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4.3. Tipos de escrita

Outros alfabetos e estilos de escrita foram desenvolvidos posteriormente, mas é até a escrita carolíngia que destacamos a criação dos símbolos alfabéticos que deram lugar ao sistema de letras que conhecemos e utilizamos na atualidade. A partir do desenvolvimento das letras do alfabeto latino, inúmeras formas foram desenvolvidas, considerando a mistura de fatores como o uso de múltiplos utensílios e ferramentas, a diversidade de suportes, a variedade de pigmentos, etc. Não iremos destaca-los aqui, já que o nosso objetivo é a análise dos textos manuscritos da paisagem urbana, cabe conhecer um pouco da história do desenvolvimento dos signos alfabéticos como base da escrita manuscrita contemporânea, à maneira de entender a forma em que estes se fazem presentes para a construção e desconstrução dentro do universo do grafite carioca. Pode-se apreciar como é possível encontrar diferentes elementos ao longo da evolução do alfabeto latino, que se mantem presentes até hoje na composição das letras no grafite e a pichação, e que compartilham similitudes quanto ao raciocínio para a construção das formas das letras que encontramos nas intervenções urbanas, destacando a escrita como canal de comunicação e a importância dos aspectos gráficos para a composição da mensagem que se quer transmitir. Características como a criação de símbolos e pictogramas, o uso de ferramentas para a produção de traços específicos, a harmonia e uniformidade nos símbolos de um alfabeto e a mistura de ícones e letras dentro de uma mesma composição, são elementos que se fazem presentes não só no grafite e na pichação, mas também em outros canais de comunicação nos quais exista uma mistura entre letras, símbolos e imagens que coabitam para a construção de sentido do que se quer dizer, de maneira que a mensagem seja transmitida da forma mais eficiente possível.

4.3. Tipos de escrita

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Posterior à unificação do alfabeto, realizada por Carlo Magno, veio a Idade Média por volta de 1200 n.e., e aparece na França a letra gótica e os livros ganham um espaço mais importante, como objetos para o registro do conhecimento. Já no século XV na Itália, veio o período renascentista, trazendo um novo posicionamento do homem com seu entorno, foi um período fértil e criativo para as ciências e as artes. Um dos personagens mais destacado foi o talentoso inventor Leonardo Da Vinci. Criativo e curioso, ele participou de diversas áreas de conhecimento, disse-

se que costumava escrever com as letras invertidas e da direita para a esquerda. Sabia do valor das suas invenções e encontrou nesta forma de escrita um truque para guardar seus segredos, na época também existiam as restrições e imposições da Santa Inquisição, e havia o perigo de se escrever alguma coisa que fosse contra a doutrina católica. Para se ler a escrita de Da Vinci, pode-se utilizar um espelho. (HORCADES, 2004, p. 35)

Outros também tiveram destaque no que se refere à escritura:

...os artistas da letra desenvolveram tipos mais arredondados, visualmente mais leves e mais legíveis, usou-se mais o espacejamento entre as palavras. Pela primeira vez fizeram-se alfabetos completos, com a caixa-alta combinando com a caixa-baixa, todas dentro do mesmo estilo. As maiúsculas foram resgatadas do século I em Roma (Capitalis Romana) e as minúsculas inspiradas na Minúscula Carolingia, erroneamente datada do século I e não de sua época real, a do reinado de Carlos Magno, no século VIII.

As novas letras da Renascença coincidem também com a introdução da perspectiva nos desenhos, o descobrimento da luz e da sombra na pintura e a invenção do domo pelo arquiteto Filippo Bruneleschi... Como consequência, a letra da Renascença era mais espaçosa e legível, como os ambientes da nova arquitetura (HORCADES, 2004, p. 36).

Ao redor de 1394 e 1399, nasce em Mogúncia – atualmente Mainz, Alemanha – provavelmente o homem mais destacado para a comunicação escrita, foi o ourives Johannes Gutenberg. Graças aos seus conhecimentos de fundição de metais, criou uma forma de imprimir não uma, mas várias folhas com a mesma composição textual, previamente montada. Depois de realizar o desenho de cada caractere, o corpo da letra era gravado na extremidade de um punção de aço, com o que se obtinha a matriz, posteriormente com essa matriz as letras eram fundidas individualmente e de forma massiva, em barrinhas de chumbo chamadas tipos. Colocadas e organizadas por linhas, as letras formavam as colunas do texto de uma página, num bloco de texto chamado fôrma35. Assim surgiu a imprensa de tipos móveis no Ocidente. Sabe-se que no Oriente o artesão chinês Bi Sheng (990-1051 n.e.) inventou a primeira tecnologia conhecida de impressão de tipos móveis, usando tipos de argila endurecidos por cozimento no fogo, organizados e fixados com resina numa chapa de aço para produzir a placas entalhadas para impressão (EPOCH TIMES, 2013). Em 1445, foi produzida a emblemática bíblia de 42 linhas

35 http://www.tipografos.net/tecnologias/composicao-com-tipos.html

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