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Figura 59 - Diagrama de Graffiti and Street Art, de Daniel Feral
tradicionais como o Pop Art, o action painting e a Art Brut, possíveis caminhos para entender a evolução conceitual da arte de rua54 . O Diagrama de Feral mostra como o grafite e a street art se tornaram o centro da história da arte e articula como eles influenciaram e foram influenciados por outros grandes movimentos artísticos.
Figura 59 - Diagrama de Graffiti and Street Art, de Daniel Feral. Fonte: https://www.concretetodata.com/artists/daniel-feral/
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54 A estrutura destediagrama foi feita como homenagem e celebração do 75º aniversário do diagrama sobre Cubismo e Arte Abstrata, de Alfred H. Barr − primeiro diretor do Museu de Arte Moderna em 1936 − Fonte: https://www.widewalls.ch/the-history-of-street-art.
Mesmo que algumas manifestações artísticas se apropriem do espaço urbano e influenciem assim a forma como se posiciona a arte de rua, há uma brecha entre a arte culta e o grafite. Apesar do reconhecimento de alguns grafiteiros nos últimos anos e da execução elaborada em que evoluem muitos grafites, existe ainda uma distância que não chega a se definir claramente entre estas duas formas de expressão, por uma parte pela legalidade da execução, por outra na apropriação livre e não autoritária dos espaços para intervenção, mesmo que muitos grafiteiros tenham acessado o espaço do museu e da galeria. A street art encontrasse no meio por ser justamente uma forma de intervenção urbana que está dentro da legalidade e que se faz a partir da estética herdada do grafite. No Rio de Janeiro assim como em outros lugares, o grafite e a street art compartilhem semelhanças, como, por exemplo, a execução das artes principalmente de rua. A raiz do grafite é a realização das pinturas de forma livre e não autorizada, o que cria dilemas entre os grafiteiros e pichadores que defendem as origens do grafite e os que realizam trabalhos de forma autorizada, ou com interesse comercial realizados por meio de contrato ou oferecidos em museus e galerias, onde segundo os mais radicais não tem lugar o verdadeiro grafite. O grafiteiro carioca Marcelo Ment55 afirma que o mais importante ao realizar seu trabalho é defender sua identidade, que para ele é uma mistura de arte, grafite, história da arte e outros recursos. Ainda que a sociedade o conheça como grafiteiro, pelos trabalhos realizados nas ruas, para os grafiteiros ele é um artista que se dedica a fazer “artes bonitinhas que as pessoas gostam, rostos de mulheres com cabelos coloridos” e que por serem mais aceitas e abrirem possibilidades dentro da área comercial, ele não pertence ao verdadeiro mundo do grafite (Figura 30).
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Arepresentação da linguagem escrita na arte funciona como expressão visual, encarregada de materializar de forma gráfica o conteúdo. O significado do pensamento do autor é uma voz gráfica da linguagem, que persuade o leitor para participar da obra ao se conectar com ela por meio de palavras, frases, orações e letras, sejam verdadeiros ou inventados, figurativos ou abstratos, evidentes ou cifrados. A escrita é a forma visível da palavra falada e muito além do que
55 Entrevista realizada no dia 17/01/19 56 Pode-se apreciar o trabalho de Marcelo Ment no site https://marceloment.com/