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Thais Russomano
de “anti-Medicina” por causa disso também, não é? Aconselho [aos estudantes de Medicina] a serem humildes: nós não somos a última bolacha do pacote! Procurem conhecer pessoas, não tenham medo de falar com as pessoas e reconhecer que as pessoas são melhores do que vocês, porque é a única maneira de conseguirem evoluir e acrescentar conteúdo. Das pessoas mais fabulosas que conheci e que mais me deslumbraram em termos de conhecimento, algumas eram médicas, outras não eram.
Muito obrigada por ter respondido a estas questões e por ter feito parte, como orador, deste Congresso. Eu é que agradeço o convite e o vosso esforço para organizarem isto uns para os outros! Como é que vocês arranjam tempo para isto?
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Não sei! (risos)
Só de imaginar fico cansado!
Pelo que sei, quando termina um In4Med começa a preparação do próximo!
Spacial Keynote
Thais Rossomano
Gonçalo Sabrosa, 2º ano

Como reagirá o nosso corpo e a nossa mente quando em ambiente aerospacial? Nos primórdios das viagens espaciais, com a falta de informação sobre a microgravidade, eram temidos vários efeitos no nosso organismo, como anorexia e retenção urinária. Os aspetos que hoje sabemos afetados pertencem a quatro grandes domínios: a microgravidade, a radiação, a mente humana e os ritmos circadianos.
A medicina espacial engloba três domínios: fisiologia espacial (duração da missão e sexo do viajante), medicina operacional (logísticas, como quando dormir) e medicina clínica (manifestações que ocorrem, como infeções). É certo que cada organismo reage de uma forma diferente às adversidades encontradas, mas é verificada maior propensão em determinadas circunstâncias para certas manifestações. Tendo em conta isto, podem verificar-se complicações associadas a pré e pós-missão, bem como ao longo da mesma.
O sistema neuronal é o primeiro a ser afetado, gerando distúrbios de orientação. Quanto ao circulatório, a maior parte do sangue localiza-se abaixo do nível do coração, quando estamos na Terra, o que nos permite estar de pé e mover. Quando no espaço, esta proporção passa a verificar-se acima do nível do coração, conduzindo a edema nos membros superiores e na cabeça. Perdas de 1 a 2% de densidade óssea por mês, alterações na curvatura da coluna e atrofia muscular também são verificados.
A nossa mente também pode ter alterações a nível cognitivo, por parte da radiação, e depressão provocada pelo isolamento. É importante haver atividades que combatam este último aspeto, como jogos, música e convívio.
Para o futuro, são destacados obstáculos a enfrentar para viagens a Marte e o próprio turismo.


Facing the Invisible
Marie Antoine Bélizaire
Gonçalo Sabrosa, 2º ano
O tema da resposta ao surto em campo é-nos trazido pela professora Marie Rosaline Bélizaire. É epidemiologista, especialista de saúde pública e coordenadora do campo de emergência na WHO. Esteve na frontline de guerras e doenças, tendo tido um enfarte na sua resposta ao vírus Ébola na República Democrática do Congo. Embora isto se tenha verificado, continua a ajudar as comunidades a combater HIV, febre amarela e Ébola. Atualmente, está a ajudar no combate ao COVID-19 na República Centro-Africana.
Um surto é um excesso de casos de patologia relativamente à expectativa normal. Os surtos zoonóticos são os que mais infetam os seres humanos. Um exemplo atual deste mesmo é o provocado pelo Coronavírus, que se crê ter sido transmitido por morcegos.
O plano de combate a surtos depende de vários fatores: o tipo, os casos, o contexto local, a organização e os princípios.
Será a primeira vez que contactamos com este patogénio? É um vírus ou bactéria? Iniciou-se num ambiente rural ou urbano? Com ou sem um bom sistema de saúde? Foi notificado para a WHO? São todas questões imprescindíveis para uma boa resposta.
Para haver sucesso no combate é necessária colaboração, coordenação, solidariedade. Ter a evidência como base é muito importante. Tem sempre de se pensar na igualdade, todos têm de poder ter igual acesso. Um grande objetivo é fazer com que a comunidade sinta que importa!

Facing the Invisible
Birgitta Evengård
Maria Inês Ramalho, 5º ano

Numa palestra que apenas é possível graças às novas tecnologias, ministrada por Zoom da Suécia para o mundo, a Professora Birgitta Evengård começa a sua apresentação relembrando-nos que a história tem os olhos postos em nós. Qual é o impacto que as alterações climáticas (e consequentes alterações nos ecossistemas) tem na epidemiologia das doenças que nos afetam?
À medida que o clima muda, os ecossistemas mudam com ele: na Sibéria, onde antes existia um glaciar, existe agora vegetação, o que por sua vez atrai diversas espécies de animais, implicando diferentes zoonoses. Entre outras, o antraz é umas das doenças afetadas por estas alterações: em 2015, na Sibéria, uma epidemia matou vários animais e uma criança de 12 anos. Uma epidemia que poderia não ter ocorrido se o estado dos glaciares não estivesse comprometido.
Chegamos a uma importante conclusão: não existe saúde humana sem ecossistemas saudáveis, tornando-se imperativo, cada vez mais, almejar um desenvolvimento sustentável. A título de exemplo, observamos os povos Saami, nativos da Lapónia, que continuam a viver em constante equilíbrio com o seu meio envolvente, como fizeram durante milénios. Um equilíbrio que o resto da humanidade precisa de encontrar o mais rapidamente possível.
O principal foco de estudo de Birgitta é este mesmo: quais as doenças afetadas pelas alterações climáticas, e como podemos precaver-nos para as epidemias que se seguem, e até mesmo prever onde e quando irão ocorrer. E, principalmente, o que podemos fazer para as evitar.
A palestra acaba com uma exortação a todos os que assistem: o futuro está nas nossas mãos.
