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Redes Sociais

Mundo de Todos

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Ana Sousa 3ºano

Quantas vezes já deram conta de estarem impávidos, de olhos fixos no ecrã do vosso aparelho, numa personificação indigna de uma “pseudo-cifoescoliose” inteiramente desaconselhável?

E os anúncios inocentes em letras gordas que surgem do nada e parecem corresponder às vossas utopias de última hora?

Já não preciso de perguntar se estão a par da enchente de (des)informação emaranhada em quilómetros de novelo nas redes sociais e suas anastomoses (ou vomitando o último grito dos estrangeirismos… fake news), certo?

Não é novidade para nenhum comum mortal que estas teias sociais podem ser viciantes a níveis a esbarrar o susto. Facebook, Instagram, Twitter, Reddit, YouTube, etc. Maravilhas virtuais alinhadas na vossa tela, num mosaico bem ao estilo avant-garde, à distância de um clique. Mas, e se a perniciosidade destas plataformas não for um bug, mas sim um recurso, e rentável “pra chuchu”? Quem o diz são alguns ex-funcionários (desertores e testemunhas conscienciosas) dessas empresas que enriquecem desmedidamente e sobreexploram este terreno fértil. Juram que o sistema que ajudaram a criar manipula a mente do utilizador para obter margens gigantes de lucro, com precisão astuta e engenhosa.

Scrolling exaustivo, notificações sem fim, sugestões personalizadas e constantes… Tudo mecanicamente engrenado para influenciar as nossas ações, tornando-nos presas da propaganda. Como não pagamos pelos produtos que usamos, os publicitários pagam-no, sendo eles os clientes. Somos a “coisa” vendida, entenda-se. O modelo de negócio passa por prever (quem tiver o melhor modelo de previsão ganha), recorrendo a informação pessoal, o que mantém as pessoas interessadas e conectadas o máximo de tempo possível! Um mercado com monitorização e registo rigorosos que fatura na ordem dos biliões de dólares. O grau de solidão ou angústia, likes das publicações, pesquisas, horários, entram na equação como variáveis dependentes. Falamos em manipulação? Talvez, se pensarmos que, de alguma forma, nos tentam implantar um hábito inconsciente com “pirataria psicológica”, no sentido de expandirem o negócio.

Estará esta era digital (que traz vantagens, se bem usadas) a chegar a um ponto de não retorno? Interferências na saúde mental e nos pilares da democracia, têm sido postas em cima da mesa.

A partir do momento em que o comportamento humano é afetado,

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bem como emoções, sem despertar real consciência do utilizador, tudo é possível, inclusive o vício. Estes sistemas afetam diretamente a libertação de dopamina na via da recompensa. Somos recompensados com sinais de curto prazo, e associamos uma realidade dúbia e frágil a valor e verdade. Funções primitivas da nossa essência, imutáveis, são usadas convenientemente!

A promoção de ideologias radicaliza públicos-alvo. Dados pessoais alimentam marionetas invisíveis. Nunca o impacto foi tão devastador e a sociedade esteve tão formatada, intolerante, polarizada e triste, “escrava” de uma inteligência artificial, cuja força motriz é autorrítmica e pulsante de vida. Os sintomas estão dispersos, o quadro é muitas vezes refratário. O problema reside na tecnologia como causa de comportamentos destrutivos e no capitalismo desenfreado, como impulsionador dessa tecnologia.

A sociedade não se consegue curar a si mesma e caminha para o caos. A continuar assim, destruiremos a civilização devido à ignorância. O problema não é só existencial. Estamos tão embrenhados na matriz que fazer um recuo será complicado.

Mas não impossível. Ainda.

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