Keynote
Entrevista: Miguel Figueiredo Andreia Gi, 6º ano
Antes de mais, gostaríamos de agradecer a sua keynote e a oportunidade de o entrevistar. Sabemos que usa amplamente o mundo digital, mas como é que foi ser orador neste ano tão atípico em que o público está a assistir a partir de casa e não aqui presente? Eu confesso que tenho imensa pena. Eu gosto muito do contacto com as pessoas e, portanto, estar à frente da audiência e poder imediatamente sentir um bocadinho mais como é que estão a responder é uma coisa de que sinto imensa falta... Esse lado do contacto, para mim, é importante. Mas sente que não ter interagido com o público afetou de alguma forma a sua keynote? Teria sido diferente se pudesse? Pode ser uma coisa pequenina, mas tenho essa convicção - quando estamos mais frente-a-frente, sem a distância do virtual, acabamos por estabelecer uma ligação e haver mais facilidade no rapport, na empatia e isso ajuda. Saber se o resultado disso é melhor ou não já é uma coisa que é difícil de dizer, mas pelo menos traz-me mais satisfação. No início da keynote, falou-nos do seu percurso. O que o fez enveredar pelo mundo dos negócios e não pela medicina como percebemos? Medicina não, porque eu via a vida que o meu pai levava e disse logo, desde pequenino, que não queria uma vida daquelas. É necessária uma grande dedicação. O meu pai saía às 7h e tal da manhã e voltava normalmente por volta das 21h30 e depois, aos fins-de-semana, ainda o via a estudar (e agora que penso nisso, eu também trabalho muito e estudo), mas a parte de estudar aqueles “calhamaços” não era para mim. Na realidade, o que eu queria mesmo era ir para artes, só que nasci nos anos 70 e nesta altura, a perceção que se tinha era que quem vai para artes é para ser pobre, é para ser um pintor daqueles que vai para a rua tentar viver da caridade de outras pessoas. Era essa um bocadinho a
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