Debate
Manuel Gonçalves Pinho: Intervenções Andreia Nossa Ferreira, Erasmus 20/21
O Orador Dr. Manuel Gonçalves Pinho, Psiquiatra, acautela para que na área da saúde mental se estude não a cannabis, mas sim os seus constituintes e o seu potencial terapêutico – o THC e o CBD – destacando que na área da psiquiatria se lida principalmente com as consequências do THC. O THC, como substância psicoativa, já foi testado no contexto das linhas depressivas, não havendo diferenciação estatística significativa nos outcomes, referindo ainda que nos indivíduos com perturbações familiares esquizofrénicas o THC aumenta o seu risco de desenvolvimento e de manutenção. O CBD tem mais efeitos terapêuticos na área da fobia social e stress pós-traumático. A sua utilização, juntamente com técnicas psicoterapêuticas parece demonstrar uma potenciação do tratamento psicoterapêutico. Estudos demonstram que cerca de 60-70% dos surtos psicóticos no Serviço de urgência, estão associados ao consumo de canabinoides. Tal não indica causalidade, mas sim uma possível bidirecionalidade entre consumo e episódio psicótico. O grande problema na psiquiatria é que não se consegue diferenciar os indivíduos que têm um risco de base muito elevado daqueles que não têm, a não ser, pela história familiar de esquizofrenia ou porque já tiveram um episodio psicótico. Isto é uma roleta russa: um episódio psicótico pode surgir num consumidor esporádico, como pode ou não surgir num consumidor regular, e por essa mesma questão não se pode falar numa inocuidade do consumo da cannabis.
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