
2 minute read
De Todas as Cores
Escrita Livre
De Todas as Cores
Advertisement
Francisca Pinho Rocha, 6º ano Gostava de acreditar que o mundo se pinta numa tela cheia de cores, cheia de vida, onde a mistura e a diversidade ganham formas bonitas e não causam dor, sofrimento, desrespeito. Gostava de acreditar que o mundo se pinta numa tela cheia de cores onde todas elas são vistas de igual forma. Onde o preto-preto se confundisse com o branco-velho, com o branco-sujo, com o amarelo-torrado. Onde o “cor de pele” não desse nome a um dos lápis, mas sim a todas as variedades de cores que compõem uma paleta. Gostava que o mundo a cores fosse um lugar melhor onde, para lá da pele, o coração pintasse e nutrisse os nossos sentimentos por inteiro e não fossem criadas opiniões com base no nosso tom. Vivemos tempos em que a luta pelos mesmos direitos começa a ter alguns frutos, é certo, mas também o é que, ainda hoje, milhares de pessoas sofrem de racismo, xenofobia e ataques pessoais, simplesmente porque existem. Paradoxos à parte, nenhum de nós é igual e, por isso, também nenhum é diferente. Somos feitos do mesmo e é no mesmo que encontramos as magníficas diferenças que nos tornam especiais e únicos.
Segundo o relatório anual sobre discriminação do Conselho da Europa, “estamos a viver um agravamento das desigualdades”. Talvez essas desigualdades tenham sido provocadas pela pandemia, pela diminuição do respeito pelo próximo – sendo o próprio umbigo prioridade suprema
46
- perante situações de crise mundial, mas também pela diminuição das condições de vida das comunidades ciganas e outras minorias, ou, ainda, ligadas ao aumento de ataques contra muçulmanos e judeus.
Pensar que existem desigualdades é inevitável. Claro que existem desigualdades, claro que existirão sempre. Creio que são essas mesmas diversidades (porque prefiro diversidade a desigualdade) que fazem de nós tudo aquilo que compõe as múltiplas formas de vida.
A diferença não deveria ser uma preocupação. A diferença deveria ser aceite, ser incentivada, ser acentuada, ser estimulada, acolhida e recebida de braços abertos por todos. A diferença deveria ser tão banal que se tornaria, sem darmos por isso, na igualdade de todos: o direito de ser para lá da cor que pinta os nossos corpos porque, mais importante do que o tom que nos bronzeia no verão, será – sempre, a cor do sangue que nos corre nas veias e, esse, é invisível a olhos nus.
Sugestões: Mais importante do que
Livros: “O Ódio que Semeias” de Angie o tom que nos bronzeia no Thomas, “Eu e a supremacia branca”de verão (Layla F. Saad), “Sou Um Crime” de Trevor será – sempre – Noah, “Why I’m no Longer Talking to White People About Race” de Reni Eddo- A cor do nosso coração. Lodge
Filmes: “ Selma”, “Mãos Talentosas”, “ A Cor Púrpura”
Séries: “13th”, “When They See Us”
Associações: SOS racismo, FEMAFRO
