ESCOLA EM TEMPOS DE PANDEMIA André Frank Coscaron/iStockphoto
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obilizar adolescentes ao estudo, debate e reflexão pode se revelar uma tarefa bastante difícil. Contudo, há um tema que sempre despertou com certa facilidade o interesse de meus alunos: o estudo da Shoá – a tragédia dos judeus na Segunda Guerra Mundial. O caráter profundamente dramático dessa catástrofe, a conexão familiar que temos com suas vítimas e a proximidade cronológica com os nossos tempos ajudam a explicar o magnetismo que o assunto exerce, mas destaco aqui um fator adicional que identifiquei ao longo de minha trajetória docente: o grande número e ampla variedade de dilemas éticos enfrentados pelos participantes daquele período. Muitas vezes, o contexto extremado da Shoá exigiu que indivíduos e instituições precisassem responder a questões nunca antes colocadas, em um curto espaço de tempo, e com implicações terríveis não importando o caminho escolhido. Através da análise de tais situações, aprendemos mais sobre a própria natureza humana – especialmente sobre o potencial de, mesmo enfrentando as maiores adversidades, sermos fiéis a uma escala de valores pessoais. Acredito que, também por conta disso, adolescentes – que vivem um processo de formação identitária e precisam elencar os valores que direcionarão os primeiros passos de suas jornadas adultas – encontram na Shoá a possibilidade de observar com clareza o que cada bandeira oferece para aqueles que as levantam. Durante a Shoá e em diversos outros períodos da história, um valor específico foi repetidamente alçado pelo povo judeu às maiores colocações, rivalizando mesmo com o inquestionável valor da vida: o valor da educação. Desafiando as vontades de Antíoco, Adriano ou Hitler, inúmeros judeus arriscaram ou mesmo abriram mão de suas vidas para seguirem ensinando e apren-
Diante desse cenário tão dramático e complexo questionamos: o quão essencial a escola pode ser no contexto da pandemia? A qual nível de risco podemos sujeitar a nossa sociedade em prol da continuidade do processo de aprendizagem de nossos filhos?
Revista da Associação Religiosa Israelita-A R I
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