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Meu amigo, o Rabino Dr. Henrique Lemle
O legado de Lemle transcende seus contemporâneos e suas gerações. Aprisioná-lo nos seus anos de vida ou exclusivamente na sua atuação rabínica seria um equívoco irreparável para a história da presença dos judeus no Brasil e reduziria o seu papel no Judaísmo hoje.
Charles Steiman
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Não conheci Dr. Lemle. Eu tinha oito anos quando ele faleceu em 1978, e minha família não frequentava a sinagoga da ARI. Era aluno de um colégio comunista, aprendia iídiche na escola, frequentava o Shomer Hatsair. Conhecia as histórias da Bíblia como relatos históricos e acontecimentos folclóricos. As festas eram oportunidades de reunir a família e comer os quitutes de receitas herdadas de um passado remoto na Europa Oriental. Deus ou religião nunca foram um grande tema.
Mas Dr. Lemle – assim teria me dirigido a ele, como todos os que gozaram da sua convivência – mudou minha vida! Ter acesso à filosofia e aos ideais do Judaísmo reformista através de seus líderes espirituais e laicos, dos congregantes e das atividades, ao me aproximar da ARI na década de 1980, me encantou.
O legado de Lemle – assim o chamo na minha intimidade de pesquisa – transcende seus contemporâneos e suas gerações. Aprisioná-lo nos seus anos de vida ou exclusivamente na sua atuação rabínica seria um equívoco irreparável para a história da presença dos judeus no Brasil e reduziria o seu papel no Judaísmo hoje.
A vida de Lemle não deve ser relatada como um fio contínuo de sofrimento; o sofrimento é inerente às situações pelas quais ele e muitos de seus contemporâneos passaram – segregação, aprisionamento, exílio. Mas cada etapa de sua vida sedimenta um estágio de sua visão, que ele incessantemente transformou em missão. A ARI é expressão concreta de sua visão comunitária e congregacional.
Dr. Lemle (segundo, da esquerda) integrou a delegação ao Congresso Judaico Mundial, de 27 de junho a 6 de julho de 1948, em Montreux, Suíça: “Seu espírito chalutsiano [pioneiro] de proximidade com Israel, que manteve aliás por toda a vida, tornou-se uma luz de esperança nas trevas da perspectiva nazista”.
Em um documento do início de 1972, Lemle aborda os temas da liturgia como foram instituídos na fundação da ARI na década de 1940, que por sua vez eram herança da tradição do Judaísmo reformista alemão. Lemle, entretanto, corrobora os ajustes que foram feitos ao longo dos anos, porque “a situação da vida moderna trouxe problemas técnicos com relação a certas determinações da tradição. Não nos podemos enganar sobre o fato de que a grande maioria de nossos congregantes usam condução em Shabat. A nossa orientação ficou assim determinada: “Tudo que contribuir à verdadeira beleza do Shabat, Oneg Shabat, terá que ser admitido”. E enfatiza, “nós não temos outra orientação senão esta: o que nos inspire para Kidush Hachaim, a santificação da vida, a santifica-
ção de nossos sentimentos e a santificação “A nossa orientação Lemle casou-se em maio de 1934 com de nosso relacionamento com os outros ficou assim determinada: sua prima, Margot Rosenfeld – as mães – este é o dia do Shabat. E assim conseguimos também aquilo que parece ao ser tudo que contribuir à eram irmãs. O pai de Margot pode ter sido uma das duas primeiras vítimas fatais humano moderno tão difícil, o relacio- verdadeira beleza do do regime nacional-socialista. Em março namento mais pessoal com aquilo que é Shabat, Oneg Shabat, de 1933, quatro jovens foram espancados a Ordem Suprema, com o Ser Supremo, terá que ser admitido.” em Creglingen, dois deles morreram. Secom Deus”. Essa postura contundente é o gundo o Prof. Dr. Rupp da Universidaque torna tão natural e indiscutível, nes- de de Würzburg, se “houvesse uma lista tes tempos desafiadores de pandemia, congregarmo-nos de nomes dos mais de seis milhões de judeus assassinados, através das tecnologias disponíveis. Hermann Stern e Arnold Rosenfeld figurariam no topo
Lemle nasceu em 30 de outubro de 1909. No seu pe- como as primeiras vítimas da Shoá”. queno vilarejo Fischach, no sul da Alemanha, Lemle pre- Lemle foi investido como rabino no púlpito da comusenciava a chegada dos prestamistas e caixeiros viajantes nidade de Mannheim, em 1˚ de abril de 1933. Ninguém judeus da Europa Oriental falando iídiche e trazendo bu- poderia ter previsto, ao marcar a data festiva da sua posgigangas e muitas notícias e novidades, não as de jornais, se, que este seria um dia trágico para os judeus na Alemamas as sociais: listas de moças solteiras, ofertas e deman- nha: o dia do boicote aos consultórios, escritórios e estadas, falecimentos, os bastidores. Em um universo de apro- belecimentos de judeus. ximadamente 500 mil judeus alemães, no início da déca- Sua atuação em Mannheim foi brilhante e notória. O da de 1930 havia cerca de 50 mil judeus poloneses viven- jovem Rabino Dr. Heinrich Lemle, como ainda se chamado em território alemão. va antes de mudar para Henrique no Brasil, descreve em
Ao chegar ao Brasil em dezembro de 1940, Lemle se um currículo de 1938: “Alguns meses depois visitou-me o deparou com uma comunidade judaica ashkenazi predo- Rabino Dr. Caesar Seligmann e me convidou, em nome minantemente da Europa Oriental: poloneses, russos, li- da Diretoria da comunidade de Frankfurt, a vir para essa tuanos. Agora eram esses a maioria! Ele fez disso um in- grande e tradicional comunidade como rabino. Foi-me centivo à sua missão e não um obstáculo: aprendeu iídi- oferecida a oportunidade de experimentar algo inusitado. che! Concentrou seu trabalho na propagação da mensa- Eu deveria atuar diretamente com jovens como o primeigem do Judaísmo liberal, com acolhimento de novos gru- ro Rabino para a Juventude. A juventude judaica daquela pos de origem, e menos nas separações étnicas. Além de época vivia o seu ser judeu como um empecilho para todos fortes laços de amizade com judeus do Leste europeu, foi os seus planos de futuro”. Ele assume o púlpito como Ratambém entre os judeus marroquinos e portugueses, já es- bino para a Juventude em Frankfurt, em junho de 1934. tabelecidos e integrados, que Lemle encontrou os interlo- Lemle lista entre seus afazeres “aulas, aconselhamento, cutores com seu país de exílio. planejamento profissional, liderança dos grupos juvenis e
Em seu livro O Drama Judaico, de 1944, definido à de escoteiros, aconselhamento para emigração, aconselhaépoca como o primeiro livro escrito no Brasil por um ju- mento para pais e cursos para mães”. Por trás desta lista de deu sobre os judeus, Lemle manifesta gratidão: “Já há vá- tarefas está a mais difícil de sua carreira: além de seu trabarias gerações, florescem, no Centro e no Norte do país, lho no púlpito e nas aulas, Lemle precisava aconselhar facongregações de brasileiros israelitas, imperturbados na mílias a se separarem, pais a abrirem mão de seus filhos e observação da sua religião. Estes filhos do Brasil alcança- deixá-los ir como única forma de salvá-los, jovens a abanram posições respeitadas na sociedade e na economia brasi- donarem os sonhos de uma carreira profissional ou acadêleiras, ao mesmo tempo em que se destacaram por sua leal- mica nas renomadas universidades alemãs e um futuro de dade à fé israelita. Fizeram, desta maneira visível, mais um títulos e honras, para aprenderem a manejar tratores e tratraço do caráter verdadeiramente democrático deste país; a balhar a terra para uma possível imigração para a Palestina. fidelidade à religião judaica não os impediu em nada de se- O empenho de Lemle não foi em vão. Além do êxito rem classificados entre os filhos mais patrióticos do Brasil”. vivenciado pessoalmente na ARI até seu falecimento em
Dr. Lemle era conhecido como um excepcional orador e “concentrou seu trabalho na propagação da mensagem do Judaísmo liberal, com acolhimento de novos grupos de origem, e menos nas separações étnicas”. 1978, ele pôde recolher ao longo da vida provas reais de sua obra. Em março de 1945 é publicada, no Boletim da ARI, uma carta [aqui resumida] que recebeu de um soldado diretamente da frente de combate:
“Querido Dr. Lemle: O Sr. ficará surpreso ao ter notícias da frente ocidental e não creio que se lembre imediatamente de mim. Frequentei o seu curso de Bar Mitsvá, em 1937. Há pouco, li sobre o Sr. no Aufbau [jornal sobre sobreviventes e exilados]. Vejo que o Sr. continua, no Brasil, uma atividade que há tanto tempo começou. Às vezes desejo poder ouvir suas palavras: aqui, sem dúvida, extremamente necessárias. Em 1943, me alistei no Exército Americano. Estava ansioso por entrar em combate e obtive bastante do que queria, quando desembarquei nas praias da Normandia logo após a invasão. Aprendi a viver num buraco, sempre à sombra da morte, cujos olhos duros eu fitei mais de uma vez. A guerra é uma coisa horrível; aprendi a odiá-la e mais ainda os nazistas por causa dela. Cordialmente, Private Fred Karfiol”. Fred morreu nos Estados Unidos, aos 66 anos, em dezembro de 1990.
Que impulso formidável esse jovem soldado prestou ao ânimo de Lemle e aos associados leitores dos boletins! Sobretudo nos anos em que o destino do povo judeu ainda estava incerto e os exilados só tinham acesso a notícias esparsas e desesperadas através daqueles que aqui conseguiram aportar.
Em 1935, com a promulgação das leis racistas na Alemanha, o cerco se fechava. O espaço de convivência, ou até mesmo de sobrevivência social dos judeus, era estrangulado gradativamente com proibições, segregação e censura. Para o judeu alemão que tinha uma vida cotidiana integrada, um cidadão que se orgulhara ou talvez ainda se orgulhasse de pertencer àquela grande nação, a mensagem era clara: você não é um de nós. Você é der Jude, o judeu.
Aos dirigentes das comunidades judaicas nos seus últimos estertores, administrando um contingente sob o choque das novas circunstâncias e, em especial, aos que trabalhavam com a juventude, aquela era uma época de atuação igualmente austera e sensível. O trabalho de Lemle com a juventude na e da ARI, seu rigor absoluto com a oferta de atividades e a inclusão dos jovens nas esferas de liderança comunitária não eram apenas um valor judaico da continuidade, do grande elo das gerações. Era uma questão séria de sobrevivência. Naquele momento na Alemanha, os jovens eram a última chance de salvar o Judaísmo

europeu e, para isso, deveriam ser enviados para o futuro como numa cápsula do tempo.
“A evolução histórica do atletismo judaico e do esporte em Frankfurt am Main é interessante porque nela se espelha uma época de extrema resistência e profundos problemas, que foram superados de forma bem-sucedida através de empenho pessoal e determinação”, relembra Richard Blum em 1977 em seu livro sobre o grupo Bar-Kochba, uma agremiação atlética do Macabi da Alemanha. Não resta dúvida que Lemle estava entre esses homens e mulheres que se empenharam pessoalmente. E, assim como nos anos de 1934 e 1935, a comunidade judaica de Frankfurt realizou seus próprios jogos olímpicos em 1936. Desta vez, com especial significado, pois dava aos desprezados do esporte nacional a chance de se exibir e disputar. Em nota que relatou sobre este grande evento no Boletim da comunidade de Frankfurt de janeiro de 1937 lê-se: “Durante a entrada dos atletas para a abertura dos terceiros Jogos Atléticos Internacionais Macabeus no hipódromo de Frankfurt em 29 de novembro de 1936, o Rabino Dr. Lemle enfatizou em seu discurso que as palavras, em hebraico, para Aufmarsch e Aufruf têm a mesma raiz. Assim, surge da energia vital e vibrante uma força de congraçamento”. Tudo me leva a crer que estas duas palavras, Aufmarsch – que aqui significa desfile – e Aufruf – chamamento, convocação –, pelo uso do prefixo Auf, que em alemão indica movimento ascendente, referiam-se à palavra hebraica aliá, usada para imigração para Israel.
Mais cedo em 1936, em 12 de janeiro, no necrológio a um membro da comunidade de Frankfurt, Hermann Schwarz, no novo cemitério judaico da cidade, Lemle já divulga a ideia da imigração, de fazer aliá, sem usar as palavras imigração, Palestina, Israel ou outras relacionadas ao tema. Era uma época de extrema observação e suspeição. Ele ressalta em seu discurso: “Trágico nos parece que, em sua hora derradeira, seus filhos estão distantes naquela outra terra e lá choram por ele. Talvez amenize um pouco a tragédia saber que para ele houve a última e autêntica alegria judaica que pais de família podem vivenciar. Enquanto aqui ele sofria em sua última estação de dor, enquanto aqui preocupações amargas o consumiam – estava sendo fundada lá, na outra terra, uma nova vida, um novo futuro para seus filhos, no qual ele mesmo vai sobreviver. A última carta de lá pode ter sido o motivo de sua última alegria na vida. Assim, constroem-se pontes de lá para cá, da terra da vida e da terra do futuro das novas gerações até o lugar de descanso eterno do pai imortalizado”. 1937 é conhecido como um ano relativamente calmo,
CRONOLOGIA DE HENRIQUE LEMLE Z’L
30 de outubro de 1909 Nasce em
Augsburg, sul da Alemanha, filho de Samuel e Regine, nascida Ney (ambos mortos em Theresienstadt) 1919–1928 Ensino primário e secundário no Gymnasium Augsburg 1928–1929 Seminário Rabínico e
Universidade em Breslau 1929–1930 Universidade em Berlim 1930–1931 Universidade em Würzburg 1932 Doutorado na Universidade em
Würzburg 1929–1933 Formação na Hochschule für die Wissenschaft des Judentums (HWJ – Academia para Ciência do
Judaísmo), Membro do Comitê de
Ouvidores da HWJ 1933 É consagrado rabino pela HWJ.
Rabino-itinerante em Nordhausen (Harz, Alemanha) 1933 Rabino em Mannheim Maio de 1934 Casa-se com sua prima
Margot Rosenfeld 1934–1938 Rabino para juventude e professor no Philanthropin e Docente no Jüdischen Lehrhaus (Casa de
Estudos Judaicos) em Frankfurt am Main. Atuou ativamente no
Aufbauwerk Palästina, movimento de imigração para a Palestina 1936 Nasce seu filho Alfred Novembro de 1938 Preso no campo de concentração de Buchenwald, libertado três semanas depois por intervenção de Lady Lily Montagu da
World Union for Progressive Judaism (WUPJ), que lhe enviou um contrato de trabalho para rabino na Inglaterra Dezembro de 1938 Imigração para a
Inglaterra com a esposa Margot e o filho Alfred. Colaborador da Woburn
House e da West Central Liberal
Synagogue em Londres 1939–1940 Rabino na Congregação
Liberal de Brighton and Hove 1940 Internação como enemy alien (inimigo estrangeiro) na Ilha de Man,
Inglaterra Dezembro de 1940 Imigração para o
Brasil, enviado pela WUPJ
sem grandes efemérides por parte do go- “Em pouco tempo ele le sobre Pobre Terra Prometida?, em que verno nacional-socialista. As leis racistas havia conquistado ele chega à conclusão de que, na Palestijá haviam sido implantadas em 1935, os jogos olímpicos de 1936 já haviam exjovens e adultos, na, reencontramos de forma concentrada e exacerbada todos os conflitos e probleposto ao mundo os traços de caráter do com sua voz suave mas da Europa e da América. São as mesgoverno hitlerista. Aos olhos da história, e simpática, com mas doenças e choques que todos viven1937 foi um ano de acomodação e aden- palavras de sabedoria, ciam. A Palestina não é uma pobre Terra samento: a infraestrutura da guerra vinha sendo implantada longe dos olhos da opiconfiança e entusiasmo.” Prometida, mas muito mais uma terra de contrastes, de contrastes acirrados, uma nião pública, a ideologia nacional-socia- terra de encontros e de sínteses”. lista era condensada e quem podia, ainda, tratava de ir em- Na brochura de 1979 Em Memória ao Grão-Rabino bora. Ou não! O governo não deixava muito claro quais Dr. Henrique Lemle, o publicista Ernesto Strauss revela seriam os próximos passos. As grandes potências mun- uma lembrança de sua infância: “Meu irmão e eu estávadiais ainda tinham uma crença ingênua ou uma política mos sentados nos degraus de mármore da majestosa sinade olhar para o outro lado, e ignoraram com consciência goga de Frankfurt, que todo Erev Shabat ficava lotada. Enou cautela as movimentações dentro do Reich. tre os rabinos havia uma grande atração, o recém-contra-
Margot Lemle relata em suas memórias sobre uma vi- tado Rabino Dr. Lemle z’l, no início de sua carreira, como sita do casal à Palestina em 1937, para sondar a possibi- Rabino para a Juventude. Em pouco tempo ele havia conlidade de estabelecer-se lá. Duas referências a esta visita quistado jovens e adultos, com sua voz suave e simpática, à Palestina foram publicadas no boletim da comunidade com palavras de sabedoria, confiança e entusiasmo, semde Frankfurt: uma palestra em dezembro de 1937 e outra pre dentro daquilo que o tempo de então permitia. Uma em janeiro de 1938. Aqui Lemle, aos 28 anos, já se revela destas sextas-feiras ficou gravada em nossa memória de um visionário e não um mero observador: “A apresenta- meninos de aproximadamente 10 anos. O Rabino Lemle ção ideológica da noite foi feita pelo Rabino Dr. H. Lem- havia retornado de uma viagem a Israel. Com entusiasmo,
4 de abril de 1941 Lidera o primeiro serviço religioso pelo rito liberal no
Rio de Janeiro, com convite a toda comunidade em alemão, hebraico e ídiche, realizado no Grande Templo
Israelita, à rua Tenente Possolo 13 de janeiro de 1942 Participa da fundação da ARI. Teve desde sua chegada influência significativa no desenvolvimento do Judaísmo liberal no Brasil 1958 Recebe o título de Cidadão
Carioca da Câmara Municipal do Rio de Janeiro 1973 Recebe o título de Benemérito do
Estado da Guanabara Até 1976 Professor na Faculdade de
Filosofia da Universidade Nacional, posteriormente na Faculdade de
Teologia da Universidade Federal do
Rio de Janeiro e fundador e mestre da cátedra de Letras Hebraicas e
Estudos Judaicos na UFRJ. Vicepresidente da Organização Sionista do Brasil. Governador de Honra da
Universidade Hebraica de Jerusalém.
Membro e diretor da World Union for Progressive Judaism e do World
Jewish Congress. Fundador do
Centro Maimônides, instituto de formação de professores de religião.
Idealizador, cofundador e primeiro presidente do Conselho Deliberativo da Federação Israelita do Estado do
Rio de Janeiro (Fierj). Cofundador e membro do comitê executivo da
Confederação Israelita do Brasil (Conib). Cofundador e membro da Asociación de Comunidades y Organizaciones Israelitas en
Latinoamérica (CENTRA), de que originou o movimento juvenil
Chazit Hanoar. Membro da Central
Conference of American Rabbis, da
Rabbinical Assembly of America, da
B’nai Brith e do Rotary Club 22 de setembro de 1978 Falece no
Rio de Janeiro
Os Jogos Olímpicos realizados pela comunidade judaica de Frankfurt am Main em novembro de 1936 deram “aos desprezados do esporte nacional a chance de se exibir e disputar” numa “época de extrema resistência e profundos problemas, que foram superados de forma bem-sucedida através de empenho pessoal e determinação”.

ele rejubilava com a visita à Terra Prometida. Israel seria a solução para toda a desgraça que já se delineava aos remanescentes [na Alemanha]. Seu espírito chalutsiano [pioneiro] de proximidade com Israel, que manteve aliás por toda a vida, tornou-se aos silenciosos ouvintes uma luz de esperança nas trevas da perspectiva nazista, que apresentava sombras cada vez mais obscuras”.
Nessa mesma brochura, Austregésilo de Athayde despede-se do amigo Rabino, exaltando que “os seus livros, as suas prédicas, os seus ensinamentos, pela palavra e pelo exemplo, consagram uma figura excepcional, que deve ser recolhida na história do Judaísmo como uma manifestação da Presença Divina em nossos tempos”.
Tanto as palavras de Austregésilo de Athayde como as de Ernesto Strauss confirmam o compromisso existencial de Lemle com sua nova pátria, o Brasil, e seu comprometimento transcendental com sua pátria ancestral, Israel. Talvez a relação de Lemle com os profetas vá além da admiração, quiçá uma relação de identificação – profetas vêm luz na escuridão.
Charles Steiman é associado da ARI, ativista da Comissão de Identidade e Memória e dirige Heritage & History. Com sede em Zurique, H&H é uma instituição de pesquisa histórica e produção editorial especializada no registro de eventos pessoais e comunitários das diferentes populações judias europeias de língua alemã que emigraram para o Brasil durante o século XX, em decorrência da perseguição do regime nacional-socialista. Uma tarefa fundamental de H&H é ressaltar a contribuição cultural, científica e econômica desses imigrantes na sociedade que os acolheu.
Fonte: Heritage and History AG e Biographisches Portal der Rabbiner (BHR), Steinheim Institut für deutsch-jüdische Geschichte (Portal biográfico dos rabinos, Instituto Steinheim de história judaico-alemã, www.steinheim-institut. de:50580/cgi-bin/bhr)
