Escrita Livre
De Todas as Cores Francisca Pinho Rocha, 6º ano
Gostava de acreditar que o mundo se pinta numa tela cheia de cores, cheia de vida, onde a mistura e a diversidade ganham formas bonitas e não causam dor, sofrimento, desrespeito. Gostava de acreditar que o mundo se pinta numa tela cheia de cores onde todas elas são vistas de igual forma. Onde o preto-preto se confundisse com o branco-velho, com o branco-sujo, com o amarelo-torrado. Onde o “cor de pele” não desse nome a um dos lápis, mas sim a todas as variedades de cores que compõem uma paleta. Gostava que o mundo a cores fosse um lugar melhor onde, para lá da pele, o coração pintasse e nutrisse os nossos sentimentos por inteiro e não fossem criadas opiniões com base no nosso tom. Vivemos tempos em que a luta pelos mesmos direitos começa a ter alguns frutos, é certo, mas também o é que, ainda hoje, milhares de pessoas sofrem de racismo, xenofobia e ataques pessoais, simplesmente porque existem. Paradoxos à parte, nenhum de nós é igual e, por isso, também nenhum é diferente. Somos feitos do mesmo e é no mesmo que encontramos as magníficas diferenças que nos tornam especiais e únicos. Segundo o relatório anual sobre discriminação do Conselho da Europa, “estamos a viver um agravamento das desigualdades”. Talvez essas desigualdades tenham sido provocadas pela pandemia, pela diminuição do respeito pelo próximo – sendo o próprio umbigo prioridade suprema
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