias extrativas, priorizando a prevenção e construindo uma biossegurança eficaz medidas desde o início.

55 PANORAMA DA SAÚDE SILVESTRE

• Consideração dos impactos na biodiversidade nas políticas e ações de saúde pública: Consideração dos possíveis impactos na biodiversidade ao desenvolver políticas públicas de saúde, garantindo a sustentabilidade e a resiliência dos sistemas de saúde e ecossistemas.

• Atenção à comunicação de risco zoonótico em espécies silvestres: Estratégias eficazes de comunicação são essenciais para informar sobre os riscos de zoonoses. Divulgar medidas preventivas, orientações e alertas oportunos à população é fundamental. Combater a desinformação e equívocos evita retaliações contra as espécies silvestres, promovendo uma compreensão consciente e respeitosa do papel delas no ecossistema e na saúde humana. Educação e conscientização são essenciais para uma convivência

harmoniosa, evitando abates desnecesários e prejuízos à biodiversidade.

• Desenvolvimento de políticas de uso sustentável de recursos naturais: Implementar políticas que promovam o uso sustentável de recursos naturais, envolvendo a regulamentação do comércio de vida silvestre, práticas agrícolas sustentáveis e manejo responsável dos recursos hídricos. Essas políticas devem ser desenvolvidas de forma colaborativa, integrando diferentes setores governamentais.

• Fortalecimento das agências ambientais:

Investir na capacidade operacional e recursos das agências responsáveis pela conservação e manejo da biodiversidade, fornecendo suporte técnico e financeiro para implementação efetiva de políticas públicas de conservação de espécies e ambientes, incluindo a saúde silvestre.

SAÚDE SILVESTRE NO COMÉRCIO E CONSUMO DE

ANIMAIS SILVESTRES

• Ampliação do debate, regulamentação e fiscalização do comércio de animais silvestres:

Estabelecer políticas e leis que regulamentem estritamente o comércio de animais silvestres, com foco na prevenção do comércio ilegal e na garantia de condições adequadas de transporte e manejo dos animais. Fortalecer a fiscalização para combater o tráfico de animais silvestres.

• Fortalecimento de políticas indígenas e tradicionais:

Reconhecer e respeitar os direitos dos povos indígenas e tradicionais de acordo com a legislação nacional e os tratados internacionais. Envolver essas comunidades na tomada de decisões

relacionadas ao comércio e consumo de animais silvestres, garantindo que suas práticas de caça de subsistência sejam sustentáveis e alinhadas com a conservação.

• Programas de levantamento, diagnóstico e monitoramento da caça: Estabelecer programas específicos em cada bioma do Brasil para avaliar o impacto da atividade de caça, identificando espécies-alvo, métodos utilizados zados, sazonalidade, frequência e abundância de animais abatidos. Realizar levantamentos socioeconômicos para compreender o perfil dos caçadores, atravessadores, comerciantes e consumidores envolvidos na cadeia de comércio de animais silvestres.

56 PANORAMA DA SAÚDE SILVESTRE

Colaborar com órgãos governamentais e instituições de pesquisa para desenvolver e implementar esses programas, incluindo recursos financeiros e equipamentos adequados.

• Avaliação e mitigação dos riscos sanitários:

Estabelecer pontos críticos de controle e indicadores de risco relacionados ao comércio e consumo de animais silvestres, para identificar áreas de maior preocupação e implementar boas práticas de manejo e mitigação do risco. Realizar estudos de vigilância sanitária para compreender os riscos associados ao consumo e tráfico de animais silvestres, investigando a presença de microorganismos potencialmente zoonóticos, vias de contágio e possibilidade de transbordamento. Envolver diferentes órgãos governamentais e instituições especializadas para promover a sensibilização social e o compromisso político com a importância dessas avaliações, considerando a diversidade de espécies cinegéticas, microorganismos e regiões de estudo. • Mapeamento da cadeia de comércio ilegal de animais silvestres: Realizar um levantamento abrangente das feiras de tráfico e carne de caça, bem como das principais rotas comerciais que envolvem o comércio ilegal de animais silvestres, desde a origem até o consumidor final. Colaborar com instituições governamentais, forças de segurança e agências de fiscalização para coibir o comércio ilegal, via medidas legais e repressivas. Promover a segurança alimentar e sanitária das

populações originárias e tradicionais que dependem da carne de caça, por meio de vigilância sanitária, educação em boas práticas e estabelecimento de modelos de extrativismo sustentável.

• Educação e conscientização: Implementar programas educacionais e campanhas de conscientização que abordem os riscos associados ao consumo de animais silvestres, incluindo aspectos de saúde, conservação da biodiversidade e respeito às práticas culturais tradicionais. Engajar comunidades locais, povos indígenas e tradicionais na disseminação dessas mensagens.

• Alternativas sustentáveis ao consumo de animais silvestres: Promover o desenvolvimento e a divulgação de alternativas sustentáveis ao consumo de animais silvestres, como o incentivo ao consumo de alimentos de origem vegetal, a aquicultura sustentável e a criação de animais em cativeiro legalizada. Isso pode ser feito em parceria com o setor privado, ONGs e comunidades locais.

• Cooperação interinstitucional: Promover a colaboração entre diferentes instituições governamentais, organizações indígenas, comunidades locais e organizações não governamentais para desenvolver estratégias integradas que abordem o comércio e consumo de animais silvestres. Isso pode ser feito por meio da criação de comitês ou grupos de trabalho interinstitucionais, garantindo a participação e representação de todas as partes interessadas envolvidas.

57 PANORAMA DA SAÚDE SILVESTRE

SAÚDE SILVESTRE NA SAÚDE E SUSTENTABILIDADE DA CADEIA PRODUTIVA DE ANIMAIS DE PRODUÇÃO

• Vigilância epidemiológica ampliada e integrada:

Ampliar a vigilância em saúde animal para incluir a detecção de doenças em animais de produção e silvestres. Isso pode ser feito por meio da integração de sistemas de vigilância e da reali zação de estudos epidemiológicos abrangentes, estabelecendo parcerias entre os Ministérios da Saúde, Agricultura e Meio Ambiente, institutos de pesquisa e laboratórios de referência para compartilhar dados e fortalecer a vigilância epidemiológica em saúde animal e humana.

• Capacitação técnica e boas práticas: Investir em programas de capacitação técnica para profissionais de saúde, veterinários e produtores rurais, visando o fortalecimento do conhecimento sobre saúde silvestre e boas práticas de manejo, higiene e biossegurança na cadeia produtiva de animais de produção.

• Incentivos à práticas sustentáveis de produção: Implementar técnicas agroecológicas, como o uso de sistemas de rotação de culturas, consórcios agroflorestais e manejo integrado de pragas, reduzindo a dependência de agroquímicos.

Estabelecer políticas de incentivo à produção sustentável na pecuária e agricultura, como programas de apoio financeiro para a adoção de práticas agroecológicas, redução do uso de agroquímicos e conservação de áreas naturais, que promovam a diversidade de espécies vegetais e animais, reduzam a erosão do solo e protejam os recursos hídricos.

• Gestão compartilhada e zoneamento: Promover a participação de diferentes atores, como comunidades locais, pro-

dutores rurais e órgãos governamentais, na definição de critérios para o zoneamento agropecuário. Por exemplo, realizar consultas públicas e estudos de impacto ambiental para identificar áreas adequadas para a expansão da atividade pecuária, levando em consideração a conservação de ecossistemas sensíveis e a saúde silvestre.

• Certificação e rastreabilidade: Implementar sistemas de certificação e rastreabilidade na cadeia produtiva de animais de produção, permitindo a identificação e rastreamento dos produtos desde a origem até o consumidor final. Isso ajuda a garantir a segurança sanitária e a rastrear eventuais problemas de saúde.

• Integração institucional: Estabelecer parcerias entre órgãos governamentais, como os Ministérios da Saúde, Agricultura, Meio Ambiente e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), para promover a cooperação e o compartilhamento de informações relevantes para a saúde silvestre.

• Saúde Silvestre e os bancos de dados Padronização de terminologias e classificações:

Estabelecer padrões de terminologia e classificação para os dados de saúde silvestre, visando garantir a uniformidade e a comparabilidade das informações coletadas. Isso facilita a análise epidemiológica e a identificação de tendências e padrões de doenças.

• Definir protocolos interdisciplinares: Estabelecer diretrizes de aquisição, estruturação e organização de dados de biodiversidade e saúde desde a coleta inicial. Promover a padronização transtemporal dos formulários de notificação

58 PANORAMA DA SAÚDE SILVESTRE

obrigatória de zoonoses em humanos, envolvendo as secretarias estaduais, municipais e equipes responsáveis pela inclusão no Sistema Nacional de Informações em Saúde (SNIS).

• Capacitação técnica:

Promover a capacitação técnica de profissionais envolvidos na coleta, gestão e análise de dados de saúde silvestre, visando garantir a qualidade e a precisão das informações registradas nos bancos de dados. Isso inclui treinamentos sobre boas práticas de coleta de dados e uso adequado dos sistemas de informação.

• Informações detalhadas dos sistemas estudados:

Sempre que possível, os pesquisadores devem fornecer informações deta-lhadas sobre os sistemas estudados, como taxonomia dos hospedeiros e geolocalização. Incluir cláusulas de obrigatoriedade de inserção dos dados financiados pelo poder público nas bases de dados existentes sobre saúde animal, tanto domésticos e de produção quanto silvestres.

• Refinar e ampliar a cobertura dos bancos de dados:

Revisar e refinar o escopo dos bancos de dados existentes ou desenvolver novos sistemas para abranger grupos taxonômicos, interfaces e tipos de ameaças abrangentes. Buscar eficiências na captura de informações, aproveitando bancos de dados de monitoramento de biodiversidade de pesquisadores e ciência cidadã para observação visual de eventos de morbidade e mortalidade de animais, por exemplo.

• Desenvolvimento de sistemas de informação:

Investir na criação de sistemas de informação robustos e interoperáveis,

que possibilitem a coleta, análise e disseminação de dados relacionados à saúde silvestre. Esses sistemas devem ser acessíveis a diferentes instituições e profissionais envolvidos no monitoramento e controle de doenças.

• Construir um sistema de consulta único: Integrar os bancos de dados existentes por meio de um sistema de consulta centralizado. Criar um banco de dados de saúde silvestre e promover a disponibilização de dados sobre a saúde de animais domésticos e de produção pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), bem como pelas secretarias estaduais e municipais do setor. Sistema esse especialmente capaz de consultar diferentes sistemas por meio de mecanismos automatizados de captação e tratamento de dados.

• Integração de dados: Promover a integração de bancos de dados existentes em diferentes instituições governamentais, como Ministério da Saúde, Ministério do Meio Ambiente e órgãos de vigilância sanitária, para permitir o compartilhamento eficiente de informações relevantes sobre saúde silvestre.

• Acesso público e compartilhamento de dados:

Estabelecer políticas de acesso público e compartilhamento de dados de saúde silvestre, respeitando as normas de proteção de privacidade e confidencialidade, e utilizando os princípios FAIR para torná-los Localizáveis, Acessíveis, Interoperáveis e Reutilizáveis. Isso permite que pesquisadores, profissionais de saúde e tomadores de decisão tenham acesso às informações necessárias para desenvolver estratégias eficazes de vigilância e controle de doenças.

59 PANORAMA DA SAÚDE SILVESTRE

BOX 5

OS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS)

NO BRASIL

No Brasil, a área de informação em saúde é complexa e diversificada, envolvendo múltiplas iniciativas institucionais nas esferas de saúde e outros setores governamentais, além de entidades de ensino e pesquisa. Abrangem funções de produção, disseminação e utilização de dados e informações relacionadas à saúde. A década de 1970 foi importante para as estatísticas de saúde no Brasil. Em 1975, ocorreu a primeira Reunião Nacional sobre Sistemas de Informação de Saúde, resultando na criação de sistemas de informações de saúde abrangentes. Em 1977, o Ministério da Saúde padronizou os registros de óbitos e criou um sistema informatizado para capturar e publicar os dados. Ao mesmo tempo, o Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS; extinto pela lei federal 8.689/1993) demandou instrumentos da Dataprev para planejar e controlar a produção hospitalar. Essas iniciativas foram as primeiras a disseminar as informações em saúde. Atualmente, existem diversos sistemas de informação em saúde (SIS) no país, abordando diferentes tipos de dados relacionados a vigilância epidemiológica de zoonoses e, consequentemente, a saúde silvestre. Entre 2010 e 2018, haviam 54 SIS em funcionamento, que recolhiam informações de núcleos descen-

tralizados de departamentos do Ministério da Saúde, trabalhando de forma autônoma ao Departamento de Informática do SUS (DATASUS) (Coelho Neto & Chioro 2021). Entre eles, destacamos:

• e-SUS Notifica: lançado em 27 de março de 2020 para receber notificações de Síndrome Gripal (SG) suspeita e confirmada de Covid19 no Brasil. Sistema online com infraestrutura de alta performance a fim de garantir agilidade no processo de notificação. Por ser online, possibilita que todos os níveis de gestão, profissionais e unidades de saúde tenham acesso em tempo real às notificações realizadas.

• e-SUS AB/SISAB: Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica, faz apoio à gestão do cuidado e controle e monitoramento das atividades e procedimentos realizados na atenção primária à saúde.

• GAL: Sistema de Gestão de Ambiente Laboratorial, realiza o controle e monitoramento de resultados laboratoriais de doenças e agravos de interesse da saúde pública, além de apoiar o gerenciamento de laboratórios estaduais de saúde pública. Há duas versões, GAL Humano e GAL Animal.

• IVVO: Interface para Vigilância Veterinária Oficial, desenvolvido pela PANAFTOSA-OPAS/OMS, visa dar suporte à vigilância veterinária oficial de enfermidades animais, em nível nacional e regional. Permite o

61 PANORAMA DA SAÚDE SILVESTRE

registro de dados, sua visualização através de mapas e gráficos, e facilita a notificação inicial e a confirmação dos resultados, incluindo casos positivos e descartados. Também registra estudos de vigilância ativa e compartilha dados com outros países vizinhos sobre enfermidades específicas, contribuindo para a visibilidade do sistema de vigilância nacional. Por exemplo, atualmente IVVO é utilizado para a vigilância de leishmaniose pelo município de São Paulo, e para raiva pelo estado de São Paulo.

• RESP: Resposta a Eventos em Saúde Pública, faz a notificação, controle e monitoramento de casos suspeitos ou confirmados de microcefalia.

• SIASI: Sistema de Informação de Saúde Indígena, realiza o controle e monitoramento de informações demograficas da atenção à saúde dos povos indígenas. Agrupa os dados epidemiológicos dos 34 distritos sanitários indígenas. Outros sistemas importantes são o Hórus (Sistema Nacional de Gestão da Assistência Farmacêutica) e o SISABI (Sistema de Informação de Saneamento em Áreas Indígenas).

• SI-PNI: Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunização, faz o controle logístico de imunobiológicos e o monitoramento da cobertura vacinal.

• SIM: O Sistema de Informações Sobre Mortalidade (SIM), desenvolvido em 1975, unificou mais de quarenta modelos de instrumentos utilizados ao longo dos anos para coletar dados sobre mortalidade no país. Possui variáveis que permitem construir indicadores e processar análises epidemiológicas que contribuam para a eficiência da gestão

em saúde. Informatizado em 1979.

• SINAN: O Sistema de Informação de Agravos de Notificação, realiza a notificação, controle e monitoramento de casos de doenças e agravos de interesse da saúde pública, determinados pela Portaria de Consolidação no. 04 de 28/09/2017 e modificada pela Portaria GM/MS no. 217 de 01/03/2023.

• SINAN Dengue/Chikungunya: O Sistema de Informação de Agravos de Notificação para Dengue e Chikungunya, faz a notificação, controle e monitoramento de casos de dengue e chikungunya.

• SISBRAVET: O Sistema de Informação em Saúde Animal do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), é utilizado para a notificação de suspeitas de doenças em animais para o Serviço Veterinário Oficial (SVO) das unidades veterinárias distribuídas em todo o país, representado pelos Órgãos Estaduais de Sanidade Agropecuária e pelas Superintendências Federais do MAPA. Também registra ocorrências de sinais clínicos de causa desconhecida ou mortalidade alta ou inesperada. A notificação é imediatamente encaminhada ao responsável do SVO no município de localização da suspeita ou doença registrada.

• SISVETOR: ferramenta para a coleta de dados do mosquito Aedes aegypti, principal vetor das arboviroses dengue, zika e chikungunya.

• SIRVERA: Sistema de Informação Regional para Vigilância Epidemiológica da Raiva, em funcionamento desde 1969, para notificação periódica de ocorrência de raiva, é coordenado pela PANAFTOSA-OPAS/OMS desde 2001. Recebe dados de toda região das Américas.

62 PANORAMA DA SAÚDE SILVESTRE

• SIS-PNCD: Sistema do Programa Nacional de Controle da Dengue, faz controle e monitoramento de ações de combate a dengue.

• SISS-GEO: ferramenta para o monitoramento da saúde da fauna silvestre utilizada pelo Ministério da Saúde principalmente para registro de casos de Febre Amarela e Febre do Nilo Ocidental. Atualmente há proposta de inclusão de notificação de zoonoses urbanas.

• SIVEP-DDA: Sistema Informatizado de Vigilância Epidemiológicado de Doenças Diarreicas Agudas, faz notificação, controle e monitoramento de pessoas com doença diarreia aguda.

• SIVEP-Gripe: Sistema Informatizado de Vigilância Epidemiológica da Gripe, faz notificação, controle e monitoramento de casos de síndrome respiratória aguda grave.

• SIVEP-Malária: Sistema Informatizado de Vigilância Epidemiológica de notificação de casos de malária, faz notificação, controle e monitoramento de casos de malária na região amazônica.

• VETORES MALÁRIA: Sistema de Informação para o Controle da Malária no Brasil, faz controle e monitoramento dos vetores de malária.

COMO OS DADOS CHEGAM ATÉ O SINAN?

* Sistema de controle de Envio de Lotes (Sisnet)

Figura 5

Fluxograma de repasse de dados para o SINAN. As Unidades Notificadoras são aquelas unidades de atendimento direto ao público, como as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), Unidades de Referência em Atenção Primária (URAPs), Unidades Mistas de Saúde (UMSs) e hospitais. O repasse entre as secretarias municipais, estaduais e o DATASUS são realizados semanalmente.

63 PANORAMA DA SAÚDE SILVESTRE
* * *

Material para construir o fluxograma (página anterior): PASSO A PASSO PARA A PESQUISA DE DADOS ZOOSSANITÁRIOS DO BRASIL https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/sanidade-animal-e-vegetal/ saude-animal/arquivos-importacao/Passoapasso_painelatualizado.pdf)

FLUXOGRAMA DO SINAN- REPASSE DOS DADOS

UNIDADE NOTIFICADORA (*URAP/UPAS/ Hospital e Unidade mista de Saúde)

SECRETARIA

MUNICIPAL DE SAÚDE (Recolhe 1x/ semana)

A SEMSA repassa para SES 1x semana, mas há delei

SECRETARIA

ESTADUAL DE SAÚDE

A SEMSA repassa o banco de dados pelo SISNET 1x semana O banco de dados é repassado aos Técnicos dos agravos notificados 1x semana por arquivo dbf

A SES repassa o banco de dados pelo SISNET 1x semana

MINISTÉRIO DA SAÚDE

64 PANORAMA DA SAÚDE SILVESTRE

SAÚDE

SILVESTRE NA VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

• Sensibilizar tomadores de decisão e fortalecer o compromisso político em relação à saúde silvestre: As zoonoses são frequentemente negligenciadas por estarem fora dos campos convencionais de saúde (ficando entre diferentes setores isolados da saúde humana e veterinária) e, nos piores casos, sendo completamente ignoradas. A abordagem de Uma só Saúde oferece uma maneira de superar essa divisão e promover a colaboração entre os setores relevantes. É essencial que os tomadores de decisão reconheçam a importância dessa abordagem com um compromisso político sólido para garantir o sucesso das ações de vigilância epidemiológica e prevenção de doenças zoonóticas em animais silvestres. É crucial incluir a importância da vigilância epidemiológica da saúde silvestre nas conferências estaduais de saúde, onde os conselhos têm poder de decisão, para garantir sua devida atenção.

• Implementar um mecanismo multissetorial em Saúde Silvestre para garantir uma coordenação eficaz entre diferentes setores e instituições: É fundamental formalizar esse mecanismo, atribuindo-lhe funções contínuas de coordenação, liderança e gover nança e capacidade de resposta rápida entre os setores relevantes. Esse mecanismo deve incluir o estabelecimento de um sistema de vigilância integrado, promovendo a coleta, análise e compartilhamento eficiente de dados epidemiológicos. Além disso, é necessário obter o apoio e o compromisso das mais altas esferas do governo nacional para adotar uma abordagem multissetorial de Uma só Saúde, visando garantir a sustentabilidade das ações de combate às doenças zoonóticas e outras ameaças à saúde

na interface entre seres humanos, animais e meio ambiente.

• Criação de um sistema nacional de vigilância coordenada em saúde silvestre:

Com o compartilhamento regular e oportuno de dados entre os setores responsáveis. Seguindo as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (WHO 2019), é recomendado que os países modifiquem seus sistemas de vigilância existentes em vez de construir um novo sistema. Isso permitirá uma melhor integração, aproveitamento de recursos existentes e agilidade no fortalecimento da vigilância de doenças zoonóticas. Essa construção deve adotar uma abordagem multissetorial de Uma só Saúde, abrangendo os elementos de planejamento, construção e estabelecimento das funções essenciais do sistema de vigilância.

• Fortalecer os marcos políticos e estabelecer mecanismos legais adequados: Desenvolver políticas sólidas que abordem especificamente a vigilância epidemiológica da saúde silvestre. Esses marcos políticos devem estar alinhados com a abordagem de Uma só Saúde e fornecer diretrizes claras para a prevenção, detecção e controle de zoonoses em animais silvestres. Isso inclui regulamentações e leis que abordem o monitoramento, diagnóstico, notificação e resposta a zoonoses em animais silvestres. Incluir representantes da sociedade civil e especialistas no processo de elaboração dessas normativas.

• Desenvolver capacidade para monitoramento e diagnóstico: Investir na criação e ampliação da capacidade nacional para o monitoramento e diagnóstico de infecções em animais silvestres. Isso envolve o

65 PANORAMA DA SAÚDE SILVESTRE

fortalecimento de laboratórios especializados, o desenvolvimento de testes específicos para zoonoses emergentes em animais silvestres, o desenvolvimento de programas de capacitação para coleta, diagnóstico e medidas de controle de surtos de zoonoses em animais silvestres, além da criação de protocolos e fluxos de trabalho adequados dentro da abordagem de Uma só Saúde. É importante investir em pesquisa e desenvolvimento de métodos avançados de vigilância epidemiológica em saúde silvestre, como o uso de tecnologias de sequenciamento genômico, para identificar novos patógenos e monitorar a disseminação de doenças.

• Desenvolver capacidade de preparação e resposta para zoonoses emergentes:

Com a criação de planos nacionais envolvendo todos os interessados. Isso inclui mapear a distribuição das zoonoses, fortalecer a vigilância humana, animal e de vetores, e compartilhar informações de forma coordenada. É importante também pré-posicionar suprimentos estratégicos, estabelecer diretrizes e padrões, e promover a educação pública. Um órgão coordenador ou mecanismo multissetorial em Saúde Silvestre formalizado será essencial para liderar as operações de resposta durante um surto.

• Melhorar as notificações em Saúde Silvestre e promover a transparência e ampla divulgação nacional e internacional na Vigilância de Doenças

Zoonóticas:

É importante estabelecer práticas recomendadas, que incluem identificar as informações necessárias pelos outros setores para implementar seu trabalho, concordar com essas informações

e compartilhá-las regularmente de maneira oportuna, por meio de mecanismos estabelecidos. Caso haja restrições legais, regulatórias, culturais ou outras para o compartilhamento de informações, é possível considerar algumas opções. Por exemplo, bancos de dados podem ser limitados ao subconjunto acordado de informações, enquanto o restante dos dados permanece nos bancos de dados de cada setor. Promover a transparência e a comunicação eficaz entre os setores envolvidos é essencial para garantir relatórios precisos e atualizados sobre doenças zoonóticas, contribuindo para uma melhor vigilância e resposta efetiva nessas situações.

• Fortalecer as instituições:

Garantir que as instituições responsáveis pela vigilância epidemiológica da saúde silvestre tenham capacidade adequada, financiamento suficiente e um plano claro para a implementação de intervenções, incluindo os órgãos ambientais (e.g., IBAMA, ICMBio, SEMA), terceiro setor e grupos de pesquisa que executam políticas de conservação de fauna (translocação, reintrodução, soltura, resgate, monitoramento, licenciamento ambiental). Isso envolve investimentos em recursos humanos qualificados, laboratórios especializados e infraestrutura adequada. Além disso, é imprescindível que a saúde silvestre seja incluída nas Programações Anuais de Saúde (PAS), a fim de assegurar a disponibilidade contínua de recursos financeiros e o desenvolvimento progressivo das atividades envolvidas no monitoramento, controle e prevenção de doenças no ambiente silvestre.

66 PANORAMA DA SAÚDE SILVESTRE

SAÚDE SILVESTRE E SOCIEDADE

• Cumprimento dos deveres constitucionais:

Garantir que o poder público e os tomadores de decisão cumpram seu dever constitucional de assegurar um meio ambiente ecologicamente equilibrado e qualidade de vida, reduzindo o risco de doenças zoonóticas e promovendo o acesso universal e igualitário a ações e serviços de promoção, proteção e recuperação da saúde. Isso pode ser feito através da participação ativa em consultas públicas, ou assumir um papel de monitoramento e fiscalização das ações do poder público relacionadas à saúde silvestre, por exemplo.

• Diretrizes de comunicação: Desenvolver diretrizes de comunicação, prevenção e sensibilização sobre o risco zoonótico, desmistificando o papel dos animais silvestres como fontes de doenças. Evitar a perseguição motivada por medos infundados ou desconhecimento, garantindo uma comunicação responsável e embasada em evidências. Enfatizar a necessidade de proteger a biodiversidade e adotar práticas sustentáveis para prevenir doenças zoonóticas.

• Educação para a Uma só Saúde: Incluir a temática da Uma só Saúde nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), desde a educação básica até os níveis de pós-graduação, capacitando os cidadãos com conhecimentos críticos sobre a interdependência entre saúde humana, animal e ambiental.

• Participação social igualitária: Formular estratégias que promovam uma participação social legítima e

igualitária, envolvendo povos originários, comunidades tradicionais, academia, movimentos sociais, coletivos e outras instituições na pactuação de políticas públicas voltadas para a Uma só Saúde, resiliência climática, sustentabilidade e segurança alimentar. A busca por soluções práticas em conjunto requer ações socialmente justas e culturalmente sensíveis.

• Inclusão nos conselhos consultivos das Unidades de Conservação: Inserir o tema da Uma só Saúde e risco zoonótico na pauta dos conselhos consultivos das Unidades de Conservação, garantindo sua discussão e consideração nas tomadas de decisão.

• Ciência cidadã e monitoramento participativo: Incentivar os órgãos públicos a promover e apoiar ações de ciência cidadã, envolvendo a participação da sociedade no monitoramento da biodiversidade e na comunicação de situações de risco zoonótico, incluindo o registro de eventos atípicos relacionadas a animais silvestres, como o registro de animais mortos e alterações de comportamento.

• Parcerias com a sociedade civil: Identificar os atores locais e estabelecer parcerias com organizações não governamentais, associações de moradores, povos indígenas, comunidades tradicionais e outros atores da sociedade civil para promover ações conjuntas de monitoramento da saúde silvestre, compartilhamento de informações e sensibilização da população.

67 PANORAMA DA SAÚDE SILVESTRE

SAÚDE SILVESTRE E A SAÚDE DOS POVOS

ORIGINÁRIOS E TRADICIONAIS

• Fortalecimento da participação indígena:

Garantir a representatividade e participação efetiva dos povos indígenas e tradicionais na formulação e implementação das políticas públicas de saúde silvestre. Isso pode ser feito por meio da criação de conselhos consultivos específicos e mecanismos de diálogo direto entre as comunidades e as instituições governamentais.

• Educação em saúde: Promover programas de educação em saúde direcionados aos povos indígenas e tradicionais, com ênfase na conscientização sobre a relação entre saúde humana, animal e ambiental, os riscos zoonóticos e as medidas preventivas. Essa educação deve ser realizada de forma inclusiva, considerando as línguas, tradições e práticas culturais dessas comunidades.

• Capacitação intercultural: Promover programas de capacitação intercultural para profissionais de saúde, visando à compreensão e valorização dos saberes indígenas e tradicionais relacionados à saúde silvestre. Isso possibilitará uma abordagem mais inclusiva e respeitosa no atendimento às comunidades.

• Vigilância adaptada à realidade cultural:

Fortalecer a estrutura e atuação da vigilância tradicional, incorporando elementos adaptados à realidade cultural dos povos indígenas e tradicionais. É essencial valorizar e respeitar os conhecimentos e práticas dessas comunidades no monitoramento e prevenção de doenças.

• Incorporação da antropologia médica: Integrar a antropologia médica às regulamentações e diretrizes de vigilância,

considerando as especificidades culturais e sociais dos povos indígenas e tradicionais. Isso contribuirá para uma abordagem mais abrangente e inclusiva no cuidado com a saúde dessas comunidades.

• Expansão das políticas públicas: Ampliar as políticas públicas de saúde estruturadas para os povos indígenas, estendendo-as também aos povos tradicionais que muitas vezes ficam desassistidos em áreas protegidas. É necessário garantir acesso igualitário aos serviços de saúde e promover ações específicas para essas populações.

• Parcerias interinstitucionais: Estabelecer parcerias entre órgãos governamentais, organizações indígenas e tradicionais, e instituições de pesquisa para o desenvolvimento de ações conjuntas de monitoramento, pesquisa e educação em saúde silvestre. Essa colaboração promoverá o intercâmbio de conhecimentos e fortalecerá a implementação de políticas públicas efetivas.

• Comunicação eficiente e participativa:

Estabelecer canais eficientes de comunicação entre os diversos atores envolvidos na saúde pública, incluindo os povos indígenas e tradicionais. Promover diálogos interculturais e garantir a participação ativa dessas comunidades nas decisões relacionadas à saúde silvestre.

• Monitoramento transfronteiriço em tempo real:

Estabelecer acordos de cooperação entre os governos dos diferentes países para o monitoramento e mapeamento contínuo da saúde silvestre. Essa colaboração permitirá uma resposta efetiva

68 PANORAMA DA SAÚDE SILVESTRE

e compartilhada em relação às doenças zoonóticas, considerando a dimensão transfronteiriça da Amazônia.

• Observatórios e sítios sentinela: Estabelecer observatórios e sítios sentinela para acompanhar e monitorar a saúde silvestre em tempo real. Essas estruturas serão fundamentais para detectar precocemente possíveis surtos de doenças e adotar medidas preventivas adequadas.

• Necessidade de medidas preventivas: A ausência de vigilância integrada em saúde silvestre nas áreas dos povos indígenas e tradicionais dificulta a implementação de medidas preventivas e de controle efetivas. A detecção precoce, o monitoramento contínuo e a adoção de estratégias de manejo apropriadas são essenciais para reduzir o risco de surtos de doenças e proteger a saúde das comunidades indígenas e tradicionais.

OS CONJUNTOS DE DADOS DO PROJETO SINBIOSE/ REDES SOCIOECOLÓGICAS

Para entender e prever surtos de doenças tropicais negligenciadas (DTN), houve a necessidade de integrar diversos tipos de dados dispersos em diferentes bases de dados ambientais, climáticos, socioeconômicos, sobre a saúde humana e a biodiversidade, disponíveis em servidores no Brasil e exterior (Box 1). Ao longo do desenvolvimento do projeto SinBiose/ Redes Socioecológicas, criamos dois conjuntos de dados: ZECS (zoonoses + environment + climate + socioeconomics), e BMPO (Brazilian Mammal Parasite Occurrence Data; Cruz et al. 2023). O ZECS é o primeiro conjunto criado pelo nosso grupo e inclui dados sobre a distribuição espacial de doenças em humanos, características ambientais, climáticas e socioeconômicas, e pode ser acessado em https://doi. org/10.57810/lattedata/ODBRQG. O BMPO contém informações sobre a distribuição espacial de parasitas, hospedeiros, associações conhecidas e características morfológicas e de história de vida de mamíferos nativos, se os parasitos são zoonóticos ou não e o modo de transmissão dos zoonóticos

que ocorrem no Brasil. O BMPO pode ser acessado em https://doi.org/10.6084/ m9.figshare.23899035.v1. Nossos maiores desafios nesse processo de construção de ambos os conjuntos estavam relacionados aos diferentes graus de acessibilidade, interoperabilidade, e à escala espacial e temporal dos dados disponibilizados. Por exemplo, o ZECS abrange um período de 20 anos (2001 a 2021) e possui os municípios como a menor escala espacial. Essas limitações se devem às escalas dos dados da rede

SINAN que, apesar de limitarem avaliações mais detalhadas, especialmente em termos espaciais, são suficientes para informar políticas públicas, devido ao modo de organização e administração do território brasileiro. Enquanto isso, os dados do BMPO possuem diferentes escalas espaciais, desde coordenadas precisas até centroides de municípios ou estados, e não possui informação temporal do diagnóstico/ infecção. Apesar dessas limitações, a síntese dessas informações foi essencial para realizar as análises presentes no relatório e em outros estudos do projeto.

69 PANORAMA DA SAÚDE SILVESTRE

BOX 6.

DESCRIÇÃO DAS INFORMAÇÕES EXISTENTES

NOS CONJUNTOS DE DADOS DO PROJETO REDES SOCIOECOLÓGICAS.

Fonte Assunto

mapbiomas Cobertura e uso do solo

Tipo de dados Bioma Base de dados

Conjunto ZECS

Ambientais Todos Coleção 6

mapbiomas Transições da cobertura e uso do solo

ICMBio Distribuição dos mamíferos silvestres (*)

Diversas Distribuição dos microrganismos zoonóticos

Diversas

Distribuição das associações microrganismos zoonóticosmamíferos silvestres de vida livre

Diversas Características das espécies de mamíferos

Ambientais Todos Coleção 6

Bióticos Todos SALVE/ICMBio

Bióticos Todos Diversa

Bióticos Todos Diversa

Bióticos Global Diversa

NASA Precipitação Climáticos Todos TRMM_3B42_ Daily Version 7

NASA Temperatura de superfície

Climáticos Todos MOD11C3 Version 6

SUS Notificação das zoonoses Saúde humana Todos

Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN)

IBGE Produto Interno Bruto dos municípios brasileiros Socioeconômico Todos Sidra/IBGE

IBGE População dos municípios Socioeconômico Todos Geociencias/IBGE

IBGE Produção agropecuária Socioeconômico Todos Sidra/IBGE

Conjunto BMPO

Wardeh et al. 2015

Stephens et al. 2017

Distribuição das associações parasitos-mamíferos silvestres de vida livre

Distribuição das associações parasitos-mamíferos silvestres de vida livre

Bióticos Global Scientific Data 2:150049 1

Bióticos Global

Global Mammal Parasite Database (GMPD) 2.0 2

70 PANORAMA DA SAÚDE SILVESTRE

London Museum Helminth

PubMed

Plataforma Lattes

Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (Sibbr)

Catalogue Of Life

Sociedade Brasileira de Mastozoologia (SBMz)

NCBI taxonomy

Distribuição das associações parasitos-mamíferos silvestres de vida livre

Distribuição das associações parasitos-mamíferos silvestres de vida livre

Distribuição das associações parasitos-mamíferos silvestres de vida livre

Taxonomia das espécies

Taxonomia das espécies

Taxonomia das espécies

Taxonomia das espécies

Diversas Características das espécies de mamíferos

IUCN

Diversas

Johnson et al. 2020

Jones et al. 2008

Olival et al. 2017

Taylor et al. 2001

Status de ameaça das espécies

Modo de Transmissão dos patógenos zoonóticos

Status zoonótico dos patógenos

Status zoonótico dos patógenos

Status zoonótico dos patógenos

Status zoonótico dos patógenos

Bióticos Global Host-Parasite database 3

Bióticos Global PubMed 4

Bióticos Todos Lattes 5

Bióticos Todos SiBBr 6

Bióticos Global Catalogue Of Life 7

Bióticos Todos SBMz 8

Bióticos Global NCBI taxonomy

Bióticos Global Diversas

Bióticos Global International Union for Conservation of Nature's Red List of Threatened Species 9

Bióticos Global Diversa

Bióticos Global Proceedings of the Royal Society B 287(1924) 10

Bióticos Global Nature 451, 990–993 (2008). 11

Bióticos Global Nature vol 546, 646–650 (2017) 12

Bióticos Global Philos Trans R Soc Lond B Biol Sci 29;356(1411): 983-9 (2001) 13

(*) Dados restritos, cedidos através de termo de compromisso. Não compõem o conjunto aberto de dados.

1. https://www.nature.com/articles/sdata201549/

2. https://doi.org/10.1002/ecy.1799

3. https://www.nhm.ac.uk

71 PANORAMA DA SAÚDE SILVESTRE

4. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/advanced/

5. https://lattes.cnpq.br

6. https://www.sibbr.gov.br

7. https://www.catalogueoflife.org/

8. https://sbmz.org/mamiferos-do-brasil/

9. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/Taxonomy

10. https://www.iucnredlist.org

11. https://doi.org/10.6084/m9.figshare.c.4899876

12. https://doi.org/10.1038/nature06536

13. https://doi.org/10.1038/nature22975

14. https://doi.org/10.1098/rstb.2001.0888

A IMPORTÂNCIA E O INEDITISMO DOS CONJUNTOS DE DADOS PARA ESTUDOS DE ZOONOSES NO PAÍS

Os conjuntos de dados do projeto SinBiose/Redes Socioecológicas proporcionam uma abordagem inovadora e abrangente para estudos de zoonoses, permitindo o cruzamento de dados, a visualização de padrões, a geração de cenários e a análise em diferentes níveis geográficos. Essa integração de informações é essencial para melhor compreender e enfrentar os desafios relacionados às doenças zoonóticas, informando ações de saúde pública, conservação da biodiversidade e manejo dos habitats.

• Cruzamento de dados e visualização de padrões:

Os conjuntos de dados produzidos permitem o cruzamento de informações, o que possibilita a geração de cenários e a visualização de padrões relacionados à ocorrência das doenças zoonóticas e seus possíveis impulsionadores. Essa análise integrada é fundamental para compreender as interações complexas entre fatores humanos, animais e ambientais que contribuem para a propagação das zoonoses.

• Complementaridade aos dados do SINAN:

Enquanto as informações do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) se referem apenas a doenças em humanos, os conjuntos de dados do projeto SinBiose/Redes Socioecológicas vão além. Eles permitem gerar previsões, identificar lacunas de conhecimento relacionadas à saúde humana, animal e ambiental, e fornecer subsídios para medidas de conservação e manejo da biodiversidade e dos habitats. Essa abordagem integrada e abrangente é uma grande inovação do projeto.

• Amplitude e estrutura dos dados: Os conjuntos de dados do SinBiose/ Redes Socioecológicas têm uma amplitude significativa e estão estruturados de forma a permitir trabalhar com os cenários gerados e padrões visualizados em diferentes níveis, desde o municipal até o federal. Essa capacidade de análise em diversas escalas é particularmente relevante para informar gestores e outras partes interessadas na tomada de decisões relacionadas à prevenção, controle e gestão das zoonoses.

72 PANORAMA DA SAÚDE SILVESTRE

A INTEROPERABILIDADE E ACESSIBILIDADE DAS BASES DE DADOS

A interoperabilidade e acessibilidade das bases de dados para estudos de zoonoses são fundamentais para ampliar o acesso e uso dessas informações. A disponibilidade dos dados para diferentes usuários, o uso de sistemas padronizados, a inclusão de variáveis comuns e o compartilhamento de informações contribuem para uma abordagem integrada e colaborativa no estudo das zoonoses, permitindo análises mais abrangentes e facilitando a tomada de decisões informadas no âmbito da saúde pública e conservação da biodiversidade.

• Disponibilidade dos dados para diferentes usuários:

O projeto SinBiose Redes Socioecológicas estrutura a maioria dos conjuntos de dados de acordo com a distribuição geográfica dos municípios, variáveis ambientais, socioeconômicas e de biodiversidade, além das características das espécies de parasitos e hospedeiros. Isso permite que os dados, que antes eram dispersos e de difícil acesso, estejam disponíveis para diferentes usuários interessados. A base de dados interoperacional, que desenvolveremos em um próximo passo do projeto, será hospedada em um servidor institucional e, quando disponibilizada, contará com painéis dinâmicos que demonstram dados socioambientais e de saúde relevantes para diferentes públicos-alvo, como profissionais de saúde, secretarias do meio ambiente e da agricultura, e educadores.

• Sistema de consulta e terminologia padronizadas:

As bases de dados serão disponibilizadas através de um sistema de consulta que utiliza terminologia padronizada.

Isso facilita a integração de diferentes dados provenientes de fontes e escalas geográficas diversas, com diferentes níveis de detalhamento. Os dados do conjunto ZECS, por exemplo, já estão disponíveis no portal Lattes Data (CNPOq), com acesso livre e irrestrito, desde que devidamente citados ou referenciados (Winck et al. 2022a; DOI 10.57810/lattedata/ODBRQG). Essa abordagem garante a acessibilidade dos dados e segue os princípios FAIR, permitindo o acesso aberto sob uma licença explícita de acesso aberto.

• Variáveis em comum e vinculação de dados:

A inclusão de variáveis em comum nos conjuntos de dados é essencial para garantir a interoperabilidade e a possibilidade de desagregar e combinar os dados coletados por diferentes setores ou partes interessadas para análises adicionais. Essas variáveis de vinculação, como números de identificação, dados de séries temporais, locais e dados geoespaciais, facilitam a integração dos dados e permitem análises mais abrangentes e comparativas.

• Compartilhamento de informações e envolvimento das partes interessadas: Embora as informações coletadas por meio de ações de monitoramento muitas vezes tenham públicos-alvo estratégicos, é importante que os dados também sejam compartilhados com todas as partes envolvidas na coleta e nos relatórios. O envolvimento das partes interessadas ajuda a garantir a participação contínua no processo e fortalece a colaboração entre os setores envolvidos no estudo das zoonoses.

73 PANORAMA DA SAÚDE SILVESTRE

SÍNTESE DE PARASITOS EM MAMÍFEROS SILVESTRES

A síntese do conjunto de dados BMPO compilou informações de 3.281 associações entre 1.025 parasitas (sendo 162 zoonóticos) e 343 espécies de mamíferos silvestres que vivem em ambiente natural (Tabela 1). Esses dados abrangem 719 municípios localizados nas 27 unidades federativas do Brasil e foram coletados em 653 estudos (Cruz et al. 2023). Embora seja importante ressaltar que esses registros estão incompletos, uma vez que não abrangem uma revisão sistemática da literatura em relação a cada agente infeccioso em todas as bases de dados, eles representam o maior conjunto de dados atualmente disponível sobre saúde silvestre no país. Mesmo que a informação sobre esses animais seja gerada de forma não sistemática e em momentos específicos, esses registros fornecem um ponto de partida válido para discutir a importância de considerar a saúde dos animais silvestres. A informação contida nesses registros contribui para o conhecimento da circulação de agentes infecciosos em regiões que não são monitoradas pela vigilância em saúde humana e animal de produção. Isso é fundamental, pois muitas vezes a saúde dos animais silvestres desempenha um papel crucial na compreensão e no controle de doenças. No entanto, a síntese desses registros também evidencia a grande lacuna de informações parasitológicas sobre agentes infecciosos em hospedeiros mamíferos, e a dificuldade em adquirir e organizar os dados existentes. A ausência de uma base de dados oficial onde as informações possam ser inseridas e sistematizadas dificulta ainda mais o acesso a esses dados. Essa lacuna representa um desafio significativo para a pesquisa e a tomada de

decisões em relação à saúde silvestre. É necessário superar essa dificuldade e estabelecer uma base de dados oficial para melhorar o acesso, organização e utilização dessas informações, visando aprimorar a compreensão e o controle de doenças relacionadas à saúde dos animais silvestres.

A distribuição dos pontos georreferenciados por unidades federativas revelou uma concentração na região sudeste do Brasil, abrangendo os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais. Essa região também concentra a maioria dos estudos que forneceram coordenadas geográficas ou permitiram a recuperação do centroide dos municípios, representando 44,1% das publicações (288 de 653 estudos) (Figura 6). Esses estudos estão principalmente relacionados à vigilância de vírus da raiva e febre amarela em morcegos e primatas, riquétsias em capivaras, e Trypanosoma cruzi e Toxoplasma gondii em diversos outros mamíferos. Ao analisar a distribuição dos pontos georreferenciados entre os hospedeiros, de acordo com sua ordem taxonômica, é possível observar uma distribuição diferencial do esforço amostral, quantificado pelo número de publicações. Notavelmente, na região sudeste do Brasil, houve um maior número de estudos sobre mamíferos e seus parasitos em comparação com outras regiões. É relevante destacar que o conjunto de dados analisado também abrange associações com animais domésticos, de produção e espécies ainda não formalmente reconhecidas pela Sociedade Brasileira de Mastozoologia, mas que possuem registros no território nacional. Isso amplia a abrangência das informações disponíveis e oferece insights adicio-

74 PANORAMA DA SAÚDE SILVESTRE

nais sobre a diversidade de hospedeiros e suas relações parasitárias no país. Embora as associações parasitárias envolvendo os animais presentes no conjunto de dados BMPO sejam ainda incompletas, consideramos que ele representa um ponto de partida promissor para pesquisadores interessados em expandir essas informações no futuro. Além disso, ressaltamos a importância de ampliar a investigação parasitológica para abranger outras regiões e espécies de hospedeiros, a fim

Tabela 1

de aprofundar nossa compreensão das interações entre parasitos, mamíferos e outros animais presentes em nosso território. Esses dados estabelecem uma base sólida para estudos posteriores e permitem a identificação de lacunas no conhecimento parasitológico de diferentes regiões e hospedeiros. Dessa forma, encorajamos a continuidade da pesquisa nessa área, visando preencher as lacunas existentes e aprimorar nossa compreensão da ecologia parasitária em contexto nacional.

Resumo do número de espécies de agentes infecciosos em cada táxon de hospedeiro mamífero no Brasil incluídos no conjunto de dados BMPO14, excetuando-se helmintos e artrópodes. O número de parasitos zoonóticos estão indicados entre parênteses.

(9)

(26)

(1)

20 (15) 16 (6) 22 (9) 2 (2) 157(101)

- - 1 (1) - 1 (1)

9 (6) 6 (3) 2 (1) - 17 (10)

4 (2) 4 (1) 7 (5) 3 (3) 28 (18) Primates 23 (17) 28 (22) 15 (9) 4 (3) 200 (1452)

Rodentia 38 (24) 57 (15) 22 (10) 3 (3) 326 (210)

Total 152 (58) 73 (37) 57 (18) 33 (18) 1601(995)

Domésticos e de Produção 152 (74) 73 (30) 57 (15) 33 (25) 540 (315)

15. Número total de associações únicas parasito-hospedeiro no respectivo grupo taxonômico.

75 PANORAMA DA SAÚDE SILVESTRE
Táxon Bactérias Vírus Protozoários Fungos Associações15
Cingulata
Didelphimorphia
Carnivora 23 (17) 22 (4) 23 (6) 11 (10) 186 (101) Cetartiodactyla 15
3
10 (4) 1 (1) 55(28) Chiroptera 71
81 (7) 22 (7) 22 (8) 609 (363)
3 (3) 3 (3) 6 (3) 5 (4) 22 (18)
Lagomorpha
Perissodactyla
Pilosa

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