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Concurso de Medicina para

Nosso Mundo

Concurso Especial de Acesso ao Curso de Medicina para Licenciados

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Mariana Santos, 1º ano

Atualmente, um dos assuntos mais debatidos entre a comunidade e Escolas Médicas é o numerus clausus do curso de Medicina, pois estamos a testemunhar a degradação da formação médica pré-graduada e saturação da pósgraduada. Este fenómeno culmina nos “médicos indiferenciados”, profissionais de saúde que não conseguem ingressar no Internato de Formação Específica, por falta de vagas no SNS. A eliminação de formas excecionais de acesso ao curso de Medicina surge, assim, como possível solução, nomeadamente o término do concurso especial para licenciados.

Enquanto estudante (licenciada) do primeiro ano do Mestrado Integrado em Medicina, participei no 1º Plenário Ordinário do NEM/ AAC. Aí, percebi existir um profundo desconhecimento face ao concurso especial de acesso para licenciados. Afinal, será a forma de entrada justa? Contribuirá para o aumento do numerus clausus?

O concurso especial para alunos licenciados surgiu em 2007, baseando-se na importância das competências humanísticas num médico, para além das competências científicas e de investigação, muitas vezes adquiridas noutras licenciaturas e que podem beneficiar a sua formação. Esta metodologia de acesso ao curso já é praticada em várias universidades estrangeiras.

Para além do número de vagas variar entre universidades, também a “triagem” dos candidatos difere de local para local. Em Coimbra, são procuradas competências básicas nas áreas da Biologia Celular e Molecular, Bioquímica, Matemática e Línguas, como a língua inglesa. Podem, ainda, ser alvo de avaliação o currículo e percurso

académico/profissional do concorrente, à qual se seguirá uma entrevista. Globalmente, a seleção inicial tem como critérios: a média final do Ensino Secundário, a média de fim de licenciatura e idade do candidato (à medida que a idade avança, a bonificação diminui).

Falando agora de números. Nos últimos anos, a Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra abriu 38 vagas para alunos licenciados. Uma vez avaliadas as médias e idades dos concorrentes, é publicada a primeira lista de seriação, na qual constam os 48 escolhidos para a fase da entrevista. Nesta, os candidatos são avaliados por três jurados, que podem fazer perguntas sobre qualquer assunto, abrangendo a cultura médico-científica, cultura geral, motivações do concorrente, percurso pessoal, académico e profissional. É uma entrevista exaustiva, e na qual temos de provar o quão realmente queremos ser médicos. Temos de justificar a oportunidade de ingressar novamente no ensino superior e, como me foi dito, de “exigir ao Estado, aos portugueses e aos nossos pais, o suporte financeiro de pelo menos mais 10 anos de formação”. A nota mínima de candidatura é de 10 valores e, na Universidade de Coimbra, conseguem ingressar no MIM apenas cerca de 20 pessoas, por ano curricular.

Quem concorre a Medicina como licenciado está convicto do quanto quer ser médico e consciente da necessidade de abdicar, várias vezes, do seu emprego e estabilidade por um sonho, por uma vocação. Fará sentido eliminar este concurso, onde apenas entram cerca de 8% do total de caloiros de Medicina? Não será o Concurso Nacional de Acesso, aquele com a metodologia de acesso errada? Se entrevistarmos todos os alunos do CNA, será o número de ingresso tão elevado?

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