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História da AAC: Dia do
Cultural: História da AAC
Dia do Estudante
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Josefa Guerra, 4.º ano
O dia 24 de março passa despercebido como qualquer outro dia do ano. No entanto, é tradição já antiga deste Dia do Estudante, além de celebrar a vida académica inerente ao ser-se isso mesmo – estudante –, destacar os problemas por estes vividos e procurar por soluções, habitualmente de forma bem audível. Exemplos são os programas de reivindicação que muitos movimentos associativos jovens têm vindo a realizar. Salta à vista o Querido, Mudei a UC, liderado pela Associação Académica de Coimbra em 2019, que visou, entre campanhas de divulgação e ações de sensibilização, procurar resposta a três dos grandes problemas vividos no dia a dia dos estudantes do Ensino Superior: Cantinas, Residências e Salas de Estudo.
As Cantinas Amarelas, recémrenovadas, tinham então reaberto portas à comunidade estudantil. No entanto, não contemplavam o serviço de “Refeição Social”. Os estudantes da Direção-Geral da AAC adquiriram a “Refeição Social” nas Cantinas Azuis, localizadas a uma passadeira de distância (e cuja capacidade é claramente diminuta para o universo de estudantes que dela usufrui), deslocaram-se até às Cantinas Amarelas e lá consumiram a sua “Refeição Social” como forma de protesto, no âmbito do Querido, Mudei a UC. Um gesto tão simples quanto levar um tabuleiro de comida para outro local, foi ouvido: a Universidade de Coimbra comprometeu-se a instaurar a “Refeição Social” nestas cantinas.
No que respeita às Residências e Espaços de Estudo, o problema parece ser o mesmo: não são suficientes. As associações de estudantes vêem-se obrigadas a criar espaços de estudo próprios, para colmatar a insuficiência dos espaços disponibilizados pela Universidade de Coimbra. Um exemplo gritante é visível no Polo das Ciências da Saúde, cuja biblioteca tem uma capacidade exponencialmente inferior ao número de alunos que esse mesmo polo alberga, obrigando os estudantes a procurar alternativas.
A estes problemas, juntam-se os recém-criados (talvez recémexacerbados, ou mesmo, atrevo-

me a dizer, recém-expostos) pela situação pandémica que atravessamos. Um estudo da AAC, datado de janeiro de 2020, auscultou mais de 1500 estudantes do Ensino Superior, apresentando resultados aterrorizantes: 7 em cada 10 alunos ponderaram abandonar o Ensino Superior. Pior, 1 em cada 5 ponderou tirar a sua própria vida. “Não podemos encarar estes dados como menos do que são: alarmantes”, diz o Presidente desta associação estudantil, João Assunção. É esta a realidade que vivemos atualmente. Mesmo não nos afetando diretamente, pode muito bem afetar o colega que costumava estar na fila da cantina atrás de nós; o colega que ficava na residência ao fim de semana porque esta tinha melhores condições do que a sua própria casa; o colega que parecia bem, mas passava dificuldades em silêncio.
Acredito que neste 24 de março de 2021, a reivindicação por condições e apoios dignos é ainda mais importante. Urgem medidas de apoio para os que perderam o chão com a pandemia (e para os que já não o tinham). Por isto e por
muito mais, além de reivindicar,
temos de ser uns para os outros. Vamos todos alargar a celebração deste Dia do Estudante e passar para a ação, olhando para os nossos colegas e perguntando se estão bem e se precisam de ajuda. Por vezes, fazer a diferença está ao nosso alcance e custa tão pouco. Vamos trabalhar juntos para que um estudo futuro reporte que nenhum estudante ponderou abandonar os Ensino Superior pela sua condição socioeconómica; pela falta de ajuda psicológica; por não ter ninguém com quem falar. Os 7 em cada 10 e o 1 em cada 5 não podem ocorrer. E cada um de nós pode contribuir com o simples prestar atenção e estar lá para quem precisa.