Autonomia da Uern assegura estabilidade e alcance de metas

Nos seus 20 anos, Campus Natal ganha nova sede na Zona Norte
Hospital da Mulher inicia atendimentos à população
Autonomia da Uern assegura estabilidade e alcance de metas
Nos seus 20 anos, Campus Natal ganha nova sede na Zona Norte
Hospital da Mulher inicia atendimentos à população
E st E mat E rial foi d E s E nvolvido p E la a gência d E c omunicação da u E rn
D ireção : Iuska Freire
e D ição : Bruno Soares, Nathan Figueiredo
Tex T os : Adriana Morais, Bruno Barreto, Bruno Soares, Ilana Albuquerque, Iuska Freire, João Moura, Luziária Machado, Rosalba Moreira
C olaboração : Ivonete Soares
P roje T o G ráfi C o : Pablo Allende
r evisão : Francilene Gama, Stella Sâmia
D ia G ramação : Isadora Paiva, Laura Guimarães, Pablo Allende
i lus T rações : Albert Souza, Laura Guimarães, Pablo Allende
f o T os : Aline Linhares, Bruno Soares, Elisa Elsie, Geordana Fernandes, Ilana Albuquerque, Iuska Freire, João Moura, José Aldenir, Luziária Machado, Museu Virtual da Uern, Nathan Figueiredo, Raiane Miranda, Ricardo Morais, Rodrigo Oliveira, Vanessa Elen, Will Vicente, Wilson Moreno
a P oio : Argolante Lopes, Claudenice Santos
A Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern), mesmo ainda diante de um período atípico causado pela pandemia da Covid-19, viveu uma série de conquistas históricas que em muito orgulha a comunidade acadêmica e a sociedade potiguar.
Sonhada há décadas e construída com um grande esforço coletivo, a tão almejada autonomia de gestão financeira e patrimonial da Instituição, sancionada em 29 de dezembro de 2021, garantiu a estabilidade institucional necessária à execução do seu planejamento e o alcance de suas metas estratégicas anuais. A Uern se tornou a segunda universidade estadual do Nordeste a conquistar tal feito.
O fim da lista tríplice para escolha de reitor(a) e vice-reitor(a), garantindo que a decisão dos(as) eleitores(as) seja respeitada independentemente da vontade do(a) chefe do poder Executivo estadual, e a aprovação dos Planos de Cargos, Carreiras e Remuneração (PCCRs) dos docentes e técnicos administrativos proporcionaram soberania ao voto e reconhecimento ao trabalho realizado pelos cerca de 1.500 servidores(as).
Ao longo de 2022, a Instituição entregou um novo prédio para o Campus de Natal (a primeira universidade pública a se instalar na Zona Norte da capital, há duas décadas), testemunhou a abertura do Hospital da Mulher Parteira Maria Correia (do qual faz a gestão acadêmica e cedeu o terreno para a construção) e comemorou os 20 anos da implantação da Lei de Cotas Sociais.
Todos esses feitos, desafios e objetivos para os próximos meses e anos da Instituição são contados nas páginas desta publicação.
A Universidade, portanto, inicia um novo capítulo, digno de sua importância, com ampla possibilidade de crescimento de infraestrutura, de alcance de alunos(as) e de serviços.
Vocacionada para a transformação social, a Uern vislumbra no futuro a sua grandeza, alicerçada na sua política inclusiva e includente. EDITORES
06 LEI DE COTAS SOCIAIS DA UERN COMPLETA 20 ANOS PROMOVENDO DIVERSIDADE E INCLUSÃO
18 UERN INVESTE E INCENTIVA AÇÕES DE INOVAÇÃO NO AMBIENTE ACADÊMICO
28 ENTREVISTA COM A GOVERNADORA FÁTIMA BEZERRA
42 ENCONTROS COM A COMUNIDADE
12 A CASA DE DETENÇÃO QUE VIROU CASA DO CONHECIMENTO
24 FACULDADE DE ENFERMAGEM REALIZA CIRURGIA DA "LINGUINHA PRESA" EM BEBÊS
32 HOSPITAL DA MULHER JÁ NASCE COM UM PROPÓSITO FORTE
56 AS MENINAS DE ANA DESCOBREM O UNIVERSO DAS PALAVRAS
A partir de dezembro de 2002, a Instituição começou a reservar metade das vagas nos cursos de graduação para estudantes que estudaram todo o ensino em escolas públicas. Depois disso, outras cotas surgiram, como a reserva de vagas para pessoas com deficiência e para autodeclarados pretos, pardos ou indígenas
Oacesso ao ensino superior, durante muito tempo, foi um sonho distante para muitos estudantes das periferias, das cidades do interior e de camadas sociais mais humildes. Dados do Mapa do Ensino Superior no Brasil de 2022 apontam que apenas 17,8% do total de jovens de 18 a 24 anos estão matriculados nas universidades públicas ou privadas. Quando se fala em minorias – negros, mulheres, indígenas, público LGBTQIA+ – essa dificuldade é ainda maior.
A Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern) nasceu no interior do estado, vocacionada a formar estudantes que dificilmente teriam condições de ir para as capitais. Com esse perfil social, a Instituição saiu na vanguarda e comemora 20 anos da implantação de cotas sociais, por meio da Lei Estadual no 8.258, de 27 de dezembro de 2002, com reserva de metade das vagas para estudantes que estudaram todo o ensino em escolas públicas.
Outras cotas surgiram posteriormente, como a Lei Estadual no 9.696, de 25 de fevereiro de 2013, com reserva de 5% das vagas para pessoas com deficiência e a Lei Estadual no 10.480, de 30 de janeiro de 2019, que incluiu uma subcategoria na Lei de Cotas Sociais, com reserva de vagas para candidatos autodeclarados pretos, pardos ou indígenas.
Pernambucano, Olímpio Magalhães, aluno do curso de Medicina, ingressou na Uern em 2020, logo após a Universidade aprovar as cotas étnico-raciais voltadas a pretos, pardos e indígenas.
QUANDO ESTOU NO ATENDIMENTO NO HOSPITAL REGIONAL TARCÍSIO MAIA, MUITAS PESSOAS ME PEDEM PARA CHAMAR O RESPONSÁVEL. NÃO ME ENXERGAM COMO MÉDICO EM FORMAÇÃO
O gosto pela Medicina nem fazia parte do sonho de Olímpio, o que surgiu só depois com o estudo e com a prática. Hoje ele afirma que pretende ser endocrinologista. Mas nem tudo é um sonho. Exaltando sua negritude, o jovem percebeu que eram poucos os estudantes negros naquele curso, tanto nas salas de aula como nas placas das turmas graduadas.
Os livros também não traziam essa referência. “Os negros nos livros de Medicina aparecem como cadáveres”, afirmou Olímpio. O racismo estrutural mostra seu enraizamento em outros aspectos. “Quando estou no atendimento no Hospital Regional Tarcísio Maia, muitas pessoas me pedem para chamar
o responsável. Não me enxergam como médico em formação”.
Esse relato foi dito pelo estudante para uma mulher que conhece bem essa luta: a professora e pesquisadora Zélia Madeira, doutora honoris causa da Uern. Estudiosa e militante das causas raciais, ela deu importante contribuição na política de cotas da Uern e foi reconhecida de forma justa no dia 28 de setembro de 2022, na solenidade de aniversário de 54 anos da Uern.
A conversa entre Zélia Madeira e Olímpio Magalhães ocorreu numa tarde de setembro, no gabinete da reitora Cicília Maia. Encontro de gerações que se reconhecem na luta e trazem a potência de buscar no conhecimento e na ancestralidade, a identidade forte e resistente de seus antepassados.
Durante a entrega do título de Doutora Honoris Causa , Zelma Madeira lembrou da sua trajetória de luta, como mulher negra, na promoção da diversidade e igualdade racial, sobretudo na defesa do acesso ao ensino superior às classes historicamente vítimas de racismo estrutural e discriminação racial.
“A maioria das mulheres negras é vista pela sociedade como destinada ao trabalho doméstico. Essa imagem negativa da mulher negra, da pessoa negra, precisa ser mudada, com ações inclusivas, com o acesso ao conhecimento, pesquisas e ações de extensão. Como docente, nossa luta vai além dos muros das universidades. Me honra estar recebendo esse título que não é só meu, é de todas as mulheres negras”, disse.
A pesquisadora destacou ainda a felicidade de ter participado junto com a Uern no debate para a implantação da política de cotas étnicos-raciais. “A implementação das cotas é importante para a diversidade e a inclusão racial. Minha trajetória mudou com o ensino superior. E é oportunizando o acesso à universidade, que vamos contribuir com políticas de defesa à diversidade e inclusão”, complementou.
Na ocasião, a professora Zelma Madeira recebeu um exemplar do livro “Ações Afirmativas na Uern: coletânea de textos jurídico-normativos”, organizado pelos docentes Eliane Anselmo, Fabiano Mendes e Ivonete Soares, resgatando toda a
trajetória de conquista das cotas na Uern. O estudante Olímpio Magalhães entregou o exemplar a Zélia Madeira.
Nesta obra, a reitora Cicília Maia fala sobre a importância da pauta racial. “Não tenho o exato lugar de fala, mas trago a empatia e a percepção do quanto a sociedade precisa reparar todos esses danos causados por gerações contra as minorias negros, mulheres e mulheres negras, em especial. E nisso, o dever de me posicionar é também exercido como direito. Mas é preciso que nunca esqueçamos: fazer justiça social e colocar em prática a equidade é um compromisso que devemos assumir coletivamente”, escreveu a reitora no prefácio, citando ainda outras iniciativas que visam à inclusão, como a instituição, no ano de 2021, no calendário acadêmico, o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, no dia 20 de novembro; além do Dia Internacional da Eliminação da Violência contra a Mulher, no dia 25 de novembro; e o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, no dia 3 de dezembro.
“No entanto, precisamos avançar nas pautas afirmativas. Nessa direção, ainda em 2022 passamos a contar com uma diretoria específica que iniciará todo um trabalho voltado à diversidade, ao acompanhamento de estudantes cotistas e com o objetivo de ampliar nossas ações. A Diretoria de Ações Afirmativas e Diversidade da Uern vem reforçar esse compromisso coletivo em fazer da Uern uma universidade socialmente
referenciada, inclusiva, includente, plural, diversa, humana e afrorreferenciada”, afirma Cicília Maia.
A pró-reitora de Ensino de Graduação, Fernanda Abreu, afirma que o estabelecimento e a consolidação da política de cotas no âmbito da Uern é parte integrante de um projeto institucional.
“Um projeto que fomenta a inclusão e a efetivação dos Direitos Humanos aliados ao reconhecimento e à proteção da diversidade no âmbito acadêmico. A história desse processo em nossa comunidade é reflexo também da ampliação de seu referenciamento social amplo e de seu compromisso com uma sociedade mais justa e igualitária”, analisa Fernanda Abreu.
As cotas assumem uma função social fundamental porque elas proporcionam aos jovens a oportunidade de transformarem sua realidade, das suas famílias e dos lugares onde estão inseridos.
Atualmente, a Uern reserva 50% das vagas totais para cota social, das quais 58% são para pretos, pardos e indígenas. Também há a reserva de 5% das vagas para pessoas com deficiência (PcD) e o argumento de inclusão regional, com bônus de 10%, voltado ao candidato da ampla concorrência que tenha cursado integralmente os ensinos Fundamental e Médio em escolas públicas ou privadas localizadas no Rio Grande do Norte.
Doutora Zelma Madeira (Foto: Ass. Gov. do Ceará) ZELMA MADEIRACriada em novembro de 2022, a Diretoria de Ações Afirmativas e Diversidade (DIAAD) representa um avanço na consolidação da Uern como um espaço vestido de povo, de todas as cores, raças e nacionalidades. O objetivo é promover e concretizar políticas de promoção de igualdade e o reconhecimento das diferenças e diversidades na Instituição.
A Diretoria tem como foco realizar os procedimentos de heteroidentificação para o acesso às cotas étnico-raciais na Uern; o acompanhamento dos grupos de estudantes cotistas; a sensibilização e a mobilização da comunidade universitária e a sociedade em geral para a convivência cidadã com as várias realidades presentes na diversidade social relacionadas a gênero e sexualidade, à tradição das culturas, etnia, refúgio e migrações; bem como a promoção de ações que possibilitem a reversão do cenário de
discriminação das populações às quais tais políticas se destinam.
Ressaltando o pioneirismo da Uern na criação de um setor específico voltado para as ações afirmativas, a professora Dra. Eliane Anselmo, titular da DIAAD, comenta que “a Diretoria tem uma missão muito importante de dialogar com os setores da Universidade e comunidade, a fim de promover debate sobre a diversidade”.
Além da docente, a Diretoria é formada pelo professor Tobias Queiroz (no eixo de Relações Étnico-Raciais, Diversidade e Interculturalidade), pela professora Suamy Soares (eixo de Relações e Identidade de Gênero, Direitos das Mulheres e da Comunidade LGBTQIA+) e pela técnica Taciane Medeiros.
Na inauguração da sala do DIAAD, no Centro de Convivência do Campus Mossoró,
em 18 de novembro passado, o estudante Genderson Costa, do coletivo Enegrecer, ratificou, na ocasião, que o momento consolidou a Universidade como referência na política em prol da diversidade.
Emocionada, a reitora Cicília Maia destacou que a materialidade da Diretoria é fruto de muito trabalho, de várias pessoas ao longo de anos. “A DIAAD vem abrir portas para grupos sociais que sempre tiveram as portas fechadas. É mais um instrumento para fortalecer a nossa missão coletiva na promoção da justiça social”, enfatizou.
A coordenadora da Secretaria Estadual das Mulheres, da Juventude, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, Janaína Lima, que representou o Governo do Estado, enfatizou que a Diretoria é um instrumento para enfrentar as desigualdades sociais.
O presidente do Comitê Estadual Intersetorial de Atenção aos Refugiados, Apátridas e Migrantes do Rio Grande do Norte (Ceram/RN), Thales Dantas, também representante do Governo do Estado, ressaltou que a Diretoria é fundamental para potencializar a política de inclusão.
Diretoria de Ações Afirmativas e Diversidade foi implantada em novembro de 2022 (Foto: Will Vicente)Depois de 20 anos e muita ansiedade da comunidade acadêmica e da população natalense, o novo prédio próprio da Uern Natal foi inaugurado em maio passado pela governadora Fátima Bezerra e encravou, definitivamente, a Instituição na Zona Norte da cidade
Oano de 2022 foi especial para a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern) e muito mais para o Campus de Natal, que comemorou 20 anos de fundação em 13 de junho instalado definitivamente na Zona Norte da cidade, região para onde foi destinada desde que o ex-reitor Walter Fonseca recebeu a missão de trazer a Instituição para a capital.
“Quando ainda poucas pessoas conseguiam ver o que a Uern produzia de resultados para o Rio Grande do Norte, e a nossa instituição ainda era vista como um peso orçamentário, certa manhã fui convocado ao gabinete do então governador Fernando Freire, que me disse: ‘Preciso da Universidade do Estado em Natal’. Respondi que gostaria que ele pensasse sobre duas condições para esse feito: a primeira é que a Uern se instalasse na Zona Norte, região onde não havia, e até hoje não há outra universidade pública, e naquele tempo nem mesmo particulares; e a segunda que, além da capital, a Uern fosse levada também para outros municípios”, contou o ex-reitor.
Foi assim, então, que em 2002, a Universidade criava oficialmente o Campus de Natal, cuja proposta desde o início foi ser a primeira universidade pública na Zona Norte, maior região em extensão territorial e populacional da cidade.
Primeiro, se instalou na Biblioteca
Estadual Américo de Oliveira Costa, às margens da Av. Itapetinga, ocupando depois uma creche abandonada que havia atrás do prédio e em seguida, entre um e outro, um bloco de salas construído em um terreno cedido pelo conselho comunitário do bairro, uma das primeiras provas do acolhimento da comunidade à Universidade.
Essa estrutura precária e embrionária não tardou a tornar-se insuficiente e
iniciou-se, sem sucesso, a busca por um novo espaço para o Campus de Natal na Zona Norte da cidade.
“Vários espaços amplos e bem localizados foram cogitados e poderiam ter sido cedidos pelo Governo do Estado, a essa altura já sob o comando da governadora Wilma de Faria. No entanto, todos esses endereços eram fora da Zona Norte, de onde não podíamos sair, pois eu temia não voltarmos”, lembrou o ex-reitor.
“Então eu disse à governadora: Dona Wilma, a Uern não pode sair da Zona Norte. Vamos transformar uma casa de detenção em uma casa de Educação”, lembrou professor Walter, de quando propôs instalar o Campus onde havia funcionado a Penitenciária João Chaves, famosa pelo apelido de Caldeirão do Diabo, endereço de dois dos mais famosos personagens da crônica policial potiguar: Brinquedo do Cão e Naldinho do Mereto.
A ideia, no entanto, só veio a se concretizar 10 anos depois, em 2010, já na gestão do reitor Milton Marques, quando depois de uma década funcionando na zona Sul, o Campus de Natal retornou ao berço, na Zona Norte, e se instalou no Complexo Cultural de Natal, finalmente reunindo a comunidade acadêmica de todos os cursos de graduação em um único endereço e plantando a semente do que é hoje o maior projeto de extensão da instituição, que é a Escola de Extensão da Uern, a EdUCA. Por um período, o Campus funcionou em
um prédio alugado na Av. Ayrton Senna, zona Sul da capital.
Em 25 de maio de 2022, o presente de 20 anos foi o mais aguardado não só pela comunidade acadêmica, mas também pela população natalense que já reconhece o Campus da Uern como dela. O novo prédio próprio, que encravou a Universidade definitivamente na Zona Norte e cuja construção demorou 13 anos para ser concluída, foi inaugurado em maio passado pela governadora Fátima Bezerra. A partir de então, o Campus de Natal passou a ser composto pelo prédio sede e pelo Complexo Cultural da Uern.
Aestrutura do Campus tem um piso de estacionamento e três pavimentos com 20 salas de aula, biblioteca, auditório, laboratórios e salas de professores. Por lá funcionam as atividades de ensino e pesquisa dos cinco cursos de graduação (Direito, Turismo, Ciência da Computação, Ciência e Tecnologia e Ciências da Religião), que juntos totalizam cerca de mil estudantes matriculados.
O Complexo Cultural da Uern (CCUERN), aos poucos, passa a ser inteiramente
dedicado às atividades de extensão. Em pleno funcionamento, a EdUCA atende a cerca de 1.200 pessoas da comunidade, de crianças a idosos, por semestre, em turmas de dança, música, teatro e modalidades esportivas.
É também onde funciona o Núcleo de Prática Jurídica, em que os alunos de Direito realizam cerca de mil atendimentos anuais, garantindo acesso gratuito à justiça em causas de Direito de Família e cíveis, bem como outras atividades de extensão.
“A Uern Natal sempre será minha casa, pois daqui, onde fui diretor antes de chegar à vice-reitoria, posso contar muitas histórias de superação e progresso que essa instituição levou à vida dos potiguares. Sem educação de qualidade, não existe futuro. A inauguração do edifício sede da Uern Natal fortalece o papel fundamental da Universidade e simboliza o compromisso da Uern com a democratização do acesso, com a manutenção e com o investimento na oferta de vagas de Ensino Superior gratuito e na Zona Norte de Natal, para a realização de sonhos e transformação de vida”, comentou o vice-reitor e ex-diretor do Campus de Natal, professor Dr. Chico Dantas.
“Esse novo prédio soma-se ao Complexo Cultural da Universidade e permite que
as ações de Ensino, Pesquisa e Extensão da Uern sejam ampliadas em número de vagas e em número de cursos, que estarão disponíveis, gratuitamente, para que os e as potiguares, em especial moradores da Zona Norte da capital do estado, tenham acesso à uma universidade pública gratuita e de qualidade. Ter esse novo prédio disponível é, sem sombra de dúvidas, um ganho imensurável para a comunidade interna e externa da Uern”, acrescentou.
Com o novo prédio sede, a Uern Natal terá capacidade de ampliar a oferta de vagas para até três mil alunos, com até mais oito novos cursos de graduação, considerando os três turnos de funcionamento. Esses novos cursos ainda não estão definidos. Eles serão escolhidos com base nas
FUNDAMENTAL
demandas atuais e locais para a Zona Norte, e precisam ser aprovados pelos conselhos superiores da Uern.
“Alimentamos esperança de ampliação planejada e pautada na necessidade da Zona Norte e do Rio Grande do Norte. É um longo caminho a ser seguido, mas estamos preparados. Além disso, nossos docentes e discentes criam e mantêm diversos projetos de ensino, pesquisa e extensão, fazendo a diferença na geração de conhecimento de qualidade”, concluiu o vice-reitor.
Para o diretor atual da Uern Natal, professor Dr. David Leite, o principal objetivo é oferecer à população da Zona Norte uma universidade pública, gratuita e de qualidade.
“Queremos que os e as potiguares, principalmente os que moram nessa região, saibam que podem ter acesso à Educação Superior perto da casa deles, porque a Uern lhes garante isso. Queremos que conheçam nossos cursos. Que conheçam, principalmente, a qualidade dos nossos cursos e o potencial que terão no mercado de trabalho”, destacou.
Aluno do 2o período de Direito, Vitório da Silva Ferreira, 19 anos, conta que a presença da Uern na Zona Norte de Natal fez toda diferença no recomeço que traçou para a própria vida. Depois de viver sete meses em situação de rua, o jovem sabia que para se reerguer só poderia fazê-lo pelo caminho da educação e do trabalho.
“Durante meu último ano no ensino médio, quando me preparava pro Enem, em 2020, precisei sair de casa, devido a problemas familiares. Eu estudava através do celular, captando sinal de wifi gratuito. Apliquei minha nota para a Uern Natal na primeira e segunda opção, pois sabia que, na Zona Norte, eu teria mais condições de reconstruir minha vida. E aqui tenho a sensação de pertencimento”, revela o acadêmico.
Nos últimos anos, a Instituição conquistou cinco patentes, aguarda o resultado de 27 outros pedidos e criou empresas juniores e incubadoras, reforçando seu potencial inovador para atender às novas demandas da sociedade moderna
Em um mundo cada vez mais competitivo, com avanço tecnológico e o surgimento de novos nichos, as Instituições de Ensino Superior (IESs) precisam estar preparadas para oferecer uma formação que atenda às novas demandas da sociedade moderna. Além do indissociável tripé ensino, pesquisa e extensão, as universidades estão apostando em um elemento a mais: a inovação.
De acordo com dados do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), as universidades têm sido protagonistas no processo de desenvolvimento de novas tecnologias, induzindo a transformação
desse conhecimento em produtos e serviços inovadores. Segundo o órgão, entre os anos de 2014 e 2019, 19 dos 25 maiores depositantes de patentes nacionais são universidades públicas.
E a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern) não ficou de fora dessa transformação. Nos últimos anos, a Instituição tem investido e incentivado ações de inovação em todo ambiente acadêmico. Essa política da instituição resultou em cinco invenções patenteadas e outros 27 pedidos de patentes em andamento.
A primeira patente conquistada pela Uern foi em fevereiro de 2021
O INPI concedeu a outorga aos seus titulares da propriedade de invenção do “Processo de Obtenção de Niobiosilicatos (Nbs-15) Nanoporosos com ajuste de PH via solução de Hcl/Kcl”, de autoria dos professores doutores: Anne Gabriella Dias Santos e Luiz Di Souza (In Memorian), da Uern; e Antônio Souza de Araújo e Valter José Fernandes Júnior, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
O pedido de patente foi depositado em outubro de 2014.
A patente refere-se a um processo de obtenção de nanomateriais contendo sílica e nióbio, dois compostos químicos.
Conforme a professora Dra. Anne Gabriella, o desenvolvimento e inovação se deu no processo de síntese e obtenção desses materiais. Trata-se de um material que pode ser utilizado em diferentes aplicações ambientais, como a produção de biocombustíveis, bioaditivos, até outros processos voltados à questão de tratamento de efluentes.
Anne Gabriella destaca que a obtenção da carta patente representa uma conquista para os pesquisadores, pois dá ânimo para seguir pesquisando e buscando sempre inovar e contribuir para o desenvolvimento da ciência e inovação do Brasil. “Ao mesmo tempo, representa uma conquista para a Uern, que vem avançando nas pesquisas e na inovação tecnológica”, disse.
Parceria com UFRN desenvolve tecnologia a favor do meio ambiente No mesmo ano, a Uern conquistou mais uma patente, desta vez, como cotitular, ao lado da UFRN. A patente de invenção, intitulada “Célula e Processo de Hidrofobização de Materiais”, é de autoria do professor do departamento de Química da Uern, Carlos Henrique Catunda Pinto, em coautoria com Ana Clea Marinho Miranda Catunda, Renata Martins Braga, Dulce Maria de Araújo Melo e Marcus Antônio de Freitas Melo.
A invenção refere-se a um equipamento para produção de materiais hidrofóbicos utilizando um novo processo de hidrofobização de materiais diversos em sistema fechado (célula de hidrofobização CHF), capaz de transformar um material para que ele passe a repelir a água.
Os materiais hidrofobizados por este tipo de tecnologia são mais eficientes e melhoram a sua capacidade de absorver e sorver líquidos e vapores de compostos orgânicos poluidores presentes nas águas, solos e ar. Desta forma, contribuem para o desenvolvimento das tecnologias mais limpas para tratamento desses sistemas contaminados por compostos orgânicos, com consequente redução dos impactos ambientais.
Materiais biodegradáveis para reduzir poluição
Ainda em 2021, outros dois pedidos de patentes foram deferidos pelo INPI. As invenções tratam do “Processo para produção de nanopartículas magnéticas com estrutura de núcleo/casca usando polímero natural” e do “Processo e produção de bio-utensílios descartáveis e biodegradáveis a partir do bagaço do pseudofruto do caju”.
O primeiro é de autoria dos professores Dr. João Maria Soares, do Departamento de Física, e do Dr. Cláudio Lopes Vasconcelos, do departamento de Química. O invento trata de um novo processo de síntese de nanopartículas magnéticas com estrutura núcleo-casca à base de quitosana caracterizado por obter partículas por meio de redução química usando borohidreto de sódio.
Já o segundo é de autoria do professor
Dr. Carlos Henrique Catunda Pinto, do departamento de Química. O processo de produção proposto pelo projeto caracteriza-se por ser consideravelmente menos poluente, possibilitando a redução do consumo de plástico do petróleo ao se substituir a matéria-prima base (petróleo), comumente utilizada na fabricação de copos e utensílios domésticos, por um subproduto totalmente natural, renovável e biodegradável (pseudofruto do caju).
“Refere-se à criação de novos materiais amigos da natureza com forte apelo ambiental e de sustentabilidade, os quais não utilizam derivados de petróleo e sim a composição de amido e fibra proveniente do resíduo do pedúnculo (pseudofruto do caju), produzindo bio-utensílios, descartáveis e biodegradáveis, com aplicação direta na cozinha das residências e restaurantes, substituindo produtos disponíveis no mercado, tais como copos, talheres, vasilhas com e sem tampa, xícaras, pratos e canudos”, explica o professor.
Tratamento de biosorvente a partir da fibra de uma planta
E em fevereiro deste ano, a Uern conquistou sua quinta patente, também de autoria do professor Carlos Henrique Catunda Pinto, com o estudo intitulado “Amostrador passivo, processo para a obtenção do biossorvente de poluentes atmosféricos e seu uso”. Desta vez, a Uern foi cotitular com a UFRN.
Além do professor Carlos Catunda, são autores do estudo as professoras doutoras Ana Clea Marinho Miranda Catunda; Renata Martins Braga; Dulce Maria de Araújo Melo e o professor Dr. Marcus Antônio de Freitas Melo (UFRN).
A pesquisa desenvolveu um processo de tratamento de biosorvente a partir da fibra da planta Sumauma para torná-la mais capacitiva para absorver produtos orgânicos. O objetivo é limpar as impurezas presentes na estrutura e poros da fibra e melhorar a sua capacidade de absorção de produtos orgânicos presentes no ar atmosférico.
Mais patentes e pesquisas em desenvolvimento “A conquista das cinco patentes e os demais pedidos em andamento representam o compromisso
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Em laboratório são realizados os processos de obtenção de nanomateriais contendo sílica e nióbio
A tecnologia pode ser utilizada em diferentes aplicações, entre elas a produção de biocombustíveis
As nanopartículas tem potencial para fabricação de biocombustíveis mais limpos e eficientes 3
da Universidade em incentivar uma cultura inovadora, estimulando o desenvolvimento de pesquisas e ações que pensem em soluções práticas para diferentes problemas da sociedade”, destaca a reitora Cicília Maia.
Para a pró-reitora de Pesquisa e Pósgraduação, Ellany Gurgel, difundir a inovação e o empreendedorismo nas diversas áreas da formação acadêmica é o compromisso institucional da Uern.
“Para atingirmos esse objetivo, nossa equipe está construindo um diálogo amplo com a comunidade acadêmica, na perspectiva da construção de estratégias que incentivem e disseminem a cultura da inovação, da economia criativa e do empreendedorismo tecnológico e social para o fortalecimento da Uern e do ecossistema regional, além de incentivar a produção tecnocientífica e promover a transferência das tecnologias”, frisa.
Mudar para melhorar Com a Resolução No 59/2022 - CD/ UERN, o antigo Departamento de Inovação e Empreendedorismo se tornou uma Diretoria de Inovação e Empreendedorismo, com o nome oficial de Agência Uern Inova, vinculada à Pró-Reitoria de Pesquisa e Pósgraduação (Propeg).
A missão é aproximar a Universidade da comunidade externa visando a implementação de ações que envolvam conhecimento científico, cultural, tecnológico, inovador e empreendedor.
Além disso, a Agência é responsável pela gestão da política de inovação da Uern, a fim de difundir e orientar a comunidade acadêmica sobre as formas legais de proteção do conhecimento gerado na Instituição visando o desenvolvimento socioeconômico regional e nacional.
Empresas juniores
A Uern conta com cinco empresas juniores, sendo que três estão federalizadas junto à RN Júnior e duas se encontram em processo de regularização. Além disso, estão em andamento outras iniciativas juniores em diferentes cursos, como Geografia, Ciência da Computação e Química. As empresas juniores são: a Apex Empreendedorismo e Soluções Jurídicas, a Lastro Consultoria e Investimentos, a Honoris Consultoria Jurídica Júnior, a Atúa Ambiental, a Empresa Júnior do Campus Avançado de Patu e a EMCAPJr.
São oferecidos suporte técnico, gerencial e formação complementar ao empreendedor. As incubadoras são o principal lócus de formação de pequenos negócios inovadores, e tem o intuito de tornar as empresas mais robustas e competitivas. A Uern conta com três incubadoras: o Centro de Incubação Tecnológica do Semiárido - Citecs (Mossoró), o Juazeiro (Pau dos Ferros) e a Catavento (Natal).
Os conhecimentos produzidos na Universidade podem ser as respostas ou soluções para problemas contemporâneos, possibilitando que as empresas, a sociedade organizada e o poder público apliquem-nas, gerando e captando valor. Nesse sentido, a Uern vem estimulando o desenvolvimento de pesquisas aplicadas nas mais diferentes áreas de conhecimento.
A pesquisa aplicada é aquela que objetiva a geração de conhecimento para aplicação prática e imediata, dirigidos à solução de problemas específicos envolvendo os interesses locais, territoriais e regionais.
De acordo com a diretora da Agência Uern Inova, professora Me. Cíntia Sousa de Freitas, o trabalho de aproximar a
universidade das empresas tem sido muito intenso.
“Estamos participando da aplicação da metodologia ELI (Ecossistema Local de Inovação), desenvolvida pelo Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), que visa promover o desenvolvimento local a partir da ótica da inovação”, informa Cíntia Sousa. A metodologia ELI envolve universidades, empresas, o Sistema S (Senai, Sesc, Sesi, Senac, Senar, Sescoop e Sest), incubadoras e coworkings.
A fim de otimizar essa aproximação, a Uern tem feito o mapeamento de empresas que possam se interessar pelas tecnologias desenvolvidas pela Instituição, seja no formato de depósito de patente ou carta patente.
Paralelo a isso, a Universidade, por meio da Agência, tem visitado e se reunido com Instituições de Ensino Superior (IESs) de diferentes estados para ver de perto como têm sido suas experiências. “Visitamos as áreas de inovação em universidades de São Paulo e em Minas Gerais, onde a cultura de incentivo à propriedade intelectual e transferência de tecnologia é muito forte. Foram visitas muito ricas, que possibilitaram importante troca de experiências”.
Cintia Sousa revela que a Uern tem uma minuta que aborda a propriedade intelectual e transferência de tecnologia. Para esse novo momento, a Universidade propôs uma nova resolução que abarque a transferência de tecnologia, que é o processo que permite que o conhecimento gerado na universidade seja convertido em produtos e serviços que beneficiem a sociedade.
“Não basta apenas proteger a propriedade intelectual, mas é importante incentivar que essa produção de conhecimento tenha uma função social”, finaliza.
Entre junho de 2022 e janeiro de 2023, os residentes de Odontologia da Residência Multiprofissional em Atenção Básica/Saúde da Família e Comunidade realizaram cerca de 240 atendimentos, entre avaliações com cirurgia e retornos
Na sala de espera do ambulatório, a auxiliar contábil Nádia Souza buscava diminuir a ansiedade conversando com outras pessoas que também aguardavam atendimento. Apesar da inquietação, que em alguns momentos a levava a andar de um lado para o outro da sala, não era ela a paciente a ser atendida, mas sim seu filho caçula, Victor Samuel.
Com apenas 23 dias de idade, o pequeno Victor seria um dos bebês atendidos naquela tarde no ambulatório da Faculdade de Enfermagem da Uern, para realizar a frenectomia – a chamada cirurgia da "linguinha presa".
Desde junho de 2022, a Faculdade oferece o procedimento em seu ambulatório, gratuitamente, para bebês de até três meses de idade. O procedimento é feito pelos residentes de Odontologia da Residência Multiprofissional em Atenção Básica/Saúde da Família e Comunidade.
Na maioria dos casos, os pacientes são encaminhados pelas unidades básicas de saúde após ser constatada a necessidade da cirurgia. “Eu desconfiei que ele tivesse que fazer o procedimento por conta da dificuldade que ele tem pra mamar. Um sobrinho meu também precisou e também teve dificuldade. Eu também pesquisei sobre a 'linguinha presa' e vi que muita coisa parecia mesmo com o caso dele”, conta Nádia, que tem outra filha de 10 anos.
Quando Victor foi chamado para a sala em que a cirurgia é realizada, a inquietação de Nádia logo deu lugar ao alívio. Após cerca de 20 minutos, o bebê já estava pronto para voltar para casa. “É muito importante esse tipo de atendimento, até pela atenção que a gente recebe”, disse a auxiliar contábil,
depois das orientações que recebeu das profissionais no ambulatório.
Nádia também ressaltou a importância da realização do procedimento de forma gratuita. Na rede privada, a cirurgia custa em torno de R$ 300,00, o que leva algumas famílias a adiarem o procedimento, apesar das possíveis implicações para os bebês.
“Nos casos em que a cirurgia não é feita por algum motivo, nós encontramos, por exemplo, crianças abaixo do peso, a inserção já do aleitamento via mamadeira, por conta da dificuldade de amamentação. No futuro, quando a criança vai falar, a língua presa também afeta, o que traz uma dificuldade de dicção e pode gerar o bullying, por exemplo, e outras situações traumáticas. Por isso é tão importante a realização da frenectomia e a divulgação dela”, ressalta a residente Valéria Sibegueny, que realizou a cirurgia em Victor Samuel.
Entre junho de 2022 e janeiro deste ano, o Ambulatório realizou cerca de 240 atendimentos (entre avaliações com cirurgia e retornos), realizados por oito residentes do núcleo de Odontologia.
O trabalho teve início a partir de uma iniciativa dos próprios alunos, que observaram a demanda por esse tipo de procedimento na região e propuseram a utilização do
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É
PRA MIM, COMO PROFISSIONAL, PODER ‘SAIR DA MINHA CAIXINHA’ E ENTENDER OUTROS ESPAÇOS E PONTOS DE APOIO ONDE O DENTISTA PODE TRABALHAR
VALÉRIA SIBEGUENY
ambulatório da Faculdade para oferecer as cirurgias gratuitamente à população.
A residente Ruhany Cristinne, uma das que participam dos atendimentos, conta que a equipe não imaginava que haveria uma procura alta em tão pouco tempo.
Conforme a coordenadora do ambulatório, a técnica de nível superior Natália Teixeira Fernandes, além da relevância do serviço oferecido à população, a frenectomia também é importante para a qualificação profissional dos residentes.
“A possibilidade da realização da frenectomia possibilita uma nova vivência para os discentes, diferente dos procedimentos que eles executam nas unidades básicas de saúde, aumentando o eixo formativo na sua atividade profissional”, destaca.
“É gratificante pra mim, como profissional, poder ‘sair da minha caixinha’ e entender outros espaços e pontos de apoio onde o dentista pode trabalhar”, complementa Valéria Sibegueny.
Para a residente Heloysa Karen, outro benefício do atendimento é o maior conhecimento que os alunos adquirem não apenas sobre os procedimentos em si, mas também sobre as demandas e contextos dos pacientes.
“A gente vê nas salas de aula muito da teoria, mas a gente sabe que a prática é diferente. Ter esse contato direto com a população, vendo as realidades e as necessidades, é muito importante também pra gente”, salienta.
O fim da lista tríplice para escolha de reitor(a) e vice-reitor(a), a autonomia financeira e a implantação do Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração dos servidores são realizações que tocam o coração da chanceler e doutora honoris causa da Universidade do Estado do Rio Grande Norte (Uern).
Por ser pioneira na interiorização do ensino superior no estado e, muitas vezes, a única oportunidade de acesso à graduação, além de todo seu histórico de promoção da educação, a Universidade tem um lugar especial na vida e na gestão da governadora.
Na entrevista a seguir, a chefe do executivo estadual celebra os momentos de conquistas e os desafios que uma instituição pública, gratuita e de qualidade ainda tem a enfrentar.
Como governadora do Rio Grande do Norte, a senhora é automaticamente chanceler da Uern. No entanto, a sua relação com a Universidade vem de antes mesmo do mandato de governadora. Fale um pouco sobre a sua relação com esta instituição que já entregou, ao longo de seus 54 anos, mais de 54 mil diplomas de graduação.
em 2019, senti uma grande honra e foi muito significativo para mim porque mais do que um reconhecimento pessoal, enquanto professora, eu tenho uma trajetória em defesa da educação. E eu vi aquela homenagem como algo que eu poderia compartilhar com todo o povo do Rio Grande do Norte, que foi um povo ousado e que elegeu a primeira mulher – e ainda mais professora – de origem popular no pleito de 2018 e que segue me dando esse voto de confiança que darei continuidade nos próximos quatro anos. Trago na vida uma história de superação de obstáculos e quando penso que a Uern é pioneira na interiorização do ensino superior e que, em muitos casos, é a única oportunidade concreta de acesso ao ensino superior para grande parte de seus discentes, isso só me honra, me alegra e me aproxima desta instituição naquilo que é um dos meus grandes sonhos: transformar e melhorar a vida das pessoas por meio da educação.
A senhora está encerrando seu primeiro mandato com a marca de ter instituído o fim da lista tríplice, concedido a autonomia financeira e criado o plano de cargos carreiras e salários. Como a senhora se sente?
em uma cidadezinha pequena e sem oportunidades. Então, quando a gente concede autonomia plena, financeira à Uern, estamos dando à Universidade Estadual uma política de estado permanente e para além de qualquer governo. Assim como a Assembleia Legislativa tem o seu orçamento próprio, assim como o Poder Judiciário tem o seu orçamento próprio, a Uern vai ter o seu orçamento e ela vai gerir, exatamente, aquele orçamento para cumprir com sua missão social, que é a de levar educação e oportunidade de crescimento para quem deseja estudar e obter conhecimento e formação profissional.
Eu diria que a minha relação com a Uern passa também por questões sentimentais porque eu sou uma professora que sentiu na própria pele – quando era estudante - a dificuldade de ter acesso à educação de qualidade, por não viver, exatamente em uma capital. E ver, hoje, as oportunidades oferecidas pela Uern para estudantes que têm o mesmo perfil social que eu tinha, é de uma alegria sem tamanho para mim. A interiorização do ensino superior é um marco da Uern e uma verdadeira possibilidade de transformação social e de formação profissional nas várias regiões onde nossa universidade estadual está instalada. Vale lembrar que, além de chanceler, eu recebi o título de Doutora Honoris Causa da Uern,
São realizações que tocam muito meu coração de professora. Tenho muito orgulho do que fizemos pela Uern. Não orgulho enquanto vaidade, mas sentimento de dever cumprido e alegria de o nosso governo ter realizado sonhos de gerações. Chego a me emocionar quando me refiro à autonomia plena, financeira da Uern porque eu sei o que foi, por exemplo, num determinado momento da minha vida, eu passar dois anos sem estudar. Não por negligência de minha mãe, dona Luzia. Imagino que ela sofria muito, até mais do que eu, de ver uma filha dentro de casa com os estudos parados, porque não tínhamos como, de maneira nenhuma, dar continuidade
Um marco do governo Fátima Bezerra será a entrega do Hospital da Mulher. Qual o papel da Uern neste que será o maior equipamento de saúde do estado?
Será mesmo um marco! A partir de dezembro deste ano, o Rio Grande do Norte vai contar com o maior equipamento de saúde da área hospitalar, voltado para a saúde da mulher, e passando de 90% das obras concluídas. As obras estão previstas para terminar em novembro e, até o final de dezembro pretendemos dar início à primeira fase com a unidade ambulatorial e que vai ter a missão de atender às mulheres da segunda macrorregião do Rio Grande do Norte, principalmente na alta complexidade e naqueles partos e puerpérios que exigirem mais cuidados e quando houver riscos de morte para a mulher. O Hospital da Mulher está sendo preparado com todo o respeito, compromisso e cuidado para levarmos o melhor atendimento humanizado. Caberá à Sesap realizar a parte administrativa e à Uern caberá, exatamente, o grande desafio que é de fazer a gestão acadêmica do Hospital da Mulher. E fazer, também, a interface com outras unidades de ensino superior.
A interiorização do ensino superior é um marco da Uern e uma verdadeira possibilidade de transformação social e de formação profissional nas várias regiões onde nossa universidade estadual estáFátima é doutora honoris causa da Uern (Foto: Elisa Elsie) Assinatura da autonomia financeira (Foto: Raiane Miranda) Sanção do fim da lista tríplice (Foto: Elisa Elsie)
A Uern será responsável pelas parcerias com residências médicas, estágios e no processo de educação permanente na formação da enfermagem obstétrica, por exemplo, e também na articulação com as outras unidades acadêmicas da região, lotando alunos de outras universidades numa formação que tenha como foco não só o conhecimento técnico, como também uma formação humanizada.
A Uern tem a marca de ser uma universidade inclusiva, includente e socialmente referenciada. Como a senhora analisa esse reconhecimento?
Eu vejo como um trabalho persistente e permanente de inclusão que a Uern vem fazendo ao longo dos anos. E para não ficarmos somente nos conceitos, gosto muito de referenciar essa estratégia de inclusão social com dados: 78% dos estudantes da Uern são oriundos da escola pública; desses, 82,8% são alunos do Sistema Educacional do Rio Grande do Norte; os estudantes de origem de famílias que têm distribuição de renda, per capita, abaixo de um salário mínimo compõem 79,6% do corpo discente e o índice de empregabilidade após a formação superior é de 74,5%. Portanto, quando realmente colocamos em prática as premissas de assistência estudantil baseadas na democratização do acesso, por meio de cotas, sejam elas sociais, étnico-raciais ou de inclusão para pessoas com deficiência, nós estamos, de fato, realizando uma política de inclusão.
A sociedade potiguar vive a expectativa para a realização do concurso público, que já foi autorizado pela senhora, e para a ampliação do quadro de cargos da Uern, que irá possibilitar a adequação à atual realidade da instituição, e a ampliação no número
de cursos, por exemplo. Como a senhora enxerga esse avanço?
Veja bem, a autorização do concurso para ampliação de cargos na Uern, especialmente na área docente, integra o conjunto de ações implementadas pelo nosso Governo, no sentido de fortalecer um dos maiores patrimônios acadêmico, científico e cultural do Rio Grande do Norte. Importante frisar que o papel que a Uern exerce vai muito além de uma instituição de ensino superior. Trata-se de um instrumento de inclusão social. Daí a importância de ampliação de seu corpo docente para que possamos, cada vez mais, avançar no ensino, na pesquisa e na extensão, possibilitando que as camadas sociais historicamente menos favorecidas tenham acesso ao ensino superior e assim elevar a sua qualidade de vida, bem como a de suas famílias.
Nos últimos anos a Uern tem fortalecido sua política de permanência estudantil, principalmente com o acesso aos recursos do Fundo de Combate à Pobreza (Fecop), mais um marco do governo Fátima Bezerra. Como a senhora vê isso?
Vemos como mais uma missão cumprida, porque compreendemos que o acesso à educação, especialmente ao ensino superior, é necessário,
importante e fundamental. Mas não adianta só garantir acesso, é preciso também garantir as condições de permanência desses estudantes na Universidade. E isso demanda que busquemos implementar mecanismos de assistência estudantil para apoiar esses estudantes, garantindo-lhes as condições mínimas de estudo. Uma universidade inclusiva deve estar de portas abertas para todos e todas, com especial atenção às camadas sociais mais vulneráveis da sociedade. Portanto, nosso Governo não poderia abrir mão dessa premissa. Fato é que estaremos sempre dispostos e comprometidos com a ampliação dessas políticas para que possamos proporcionar aos nossos jovens um ensino de qualidade.
Quais as perspectivas de futuro que a senhora tem para a Uern?
As perspectivas são as melhores possíveis. Queremos que as conquistas de autonomia administrativa e financeira da Uern sejam permanentes e sigam como políticas de Estado, para que essa universidade não sofra com retrocessos. O ensino e a educação são partes fundamentais para a construção de um futuro promissor para as pessoas. Mas o futuro começa agora! Não há tempo a perder e eu quero ver essa Universidade crescer muito mais. A confiança e a credibilidade na Uern são frutos, sobretudo, de ações. E é esse caminho que queremos trilhar, para oferecer à população do Rio Grande do Norte, não só na capital, mas em todas as regiões do Estado, um ensino capaz de acolher e dar oportunidades. Seguiremos em frente com esse sonho que é sonhado por professores, alunos e funcionários da Uern e que cada vez mais ele se transforme em algo concreto.
O ensino e a educação são partes fundamentais para a construção de um futuro promissor para as pessoas. Mas o futuro começa agora! Não há tempo a perder e eu quero ver essa Universidade crescer muito mais. A confiança e a credibilidade na Uern são frutos, sobretudo, de ações. E é esse caminho que queremos trilharPCCRs aprovados em 03/2022 (Foto: Ilana Albuquerque)
Levando
Quem passa pela Avenida Antônio Campos, que dá acesso ao Campus de Mossoró da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern), percebe, de longe, um prédio bonito e moderno que sedia o Hospital da Mulher Parteira Maria Correia. Inaugurada em 29 de dezembro de 2022, a obra construída pelo Governo do RN, em terreno cedido pela Universidade e com recursos do Banco Mundial, contou com investimento na ordem de R$ 125 milhões e é um dos principais compromissos da governadora Fátima Bezerra.
A unidade hospitalar é comprometida com o atendimento humanizado e com a formação de profissionais, assumindo o perfil de hospital-escola, cuja gestão acadêmica é da Uern, enquanto a gestão administrativa está a cargo da Secretaria de Saúde Pública (Sesap). Serão prestados atendimentos à gestação de alto risco, urgência obstétrica e ginecológica, cuidados neonatais, assistências cirúrgicas neonatal, entre outros.
Também haverá assistência ambulatorial, pronto-socorro, UTI, centro obstétrico com salas de parto humanizado, banco de leite humano e serviços de suporte às mulheres vítimas de violência.
Toda essa estrutura e serviços beneficiarão pacientes de mais de 60 municípios. O complexo conta com 163 leitos, sendo 118 de internação e 45 leitos destinados a outras atividades, como as urgências. A capacidade será de cerca de 20 mil atendimentos ao ano.
“Nossa população será muito beneficiada com essa obra. Teremos a oportunidade de ocupar a ala acadêmica com nossos serviços, projetos de pesquisa, de extensão e ensino, potencializando a formação de nossos estudantes”, ressaltou a reitora Cicília Maia.
A enfermeira Hosana Mirelle, técnica administrativa da Uern, é a responsável pela direção da gestão acadêmica do Hospital da Mulher. Ela explica que os atendimentos serão implantados por etapas, iniciando com os ambulatórios que ocupam um bloco inteiro.
Cabe à Sesap a gestão de processos, técnica/pessoal, contratos, insumos, aquisições etc. Com a gestão acadêmica, a Uern é responsável ainda pela interação com outras instituições de ensino sobre o campo de práticas acadêmicas.
“A parceria da Uern na administração se faz principalmente pela necessidade de estruturação desde os seus primórdios como hospital de ensino, com a estruturação de ações de extensão e linhas de pesquisa próprias. Além disso, na segunda macrorregião, é urgente o desenvolvimento e qualificação das ofertas ambulatoriais especializadas na rede materno-infantil, unidade na qual a Uern estará mais vocacionada para atuar”, comenta Hosana complementando que há escassez de campo para o desenvolvimento de atividades práticas sobre atenção hospitalar, em particular na saúde da mulher e do neonato, entre outros, e a necessidade de ofertar componentes curriculares com conteúdo teórico-prático e estágios nos cursos das áreas de saúde são imensas.
“Soma-se a isso a necessidade de garantir espaços formativos para a Residência
Médica e Residência Multiprofissional no interior do Rio Grande do Norte. Porém, esses espaços formativos precisam ser espaços de um novo modelo de cuidar e atender. Mais do que nunca a atenção obstétrica e neonatal no RN precisa estar atrelada a boas práticas, ao conceito de parto humanizado e ao direito de nascer sem violência e com respeito à dignidade da mulher e da criança, seja ela de que raça, credo ou classe social se apresente. E esses parâmetros precisam ser ensinados desde a escola, desde a academia. Esse hospital nasce com essa missão: de ser um marco histórico para a mudança do nascer e gestar no RN”, afirmou Hosana.
A secretária-adjunta de Saúde, Lyane Ramalho, afirma que o Hospital vai revolucionar a assistência à saúde da mulher no Estado do Rio Grande do Norte. “Estamos implementando uma grande parceria entre a Secretaria de Saúde e a Uern. Há mais de um ano, temos realizado reuniões, oficinas e seminários visando estabelecer uma administração que seja pautada numa assistência humanizada, que leve uma melhoria do atendimento a esse binômio mãe/ filho desde antes do parto”, destacou acrescentando que serão priorizados novos conceitos da formação acadêmica na área da saúde da mulher.
“Tudo isso vai ser organizado aos poucos, de forma que a gente possa estabelecer um melhor fluxo e o melhor acolhimento dentro da atenção primária, melhorando inclusive os próprios indicadores de prénatal. Essa parceria da Sesap com a Uern aprimora os caminhos do ensino, serviço e comunidade, aproximando a academia e o alunado da real necessidade das pessoas. Isso tem como consequência positiva um profissional mais preparado para o SUS, além de possibilidade real
o nome da parteira Maria Correia, a unidade de saúde, cuja gestão acadêmica é feita pela Uern, beneficiará uma população de mais de 60 municípios com foco no atendimento humanizado e na formação de profissionais
ESSA PARCERIA DA SESAP COM A UERN APRIMORA OS CAMINHOS DO ENSINO, SERVIÇO E COMUNIDADE, APROXIMANDO A ACADEMIA E O ALUNADO DA REAL NECESSIDADE DAS PESSOAS LYANE RAMALHO
de melhorarmos nossos indicadores”, complementou Lyane Ramalho.
O Hospital conta com 11 ambulatórios que serão ocupados por diferentes cursos da área da saúde. Além disso, há uma ala acadêmica no subsolo que receberá simuladores de práticas, com o objetivo de preparar os futuros profissionais para o mercado.
“Haverá uma sala de simulação cirúrgica, uma sala de simulação de parto normal e uma sala de simulação para clínica”, detalha Hosana. Uma série de serviços será disponibilizada à população, de forma gratuita. “A gente vai fazer a inserção de DIU, acompanhamento
de crianças prematuras, vacinação e cirurgias. Lembrando que o atendimento é de média e alta complexidade”, complementou Hosana Mirelle.
Os ambulatórios que já funcionam na Faculdade de Enfermagem (Faen) e na Faculdade de Ciências da Saúde (Facs) continuarão com seus atendimentos. A ideia é que o local receba estudantes de cursos da área da saúde e de outras áreas, tanto da Uern como de outras instituições, cabendo à Uern essa gestão acadêmica.
Projetos de extensão e de pesquisa que visam ao estudo, mapeamento e diagnóstico da saúde das mulheres terão espaço garantido no hospital.
Um dos projetos a serem implantados no Hospital da Mulher é o atendimento à população LGBTQIA+. Toda a parte de ginecologia e obstetrícia será disponibilizada, de forma que a unidade realize procedimentos, como mastectomia e histerectomia em homens trans que passam pelo processo de redesignação de gênero. Outras cirurgias transgêneras podem ser implantadas no futuro.
O Ambulatório LGBTI+, que já funciona na Faculdade de Enfermagem (Faen) desde 2019, continuará com os serviços que já são ofertados à população por meio de uma das linhas de cuidado do Ambulatório Interprofissional das Residências em Saúde da Uern.
Os atendimentos fazem diferença na vida de lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, travestis, queer, intersexo e assexuais, dentre outras orientações e identidades de gênero, que encontram, no ambulatório, um espaço de atenção, de escuta e atendimento especializado.
O Hospital da Mulher terá um ambulatório para mulheres em situação de rua, com leitos de retaguarda. Essa característica leva em conta o perfil da paciente de alto fluxo, que não possui atendimento regular. Ou seja, uma mulher em situação de rua que precise de atendimento devido a uma intercorrência não precisa passar por regulação, pois terá direito a
um leito de retaguarda, possibilitando seu atendimento. “São mulheres que, muitas vezes, nunca fizeram um exame preventivo e quando chegam no serviço já é com uma doença de longo curso”, explicou Hosana
Vítimas de Violência
Uma das preocupações da Carta de Serviços do Hospital da Mulher está relacionada às vítimas de violência sexual. A unidade terá uma porta para acolhimento e atendimento de mulheres que são vítimas, lamentavelmente, de estupros e abusos. Além do atendimento clínico e de urgência, elas receberão apoio da equipe multiprofissional, preparada para acolher de forma adequada este tipo de demanda.
Abisneta da parteira Maria Correia homenageada com o nome do hospital, conta um pouco da história de sua avó. Lara Beatriz é aluna do curso de Enfermagem da Uern.
“O nome dela mesmo era Maria Joaquina de Souza, mas ficou conhecida por todos como Maria Correia. Nasceu em 1928, no Sítio do Carmo, depois de Passagem de Pedra. Em 1945, quando tinha 17 anos, ajudou uma parteira da região e não parou mais, se aposentou somente em 1997. Ela atendia as mulheres em sua própria casa, onde tinha um cômodo só para recebê-las, como se fossem leitos. Mas também ia em busca dessas mulheres que necessitavam ser assistidas”, narra Lara Beatriz.
A estimativa é que a parteira da rua Venceslau Brás, região populosa de Mossoró, assistiu a mais de 3.500 partos, sem contar as vezes que ela ajudava as gestantes irem ao hospital.
“Ela levava quando percebia que havia risco e talvez necessidade de intervenção cirúrgica, a cesariana. Ela teve cinco filhos, sendo uma adotiva. Meu avô materno era filho dela. Minha bisavó faleceu em 2007, quando eu tinha seis anos, mas cresci ouvindo os relatos dos partos que ela assistia. Até no meio da rua, a caminho da maternidade, tem relatos”, relembra.
A ancestralidade mostra sua força e Lara Beatriz conta que, desde que foi capaz de entender sobre gestação e parto, se fascinou pelo assunto.
“Achava algo muito surreal, muito provavelmente por estar rodeada dessas histórias que envolvem esse universo. Antes mesmo de escolher qual profissão eu queria seguir, eu sempre soube que queria lidar com saúde da mulher e eu acredito que a história dela tenha bastante influência sobre isso, pois sempre admirei todo o legado construído por ela e como isso tinha um impacto sobre a vida daquelas pessoas”, comentou a bisneta de Maria Correia.
A futura enfermeira fala com carinho sobre essa referência tão especial, que ultrapassa gerações. “Quando comento que sou bisneta dela, as pessoas, geralmente mais velhas, têm algum comentário a fazer, sobre como ela ajudava as pessoas e principalmente as mulheres. E assim tento carregar isso como um propósito, de ser útil de alguma forma pra sociedade”, finalizou Lara Beatriz. Com uma história tão bonita de cuidado e atenção à saúde materna, o Hospital da Mulher Parteira Maria Correia já nasce com um propósito forte.
Ir ao encontro das pessoas, conversar e descobrir o impacto da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern) em suas vidas. Vivenciar momentos que reforçam o perfil adotado pela Uern - uma instituição socialmente referenciada, inclusiva e includente, comprometida com a comunidade e com as próximas gerações.
A reitora Dra. Cicília Maia percorreu as cidades onde a Uern possui Campus - Assú, Caicó, Natal, Patu, Pau dos Ferros e Mossoró - para conversar com as pessoas, não necessariamente que estudam ou que estudaram na Uern, mas que possuem algum vínculo - seja por meio de um parente ou por fazer parte de algum projeto de extensão.
Nossa primeira parada foi em Caicó, ao lado da professora Shirlene Mafra, diretora do Campus, onde encontramos um grupo animado que faz parte do projeto “Vem ser idoso(a) na Uern”.
A cidade estava movimentada, era tempo de reverenciar e viver as festas de Sant’Ana. Em cidades do interior nordestino, com menos de 70 mil habitantes, como é o caso de Caicó, as festas populares de padroeiros são tradições que resistem ao tempo e mostram toda a beleza de quem valoriza sua terra e suas raízes.
Esse é o caso de um grupo cheio de experiências, sorrisos e histórias de vida. A reitora Cicília Maia foi ao encontro de
Maria do Rosário, 60 anos, Francisca Assis, 78 anos, Joana Pereira, 75 anos, Maria Elisabete, 66 anos, Maria Neuma, 77 anos, Maria Genoveva, 78 anos, Francisca dos Santos, 77 anos, Jucinete Brito, 60 anos, Teotonio
M aria H elenaMedeiros, 87 anos, Águida Dias, 72 anos, Francisca Lucina, 65 anos, Maria Helena, 63 anos, Maria Rosa, 76 anos e Bernardina, de 72 anos. Esse grupo animado faz parte do programa de extensão, “Memória, Identidade e formação social do sujeito: educação e o caráter social da vida humana na constituição do Self”, dos Departamentos de Filosofia e Enfermagem do Campus Caicó, sob a coordenação da professora Dra. Shirlene Mafra, diretora do Campus Caicó, e pelos docentes
Ma. Ana Lúcia Medeiros de França, Ma. Regilene Portela e Dr. Benjamim Julião de Góis, a psicopedagoga, Profa. Maria de Fátima Medeiros, a técnica do curso de Enfermagem, Maria da Paz Medeiros, e os estudantes Raiane Rúbia, Maria Cleania e Maria Clara (Filosofia), Karleandro Ulisses (Odonto) e Matheus Santos (Enfermagem), dentre outros colaboradores envolvidos.
O encontro aconteceu na Casa do Artesão de Caicó, no dia 30 de julho, sob a organização de Shirlene Mafra. Em comum, o grupo falou sobre a importância desse espaço de fala, dos encontros que possibilitaram novas amizades, o convívio com outras pessoas e a aproximação com a Universidade.
“Meu sonho é que esse projeto continue e cresça cada vez mais.
Meu sonho é que esse projeto continue e cresça cada vez mais. Aqui tive muito conhecimentoO encontro do grupo ocorreu na Casa do Artesão de Caicó (Foto: Ricardo Morais) Pórtico da Igreja de Sant'Ana (Foto: Ricardo Morais)
Aqui tive muito conhecimento”, afirmou Helena. Já Maria da Paz, uma das mais animadas do grupo, possui duas filhas com vínculo na Uern. Uma é enfermeira e outra está perto de se formar, também em Enfermagem. “Aqui a gente recebe muito afeto e carinho, sempre agradeço por estar aqui, um resgate até da fé”, afirmou Da Paz.
O momento foi de interação, mas de muita escuta por parte da reitora Cicília Maia. “Temos muito a aprender com a experiência dos idosos e o dever de acolher em suas necessidades, ter atenção e respeito”, destacou Cicília.
Vem ser idoso(a) na Uern
O projeto Vem ser idoso(a) na Uern iniciou suas atividades no primeiro semestre de 2018, idealizado pela professora Ma. Ana Lúcia de França Medeiros, com a participação das professoras Shirlene Mafra e Regilene Alves Portela. O projeto aproximou os conteúdos estudados no componente curricular Enfermagem no Processo Saúde-Doença na Terceira Idade, com a realidade, fortalecendo o processo de ensino.
O objetivo foi criar um espaço de diálogo que pudesse favorecer um encontro entre os estudantes do curso de Enfermagem e os idosos da comunidade, possibilitando a troca de experiências, a compreensão do processo de envelhecimento humano
e a inclusão social da pessoa idosa; uma maneira de resgatar a sua autonomia, de viver com dignidade de ser e estar saudável.
Dentre as ações e atividades realizadas, merece destaque a construção do “Jardim Terapêutico da Uern”, resultante do diálogo acerca do uso de plantas medicinais e fitoterápicos pelos idosos. Também é desenvolvida a construção da árvore da vida, momento de rememorar eventos significativos; transições da vida: um olhar para as diferentes mudanças que ocorrem em decorrência do envelhecimento humano, nos aspectos biopsicossociais e as adaptações necessárias para a promoção de um envelhecimento saudável e ativo.
Aqui a gente recebe muito afeto e carinho, sempre agradeço por estar aqui, um resgate até da féReitora conversa com integrantes do grupo (Foto: Ricardo Morais)
Oencontro no Campus de Pau dos Ferros foi com a jovem mãe Samara Lopes, 28 anos, estudante do curso de Enfermagem. A história de Samara inspirou a criação da assistente virtual Samy e também foi fundamental para o início de uma política de assistência estudantil de extrema relevância na Universidade, o Auxílio Creche.
Samara foi mãe aos 16 anos, mas em sua segunda gestação, quando já era estudante universitária, pensou em desistir do curso, pois não tinha com quem deixar sua bebê. Essa realidade é comum a jovens mães e pais, que muitas vezes não contam com rede de apoio e precisam optar entre os cuidados com os filhos ou estudo.
S a M ara l o P e S
Samara é mãe de Damitt Emanuel (12 anos), Sarah Emanuella (3 anos) e Anna Catarina (7 meses). Sem o auxílio creche dificilmente ela teria condições de continuar os estudos.
“Eu considero a Uern como minha segunda casa, uma família mesmo”, afirmou Samara, emocionada por receber da reitora Cicília Maia uma réplica da Samy.
Esse encontro contou com as presenças do então pró-reitor de
Eu considero a Uern como minha segunda casa, uma família mesmo
Pau dos Ferros Uma jovem mãe que teve apoio para continuar os estudos
Assuntos Estudantis, Erison Natécio, da pró-reitora adjunta de Assuntos Estudantis, Ana Angélica, e da ouvidora Séphora Nogueira.
“Quando a gente sente a dor do outro e se coloca verdadeiramente no lugar do outro, isso tem uma energia muito forte. Por isso que eu tenho dito à nossa equipe que é preciso a gente estar mais junto, mas é junto mesmo”, destacou a reitora.
Defensora da equidade de gênero, Cicília Maia afirmou que é preciso oportunizar às mulheres o acesso a este espaço de conhecimento e de transformação.
“Sabemos dos inúmeros desafios, mas eu acho que através desse exemplo a gente possa direcionar nossas ações no sentido de fazer o melhor pelo bem comum. Que a gente possa aprender com o outro”, complementou Cicília.
Auxílio-Creche
Aprovado pelo Conselho Diretor no dia 20 de outubro de 2020, o Programa Auxílio-Creche, proposto pela Prae, beneficia estudantes regularmente matriculados nos cursos de graduação com filhos de zero a cinco anos, que recebem auxílio financeiro para uso exclusivo com despesas com creche, pré-escola ou cuidador, assegurando a igualdade de condições no exercício das atividades acadêmicas.
Têm prioridade, estudantes em condição de vulnerabilidade social. Atualmente há cerca de 60 pessoas sendo atendidas com o auxílio.
Sabemos dos inúmeros desafios, mas eu acho que através desse exemplo a gente possa direcionar nossas ações no sentido de fazer o melhor pelo bem comum. Que a gente possa aprender com o outroC i C ília M aia Samy, assistente virtual da Uern ( Montagem: Pablo Allende)
Nada tão nordestino, tão da nossa região, quanto um trio de forró péde-serra ou uma quadrilha junina. Em junho de 2023, a imponente Serra do Lima foi testemunha do espetáculo que foi a recepção aos estudantes no início do semestre letivo na Uern Patu.
Percorrendo todas as salas de aula do campus, o Trio Jesuíno, projeto turístico e cultural que atua na cidade de Patu, convocou, ao som da sanfona, triângulo e zabumba, todas as turmas a participar do momento de acolhimento
preparado no auditório do Campus. A participação do grupo no acolhimento aos estudantes já está virando uma tradição, sempre levando alegria, animação e regionalidade, e enriquecendo de cultura popular a programação.
Missão cumprida mais uma vez, é hora de deixar a mensagem de incentivo aos estudantes, algo que “Jesuíno”, líder do grupo, faz questão de fazer ao final de cada apresentação. “A gente fica muito feliz em estar aqui. Vocês fazem parte do futuro do país. Vamos lá, dediquem-se
bastante, com muito carinho na profissão que vocês escolheram”.
Enquanto os estudantes participavam da programação no auditório, a quadra do Campus se vestia de povo. Aos poucos, uma verdadeira multidão chegava ao local para prestigiar outro espetáculo: o Pré-São João da Companhia Cultural Pé de Serra, tradicional quadrilha junina de Patu que escolheu a Uern como palco para a apresentação de seu espetáculo à comunidade, após dois anos de pandemia. Em meio a um abraço apertado
A gente fica muito feliz em estar aqui. Vocês fazem parte do futuro do país. Vamos lá, dediquem-se bastante, com muito carinho na profissão que vocês escolheraml íder do Trio "J e S uíno" Grupo musical acolhe turmas de Patu (Foto: Luziária Machado) "J e S uíno", l íder do Trio
à reitora Cicília Maia e à equipe da Uern, o vice-presidente, marcador e coreógrafo da Companhia Pé de Serra, Gil Patu, agradeceu o apoio dado pela professora Cláudia Tomé e pelo professor Benedito Manoel, diretora e vice-diretor do Campus Patu e pela Uern. “Foram dois anos de pandemia, dois anos difíceis, em que estivemos afastados de tudo. Nesse período fizemos vídeos na internet, sempre na esperança de que tudo aquilo ia passar e que a gente estaria de volta e cada vez mais unidos. Quero aqui agradecer à Uern por todo o apoio à nossa quadrilha, cedendo espaço para os ensaios e para essa apresentação, do jeito que a gente gosta, bem pertinho da comunidade. Gratidão a todos que fazem a Uern e à população de Patu que sempre nos apoiou e incentivou nosso trabalho”.
A integração com a comunidade é uma das características da Uern Patu. Sendo a única Instituição de Ensino Superior (IES) pública no município, a Uern assume a responsabilidade da democratização do ensino superior, da pesquisa e da extensão. O impacto da presença da Uern tem relação íntima com
o desenvolvimento da região. “Quando a gente fala em Patu, a gente não fala só em Patu, mas em uma série de cidades circunvizinhas, até mesmo de outros
estados, que estão ancoradas nesse Campus. E é onde começa toda a nossa energia, de troca de saberes, de troca de conhecimento, de troca de experiências, de troca de vivências. É muito bonito ver essa integração da sociedade com a nossa comunidade universitária. Fico muito feliz quando chego no campus e vejo essa integração. E aqui é um exemplo que devemos levar para outros espaços da nossa universidade”, diz a reitora.
Quero aqui agradecer à Uern por todo o apoio à nossa quadrilha, cedendo espaço para os ensaios e para essa apresentação, do jeito que a gente gosta, bem pertinho da comunidade. Gratidão a todos que fazem a Uern e à população de PatuQuadrilha junina "Companhia Pé de Serra" na Uern Patu (Foto: Luziária Machado) Equipe Uern e Gil Patu, coreógrafo (Foto: Luziária Machado)
Ú nica universidade no Estado do Rio Grande do Norte a aderir ao Programa Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (Parfor), conduzido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior (Capes), a Uern é responsável pela formação de professores em exercício na rede pública que não possuem curso superior ou que lecionam em área diferente da sua formação.
No Campus de Assú, a presença do Parfor nas áreas de Pedagogia e Educação Física tem feito a diferença na educação pública da região. A reitora Cicília Maia conversou com representantes das turmas concluintes do Parfor Assú e com a coordenadora do programa, professora Ma. Nalígia Bezerra.
O encontro contou com a participação de Glícia Soares, Maria dos Navegantes e Lídia Cabral, da primeira turma de Pedagogia (2014); Edenilson Torres, da primeira turma de Educação Física (2014); Jackeline Gomes, Pedagogia (2017) e Cleiane Araújo, Pedagogia (2022).
Com histórias de vida completamente diferentes, em comum, essas pessoas têm, além do Parfor, o amor pela educação e a vontade incessante de fazer sempre mais pelos seus alunos.
e denil S on Torre S
Edenilson trabalhava em uma escola em Assú como coordenador quando veio a oportunidade de ingressar no Parfor, em Educação Física. A experiência em sala de aula e o acolhimento dos estudantes, ainda durante o estágio, que esperavam até o último horário para ter a aula de educação física, marcaram a sua vida profissional. “Os alunos não tinham
Os alunos não tinham aulas de educação física porque não tinha professor. E quando eu cheguei na escola como estagiário, a animação foi grande. (...) A alegria e o olhar daquelas crianças, daqueles jovens, me marcou e eu sabia que era aquilo mesmo que eu queria. O Parfor foi a luz que faltava no nosso município
aulas de educação física porque não tinha professor. E quando eu cheguei na escola como estagiário, a animação foi grande. Todo mundo ficava esperando pelas aulas de educação. A alegria e o olhar daquelas crianças, daqueles jovens, me marcou e eu sabia que era aquilo mesmo que eu queria. O Parfor foi a luz que faltava no nosso município”.
Diferente de Edenilson, Glícia já possuía uma formação acadêmica. Era licenciada em História, também pela Uern, e apesar de nunca ter pensado em cursar Pedagogia, acabou sendo selecionada e encontrou-se na nova formação. Para ela, é um orgulho ter dois diplomas da Uern. “O nome Uern tem um peso muito grande, e eu lembro que quando passei para História, ainda muito jovem, muitas pessoas ficaram admiradas e perguntavam como eu tinha conseguido passar na Uern porque é preciso ter um grande conhecimento para conseguir passar aqui. Hoje a minha cidade, Itajá, tem uma grande quantidade de pessoas formadas pelo Parfor, pela Uern, e a gente tem uma gratidão enorme por essa oportunidade”, destaca.
Cleiane acabou de receber o diploma também em Pedagogia. Sua trajetória é semelhante à de muitas mulheres, que precisam conciliar as atividades acadêmicas com as responsabilidades da maternidade. Muitas vezes foi preciso levar seu filho para a Universidade para não perder as aulas. E sempre contou com a compreensão e a empatia dos colegas e professores. “Foi maravilhoso.
Tive professores maravilhosos, que me ajudaram bastante e que eu guardarei para sempre no meu coração. Aprendi muito durante o curso, e não quero parar. Quero sempre continuar! Já fiz uma pós-graduação, estou pretendendo fazer outra em breve, quem sabe eu consiga na Uern, porque Uern é Uern”.
Concluir o curso também não foi tarefa fácil para Navegantes. Durante o curso, ela precisou administrar as aulas com sérios problemas de saúde em sua família. Apesar das dificuldades, não desistiu e como Cleiane, já concluiu uma pós-graduação e tenta ingressar no mestrado. “Meu sonho era estudar na Uern. Comecei meu curso em uma faculdade particular, mas desisti. Ainda bem, porque a formação que eu recebi no Parfor me transformou. Sou a única que conseguiu se formar lá em casa, apesar de ter enfrentado um período
muito difícil na minha vida, não desisti, confiei, sou professora, já fiz uma pós e agora estou partindo para o mestrado, se Deus quiser”.
Jackeline sonhava desde muito cedo em ser professora. Aos 14 anos ingressou no magistério, tão
cedo, que foi preciso autorização de seu pai para realizar o curso. Já atuando em sala de aula, veio a oportunidade de se inscrever em Pedagogia no Parfor, e conseguiu estar entre as selecionadas, motivo de orgulho para seu pai, que sonhava que a filha estudasse na Uern. Todo a experiência adquirida ao longo do tempo em sala de aula precisava de um direcionamento, obtido através do Parfor. “Escutar de um pai, de uma mãe, meu filho aprendeu a ler com a professora Jackeline não tem preço, não tem dinheiro que pague esse reconhecimento. Foi o Parfor que me transformou em um profissional melhor”.
Lídia também foi da primeira turma de Pedagogia do Parfor. Antes de ingressar, já havia tentado outro curso em uma faculdade privada, no entanto, não conseguiu concluir. Quando chegou a oportunidade de participar do Parfor na Uern, era para ela a realização de um sonho, e apesar de muitos desacreditarem de sua capacidade e persistência para concluir o curso, nunca faltou a um dia sequer de aula. “O Parfor foi tudo na minha vida. Entrar na Uern era
O Parfor/Uern tem um nome reconhecido, de respeito junto à Capes, e isso é resultado de muito trabalho, que envolve toda a universidade
n alí G ia B ezerraReitora Cicília Maia (Foto: Luziária Machado)
o meu sonho, que parecia difícil de ser alcançado, mas eu sempre repetia para mim mesma: Deus provê, Deus proverá. A oportunidade do Parfor surgiu quando eu estava com uma bebê de quatro meses de idade, ainda amamentando, mas eu sabia bem o que eu queria e quando coloquei meus pés na Uern, como aluna matriculada, foi o orgulho da minha vida. Meu marido, meus professores, familiares, colegas de trabalho, sempre me incentivaram e assim que terminei o curso já iniciei uma pós, também pela Uern, só tenho a agradecer”.
O relato emocionado dos egressos do Parfor Assú traduz a missão da Uern, enquanto universidade socialmente referenciada, em contribuir com a formação de professores que atuam na educação básica no interior do Rio Grande do Norte. A instituição é responsável pela formação de aproximadamente 90% dos professores da educação básica no Estado. Esse impacto é ainda maior quando se avalia o aspecto multiplicador da educação.
Enquanto coordenadora do programa, a professora Nalígia Bezerra destaca a qualidade do trabalho que é desenvolvido e o reflexo dese trabalho na Capes. “O Parfor/ Uern tem um nome reconhecido, de respeito junto à Capes, e isso é resultado de muito trabalho, que envolve toda a universidade,
da reitora até chegar a vocês, alunos. A Uern, quando aceita participar do programa, está buscando cumprir, mais uma vez seu papel, que é dessa formação inicial para esses professores que estão em serviço e no Rio Grande do Norte, nenhuma outra universidade quis trabalhar com o Parfor”.
A reitora Cicília Maia relembra que foi a Uern a instituição que interiorizou o ensino superior no Rio Grande do Norte, ainda na década de 1960. Mais recentemente a Universidade iniciou o processo de interiorização também da pós-graduação. “Isso para a gente é muito significativo porque de fato, a gente sabe que a nossa Universidade é responsável por esta formação. O depoimento de vocês me levou a refletir que, se pegarmos o caso isolado de cada, no momento em que vocês chegam na Universidade com esse olhar sistematizado, fica difícil mensurar o impacto do Parfor, já que não é somente na vida de vocês que ele impacta, mas através de vocês, impacta diretamente na vida de seus alunos e das famílias desses alunos”.
Meu sonho era estudar na Uern. Comecei meu curso em uma faculdade particular, mas desisti. Ainda bem, porque a formação que eu recebi no Parfor me transformouEm reunião com a reitora, represenantes destacam a importância do Parfor para a região (Foto: Luziária Machado)
Localizada no coração da Zona Norte de Natal, o campus da Uern é a única Instituição de Educação Superior (IES) pública a atuar na localidade. Com uma vocação para a extensão, especialmente através da arte e da educação, o Campus conta com uma série de projetos e ações voltados para a comunidade que reside e/ou trabalha em seu entorno.
Em visita ao Campus, a reitora Cicília Maia conversou com Tiago Campos, integrante do grupo Cinese, de dança
contemporânea; com David Fonseca, do grupo Baobá, de teatro; com Dona Marlene Santana, da Fundação Julieta Barros e com a professora Irene van den Berg, coordenadora da Escola de Extensão da Uern (Educa), unidade responsável por organizar e gerenciar a oferta de cursos e atividades de extensão no campus de Natal.
Tiago mora próximo à Uern Natal e conheceu o grupo Cinese a partir de outros integrantes do grupo. Ao assistir o espetáculo Pindorama, ele, que nunca imaginou fazer parte de um projeto artístico de dança contemporânea, ou qualquer outro projeto artístico, resolveu
ingressar no grupo, buscando uma forma de se expressar através de seu corpo. Como pessoa trans, Tiago encontrou no Cinese uma forma de se entender, de entender seu corpo e saber que ele pode ser incluso e está apto a fazer qualquer atividade. “Eu posso dizer com propriedade que a arte salvou a minha vida. Eu estava perdido, ansioso, e quando eu entrei em contato com o Cinese, eu pude entrar em contato também com a minha sensibilidade, e fiz isso com uma forma totalmente ligada com o social, com a forma como eu queria que as pessoas me chamassem. Eu pude explorar o meu corpo, explorar minha sensibilidade. Todas as pessoas
Ter esse conjunto trabalhando para que a arte chegue até a comunidade, chegue até as cidades localizadas no interior do estado, é muito revigorante, é mais forte que qualquer coisa
como eu, ou diferentes de mim, que estejam inseridas nessa multiplicidade de identidades também conseguem ser inseridas nesse tipo de projeto”.
O grupo Cinese existe desde 2018 com a proposta de incluir a diversidade. Seu edital de seleção passou a ter expressamente o termo “pessoas trans” entre o perfil dos candidatos. Essa simples atitude foi vista como um convite à participação no grupo. “Não é que antes as pessoas trans não pudessem participar do grupo Cinese, é que ao colocar expressamente no edital, essas pessoas se sentiram convidadas a participar do grupo. Muitas vezes esses corpos estão silenciados e a dança, especialmente a dança contemporânea, promove a experiência de experimentar seu próprio corpo, de desafiar o corpo, seja de uma pessoa trans, ou de uma mulher madura, negra, periférica, como temos muitas com esse perfil também no grupo”, explica a professora Irene, coordenadora da Educa.
David também morava no entorno do campus de Natal quando ingressou nas oficinas de teatro da Educa. Ele já buscava ingressar em um curso de teatro, porém não havia encontrado ainda uma opção acessível, do ponto de vista financeiro e da própria localização, uma vez que não existiam grupos de teatro na Zona Norte da capital. A partir das oficinas surgiu o grupo Baobá, no qual ele está desde o início. Hoje ele é aluno do curso superior de Teatro da UFRN, já não mora próximo ao Campus da Uern, mas continua no grupo. “Subir no palco pela primeira vez, no espetáculo “O Santo e a Porca”, foi um
divisor de águas na minha vida. Naquele momento eu me encontrei aqui. Eu sabia que era o que eu queria fazer o resto da minha vida. A gente levar a arte para as pessoas e ter esse conjunto trabalhando para que a arte chegue até a comunidade, chegue até as cidades localizadas no interior do estado, é muito revigorante, é mais forte que qualquer coisa”.
No Baobá, além das técnicas do teatro, são trabalhadas também outras características que são fundamentais para o artista: a produção e a captação de recursos via projetos culturais para a realização dos espetáculos, que reflete também na formação dos profissionais.
“Muitas vezes a universidade é o espaço que a população dispõe para o encontro com a arte e com a cultura. Me chamou a atenção quando uma estudante nossa, em um evento que participamos em Mossoró, me disse emocionada, que aquela era a primeira vez que ela entrava em um teatro. Eu entrei com ela no teatro, mas aquela fala me tocou de uma forma muito especial e me fez refletir que eu, enquanto aluna de graduação, também passei a ter contato com artistas, com a arte e a cultura, aqui, na própria Universidade. E tenho certeza de que essa é a realidade de muitos estudantes. É por isso que tenho muito orgulho em dizer que a nossa Universidade é espaço que acolhe as pessoas em condições de vulnerabilidade”, afirmou a reitora Cicília Maia.
Após o momento com os meninos do grupo Cinese e do grupo Baobá, a reitora visitou a sede da Fundação Julieta Barros
e do Grupo de Artesanato Rosa Mística, que funciona em frente ao Campus da Uern. Ela conversou com a simpática Dona Marlene, presidente da Fundação que reúne aproximadamente 50 idosos e é parceira da Universidade através de vários projetos, como o Catavento e o Reciclar e Inovar. “A associação cresceu bastante com a parceria com a Uern. Conseguimos recursos através da Lei Adir Blanc graças ao apoio que a Universidade nos deu no sentido de elaborar o projeto e a partir daí conseguimos comprar mesas, tendas, cadeiras, reformar os banheiros para torná-los acessíveis. Participamos de diversos cursos nas áreas de informática, dança, teatro. Só tenho a agradecer à Uern porque tudo o que a gente procura, a gente encontra acolhimento lá”, afirmou Dona Marlene.
A associação comercializa produtos de artesanato, como o sabão ecológico, que começou a ser produzido através de capacitações do Projeto Reciclar e Inovar. Já a Catavento tem apoiado a associação através de ações no sentido de como empreender, precificar, agregar valor ao produto, divulgação, entre outros.
“Através dessa parceria conseguimos ver a integração realmente acontecendo, conseguimos identificar através dessa parceria a pesquisa, a extensão, a inovação e empreendedorismo. Você vê, de verdade, a integração com a sociedade. Tudo isso tendo a Universidade como esse equipamento de transformação e oportunidade. E isso é muito significativo para nós, porque entendemos que é fundamental que a sociedade tenha essa visão de que ela pode e deve se alimentar da própria estrutura acadêmica, da própria estrutura universitária, e nós ficamos bastante satisfeitos quando vemos tudo isso acontecendo”, finalizou a reitora.
tenho a
à Uern porque tudo o que a gente procura, a gente encontra acolhimento lá
Oanalfabetismo é ainda uma realidade no Rio Grande do Norte e no Brasil. Escrever o próprio nome, ler uma palavra ou uma frase pode parecer simples, no entanto, é um direito negado a uma considerável parcela da população.
No bairro Barrocas, em Mossoró, através de parceria com a Fundação Casa do Caminho, a Uern tem atuado junto a idosos para mudar essa realidade.
Através do projeto Uern Ação, a professora Anairam Medeiros tem apresentado o mundo das letras a um grupo de idosos que acreditam que nunca é tarde para aprender. Em apenas oito meses, o grupo fez uma belíssima apresentação em forma de jogral no Teatro Municipal Dix-huit Rosado.
As motivações para aprender a ler e escrever são muitas, desde ajudar os netos na tarefa das escolas até ter a autonomia para assinar um documento. Uma dessas idosas, Dona Maria de Fátima Gomes, tinha um objetivo muito claro: aprender a escrever seu próprio nome para que, ao comprar a sua tão sonhada casa própria, pudesse assinar o contrato. “Eu aprendi a escrever meu nome, mas como nos meus documentos só tinha o dedo, não pude assinar. Mas valeu a pena porque foi a motivação que eu precisava e agora não quero mais parar de aprender”.
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Outro relato emocionante é o de Dona Maria da Conceição Soares. “Minha filha acabou de se formar e eu consegui ler tudo o que estava lá escrito, e antes eu não conseguia. Ficava muito tempo tentando juntar as letras para tentar entender, e de repente, olhei e já li tudo
MOSSORÓ Um novo despertar através do mundo das letrasIdosas aprendem a ler no projeto Uern em Ação (Foto: Luziária Machado)
Minha filha acabou de se formar e eu consegui ler tudo o que estava lá escrito, e antes eu não conseguia. Ficava muito tempo tentando juntar as letras para tentar entender, e de repente, olhei e já li tudo correto. Foi a felicidade da minha filha estar se formando e a felicidade de eu ler tudo o que tava no quadro
correto. Foi a felicidade da minha filha estar se formando e a felicidade de eu ler tudo o que tava no quadro. Só tenho a agradecer a Deus e à oportunidade que vocês estão trazendo para nós”, comenta.
O fato da Universidade ir ao encontro da comunidade foi primordial para que essas idosas tivessem a oportunidade
de participar do projeto. Dona Raimunda Freire afirma que tinha vergonha de ir para a escola aprender a ler, mas na Fundação, conseguiu alcançar seu sonho. “Se dissesse assim, vocês vão para o colégio. A gente não ia, porque a gente tinha vergonha de ir lá para o colégio e se misturar com um bocado de jovens. E aqui, na Fundação, é a nossa casa, porque há muitos anos a gente convive aqui. Nós agradecemos demais vocês terem vindo aqui para a nossa Casa do Caminho”.
Para a professora Anairam, chamada carinhosamente na turma por professora Ana, a experiência e o contato com essas mulheres tem ressignificado sua trajetória enquanto educadora. “Essa é a nossa turminha. É aqui que eu fico toda quarta e sexta e na minha semana, é o melhor momento. Aqui a gente consegue ver o impacto da educação, do mundo das letras, na vida das pessoas. É uma experiência desafiadora mas também muito prazerosa. Eu aprendo muito mais do que ensino com essas mulheres maravilhosas”.
A reitora Cicília Maia diz que: "não é só o fato de vocês começarem a ler uma palavra. É o que esse ato de coragem vai representar em casa, na igreja, no círculo de amizade de vocês. Através
das experiências de vocês, a gente leva uma força, uma energia, que vocês não tem noção. A idade não foi um limitador para vocês terem vontade de aprender algo novo. Quando a gente olha para cada uma de vocês, a gente se inspira. Vocês são inspiração para a gente. Para a professora Ana, para Cicília e para todos aqueles e aquelas que vêm aqui no projeto conhecer um pouquinho de cada um de vocês. A gente consegue ver como vocês são sensíveis e fortes ao mesmo tempo! Muito obrigada a todas vocês por entenderem que essa universidade, de alguma forma, pode transformar a vida de vocês", destaca a reitora.
Essa é a nossa turminha. É aqui que eu fico toda quarta e sexta e na minha semana, é o melhor momento. Aqui a gente consegue ver o impacto da educação, do mundo das letras, na vida das pessoas. É uma experiência desafiadora mas também muito prazerosaa naira M de M edeiro S Reitora presenteia aluna (Foto: Luziária Machado)
Senhoras com idades entre 46 e 74 anos e histórias de superação aprenderam a ler e a escrever graças ao Uern Ação, um dos 273 projetos de Extensão institucionalizados na Universidade, que vêm transformando vidas
Juntas as letras formam sílabas, palavras, frases inteiras, poesia, uma narrativa e dão sentido a tudo, ou quase tudo. É comum tropeçar nas palavras, mas não poder entender o que elas significam é uma ferida aberta que atinge quase 12 milhões de brasileiros analfabetos, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) de 2021. Ler e escrever, ações que parecem ser tão básicas, ainda são inacessíveis a muitas pessoas.
Graças ao projeto Uern Ação, da Pró-Reitoria de Extensão (Proex) da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern), Raimunda, Maria Luzia, Jozineide e mais outras 18 mulheres, moradoras de bairros periféricos de Mossoró, deixaram para trás essa dificuldade e passaram a ter intimidade com a leitura e escrita, que lhes foram negadas, por uma série de razões, ao longo das suas vidas.
Conhecidas como “as meninas de Ana”, uma referência carinhosa à professora Anairam de Medeiros e Silva, um nome incomum e de difícil pronúncia, as alunas com idades variando entre 46 e 74 anos dividiram uma vez por semana, na Oficina de Leitura e Escrita, uma sala de aula na Fundação Casa do Caminho, no bairro Barrocas, que é, desde março de 2022, um novo polo de realização das atividades do Uern Ação.
Aos sete anos de idade, dois anos depois de perder a mãe, Raimunda Freire de Paiva teve que ajudar o pai e seus nove irmãos na roça para tirar o sustento da família. A escola, longe e de difícil acesso, foi ficando para depois. A oportunidade de ler e escrever só veio agora aos 71 anos.
“Depois de grande, aqui e acolá, a gente ia à escola, passava um mês, parava, nunca dava pra aprender muito. O que aprendi foi na base da curiosidade, de pegar um papel, ficar olhando, conhecendo as letras, mas não conseguia entender direito. Escrever, só sabia com até duas sílabas. Mas sempre tive o desejo de aprender e aí veio essa
oportunidade, estou gostando muito, aprendendo a completar as palavras, a saber ler e escrever. Não sei de tudo ainda, mas estou aprendendo”, disse orgulhosa.
Ao mesmo tempo em que quer compreender melhor o que diz a Bíblia, sua fonte de leitura preferida, Raimunda já sabe o que vai fazer depois de ter criado familiaridade com as palavras. “Vou tirar meu dinheiro no caixa ou no banco sozinha, sem precisar de ninguém”, disse aos risos. Ensinar os netos com o dever de casa é o seu outro objetivo. “Com as oportunidades que estou tendo, vou conseguir. Nunca é tarde pra gente aprender”, completou.
Empregada doméstica desde os oito anos, Jozineide Feliciano da Silva Alves demorou quase 42 anos para aprender a ler e a escrever. Com 50 anos e ainda exercendo a mesma profissão, com muito orgulho, salienta, a moradora do bairro Barrocas está muito feliz com o sonho realizado.
“Já cheguei até chorar por não saber ler e escrever. Tive que trabalhar desde muito pequena, casei nova, depois criei meus três filhos sozinha e nunca tive a chance de estudar, que é importante pra tudo, até pra gente saber falar melhor. Depois que eu aprendi aqui foi uma alegria muito grande, olhar para meus filhos e dizer ‘eu consegui’. Quero aprender mais e mais. Esse projeto representa tudo de bom, estou maravilhosamente feliz. E eu digo sempre às meninas que não vamos parar, vamos continuar”, disse emocionada.
Quando o rio transbordava no inverno e a travessia só poderia ser feita com a disponibilidade do tio e sua canoa, Maria Luzia da Silveira não tinha como ir à escola com os irmãos. Ter que trabalhar na roça no sítio Cajazeiras, zona rural de Mossoró, ajudando a família era outro obstáculo. Somente agora, aos 44 anos, ela pôde, enfim, frequentar uma sala de aula com mais empenho.
“A dificuldade era muito grande, não tinha transporte, escola era longe, meu tio tinha que trabalhar e não dava pra atravessar a gente sempre. Por conta disso, reprovei várias vezes e, com 16 anos, já grande e na sala com crianças pequenas, desisti de estudar, ainda mais porque tinha que ajudar em casa. Eu só sabia escrever meu nome e não sabia ler nada. Para ir aos lugares eu saía perguntando. Depois dessa oportunidade maravilhosa, eu aprendi a ler e a escrever e vou para todo canto sozinha, sem perguntar nada a ninguém. Hoje eu posso até ajudar meu filho nas tarefas da escola. Hoje estou nas nuvens”, relatou.
O sentimento da professora Anairam é de realização, por ter proposto o desafio à Proex e ver, no dia a dia, que todo o empenho rendeu muitos bons frutos. Ao ensinar, ela também aprende uma lição valiosa.
“Uma coisa que é tão simples pra gente na Universidade [ler e escrever], aqui foi motivo de muita alegria. Além da questão pedagógica, nós criamos uma relação de afetividade. O momento que
passo com elas procuro fazer com que seja agradável para elas e para mim. Passamos uma hora ensinando e aprendendo numa relação muito boa de momentos alegres, de respeito, em que elas se permitem sorrir, brincar. Ao final da aula eu me sinto realizada, porque foi além do pedagógico e isso me alimenta enquanto pessoa, enquanto ser humano. É uma satisfação imensa saber que contribuí um pouquinho com o outro”, destaca a docente.
No polo Projeto Esperança Padre Guido Tonelotto, há mais tempo parceira da Universidade na realização do Uern Ação, histórias semelhantes de superação e mudanças de vida são comuns por lá. Com as atividades, já foram beneficiadas mais de 600 crianças e adolescentes das regiões do entorno da Paróquia de São José com aulas gratuitas de dança, teatro, instrumentos musicais e oficinas diversas.
O Uern Ação segue em crescimento. No final de setembro, foi firmado um termo de cooperação com a Casa Assistencial Nosso Lar (CANLar), localizada no bairro Aeroporto, para ser um novo polo para o desenvolvimento de aulas de ballet, violão, flauta e coral para crianças e idosos.
Mais próxima da sociedade É através da extensão, que com o ensino e a pesquisa formam os pilares de sustentação de uma universidade, que as instituições de
A história da Proex, que completará 50 anos de existência em junho de 2023, se confunde com a história da Uern, com seus recém-completados 54 anos em 28 de setembro último. São incontáveis os casos de transformações proporcionados pela extensão.
ensino superior conseguem se aproximar ainda mais da comunidade onde está inserida, a exemplo do Uern Ação.
Atualmente, a Proex contabiliza mais de 270 ações de extensão institucionalizadas. São eventos, formações, cursos, lives, atendimentos em saúde, capacitações, entre tantas ações, que vêm sendo conduzidas, orientadas ou apoiadas pela Pró-Reitoria em parceria com departamentos, faculdades e demais próreitorias em todos os campi da Instituição.
Aulas de capoeira, iniciativas de combate às drogas nas escolas, empreendedorismo e soluções jurídicas, diálogos sobre o luto, higiene, formação social, educação musical, laboratório de comunicação, saúde mental, atuação em escolas públicas, acessibilidade, ambulatórios de saúde, festival de teatro, grupo de dança e teatro, resgate e tratamento de animais marinhos, produção de sementes, vacinação e práticas integrativas são algumas das dezenas de ações em execução.
É a Uern levando à comunidade os saberes desenvolvidos em seus espaços e prestando auxílio à população. A comunidade retribui compartilhando seus conhecimentos e experiências, de forma que sua atuação se dá em conjunto na defesa e desenvolvimento da educação e da sociedade como um todo.
“No último ano, intensificamos o trabalho da extensão universitária, principalmente na aproximação da Universidade com as comunidades, por entender que esse trabalho deve ser permanente e que ele é uma base para o desenvolvimento da extensão da Universidade junto aos grupos que estão nas comunidades, estão aprendendo com esses grupos, construindo com esses grupos e também apresentando soluções para problemas que as comunidades tenham”, comentou o titular da Proex, professor Ms. Esdras Marchezan.
A atuação tem acontecido em parceria com instituições de educação, terceiro setor, além da própria comunidade interna, no sentido de fomentar projetos e ações de extensão e a prática cultural e artística dentro e fora da Universidade.
“É nossa missão fortalecer a extensão nessa relação direta com o ensino e com a pesquisa e criando oportunidades para que mais pessoas possam participar do dia a dia da Universidade por meio de ações extensionistas”, completou o pró-reitor.
Transformar vidas e mudar realidades é o que de melhor a Uern sabe fazer, dentro e fora dos seus muros.
Com relação direta, seja como estudantes ou servidores, avó, filho e neto presenciam os acontecimentos mais marcantes nos 54 anos de história da Instituição, desde a sua função em 1968 até a conquista da autonomia financeira
No dia 28 de setembro de 1968, a jovem mãe Alice Tavares ouvia no rádio a notícia de que, naquele dia, seria fundada a Universidade Regional do Rio Grande do Norte (URRN), unindo as Faculdades de Ciências Econômicas e Serviço Social com a Escola Superior de Enfermagem e Instituto de Filosofia, Ciências e Letras de Mossoró.
Ao saber disso, ela se emocionou porque sabia que aquilo mudaria a vida de muita gente, sem se dar conta de que aquela decisão, capitaneada pelo então prefeito de Mossoró Raimundo Soares de Souza, mudaria o destino da família dela por completo com o passar do tempo.
Criação
“Torcia muito para que Mossoró tivesse uma universidade”, relembra.
Já mãe de três filhos, que viriam a se tornar alunos e uma servidora de carreira da hoje Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern), essa testemunha ocular da história da instituição só se ligaria oficialmente à ainda Universidade Regional do Rio Grande do Norte (URRN) em 28 de abril de 1976 como servidora técnica administrativa.
Foram três filhos, um neto e o marido (José de Arimatéa Melo) graduados na Uern.
A servidora de carreira, sua filha Isolina Melo, trabalhou por 28 anos na Universidade, sendo 16 deles à frente do Cerimonial. Ela conta que a relação da família com a instituição antecede a entrada de sua mãe.
“Começou com minha tia Ritinha, Maria Rita Tavares de Góes, que morreu em 2022. Através dela, minha mãe entrou na antiga FURRN (sigla que acrescentava a Fundação à Universidade Regional do RN). Eu via o quanto elas amavam a Uern e a luta delas datilografando os cheques para fazer os pagamentos de salários atrasados”, lembra.
“Era um amor e uma dedicação muito grande de mamãe. Ia trabalhar doente e nunca faltou a um dia de trabalho”, conta.
Isolina se tornaria referência nacional na área de cerimonial e até hoje participa de conselhos nesta área. “Vivi abnegadamente pela Instituição. Foram anos maravilhosos, de amizades e aprendizados”, diz. “Mesmo longe (hoje mora na Itália), fico torcendo e vibro com cada conquista como a lista tríplice, a autonomia e o plano de cargos. A Uern sempre será minha casa”, declarou.
Mas até a conclusão do ciclo de conquistas, a Uern viveu tempos difíceis de uma universidade municipal que precisava cobrar mensalidades para se manter.
Uma das dificuldades ressurge com Alice reforçando as palavras de Isolina sobre o quanto era difícil lidar com os atrasos salariais dos tempos pré-estadualização.
“Trabalhava na contabilidade e era um choro só. A Universidade era paga e os alunos atrasavam e a gente ficava seis meses sem receber. Quando doutor Vingt (o então deputado federal Vingt Rosado) chegava, a gente já ficava feliz porque sabia que ele tinha conseguido alguma verba em Brasília para pagar os nossos salários”, relembra.
Dali a dois anos começaria a história do nosso segundo personagem: Fábio Bentes, terceiro filho de Alice que também viria a ser aluno e servidor da instituição. Por nove meses, enquanto era gerado, ele participou das rotinas de uma universidade que lutava para sobreviver tendo Alice como uma de suas servidoras mais empenhadas.
Eram tempos complicados em que os problemas da então URRN se cruzavam com os de Mossoró. “Ficava numa mangueira na Presidente Dutra (antes da duplicação) esperando por uma carona para poder ir trabalhar. Era um tempo em que não tinha a Avenida Jerônimo DixNeuf Rosado (conhecida como LesteOeste) e era mais difícil quando precisava sair do Epílogo para o Campus”, conta.
Enquanto os filhos mais velhos de Alice cresciam para se tornarem alunos e depois servidores da Uern, aconteceu o segundo marco da instituição: a estadualização capitaneada pelo
então reitor padre Sátiro Cavalcanti. Foi um momento histórico, ocorrido entre os anos de 1986 e 1987, de união da ainda URRN e que mudaria para sempre a história da educação potiguar.
“A estadualização foi a minha maior alegria. Lembro como hoje que saímos em passeata da Igreja do Perpétuo Socorro para a Igreja de Santa Clara em procissão para agradecer. Ninguém acreditava que isso poderia acontecer e aconteceu. A gente sabia que essa mudança acabaria com esse sofrimento”, relembra emocionada.
Dali a seis anos surgiria um novo desafio: ser reconhecida como universidade pelo Ministério da Educação. O esforço mobilizou toda a Universidade e resultou na Portaria Ministerial No 874, de 17 de junho de 1993, e Decreto No 83.857, de 15 de agosto de 1993, assinados pelo ministro Murílio de Avellar Hingel. “Foi outra alegria muito grande”, conta Alice. Em meio a esses avanços que foram sendo conquistados,
novos integrantes da família foram se firmando como servidores da Uern através de concursos públicos.
Fábio Bentes, filho mais novo de Alice, carrega uma relação com a Uern desde quando estava no útero da mãe, indo da condição de estudante graduado e pósgraduado em Educação Física à de servidor.
“Eu tenho uma visão de quem viveu tudo isso. Eu via o sofrimento da minha mãe para receber salário. Como estudante, encarei a realidade melhor já com a Leste Oeste facilitando o acesso e vi a construção do nosso ginásio, mas ainda assim eram muitas dificuldades e era bem diferente de hoje. Achar uma sala com ventilador era difícil. Hoje a regra são salas climatizadas. Hoje tem aluno indo de moletom para as aulas”, rememora. “A Uern está longe de ser perfeita, mas melhorou muito e está superando um momento em que sofreu demais”, complementa.
Alice se aposentou em 2006 quando Fábio já tinha três anos de casa. Seria ele, a partir dali, a testemunha ocular dos novos marcos da Uern que demoraram a sair, mas vieram todos em curtíssimo período, com o ciclo se iniciando em 2018, quando transcorreu o recredenciamento que mobilizou toda a instituição.
“Foi uma época muito tensa porque a Uern seria avaliada em sua infraestrutura, não só pela qualidade inquestionável de seus cursos”, lembra Fábio. “A gente não tinha dinheiro e tudo era uma confusão porque havia o medo de por causa de uma instalação elétrica com problemas a gente ser reprovado”, acrescenta.
Recredenciar a Instituição foi um momento de união cujo resultado foi bastante comemorado na época. “Foram dadas todas as condições para os avaliadores. Corremos para cumprir as exigências mudando as instalações elétricas, climatizando as salas e deu tudo certo”, comemora.
O recredenciamento da Uern foi assinado pela então secretária de Educação Cláudia Santa Rosa em 23 de abril de 2018.
A Uern aguardaria mais três anos para ter seus últimos marcos acontecendo quase que simultaneamente. “Sonhei ver tudo isso, mas não em tão pouco tempo”, diz Fábio Bentes.
Fim da lista tríplice
Assinado pela governadora Fátima Bezerra no dia 28 de setembro de 2021, durante a Assembleia Geral que comemorou os 53 anos da Instituição, o fim da lista tríplice nas eleições para reitor e vice da Uern proporcionou, a partir de então, que os mais votados pela comunidade acadêmica sejam automaticamente nomeados para os seus respectivos cargos.
“A existência da lista tríplice era uma coisa que me inquietava e tinha que mudar e só dava para mudar isso com uma lei. A imprensa foi fundamental nisso”, reconheceu o servidor.
Autonomia
Dali a três meses aconteceu a maior conquista da Uern desde a estadualização: a autonomia financeira. Um assunto que por três décadas esteve em discussão e com idas e vindas foi sancionado pela governadora Fátima Bezerra no dia 29 de dezembro de 2021. “Chorei com a autonomia porque minha vida se confunde com a Uern. Até acho que tinha que ter passado antes”, avalia.
Plano de Cargos
Com a autonomia financeira garantida e já valendo em janeiro de 2022, foi mais fácil o sétimo e último marco: a implantação dos Planos de Cargos, Carreiras e Remunerações dos técnicos administrativos e professores sancionado pela governadora no dia 24 de março de 2022.
“Foi um momento emocionante. Lembro que quando saiu o primeiro contracheque procurei minha mãe e disse para ela olhar como estava o salário dela. Ela não acreditou”, diz Fábio. “Nunca imaginei ter um salário como esse de agora”, acrescentou Alice Tavares.
Para Fábio Bentes, com tantas conquistas em tão pouco tempo, a hora é de focar nos alunos. “O aluno é a nossa razão de ser”, argumentou.
Um desses alunos faz parte da terceira geração da família. Fábio Bentes Júnior, como o pai, entrou para a Uern ainda no ventre da mãe, que cursava Pedagogia quando descobriu que estava grávida.
FÁBIO BENTES
“Quando ouço meu pai, minha avó e tios contando as histórias, vejo que muita coisa melhorou na Universidade. Olho para aquele hospital (o Hospital da Mulher) e penso que é um cenário de filme. Querendo ou não, também faço parte dessa história.
A UERN ESTÁ LONGE DE SER PERFEITA, MAS MELHOROU MUITO E ESTÁ SUPERANDO UM MOMENTO EM QUE SOFREU DEMAIS
É criada a Fundação Universidade Regional do Rio Grande do Norte (FURRN), pela Lei Municipal no 20/68, de 28 de setembro de 1968, sancionada pelo prefeito Raimundo Soares de Souza, “com o objetivo de implantar progressivamente e manter a Universidade Regional do Rio Grande do Norte – URRN”. Com o Decreto Estadual no 5.025, de 14 de novembro de 1968, veio a funcionar como instituição de ensino superior.
A Lei no 5.546, de 8 de janeiro de 1987, sancionada pelo governador Radir Pereira, estadualiza a URRN, vinculado-a à Secretaria de Estado da Educação e Cultura.
A Portaria no 874/93, de 17 de junho de 1993, assinada pelo ministro da Educação e do Desporto, Dr. Murílio de Avellar Hingel, com base no Parecer no 277/93 do Conselho Federal de Educação, reconhece a URRN como universidade, aprova seu Estatuto e Regimento Geral, e, igualmente, os Campi Avançados, previstos no Projeto da Universidade.
No dia 28 de setembro de 2021, durante a Assembleia Geral universitária, a governadora Fátima Bezerra sancionou a Lei Estadual No 10.998/21, que tornou soberana a vontade da comunidade acadêmica com a extinção da lista tríplice.
O recredenciamento foi um momento de união cujo resultado foi bastante comemorado na época. O recredenciamento da Uern foi assinado pela então secretária de Educação Cláudia Santa Rosa em 23 de abril de 2018.
A Comissão de Constituição, Justiça e Redação da Assembleia Legislativa aprovou, em 7 de dezembro de 2021, o Projeto de Lei no 411/2021, de iniciativa do Governo do Estado, que dispõe sobre a autonomia financeira. Com a proposta, o orçamento anual da Fuern será elaborado por seu órgão competente, e, após aprovação do seu Conselho Diretor, será encaminhada ao Governo do Estado, no prazo definido em ato do Poder Executivo ou na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), para os fins do artigo 106 da Constituição Estadual. O Governo sancionou a Lei 11.045/2021 em 29 de dezembro de 2021. Histórico, o ato solene de sanção ocorreu no pátio da sede da Reitoria, contando com a presença de autoridades políticas e representantes dos segmentos da comunidade acadêmica.
Em março de 2022, o Governo do Estado sancionou as leis dos Planos de Cargos, Carreiras e Remuneração (PCCRs) da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern). Elaborados por comissões próprias, compostas por representantes da reitoria, sindicatos e Governo do Estado, os planos asseguram em lei a carreira dos servidores da Universidade e não representam impacto financeiro para o Estado, já que os valores para a implantação dos planos já estão previstos no percentual repassado para Universidade com a autonomia financeira.
Estou na Uern desde quando estava na barriga da minha mãe e quando criança ia para o Epílogo com meu pai, escutava as histórias”, disse.
Apesar de nutrir a paixão que o pai herdou de sua avó, Júnior não pensa em trabalhar na Uern quando concluir o curso de ciências da computação. “Quero morar no exterior”, conta o aluno do terceiro período.
“A oportunidade que a Uern está me dando vai fazer diferença no meu futuro. Eu me sinto em casa”, reforça Fábio Bentes Jr.
Mulheres são
protagonistas nos marcos mais recentes da Uern
A celebração de três dos sete marcos aconteceu num intervalo de um ano e a história recente da Uern tem duas mulheres como protagonistas: a governadora Fátima Bezerra e a reitora Cicília Maia.
Foi de autoria da chefe do executivo do Estado do RN, os projetos do fim da lista tríplice, da autonomia financeira e dos Planos de Cargos, Carreiras e Remuneração. A reitora fez o trabalho de articulação junto aos deputados estaduais na Assembleia Legislativa para que as propostas fossem aprovadas sem dificuldades.
Cicília reconhece que para chegar a essas
conquistas contou com o apoio de todos os setores da comunidade acadêmica ao longo de 50 anos. “A história da Uern é marcada pela contribuição de várias mãos. Cada um desses marcos é fruto de muita dedicação e esforço das gerações que nos antecederam. Foi com a construção de tantos outros que conseguimos atingir os objetivos”, disse.
“Nos últimos meses, o resultado dos nossos esforços fez sair do papel sonhos que pareciam distantes como o fim da lista tríplice na eleição para reitor(a), a autonomia financeira e o nosso plano de cargos e salários. Chegamos a uma nova era na Uern e já sentimos o efeito disso esse ano. Continuaremos sempre na luta e defesa da educação pública, gratuita e de qualidade”, concluiu.
“Uma coisa que toca muito meu coração de professora, e da qual tenho muito orgulho, é ter realizado um sonho de gerações: a autonomia plena financeira da Uern. Isso deu à Universidade o status de uma política de Estado para além do governo, gerindo seu próprio orçamento para cumprir com sua missão social de levar educação para nossa juventude”.
A governadora reforçou o desejo de tornar a Uern mais forte por ser um símbolo da interiorização do ensino superior.
“A Uern é a mais bela alternativa de interiorização do ensino superior do Rio Grande do Norte. Vá lá para o Alto Oeste, Pau dos Ferros, vá lá pra Patu. É através da Uern, que essa juventude teve o direito de encontrar uma universidade pública que a prepara para a vida e para o mundo do trabalho. Por isso repito o que o presidente Lula costuma dizer com tanta sabedoria: ‘educação não é gasto, é investimento’”, relembrou.
Fátima lembrou que a Uern devolve os investimentos ao povo potiguar formando os professores que dão aulas nas escolas públicas do Rio Grande do Norte.
“A importância que a Uern tem para a cidadania, para a promoção do desenvolvimento econômico e social do nosso estado é enorme. Nesses mais de 50 anos de existência, a Uern é responsável por 90% da formação dos professores e professoras que atuam na rede estadual de ensino e nas redes municipais de ensino no Rio Grande do Norte”, disse a governadora Fátima Bezerra.
A OPORTUNIDADE QUE A UERN ESTÁ ME DANDO VAI FAZER DIFERENÇA NO MEU FUTURO. EU ME SINTO EM
O projeto foi pensado com foco na experiência do usuário durante a navegação, oferecendo facilidade no acesso às páginas institucionais de forma intuitiva, sem a sensação de estar perdido ou de não conseguir localizar as informações que está buscando
Facilidade de navegação, com melhor hierarquia de informações e com design intuitivo. O novo portal da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern) na internet transformará sua comunicação digital. Para além da beleza, funcionalidade; para além de dados e editais, pessoas que contam a história da Instituição.
O novo portal foi concebido por uma equipe multidisciplinar e multicampi, constituída por servidores e discentes com conhecimento nas áreas de desenvolvimento web, design e comunicação. A coordenação esteve sob a responsabilidade do professor
Chico Dantas, vice-reitor da Uern, doutor em Informática pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, em colaboração com a Universidade de Lancaster-UK.
“Considerando a velocidade com que as mudanças relacionadas às tecnologias para internet e de tudo que diz respeito a ela acontecem, é preciso estarmos sempre atentos à presença digital da Instituição na web. Nesta perspectiva de mantermos os nossos canais web atualizados, o novo projeto do portal inova, majoritariamente, em duas frentes: design mais profissional e boa experiência para os usuários”, explicou o vice-reitor.
De acordo com Chico Dantas, a Uern decidiu investir em um design mais profissional, capaz de gerar satisfação e confiança para o seu público-alvo - a comunidade interna e externa à Uern. Ter um portal que, de fato, funcione dentro do ambiente on-line exigiu investimento na sua apresentação.
Argolante Lopes, técnico coordenador do Núcleo de Desenvolvimento da comissão
que elaborou o projeto do novo portal, aposta na maior funcionalidade do acesso. Para ele, a busca de informações será facilitada, na medida em que os menus, que estavam dispersos pelo site, foram condensados, colocando-os nas barras principais localizadas na parte superior. Lopes destaca ainda o design, bem mais limpo e enxuto, além do layout mais moderno. "A versão mobile será compatível com os sistemas Android e IoS e terá como vantagem um menor consumo de dados e melhor funcionalidade e navegabilidade", disse.
De forma complementar ao design, o projeto foi pensado com foco na experiência do usuário durante a navegação. Para tanto, a nova versão possibilita que o usuário tenha facilidade de acessar às páginas institucionais de forma intuitiva, sem a sensação de estar perdido ou de não conseguir localizar as informações que está buscando. Além disso, terá facilidade de uso. Isto significa que, mesmo aquelas pessoas com habilidade e experiência comuns poderão utilizá-lo e atingir seu propósito, por meio de poucos cliques.
A mudança não é apenas de forma, mas também de conteúdo, garante a jornalista Luziária Machado, então diretora da Agência de Comunicação (Agecom), na época da formulação do projeto do novo portal: haverá uma nova abordagem das matérias publicadas, com foco nas pessoas. As informações frias ficaram no passado.
“Sempre tivemos uma abordagem que ia além de um mero conjunto de dados ou da simples publicação de editais. Nos resultados do vestibular ou do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), na conquista da Universidade, no desenvolvimento dos egressos: estamos durante muito tempo narrando a história da Instituição através das pessoas. O novo portal vai possibilitar que isso seja aprimorado a partir de uma maior facilidade no acesso à informação”, explicou.
Na visão do professor Chico Dantas, “o portal é o cartão de visita da Uern e a porta de entrada para a comunidade interna e externa da nossa Universidade. Ele é fundamental para consolidar a presença e a comunicação, cada vez mais on-line. É por meio dele que as pessoas terão acesso às informações relevantes sobre a Uern e
ARGOLANTE LOPES
esclarecerão suas dúvidas, por meio de conteúdos publicados, economizando tempo de quem busca”.
Embora reconheça a importância das mídias sociais, o vice-reitor acredita que um portal com design profissional e bem organizado dará credibilidade à Instituição e, consequentemente, às informações nele veiculadas. “Em particular, a nova versão do portal terá mecanismo de apoio à comunicação interativa, criando formas de estimular o relacionamento entre os usuários e a Uern”.
Páginas serão compatíveis com os sistemas Android e IoS, proporcionando menor consumo de dados com mais usabilidade
Acesso fácil às redes sociais da Uern por meio da página inicial
Responsivo, layout adapta o tamanho da página ao formato da tela em que está sendo exibido
Páginas dedicadas a Departamentos, Faculdades e Unidades Acadêmicas, com destaque para as notícias relacionadas
Para desenvolver o novo canal de comunicação digital, a equipe de trabalho foi dividida em dois grupos: design e desenvolvimento. O grupo de design, usando o diagnóstico do portal em funcionamento, apresentado pelo grupo de desenvolvimento, realizou o levantamento de requisitos fundamentais para concepção e definição do design do projeto.
De forma paralela, a equipe de desenvolvimento definiu a linguagem de programação e refinou os requisitos, categorizando-os em funcionais e não funcionais, essenciais à implementação da atual versão do portal.
A equipe se reunia semanalmente para apresentar os avanços, dirimir dúvidas e planejar os próximos passos. A cada dois meses de trabalho, reuniões de validação com a equipe ampliada foram realizadas.
A professora Maria Zelma de Araújo Madeira foi agraciada com a maior honraria da Uern na Assembleia Universitária dos 54 anos da Instituição
No ano em que celebrou os 20 anos da implantação das cotas sociais, a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern) escolheu a professora Maria Zelma Madeira de Araújo para receber a maior honraria da Instituição: o título de Doutora Honoris Causa .
Em 2002, a Uern foi uma das primeiras Instituições de Ensino Superior do país a estabelecer as cotas sociais, 10 anos antes da política de cotas instituída pelo Governo Federal. A princípio foram beneficiados estudantes que haviam cursado integralmente a educação básica em escolas públicas. Em 2013, a Uern ampliou o perfil dos beneficiados, passando a contemplar também pessoas com deficiência. Mais recentemente, em 2019, uma nova discussão foi realizada, passando a atender pessoas que auto se declaram pretas, pardas e indígenas também na política de reserva de vagas.
Neste processo, a professora Dra. Zelma Madeira, doutora em sociologia e
estudiosa de questões como gênero, religião de matriz africana e relações etnico-raciais, teve papel primordial, participando de discussões sobre a necessidade de políticas públicas para garantir o ingresso de pessoas pretas no ensino superior.
Ainda em 2017, então coordenadora estadual de políticas públicas para a promoção da igualdade racial do Ceará, a educadora participou, na Uern, de uma discussão sobre políticas afirmativas para a inclusão e permanência de pessoas negras, indígenas, quilombolas e ciganas nas universidades. Na oportunidade, chamou a atenção para o racismo estrutural.
“71% das pessoas que vivem na pobreza e extrema pobreza é negra. Muitos negros não têm ninguém da sua família com curso de graduação. É preciso de ações para garantir o acesso e permanência de todos na Universidade. O racismo existe e é estrutural. É preciso pensar e desenvolver ações para acabar com essas desigualdades. E essa discussão passa pela política de cotas”, afirmou a socióloga, em 2017.
Dois anos mais tarde, a Uern daria mais um importante passo na construção de uma universidade includente e inclusiva,
com a adoção das cotas étnico-raciais voltadas para pretos, pardos e indígenas.
Em reconhecimento à contribuição de Zelma Madeira, o Conselho Universitário a concedeu, neste ano, o Título de Doutora Honoris Causa . A honraria foi entregue no mês de setembro de 2022, por ocasião da Assembleia Universitária da Uern. Bastante emocionada, a professora externou o orgulho e alegria de receber a honraria.
“Esse título impacta diretamente em minha vida. Nessa celebração, estamos recebendo título de honra, em reconhecimento ao nosso trabalho realizado, um reconhecimento a nossas trajetórias”, declarou.
Maria Zelma lembrou da sua trajetória de luta, como mulher negra, na promoção da diversidade e igualdade racial, sobretudo na defesa do acesso ao ensino superior às classes historicamente vítimas de racismo estrutural e discriminação racial.
“A maioria das mulheres negras é vista pela sociedade como destinada ao trabalho doméstico. Essa imagem negativa da mulher negra, da pessoa negra, precisa ser mudada, com ações inclusivas, com o acesso ao conhecimento, pesquisas e ações de extensão. Como docente, nossa luta vai além dos muros das Universidades. Me honra estar recebendo esse título. Esse título não é só meu, é de todas as mulheres negras”, disse.
Ela destacou ainda a felicidade de ter participado junto com a Uern no debate para a implantação da política de cotas étnicos-raciais. “A implementação das cotas é importante para a diversidade e a inclusão racial. Minha trajetória mudou com o ensino superior. E é oportunizando o acesso à universidade, que vamos contribuir com políticas de defesa à diversidade e inclusão”, finalizou.
Para a reitora Cicília Maia a escolha de Zelma Madeira como doutora honoris causa da Uern é reflexo do compromisso com uma Uern afrorreferenciada.
“No trajeto da Universidade, a caminho da institucionalização das cotas étnicoraciais, professora Zelma Madeira tem uma participação fundamental, estando presente em momentos importantes desta construção.
Foi grande a nossa alegria quando o Conselho Universitário concedeu-lhe o título de Doutora Honoris Causa . Um reconhecimento justo e necessário pela sua defesa irrestrita à pauta”, ressaltou a gestora universitária.
Com o objetivo de promover a justiça social e colocar em prática a equidade, recentemente a Uern passou a contar com a Diretoria de Ações Afirmativas e Diversidade, com os setores de: Relações Étnico-Raciais, Diversidade e Interculturalidade; e Relações e Identidade de Gênero, Direito das Mulheres e da Comunidade LGBTQIA+.
Títulos honoríficos a personalidades defensoras da educação
Em reconhecimento aos relevantes serviços prestados à educação, a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern) entregou títulos honoríficos a mais três personalidades. Além da professora Maria Zelma de Araújo Madeira, com o título de Doutor Honoris Causa , foram agraciados a professora Benômia Maria Rebouças ( in memoriam), com o título de Professor Honoris Causa ; a professora Maria do Socorro da Silva Batista, com o título de Professor Emérito; e o técnico de nível superior Francisco Vicente Rodrigues, com o Diploma de Mérito Administrativo.
As personalidades homenageadas durante a Assembleia Universitária foram escolhidas pelo Conselho Universitário, como forma de prestar reconhecimento aos importantes serviços desenvolvidos em prol da Universidade.
Professor Emérito
Socorro Batista é professora aposentada pela Uern e professora em atividade do Campus Angicos da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa). Na qualidade de secretária adjunta do Gabinete Civil do Estado, desempenhou importante papel de apoio às pautas da Uern, sobretudo na aprovação de conquistas históricas, como a autonomia financeira da Universidade.
“Me sinto honrada em receber essa homenagem nessa data tão especial”, disse.
Professor Honoris Causa
O título foi concedido à professora Benômia Maria Rebouças (in memoriam). A mãe da homenageada, Maria Dionides Rebouças, recebeu a honraria. Benômia foi ativista do Movimento de Luta das Pessoas com Deficiência, presidiu o Fórum de Mulheres com Deficiência em Mossoró e região, constituindo-se como uma forte voz em defesa da garantia dos direitos da pessoa com deficiência e da acessibilidade em todos os espaços.
Diploma de Mérito Administrativo
Francisco Vicente Rodrigues, com quase 41 anos de Uern recebeu o título pela sua atuação como técnico administrativo de nível superior. Atuou no Conselho Universitário (Consuni), no Conselho Diretor e foi o primeiro técnico com assento no Conselho Curador.
“É uma honra muito grande. E mais ainda em saber que meu saudoso pai também recebeu essa comenda. É uma alegria. Eu amo essa Universidade”, exaltou.
Além de conceder títulos honoríficos de Doutor Honoris Causa , Professor Honoris Causa , Professor Emérito e Diploma de Mérito Administrativo, a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern) reconhece, com a Medalha da Abolição, por ocasião da Assembleia Universitária, personalidades que tenham se notabilizado na prestação de serviços à comunidade, nas áreas de educação e cultura, sobretudo em benefício da instituição de ensino superior. A honraria foi criada pela Lei Municipal No 20/68 e, este ano, homenageia a governadora Fátima
Bezerra, representando o Governo do Estado, e os 24 deputados estaduais da atual legislatura pelas recentes conquistas da Instituição.
“Uern autônoma, democrática e socialmente referenciada, inclusiva e includente” foi o tema escolhido pela Comissão Permanente da Medalha da Abolição da Uern para reconhecer o empenho da chefe do executivo estadual e dos parlamentares da Assembleia Legislativa do Estado na aprovação do fim da lista tríplice, da conquista da Autonomia Financeira e o Plano de Cargos, Carreira e Remuneração.
TÍTULOS HONORÍFICOS
Doutora Honoris Causa
Profa. Dra. Maria Zelma de Araújo Madeira
Professora Honoris Causa
Profa. Benômia Maria Rebouças (in memoriam)
Professora Emérita
Professora Dra. Maria do Socorro da Silva Batista
Diploma de Mérito Administrativo
Técnico Administrativo Francisco Vicente Rodrigues
AGRACIADOS COM MEDALHAS
Medalha da Abolição
• Gov. Maria de Fátima Bezerra
• Deputado Albert Dickson
• Deputado Bernardo Amorim
• Deputada Cristiane Dantas
• Deputada Eudiane Macedo
• Deputado Ezequiel Ferreira
• Deputado Francisco do PT
• Deputado Galeno Torquato
• Deputado George Soares
• Deputado Getúlio Rêgo
• Deputado Gustavo Carvalho
• Deputado Hermano Morais
• Deputada Isolda Dantas
• Deputado Jacó Jácome
• Deputado José Dias
• Deputado Kleber Rodrigues
• Deputado Nelter Queiroz
• Deputado Raimundo Fernandes
• Deputado Souza Neto
• Deputado Subtenente Eliabe
• Deputado Tomba Farias
• Deputado Ubaldo Fernandes
• Deputado Vivaldo Costa
• Deputado Coronel Azevedo
• Deputado Kelps Lima
Uern desenvolve, de forma contínua, diversos programas, projetos e ações voltados para a valorização da comunidade acadêmica
Oque a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern) tem de melhor são as pessoas. Milhares de docentes, técnicos administrativos, discentes e colaboradores se dedicam diariamente para que a Instituição possa oferecer ensino, pesquisa e extensão de qualidade. E mais ainda: é através do empenho de toda sua capacidade técnica e pessoal que a Universidade se consolida como agente transformador de vidas.
Nada mais justo que cuidar daqueles que fazem a Uern ser o que ela é hoje, uma universidade socialmente referenciada, que desempenha fundamental papel no desenvolvimento socioeconômico do Estado. Nesse sentido, as Pró-Reitorias de Gestão de Pessoas (Progep) e de Assuntos Estudantis (Prae) desenvolvem, de forma contínua, diversos programas, ações e projetos vinculados, voltados para a valorização, saúde e bem-estar dos servidores e estudantes.
Dentre as iniciativas, vale destacar o programa “Uern Vida Saudável –Programa de Saúde, Qualidade de Vida e Bem-Estar”, que agrega diferentes ações e projetos desenvolvidos pela Universidade, no intuito de incentivar a promoção de saúde entre servidores, alunos e terceirizados da Universidade, estimulando uma boa alimentação, a prática de atividades físicas e ações voltadas para a saúde mental.
O programa conta com o apoio do Núcleo de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (Nupics), que oferece serviços como meditação, auriculoterapia, reiki, ventosaterapia, massoterapia, acupuntura, cromoterapia, aromaterapia, entre outros.
Para o cuidado da saúde mental, a Progep oferece atendimento especializado em psicologia organizacional, seja realizado no âmbito individual ou coletivo. A proposta é realizar acolhimento e orientação aos servidores, bem como terceirizados, em casos de adoecimento físico, mental, emocional e em situações de hospitalização e luto.
Além disso, a Pró-Reitoria desenvolve campanhas periódicas de orientação e cuidados, como é o caso da Semana de Atenção à Saúde e Segurança no
Trabalho (Seast), comemorativa ao Dia do Servidor público; da Campanha “Não se cale”, que visa à prevenção e combate ao assédio no âmbito da Universidade; e da campanha “Uern pela Vida", em alusão ao Setembro Amarelo, que busca a conscientização sobre a prevenção do suicídio, alertando por meio de diálogos e discussões sobre a temática.
Além disso, são realizadas ações de vacinação, durante as quais a Progep e a Faculdade de Enfermagem (Faen), em parceria com a Secretaria de Saúde da Prefeitura Municipal de Mossoró, disponibilizam vacinas contra a Covid-19, a Influenza e outras doenças. A campanha de caráter permanente ainda conta com a realização de drives e mutirões de imunização.
“A dinâmica de trabalho e suas particularidades podem interferir em vários fatores relacionados à qualidade de vida, podendo comprometer tanto a saúde física e social quanto emocional do servidor. Nesse sentido a preocupação da Progep com o ser humano no seu ambiente de trabalho tem sido uma constante, uma vez que este é reconhecidamente influenciador da qualidade de vida e da importância da atividade laboral, que muitas vezes se apresenta como parte inseparável da vida humana”, explicou a professora Dra. Isabel Amaral, pró-reitora de Gestão de Pessoas.
A política de incentivo à capacitação dos servidores desenvolvida pela Uern tem refletido na qualidade de vida de professores e técnico administrativos. Aumento na autoestima, reconhecimento pessoal e profissional, valorização e melhoria na prestação dos serviços são algumas das vantagens.
Para estimular a qualificação contínua, a Progep realiza o programa de treinamento, capacitação e desenvolvimento. A iniciativa promove o levantamento das necessidades de formação, vislumbrando a melhoria do desenvolvimento de competências pessoais, profissionais e comportamentais dos servidores da Uern e seus colaboradores terceirizados.
Ademais, o Adicional de Incentivo por Capacitação (AIC) para os técnicos administrativos, previsto na Lei Complementar No 699/2022,
também visa estimular a qualificação do pessoal, incentivando os servidores a participarem de cursos, encontros, seminários, simpósios, congressos e participação em comitês e comissões.
“A regulamentação do Adicional se apresenta como um marco de grande avanço no âmbito da valorização, motivação e desenvolvimento pessoal e profissional do servidor da Uern, contribuindo de forma efetiva para a melhoria dos serviços públicos prestados pela nossa instituição a toda comunidade”, destacou Isabel Amaral.
As ações de prevenção e promoção de saúde também são voltadas para os estudantes. Por meio da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (Prae), através do Setor de Assistência Estudantil (SAE), são desenvolvidas ações periódicas que visam garantir a efetivação da qualidade de vida dos discentes.
Atenta às mudanças de estilo de vida nos últimos anos devido à Covid-19 e seus impactos na saúde mental e no retorno às atividades de aulas presenciais após o período de ensino remoto, a Pró-Reitoria reestruturou e ampliou os atendimentos da equipe multiprofissional para dinamizar o acesso à escuta especializada por parte dos estudantes.
São realizados atendimentos individuais com equipe multiprofissional com enfoque na saúde mental, composta pelo serviço social, psicologia e psicopedagogia, contribuindo, junto aos estudantes, para a ressignificação de situações que interferem na vivência acadêmica e garantindo a permanência estudantil.
A estudante Jaqueline Silva afirma que o serviço de acolhimento da Prae foi essencial para que ela superasse os momentos difíceis durante a graduação, sobretudo durante o período da pandemia.
“Conheci o atendimento através de uma amiga que estava fazendo o acompanhamento com a psicóloga. O serviço atendeu todas as minhas expectativas e conseguiu me ajudar a lidar e superar as dificuldades que eu estava tendo durante o período que busquei o atendimento”, comenta.
Para a psicóloga organizacional Lenna Lima, o enfrentamento da Covid-19 gerou uma mudança no modo de vida da sociedade, onde observa-se que as pessoas estão mais suscetíveis a quadros de ansiedade generalizada, transtornos mentais e sintomas de estresse que interferem na qualidade de vida e afeta diretamente a rotina acadêmica.
A psicopedagoga da Prae, Gregória Queiroz, ressalta que a saúde mental e emocional funciona como um elo entre o aprender e o viver academicamente e socialmente de forma plena.
“Os transtornos e as dificuldades de aprendizagem, quando negligenciados, refletem negativamente não apenas como mau desempenho, mas até mesmo evasão. É fundamental que seja reconhecida, por todos, a relevância do apoio psicossocial. Por meio dele, é possível desenvolver, junto aos discentes a escuta especializada, práticas e reflexões que promovem o autoconhecimento, assim como a identificação e a superação de dificuldades”, afirma.
O serviço de atendimento multiprofissional destina-se aos estudantes regularmente matriculados nos cursos presenciais e EaD, de graduação e pós-graduação na Uern e ocorrem de forma presencial e remota pela plataforma Google Meet.
O acesso ao atendimento multiprofissional se dá através de demanda espontânea sem necessidade de comprovação de vulnerabilidade social. A solicitação inicial pode ser feita pelo e-mail apoiomultiprofissional.prae@uern.br.
O setor promove ainda diversas ações com enfoque na saúde mental, com o objetivo de favorecer a promoção e prevenção da saúde mental dos estudantes da Uern. Ações como o Práticas Integrativas da Prae e os projetos #dedentroprafora e #praserfeliz visam proporcionar espaços de escuta qualificada e momentos vivenciais, buscando o engajamento, a conscientização dos estudantes sobre a importância do cuidado com a saúde mental e o bem-estar.
O técnico administrativo Erison Natécio, titular da Prae desde a sua criação até janeiro de 2023, destaca que a PróReitoria é o marco de consolidação da assistência estudantil na Uern e no cuidado com os estudantes.
“É um importante instrumento de fortalecimento da permanência, sobretudo para aqueles alunos e aquelas alunas das camadas populares de nossa sociedade. Nos últimos anos, tivemos um expressivo crescimento das ações de permanência,
PREOCUPAÇÃO DA PROGEP COM O SER HUMANO NO SEU AMBIENTE DE TRABALHO TEM SIDO UMA CONSTANTE, UMA VEZ QUE ESTE É RECONHECIDAMENTE INFLUENCIADOR DA QUALIDADE DE VIDA E DA IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE LABORAL, QUE MUITAS VEZES SE APRESENTA COMO PARTE INSEPARÁVEL DA VIDA HUMANA
com foco na construção de uma universidade socialmente referenciada, inclusiva e includente”, declara.
É possível saber mais sobre as ações pelo perfil do Instagram @prae.uern.
servidores, bem como terceirizados, em casos de adoecimento físico, mental, emocional e em situações de hospitalização e luto.
uernoficial Iniciativa realizada desde 2018 em parceria com a Ouvidoria da Uern, cujo objetivo é prevenir e combater o assédio, seja qual tipo for, alertando o público para que possa compreender sob quais perspectivas se configuram as situações de assédio e reforçando a importância da apuração dos casos sempre no intuito de se construir um ambiente acadêmico, administrativo e social mais saudável.
uernoficial Em alusão ao Setembro Amarelo, a campanha realiza diversas ações durante o nono mês do ano em busca da conscientização sobre a prevenção do suicídio, alertando por meio de diálogos e discussões a temática. Diversos setores acadêmicos e administrativos se engajam na iniciativa.
Meu Melhor Natal
uernoficial Programa realiza ações de promoção de saúde, qualidade de vida e bem-estar para a comunidade acadêmica, buscando um clima organizacional de excelência cada vez mais humanizado, acolhedor e, acima de tudo, prazeroso para docentes, técnicos, trabalhadores terceirizados e estudantes.
Dia do Servidor Público e que compõe a Política de Segurança e Saúde no Trabalho da Uern. Tem uma perspectiva ampla de trazer a valorização da saúde, do bem-estar, da qualidade de vida no dia a dia do trabalho. Neste ano, a programação foi realizada em parceria com a Superintendência de Obras e Engenharia (Soben).
uernoficial É uma iniciativa que chegou a sua 25ª edição em 2022 com grande participação de todos os setores da Uern. Através do exercício da cidadania e responsabilidade social, a campanha arrecada brinquedos e distribue entre crianças de escolas públicas.
uernoficial Em diversas oportunidades, a Uern realizou testagens da Covid-19 em estudantes e servidores com o intuito de detectar com mais rapidez a eventual presença do vírus e, a partir daí, adotar medidas de isolamento e o tratamento contra a doença.
uernoficial Uma série de atividades alusivas ao Dia da Mulher é realizada no mês de março, homenageando as mulheres uernianas e retratando os seus papéis e participação efetiva na história da Uern e, consequentemente, no desenvolvimento social.
Agosto Lilás
uernoficial A programação é resultado da articulação da Progep com a Faculdade de Enfermagem, a Faculdade de Medicina, a Residência Multiprofissional em Atenção Básica, Saúde Família e Comunidade da Uern, o Núcleo de Práticas Integrativas (Nupics/Faen/Uern), o Centro Acadêmico do Curso de Medicina da Uern e a Liga de Ginecologia e Obstetrícia.
Programa de treinamento, capacitação e desenvolvimento
uernoficial Desde o início da vacinação contra a Covid, a Uern, através da Progep e da Faculdade de Enfermagem vem exercendo protagonismo na imunização dos norteriograndenses contra o coronavírus.
uernoficial A iniciativa visa sensibilizar a comunidade acadêmica para o combate à violência contra a mulher e para o alcance do 5º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030, que trata da igualdade de gênero. Progep e Núcleo de Estudos sobre a Mulher Simone de Beauvoir (NEM) encabeçaram a campanha com apoio de outros setores.
uernoficial Realização de treinamentos e capacitações vislumbrando a melhoria do desenvolvimento de competências pessoais, profissionais e comportamentais dos servidores da Uern e seus colaboradores terceirizados.
Natural de Mossoró-RN, a reitora da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern) é graduada em Ciência da Computação pela Uern, mestre em Engenharia Elétrica, pela UFCG, doutora em Engenharia Elétrica e da Computação, pela UFRN, e possui PósDoutorado no MIT/EUA.
Terceira mulher escolhida como reitora da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern), Cicília Raquel Maia Leite é egressa da primeira turma do curso de Ciência da Computação da Instituição. Desde 2006, é professora efetiva do Departamento de Informática, uma área dominada, ainda em sua maioria, por homens.
Antes de se tornar reitora, percorreu um caminho na gestão universitária, desempenhando funções diversas na Uern. Foi assessora de captação de recursos e diretora de pesquisa e inovação da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação; pró-reitora de Recursos Humanos e Assuntos Estudantis; subchefe do Departamento de Informática; diretora de Admissão, Registro e Controle Acadêmico da Pró-Reitoria de Ensino de Graduação; assessora técnica da Reitoria; chefe de Gabinete da Reitoria e reitora da Uern desde setembro de 2021.
Cicília Maia nasceu em Mossoró, sendo a única filha de Luzia Maia, mãe solo e sua maior inspiradora e incentivadora. É casada com Raimundo Júnior e mãe
Quando entrei na graduação, em 1999, não imaginava que um dia seria reitora da UernFoto: Luziária Machado
de Davi, suas motivações diárias. Assim como tantas pessoas que estudaram na Uern ao longo de seus 54 anos, teve sua vida transformada pela educação, fato que se orgulha em repetir, com o intuito de inspirar outras pessoas.
Sempre foi uma criança muito dedicada aos estudos. Desde muito pequena ouvia de sua mãe que somente através da educação poderia ter um futuro melhor. Foi com muito esforço de Dona Luzia e com a ajuda de uma rede de apoio composta por familiares e amigos que terminou a educação básica e ingressou na universidade, tendo sido graduada na primeira turma do curso de Ciência da Computação da Uern. Nascia ali um amor pela instituição, marcado por muita dedicação, entrega e vontade de fazer a diferença.
Por ser uma área nova, havia muito o que descobrir na profissão que escolheu. A maior parte da turma, e até mesmo do corpo docente, era formada por homens. Mas este não era o único desafio. Morava longe do Campus, em uma cidade onde o transporte público sempre foi um problema crônico. Era preciso acordar muito cedo
para pegar o ônibus que passava na Uern, aproximadamente uma hora antes do início das aulas. Caso contrário, chegaria alguns minutos atrasada, o que para ela era inadmissível.
À medida que as dificuldades iam aparecendo, aumentava a sua vontade de continuar e, aos poucos, a Uern
ia apresentando a ela um leque de possibilidades. Neste processo, conheceu pessoas que ampliaram sua visão de mundo e lhe incentivaram a seguir em frente.
“Tenho muito orgulho da minha história e da minha vida. Quando entrei na graduação, em 1999, não imaginava que um dia seria reitora dessa Universidade. Mas, ser egressa da Uern me oportunizou estar onde estou hoje. Minha vinculação com a Uern começa com minha mãe. Ela é egressa de dois cursos, e é professora e enfermeira. Ela sempre falou com muito amor sobre a Uern. E nos bancos da Uern tive a oportunidade de ter excelentes mestres que me apresentaram o poder de transformação da Uern e me fizeram enxergar onde eu poderia chegar”.
Concluiu o curso em 2003 e já seguiu para o mestrado em Engenharia Elétrica, pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). Mais uma vez, viu-se diante de novos desafios, morando em outra cidade.
Concluído o mestrado, no ano seguinte foi aprovada em concurso público para professora efetiva da Uern. Além dos conteúdos da grade curricular do curso de Ciência da Computação,
Minha vinculação com a Uern começa com minha mãe. Egressa de dois cursos, ela sempre falou com muito amor sobre a Uern
a jovem professora se preocupava em, assim como seus antigos mestres e agora colegas de trabalho fizeram com ela lá atrás, despertar em seus alunos e suas alunas uma visão ampliada da profissão, da educação e da realidade.
Em 2009 chegou a hora de dar um novo passo em sua trajetória acadêmica. Diferente da época do mestrado, agora ela já era professora da Universidade, já estava casada e a transferência para outra cidade foi mais fácil. Defendeu sua tese de doutorado em Engenharia Elétrica e Computação na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e retornou
para a Uern trazendo na bagagem a certeza de que ainda era preciso dar mais um passo em sua formação. Em 2013, surgiu a oportunidade: foi aprovada para o pós-doutorado no Massachusetts Institute of Technology - MIT/EUA. E seguiu adiante.
Ao retornar, um novo desafio se apresentava. Além das aulas de graduação e pós-graduação que lecionava na Uern, das pesquisas em engenharia de software, informática médica e tecnologias assistivas que realizava em conjunto com pesquisadores de várias partes do país, passou a dedicar-se também à gestão
pública. Recebeu o convite de seu antigo professor, orientador e amigo Pedro Fernandes para compor a equipe da PróReitoria de Pesquisa e Pós-Graduação, na assessoria de captação de recursos. Mais tarde, já como reitor, o professor Pedro Fernandes a convidou para assumir a PróReitoria de Recursos Humanos e Assuntos Estudantis, uma das experiências mais significativas na área da gestão.
Foi nesta época que decidiu que era o momento de realizar o sonho de ser mãe. Davi nasceu, e com ele, um novo capítulo em sua trajetória. Graças a sua rede de apoio, conseguiu conciliar a maternidade com sua vida acadêmica e profissional, um privilégio que grande parte das mulheres não tem.
De volta à Uern, assumiu novas funções na gestão universitária: assessora técnica da Reitoria e chefe de gabinete, experiências que a credenciaram a disputar a Reitoria da Uern, em 2021. Em uma campanha atípica, durante a pandemia do coronavírus, que exigia distanciamento social e que, por si só, impunha uma série de desafios durante e pós-pandemia, a professora Cicília iniciou, ao lado do professor Chico Dantas, então diretor do Campus Avançado de Natal, a campanha à Reitoria, com diálogos com a comunidade acadêmica através de plataformas virtuais. Sua base de gestão foi elaborada a partir dessas conversas.
Com votação histórica, e vencendo nas três categorias - docentes, discentes e técnicos(as) - Cicília e Chico foram escolhidos reitora e vice-reitor da Uern para o período de 2021 - 2025.
Outro fato histórico marcou esta eleição, a última em que o(a) governador(a) do estado nomeou os gestores da Uern a partir de uma lista tríplice. Em setembro de 2021, a governadora Fátima Bezerra sancionou a lei estadual que extinguiu a lista tríplice para a nomeação de reitor e vice-reitor da Uern.
Antes mesmo de tomar posse, como chefe de gabinete e reitora eleita, Cicília deu início, ao lado da então reitora em exercício Fátima Raquel, e do vice-reitor eleito da Uern, Chico Dantas, a uma campanha pela autonomia financeira da Uern, um antigo sonho da comunidade acadêmica e um
fator imprescindível para a manutenção da Universidade. A campanha se intensificou após a posse na Reitoria, e diante do compromisso da governadora Fátima Bezerra em sancionar a lei ainda em seu primeiro mandato. Professores, estudantes, técnicos administrativos e a sociedade abraçaram a causa, que culminou, em dezembro de 2021, com a aprovação, por unanimidade, do projeto de lei, na Assembleia Legislativa, que estabeleceu a autonomia financeira da Uern.
Outro importante marco de sua gestão foi a implantação dos Planos de Cargos, Carreiras e Remuneração dos servidores da Uern. A partir da autonomia foi possível consolidar também esta que era uma das mais antigas pautas dos servidores da Universidade.
No primeiro ano de gestão, algumas pautas se fizeram presentes em suas ações, políticas e discursos. A equidade de gênero foi uma delas, assegurada através de resolução do Conselho Diretor, que prevê a igualdade entre homens e mulheres ocupantes dos cargos de gestão da Uern. Esta iniciativa rendeu à Universidade o Prêmio Estratégia ODS Brasil 2022.
Ainda na pauta voltada para as mulheres, a Universidade também criou o AuxílioCreche voltado para mães e pais estudantes da Uern com filhos de até 5 anos de idade, em condições de vulnerabilidade socioeconômica; e a implementação da política de enfrentamento à violência contra a mulher. Esta tornou-se também marca de Cicília Maia, mulher, mãe, professora, pesquisadora e reitora.
“Sempre defendi e defendo o protagonismo feminino, que nós mulheres precisamos ocupar mais espaços na sociedade, o que inclui espaços de gestão. Essa pauta sempre esteve muito presente em minha vida. Espero poder contribuir para a construção e afirmação da imagem social positiva das mulheres no protagonismo e na possibilidade de assumir posições de comando, e isso começa com a melhoria de condições para que essas mulheres possam permanecer na universidade. Queremos mais mulheres fazendo pesquisa, mais mulheres fazendo extensão, mais mulheres se destacando onde elas quiserem estar!”
Mesmo com tantas realizações em tão pouco tempo, a reitora Cicília Maia sabe que ainda há muito a ser feito. A autonomia financeira da Uern é como uma criança, que necessita de atenção, cuidados e muita responsabilidade.
“Ninguém faz nada sozinho. Precisamos fortalecer nossa autonomia, concluir a implantação do plano de cargos dos servidores docentes e atualizar nosso quadro de vagas de servidores docentes e técnicos. Outras questões prioritárias são a ampliação da política de permanência no ensino superior, com a criação de novos auxílios e expansão dos restaurantes populares na Uern, e a adequação da nossa estrutura física, algumas com mais de 50 anos. Eu e o professor Chico assumimos a Reitoria com o compromisso de fortalecer cada vez mais a nossa Uern, tornando-a cada vez maior e mais forte, e é o que faremos até o último dia de gestão”.
Os problemas e desafios da Universidade, acumulados ao longo de quase 55 anos, assim como os que se apresentam no cenário da pandemia e em breve, pós-pandemia, requerem muito zelo, comprometimento e a união de todos e todas que reconhecem o papel transformador da Uern, para cada vez mais alcançar seu fortalecimento.
Sempre defendi e defendo o protagonismo feminino, que nós mulheres precisamos ocupar mais espaços na sociedade, o que inclui espaços de gestão. Essa pauta sempre esteve muito presente em minha vida
Estão sendo implementados subsistemas do Sistema Integrado de Gestão para trazer mais transparência, modernização, agilidade, integração, economia e segurança aos serviços de ensino, pesquisa e extensão, rotinas administrativas e gestão de pessoas
AUniversidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern) está em fase de implantação de alguns subsistemas do Sistema Integrado de Gestão (SIG) para a tramitação dos processos institucionais.
É mais transparência, modernização, agilidade, integração, economia e segurança para os serviços de ensino, pesquisa e extensão, rotinas administrativas e gestão de pessoas.
O Sistema Integrado de Gestão das Atividades Acadêmicas (SIGAA) auxilia de forma satisfatória as demandas das instituições que utilizam seus recursos nas atividades de ensino, pesquisa e extensão, tanto nos níveis de graduação como na pós-graduação. Além disso,
traz módulos de assistência ao discente, gestão de estágios e processos seletivos.
Já está em funcionamento o módulo Stricto Sensu, que contempla os programas de pós-graduação e o módulo de Ensino a Distância (EAD), de nível de graduação.
Na atual fase, está sendo implantado o Módulo Graduação através de uma parceria entre as equipes da Superintendência de Tecnologia da Informação (STI), da PróReitoria de Ensino de Graduação (Proeg) e das unidades acadêmicas.
Foram definidos os papéis dos usuários que utilizam o sistema, o entendimento dos seus fluxos e a comparação com os já utilizados na Instituição. Ademais, foram importados todos os componentes e matrizes curriculares e corrigido e aperfeiçoado o processo de estruturas curriculares, tornando toda a estrutura mais moderna e flexível para nova realidade da universidade. Ou seja, durante esse processo, foi realizada uma verdadeira reengenharia.
Também foi feita toda a parametrização do módulo, que consiste em estudar e definir todas as regras de negócio. São mais de 200 delas que devem estar alinhadas ao Regimento Geral do Curso (RGC) da Universidade.
Os dados referentes aos alunos estão em processo de migração, com previsão de conclusão em meados de dezembro deste ano. Após a conclusão desta etapa, será executado o processo de validação e ajustes finais das informações no SIGAA. Posteriormente, serão ofertados treinamentos, tutoriais e demais orientações para o uso do Sistema por parte da comunidade acadêmica. Visando à substituição do sistema atual, a Plataforma Íntegra, e permitindo a utilização para matrículas, notas, disciplinas, declarações e demais atividades relacionadas às aulas, o Módulo Graduação deve estar pronto a partir de fevereiro deste ano.
Considerando que o SIGAA oferece inúmeros recursos que envolvem vários setores acadêmicos e a dimensão do corpo docente, discente e de técnicos administrativos, o cronograma prevê a integralização da implantação em dezembro de 2023.
“O SIGAA - Graduação trará como benefícios a descentralização das atividades administrativas, apresentando um empoderamento dos setores ‘ponta’ que estão mais próximos aos alunos, técnicos e docentes, a integração entre ensino, pesquisa e extensão e atividades administrativas (acompanhamento acadêmico, declarações, participações em monitorias, projetos de extensão e bolsas de iniciação científica, atividades de ensino a distância, dentre outras atividades", detalhou o professor Dr. Isaac de Lima Oliveira Filho, titular da STI.
O superintendente acrescenta que o SIGAA-Graduação disponibilizará novas funcionalidades que não estão implementadas no sistema atual, como por exemplo, permitir a entrada de outros cursos (com características diferentes) em um sistema, como também permitir a geração de outros relatórios de maneira mais prática e descentralizada.
Outra ramificação do SIG, o Sistema Integrado de Gestão de Recursos Humanos (SIGRH), também com módulos em processo de implementação, vai permitir, entre outros, gerenciar os dados dos servidores (férias, capacitação, frequência etc) e dimensionar e emitir relatórios que darão suporte à gestão da Universidade para a tomada de decisões.
Implantado e funcionando em sua plenitude, o Sistema Integrado de Patrimônio, Administração e Contratos (SIPAC) segue atendendo as demandas relacionadas ao almoxarifado, transporte e patrimônio móvel da Instituição. Oferece um vasto conjunto de ações para a gestão das unidades da instituição, integrando de maneira otimizada todas as operações e procedimentos gerenciais, tornando mais fáceis, ágeis e eficientes os processos burocráticos.
Ao fim da implantação dos subsistemas do SIG, a Uern será alçada a outro patamar quando se fala de gestão através de sistemas, uma vez que a utilização pelos setores trará o empoderamento das “pontas”, ou seja, será possível gerenciar suas atividades de forma mais clara e objetiva, com suas regras de negócio alinhadas com um benchmarking já consolidado e ratificado por várias instituições de ponta que utilizam o sistema em seus ambientes institucionais.
“Trazendo assim, praticidade, organização e otimização no gerenciamento de
recursos humanos e tecnológicos. O maior benefício da Uern na utilização será a integração entre os setores da universidade (ensino, pesquisa, extensão
e atividades administrativas e gestão de pessoas), dentro de um ambiente seguro, testado, validado e utilizado por mais de 80 instituições em todo país, sendo referência no gerenciamento de informações acadêmicas”, complementou o professor Isaac Filho.
A maneira pela qual os técnicos da Superintendência de Tecnologia da Informação (STI) implementam os subsistemas do Sistema Integrado de Gestão (SIG) na Uern se assemelha ao funcionamento de uma colmeia. Com um roteiro organizado, atuam com papéis bem definidos na criação de um produto completo.
As ramificações Sistema Integrado de Gestão das Atividades Acadêmicas (SIGAA), Sistema Integrado de Gestão de Recursos Humanos (SIGRH) e Sistema Integrado de Patrimônio, Administração e Contratos (SIPAC) oferecem inúmeros recursos, ferramentas e funcionalidades para que todo o trabalho desenvolvido dentro e para a Universidade seja feito de forma integrada.
O SIG foi desenvolvido pela Superintendência de Informática da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e adquirido pela Uern através de um termo de cooperação técnica em 2016. Atualmente, a renovação da parceria está sendo analisada para a continuidade de outras possibilidades que o sistema oferece e, assim, tornar a Instituição ainda mais interligada.
SISTEMA DE ADMINISTRAÇÃO DOS DEMAIS SISTEMAS
SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO DE ATIVIDADES ACADÊMICAS
SIS. INTEGRADO DE PATRIMÔNIO, ADMINSTRAÇÃO & CONTRATOS
SISTEMA DE GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS
Universidade desenvolveu uma série de medidas para amenizar os impactos da mudança no formato das aulas e demais atividades acadêmicas
Eolaene Maria, atualmente com 49 anos, ingressou no curso de Serviço Social do Campus Mossoró da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern) em julho de 2019. Pessoa com deficiência visual e mãe solteira de dois filhos, decidiu enfrentar o desafio do ensino superior. Quando cursava o segundo semestre acadêmico, porém, encontrou as adversidades surgidas com a pandemia da Covid-19.
Após alguns meses de paralisação do curso, ela soube da realização do Uern Conect@, desenvolvido pela Uern em 2020 para promover a formação dos estudantes e prepará-los para a utilização da plataforma virtual do Google Classroom e demais ferramentas do GSuite a ela integradas.
Ao saber do caso de Eolaene, a Ouvidora da Uern, Sephora Nogueira, entrou em contato com a discente. Perguntou do que ela precisava para participar autonomamente das tarefas. Sephora chamou ainda a Diretoria de Políticas e Ações Inclusivas (Dain) para providenciar uma ledora para a discente. Ledores são pessoas que realizam a leitura para pessoas com deficiência visual.
“Daí em diante, só maravilhas, porque, pelo menos para mim, os cursos foram muito bem aproveitados. Depois eu fiquei tão viciada que participei de vários. Foi muito gratificante. Aprendi a entrar no Google Meet, e até consegui criar salas virtuais. Apesar da deficiência, tudo fluiu, tudo ficou mais claro”, conta Eolaene. Ela se adaptou ao ensino virtual; agora possui muito mais facilidade em se integrar às ferramentas pedagógicas digitais, mesmo depois do retorno presencial.
Em razão da pandemia, a Uern desenvolveu uma série de medidas para reduzir os impactos da mudança drástica no formato das aulas e demais atividades acadêmicas, por ocasião do ensino remoto.
No intuito de amenizar as desigualdades de acesso, a Universidade criou o Auxílio Inclusão Digital, por meio do Programa de Fomento às Ações de Assistência à Permanência Estudantil (Pro-Uern). Assim, alunos e alunas em situação de vulnerabilidade passaram a receber uma bolsa para ajudar tanto na aquisição de equipamentos quanto no pagamento de redes de acesso à internet.
Trata-se de uma das muitas ações desenvolvidas pela Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (Prae), que promove ações no sentido de aproximar e garantir aos discentes o suporte necessário para o desenvolvimento de suas atividades, com foco no sucesso acadêmico. O Uern Conect@ e sua versão pré-retorno presencial – o Uern Reconect@ – são resultado dessa política de inclusão.
“Mesmo com o retorno presencial, as aulas e imersões continuaram e a iniciativa se perenizou, oportunizando aos alunos ainda mais e melhores experiências. Essa ação é imprescindível para que nossos alunos possam ter acesso às principais funcionalidades das mais diversas ferramentas digitais”, disse o técnico administrativo Erison Natécio, titular da Prae desde a sua criação até janeiro de 2023.
Com tudo isso, a Uern se reinventou rapidamente nos últimos dois anos, de acordo com o professor Dr. Wendson Dantas, pró-reitor de Ensino de Graduação até agosto de 2021. Atualmente, é titular da Assessoria de Avaliação Institucional.
Processos administrativos e acadêmicos, antes presenciais, foram adaptados ao virtual. Por exemplo, a admissão de ingressantes através do Sistema de Seleção Unificada (SiSU), inclusive com procedimentos de heteroidentificação, continuaram no eletrônico durante a pandemia, com amplo uso das tecnologias digitais de informação e comunicação. Embora algumas dessas tarefas tenham voltado ao presencial, o aprendizado revolucionou o ensino e a dinâmica acadêmica na Universidade.
“Hoje, com as aulas presenciais ocorrendo, a utilização do Google Classroom, de ferramentas interativas on-line, utilização de chats e fóruns compartilhados, continuam sendo bastante utilizados. Além disso, tem se tornado necessário discutir a regularização do uso
de ferramentas digitais para o ensino presencial, junto aos projetos pedagógicos dos cursos”, relata Wendson Dantas.
Bruno Lima, 27 anos, aluno do curso de Geografia do Campus Mossoró, ilustra essa transformação. Seu ingresso na Uern ocorreu no semestre de 2021.1, em pleno período pandêmico. No primeiro ano inteiro do curso, o único contato com colegas e professores era virtual. Com o retorno presencial neste ano, encontrar a todos depois de estabelecidas as relações se tornou uma experiência única.
“Foi estranho ver pela primeira vez meus colegas, as pessoas de quem me aproximei mais nas aulas remotas, não tinha muita afinidade quando os encontrei”, conta Bruno Lima.
O estudante acredita que as facilidades da internet trazem ainda um contraponto: a facilidade de o aluno se dispersar quando está estudando. “A tecnologia tem duas formas de impactos para mim. Uma positiva, quando leio o conteúdo e não compreendo, busco outro meio para entender os conteúdos, principalmente videoaulas que têm me ajudado muito.
E outra negativa, que ocorre quando perco a concentração pelas notificações de aplicativos e mensagens que recebo, tirando minha atenção”, exemplifica.
Para a professora Ma. Fernanda Abreu, atual titular da Proeg, a rápida inserção das tecnologias de informação e comunicação encontraram um público
e um acesso bastante heterogêneos. O uso desses novos instrumentos só se tornou possível graças ao “esforço coletivo” da comunidade acadêmica. É inevitável, diz, que algumas mudanças sejam permanentes.
“Redefinindo os paramentos que antes tínhamos para interação digital, presencialidade, execução de ações de ensino e aprendizagem síncronas e assíncronas, estivemos e estamos em transformação. Embora ainda não seja possível estabelecer o que exatamente perdurará dessa experiência, que por sinal ainda não encerrou, é possível dizer que mudamos substancialmente e ainda temos muito a mudar”, acrescentou. No entanto, o resultado dessa transformação foi positivo, avaliam os gestores.
A pandemia acelerou de forma frenética a necessidade de utilização das ferramentas digitais, das principais tecnologias a serviço do cidadão. Na Universidade não é diferente. Aos poucos, foi sendo explorado positivamente tudo que essas tecnologias podem oferecer e melhorar a atuação da Uern enquanto instituição de ensino superior.
Nascido em um pequeno município do interior potiguar, o professor Chico Dantas, atual vice-reitor da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern), teve sua vida transformada pela educação. Este perfil traça sua história pessoal e carreira profissional.
Oprofessor Dr. Chico Dantas é docente da Uern desde 2005, coordenou a implantação e coordenou o Núcleo Avançado de Educação Superior da Uern, na cidade de Santa Cruz. Assumiu a coordenação do PPgCC da Uern/Ufersa. Foi diretor do Campus de Natal (20162021) e atualmente é vice-reitor da Uern.
Ministrou cursos de capacitação no uso de plataformas tecnológicas para ensino por meio de acesso remoto para as comunidades discente e docente. Tal iniciativa foi estendida para toda rede básica de ensino do Rio Grande do Norte, por meio de projeto de extensão que atendeu mais de 7.000 professores. Foi membro da Diretoria da Sociedade Brasileira de Computação (SBC), tendo sido escolhido em processo eleitoral, de âmbito nacional. Foi editor responsável pela Revista Computação Brasil da SBC e atualmente ocupa a suplência do Conselho da SBC.
Nascido na zona rural de Serra Negra do Norte, no Seridó potiguar, o professor Francisco Dantas de Medeiros Neto se orgulha em dizer que a sua vida foi transformada pela educação.
O segredo para ser feliz é estar bem, fazendo o que gostaFoto: Luziária Machado
Chico Dantas, como gosta de ser chamado, nasceu em uma família numerosa de nove irmãos. Seu pai, um homem com pouco estudo formal, mas com grande conhecimento do mundo, trabalhou a vida inteira na agricultura. Sua mãe, dona de casa, também não teve oportunidade de estudar, chegando apenas à segunda série primária, dedicou sua vida ao cuidado dos filhos. Os filhos do casal, desde muito cedo, precisaram ajudar o pai, na lida com a roça, ou a mãe, com as atividades domésticas.
Apesar do pouco estudo, Seu Manoel (Nezinho de Cezor) e Dona Ivaná sabiam que somente por meio dos estudos seus filhos poderiam ter uma vida melhor e os incentivaram a persistir no caminho da educação. Naquela época, e naquela localidade, o acesso à escola não era fácil. Era preciso acordar de madrugada, às 3 horas da manhã, percorrer 9 km a pé, em uma estrada de barro, até pegar um caminhão, conhecido como “pau de arara”, para chegar a Serra Negra do Norte, pois essa era a única cidade da região que dispunha de escola pública. Contudo, essa era apenas a primeira parte do trajeto em busca de conhecimento, à tarde, após as aulas, era preciso pegar o mesmo “pau de arara”, andar mais 9 km para só então chegar em casa.
E foi assim que o pequeno Chico iniciou seus estudos. Para uma criança, naquelas condições, era difícil compreender com clareza a dimensão da educação como agente de transformação. No entanto, com o passar dos anos, e muita persistência e muito sacrifício da família, este cenário
aos poucos foi mudando. Após alguns anos, Chico foi morar em Serra Negra do Norte e depois em Caicó, onde conseguiu uma bolsa do Banco do Nordeste do Brasil (BNB). Ao mesmo tempo em que avançava na vida escolar, ele enfrentava a culpa e a cobrança em deixar de ajudar a família em seus afazeres para ir estudar. Muitos de seus irmãos continuaram em Serra Negra para não deixar o pai e a mãe sozinhos. Dos nove irmãos, quatro conseguiram concluir o ensino superior, e somente Francisco chegou ao grau máximo da formação acadêmica, o doutorado.
“A minha responsabilidade, ao conseguir, de fato, ter uma melhor condição de vida por meio da educação pública, era, e continua sendo, a de pensar e agir em prol das pessoas que não tiveram, e que não têm, a mesma oportunidade que eu tive, somada, claro, a um traço de resiliência e também de contingência que permeia toda minha existência”.
A experiência no BNB foi um divisor de águas em sua vida. Foi durante este estágio que Chico descobriu a área que queria seguir profissionalmente. Ao estagiar na Unidade de Processamento de Dados do banco, os planos de cursar Direito logo foram substituídos pelo desejo de cursar Computação. Foi também uma fase de muito crescimento pessoal.
Na época, um veículo da prefeitura o levava todos os dias para Caicó. Posteriormente, com a suspensão do serviço de transporte, ele seria obrigado a deixar o estágio. Nessa época difícil, uma funcionária do banco ofereceu uma casa fechada que tinha em Caicó para ele morar. E aos 14, 15 anos, ele passou a assumir a responsabilidade de morar sozinho, em uma cidade maior, longe de sua família.
Anos mais tarde, ao ser aprovado no vestibular para Ciência da Computação, na UFRN, mais um desafio se apresentava em sua vida. Era a hora de sair de Caicó e ir para a capital. Morou na casa de uma tia e depois foi viver com uma irmã, que já residia em Natal. Ao ingressar na universidade, sonhava, como muitos colegas, em trabalhar em grandes empresas, como a Microsoft. No entanto, o contato com alguns professores o fez ver o poder transformador de uma universidade, e seus planos mudaram: agora, ele queria ser pesquisador.
“Um dia eu entrei na sala de um professor, ele olhou para mim e perguntou: Chico, você sabe porque hoje nós temos este copo, com este material? Por que alguém, em uma universidade, conduziu uma pesquisa que teve como resultado a fórmula de fabricação deste material. Este copo é resultado de uma pesquisa que alguém fez
no passado. A universidade tem esse poder transformador, capaz de fazer com que as coisas avancem”.
A pesquisa o colocou na academia de forma definitiva. Uma experiência profissional fora do ambiente acadêmico, em uma empresa no Rio de Janeiro, quase o fez desistir da docência, principalmente pelos atrativos financeiros, no entanto, a pesquisa o trouxe de volta para sua base. Quando decidiu pela vida acadêmica, um amigo chegou a apostar 100 dólares como ele não conseguiria permanecer na academia e que logo iria voltar a trabalhar em uma empresa. Passados alguns anos, o amigo, que atualmente trabalha na Google, desistiu e pagou a aposta.
Em 2004, após ter concluído o mestrado, foi aprovado com bolsa para fazer doutorado na Austrália, mas meses antes sua mãe foi diagnosticada com câncer em estágio muito avançado. Chico abriu mão do doutorado para dedicar-se em tempo integral aos cuidados com sua mãe, passando a trabalhar em sua área de formação e se afastando da academia por aproximadamente dois anos. Dona Ivaná faleceu em 2004. No ano seguinte, a Uern abriu concurso para professor do curso de Ciência da Computação, no qual ele foi aprovado e iniciou a carreira docente, no Campus de Natal.
“A vida de professor é muito prazerosa. Minha maior felicidade é ver meus e minhas estudantes se dando bem, bem colocados no mercado de trabalho. Eu tenho um ex-aluno que hoje trabalha no Facebook, muitos em outras empresas e também em instituições de ensino. O segredo para ser feliz é estar bem, fazendo o que gosta”.
Logo depois, foi coordenador do curso de Ciência da Computação do Núcleo Avançado de Santa Cruz. Lá passou por uma experiência que marcou para sempre a sua vida pessoal e profissional. Ao realizar a matrícula de um aluno (na época as matrículas eram realizadas manualmente), chegou um estudante acompanhado por seu pai, que emocionado, chorava ao ver o filho matriculado em uma universidade. Aquilo, para Chico, foi como um tapa na cara, pois até então, não concordava com a forma como os núcleos avançados da Uern funcionavam e até mesmo com a sua existência. O rapaz morava em Japi, um povoado próximo a Santa Cruz, e as palavras daquele pai foram como um recado que a vida lhe mandava e, implicitamente, diziam: olha de onde tu veio. Você tá aqui chateado porque esse prédio, ou essa escola, que foi o prédio que a prefeitura nos cedeu, não está adequado neste momento, mas veja o que isso causa na vida de quem chega aqui. Hoje o rapaz tem graduação, mestrado e é professor do IFRN.
Passado o estágio probatório, voltou a tentar uma vaga no doutorado, tendo sido selecionado com bolsa para a PUC-Rio. Passou dois anos, foi para a Inglaterra, conheceu 19 países durante sua pesquisa e depois retornou para a defesa na PUC-Rio. De volta à Uern, reassumiu as atividades no Campus de Natal e três anos depois, em 2016, estava diante de um novo desafio: além de professor, agora também seria gestor, havia sido eleito diretor do Campus de Natal, cargo para o qual foi reconduzido em 2020.
Mesmo que a princípio não tivesse a intenção de assumir um cargo de gestão, ele sentiu um desejo de atuar além do ensino e da pesquisa, pois percebeu que as tomadas de decisões institucionais impactavam todas as áreas da universidade. Muitas vezes, sentiu-se angustiado por desejar ações e mudanças que considerava serem necessárias ao desenvolvimento da instituição, e não poder construir formas
para que fossem implantadas, por esse motivo, passou a ver a gestão como uma forma de buscar melhorias dentro do ambiente institucional. Sempre avaliando seu desempenho junto à comunidade acadêmica do campus, sua gestão foi marcada pelo diálogo, pela melhoria na qualidade de vida e do ambiente do próprio campus, e da comunidade ao entorno. Também buscou meios de aproximar a classe política da Uern, em uma época em que a Universidade enfrentava uma violenta campanha difamatória por parte de alguns representantes da classe política da capital, apresentando as atividades nas áreas de ensino, pesquisa e extensão realizadas no Campus.
Em 2021, afastou-se do cargo para assumir a vice-reitoria ao lado da professora Cicilia Maia, atual reitora da Uern. Os dois foram escolhidos pelas três categorias da Universidade, em uma eleição histórica.
Assumir a vice-reitoria foi mais uma guinada em sua vida. Desta vez, fazendo o caminho inverso, Chico deixou a capital e foi morar no interior, em Mossoró, onde está localizada a sede da Uern. A cidade o recebeu de forma muito acolhedora e hoje se diz totalmente ambientado em Mossoró.
Em menos de um ano à frente da instituição, a dupla de gestores conseguiu alcançar importantes conquistas, como a autonomia financeira, o Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração (PCCR) dos servidores e o fim da lista tríplice para os cargos de reitor e vice-reitor. A autonomia financeira era uma pauta histórica da comunidade acadêmica, que durante décadas foi perseguida pela instituição. Com a conquista da autonomia, foi possível conquistar também os PCCRs dos servidores docentes e técnicos administrativos. O fim da lista tríplice era uma pauta mais recente, mas não menos importante. Decorrente da luta pela democracia, a pauta garante que a partir de agora, a decisão da comunidade acadêmica, em escolher as pessoas que irão conduzir a universidade, seja respeitada. Para o vicereitor, essas conquistas são resultados de muitas mãos ao longo da história, no entanto, não se pode negar o papel decisivo da atual gestão para que esses objetivos fossem atingidos.
“Essas conquistas têm muitas mãos. Cada um, à sua maneira, colocou um tijolinho
lá, mas foi graças à nossa dedicação, ao nosso empenho ao assumir, a nossa boa relação com o governo, que essa conquista foi acelerada e alcançada. Existe um mérito muito grande da nossa gestão e eu não tenho vergonha nenhuma em dizer isso. Obviamente a gente pegou muita coisa pronta, mas o pé no acelerador quem colocou fomos nós”.
Além da área de atuação, a Ciência da Computação, Chico e Cicília têm em comum o perfil de cada vez mais buscar incansavelmente trabalhar pela instituição e construir caminhos através do diálogo em defesa da universidade e, principalmente, o amor pela instituição. Para os próximos três anos, alguns desafios se apresentam, como a adequação da estrutura física, da
estrutura tecnológica, a recomposição do quadro de pessoal, o fortalecimento da pesquisa, do ensino e da extensão, da internacionalização, da universidade como uma instituição inclusiva e includente, para tornar a Uern cada vez mais competitiva no cenário nacional. Para esses e outros desafios, Chico diz: “Estou pronto!”
“A educação me colocou de pé, é por ela que eu tenho que lutar. É esse o meu objetivo: lutar e trabalhar cada vez mais em prol de uma educação pública e gratuita ainda mais transformadora e de investimentos, essenciais para manutenção de sua qualidade. Desta forma, aqueles e aquelas que ainda estão por vir, talvez seguindo um caminho parecido com o meu, terão as mesmas oportunidades”.
Olhando para sua trajetória, para o pequeno Chico que percorria todos os dias 18km a pé para estudar, o professor, doutor, pesquisador, gestor Chico Dantas tem algumas palavras que podem servir de inspiração para muitas pessoas: “O Chico lá de trás, por muitas vezes, teve vontade de desistir. Sempre que eu saía de casa, mamãe ficava na porta. É uma imagem muito viva e, por vezes, querendo o aconchego do lar e da família, pensei em desistir. Hoje, eu diria a ele que seguisse sem medo, que no final as coisas dariam certo”.
A educação me colocou de pé, é por ela que eu tenho que lutar
A partir de uma parceria com a Fundação Roberto Marinho, firmada em 2014, deu-se início a uma trajetória que rendeu a produção de vários materiais para o Canal Futura e para o GloboPlay, plataforma digital de streaming da Globo
AUern TV, desde sua criação, há oito anos, tem sido pautada pelo compromisso de produzir e divulgar conteúdos de cunho social e educacional, além, claro, de funcionar como laboratório para alunos dos cursos de Jornalismo e de Rádio, Tv e Internet, permitindo-lhes que possam colocar em prática o que aprendem em sala de aula. Essas são algumas das missões da TV Universitária da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern).
Foi a partir de uma parceria com a Fundação Roberto Marinho, firmada em 2014, que se deu início a uma trajetória que viria a render bons frutos. Logo no ano seguinte, a Uern TV iniciou suas produções para o Canal Futura, sendo a primeira delas a série “Sanfonas Nordestinas”.
O intuito foi retratar a cultura regional, com foco no forró, estilo musical característico da nossa região. E, como o próprio nome sugere, a sanfona foi protagonista em todos os episódios, juntamente com sanfoneiros, que compartilharam suas histórias e contribuíram para o resgate da cultura nordestina.
A segunda produção de destaque também foi produzida no Nordeste, mais especificamente em Pernambuco. Uma equipe viajou até Recife e Olinda para mostrar tudo sobre o frevo, através da série intitulada “Eu quero é frevo”. Os episódios contaram sobre as origens do
ritmo, as variações da dança, a história dos blocos e os principais artistas do gênero.
Em 2016, o São João foi destaque na programação. Foram produzidas para o Canal Futura reportagens especiais mostrando a programação junina das três cidades consideradas destaques nesse período: Mossoró (RN), Caruaru (PE) e Campina Grande (PB). Os telespectadores apreciaram, através das telas, a beleza das quadrilhas, os artistas, museus, curiosidades e a gastronomia da festa. As reportagens foram exibidas no Jornal Futura.
As produções continuaram e a parada seguinte foi na Bahia. Em parceria com a Universidade Estadual de Santa Cruz, a Uern TV produziu mais uma série: Sou Cultura Afro.
As gravações foram feitas em cidades do litoral sul baiano. Em quatro episódios, foram evidenciadas as tradições da cultura afro-brasileira, abordando questões étnicas e expressões artísticas e culturais no lugar de fala, o que trouxe uma grande representatividade social para as telas.
Voltando a Pernambuco, foi gravada a série “Sou Xaxado”, dessa vez, através de uma parceria com a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). Alunos e técnicos das duas instituições foram até Serra Talhada, no sertão pernambucano, mostrar as origens e curiosidades desse ritmo tipicamente nordestino, que surgiu na época do cangaço. A experiência permitiu a integração e o intercâmbio de alunos no processo de formação para produção audiovisual de grande porte.
“As gravações são, sempre, um grande aprendizado para todos nós que trabalhamos numa série. O intercâmbio com profissionais de outras universidades e do Canal Futura nos permite evoluir na qualidade dos materiais que entregamos. E, também, com destacada importância, tem o aprendizado dos alunos que podem, nessas locações, ver toda logística que envolve a produção de uma grande série para as multitelas”, comentou o diretor da Uern TV, professor Dr. Fabiano Morais.
Numa sequência de parcerias interinstitucionais, a Uern TV deu continuidade ao seu trabalho e, mesmo em meio a pandemia, não deixou de cumprir seu papel.
Em 2021, foi até Sergipe e Alagoas gravar mais um produto, que viria a ser um retrato da história do cangaço no Nordeste.
“O cangaço vive” é o nome da websérie da qual a Uern TV é coprodutora. Em cinco episódios, foi mostrado como o cangaço, após mais de 80 anos da morte de seu precursor, Lampião, ainda continua em evidência através do turismo e das manifestações culturais. Essa produção envolveu técnicos e alunos da Uern e da Universidade Federal de Sergipe (UFS).
Multitelas
Ano após ano, a Uern TV, através de todo esse material, foi conquistando seu espaço e fazendo sua imagem como uma TV Universitária referência em produções audiovisuais, sempre reforçando seu compromisso de divulgar temas relacionados à cultura, sociedade, regionalismo, educação e cidadania. Uma prova disso são as produções que, além de serem exibidas no Canal Futura, também foram disponibilizadas no GloboPlay, plataforma digital de streaming da Globo.
Foi o caso da série “Sou Poesia Popular”. Lançado no ano passado, o material explora o talento de artistas que mostram ao Brasil a riqueza cultural nordestina e mantêm a tradição viva por meio da música, cordel, poesia e repente. Ao todo, foram percorridas cerca de dez cidades do RN e de Pernambuco para realizar uma produção de quatro episódios.
Ainda em 2021, foi lançado mais um produto em parceria com o Canal Futura. A série “Biologando” é composta por 13 episódios de sete minutos cada. O desafio da Uern TV foi construir um material didático, abordando temas da Biologia de uma forma diferente, já que o público-alvo prioritário eram os jovens, estudantes do ensino médio. A Uern foi uma das cinco universidades do País escolhidas pelo Futura para produzir o material, que tem cunho pedagógico, mas que é ampliado para um público diverso na TV.
Para o diretor, representar a Universidade nacionalmente através de produções como essas tem sido motivo de orgulho para a equipe.
“Para a Uern, a exposição da marca para todo Brasil, através de uma plataforma
de streaming como a Globoplay, com mais de 25 milhões de assinantes, agrega muito valor a essa Instituição que já tem grande relevância dentro do RN, mas que precisa ir além disso, afinal, a cultura, a cidadania e o saber são universais", afirma Fabiano Morais.
Além disso, segundo o diretor, o próprio Canal Futura, um grande parceiro desde o início, atinge um público superior a 100 milhões de brasileiros.
"Levar o nome da nossa TV e da nossa Universidade é motivo de muito orgulho para todos nós”, complementa.
Em todas as produções nacionais, a participação de alunos que integram a Uern TV tem sido efetiva, confirmando assim o dever de oferecer aos estudantes meios de aprendizado para além da sala de aula, contribuindo assim para seu crescimento profissional.
A missão continua com mais desafios. Para 2023, mais cinco séries (“Sou Cultura Popular”, “Sou Carimbó”, “Sou Toada”, “Sou Chorinho” e “Sou Mestre da Cultura”) deverão ser produzidas para o Canal Futura e Globoplay, contando
sempre com o apoio de parceiros, além de alunos e técnicos.
“Em TV, internet e outros meios eletrônicos a máquina é dinâmica, não para. E não para, também o nosso desejo de produzir mais e com o zelo de sempre
Telejornal semanal com assuntos relacionados à educação, sociedade, tecnologia, cultura e cidadania são abordados em reportagens especiais produzidas por alunos e técnicos da Uern TV.
O jornal, que vai ao ar toda quartafeira, traz ainda entrevistas e tem sua apresentação ao vivo. É o carro-chefe da programação da Uern TV, envolvendo toda a equipe em sua produção.
Programa semanal semanal que leva informações à sociedade sobre temas relacionados à saúde. Contribui para que as pessoas possam cuidar melhor de sua
tentar fazer melhor. É assim que estamos nos preparando para as próximas séries, com a escolha do elenco de alunos e técnicos. Serão cinco séries em cinco Estados de três regiões do país. Um desafio e tanto, mas esperamos entregar belas produções”, finaliza.
entrevistas produzidas por alunos e técnicos da Uern TV com a proposta de colocar em debate assuntos importantes para a sociedade, trazendo histórias e discussões para
A cada edição é discutido algum tema relacionado ao meio ambiente, novas tecnologias, educação, cultura, sociedade, dentre outros.
As discussões se estendem ao público, que pode interagir por meio de comentários ou perguntas feitas no canal da Uern TV no
A Escola de Música D’alva Stella Nogueira Freire possui hoje cerca de 250 alunos e promove, além de cursos, eventos e atividades de extensão
“E eu corri pro violão num lamento, e a manhã nasceu azul. Como é bom poder tocar um instrumento”. Utilizando versos da música “Tigresa”, do compositor baiano Caetano Veloso, o servidor público aposentado Avilam Souto, de 58 anos, busca sintetizar um pouco sua ligação com a música e o prazer que sente ao utilizar algum instrumento musical.
Embora sempre se renove, essa alegria do contato com os instrumentos não é uma novidade para Avilam, que, desde a infância, apresentou afinidade com a música. A arte lhe inspirou momentos de criatividade e satisfação. Nessa história de amor, a Uern ingressa como uma das principais personagens. Na vida adulta,
a Universidade ofereceu o ambiente adequado para que ele desenvolvesse sua aptidão e aprofundasse seu contato com a arte.
“O meu gosto pela música começou ainda na infância. Eu sempre gostei de ouvir música, especialmente os sons de bateria e percussão. Ainda com nove, dez anos de idade, montei uma banda com os vizinhos da rua, usando caixas de papelão, baldes, materiais que a gente via o pessoal improvisar. A gente montou um grupo, sem ter noção de nada de música, mas se divertia com isso já nessa época”, recorda o servidor.
Além das experiências musicais com instrumentos improvisados, a busca por conhecimento musical tomava boa parte do tempo e da curiosidade de Avilam durante a infância.
“Ainda nesse período uma banda aqui de Mossoró alugou um prédio na minha residência onde eles faziam os ensaios. Eles não permitiam que eu entrasse, mas eu ficava sempre na calçada ouvindo os sons”, conta.
Uma experiência semelhante repetiu-se já na sua vida adulta. Durante uma visita à Escola de Música D’alva Stella Nogueira Freire, que à época funcionava em um prédio anexo ao Epílogo de Campos, ele descobriu uma paixão por um novo instrumento.
Ouvindo o ensaio de um saxofonista que praticava no local, Avilam sentiu grande curiosidade para aprender o instrumento. Adquirir um saxofone naquele momento, contudo, estava fora de seu alcance, devido ao preço e à dificuldade para encontrar um à venda.
De todo modo, aquele encontro aumentou a já tão expressiva curiosidade de Avilam em relação ao mundo musical e à Escola de Música tornou-se o cenário onde ele pôde experimentar esse universo de modo mais intenso.
Hoje aluno do curso de iniciação ao violão popular oferecido pelo equipamento, Avilam enumera as outras modalidades que estudou no espaço - violão, pandeiro e os dois instrumentos que mais o atraíram para a música, a bateria e o saxofone. Anos depois do primeiro curso iniciado no local, Avilam permanece aluno da Escola, dedicando-se ao curso livre de iniciação popular iniciado em agosto de 2022.
Além de ter frequentado diversas salas do equipamento, Avilam também colaborou para a chegada de dois outros estudantes que com ele compartilham a atração pela música: uma filha e dois netos também matriculados na Escola. “É muito bom ver eles também seguindo esse caminho. Um motivo de alegria”, comenta.
Aos 35 anos, Mércia Souto, filha de Avilam, é aluna do curso básico de piano, instrumento que sempre a atraiu e, recentemente, a motivou a conciliar as ocupações da rotina à dedicação a um hobby que lhe exige tempo e esforço, mas lhe retribui com a mesma alegria que os familiares recebem da música.
Avilam, a filha e os netos estão hoje entre os cerca de 250 alunos matriculados na Escola de Música D’alva Stella Nogueira Freire, divididos entre os cursos de iniciação musical, voltados para crianças de oito a onze anos, e os cursos básicos, para pessoas com mais de 12 anos.
Conforme explica o coordenador administrativo da Escola
de Música, o instrutor musical Bruno Farias, os cursos básicos se dividem em duas categorias - uma voltada para pessoas que ainda não têm experiência com a música e outra destinada a pessoas que já têm um conhecimento prévio, mas querem aprofundar essa relação.
No primeiro caso, os estudantes são escolhidos através de sorteio, enquanto, na segunda categoria, os ingressantes devem passar por provas práticas e teóricas antes de iniciar o curso. Conforme o coordenador, a Escola recebe atualmente alunos tanto de Mossoró quanto de cidades próximas e de estados vizinhos como a Paraíba e o Ceará, dispondo de aulas sobre aproximadamente 25 instrumentos musicais.
Além das aulas, frisa Bruno Farias, a Escola de Música promove uma série de ações que têm impacto direto não só sobre o público já ligado à música quanto sobre a comunidade como um todo.
“A Escola também oportuniza a realização de eventos e ações de formação, como oficinas e master classes, trazendo também professores de fora. Também promovemos a realização de apresentações e recitais, muitas vezes com alunos da própria Escola, fora os grupos que nós temos, como o grupo de cordas, o coral da Uern, o grupo de chorinho Ingênuo. E ainda temos algumas ações como o programa de formação musical para bandas de música”, ilustra Bruno.
Para o diretor, as atividades promovidas pelo equipamento fazem com que a Escola de Música tenha um papel social que vai muito além do ensino dos instrumentos e das especificidades da música.
“A Escola consegue impactar de forma muito positiva diversos setores, incluindo áreas de vulnerabilidade social, bandas de música, públicos específicos, possibilitando um conhecimento mais direcionado e orientado, com professores específicos para os instrumentos. Isso faz com que a Uern possibilite esse aprendizado mais direto a pessoas que não teriam esse acesso, fomentando esse desenvolvimento através da música”, destaca.
Entre os cursos oferecidos atualmente pela Escola de Música estão aulas de canto, violão, bateria, violino e outros instrumentos de diversos tipos.
Ilustração artística (Arte: Laura Guimarães)
E o futuro se fez agora, como sonho coletivo, tornou-se realidade, como nos versos de Raul Seixas “Sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é realidade”.
A autonomia de gestão financeira e patrimonial da Uern tornou-se uma realidade com a lei 11.045/2021, sancionada pela governadora Fátima Bezerra em 29 de dezembro de 2021, em solenidade histórica realizada no pátio da Reitoria da Uern, em Mossoró/RN. Originalmente, o Projeto de Lei No 411/2021 foi, após intenso diálogo com a comunidade acadêmica da Uern, representada por suas entidades como o Diretório Central dos/as Estudantes (DCE), a Associação dos/as Docentes da Uern (Aduern), o Sindicato dos Servidores Técnicos Administrativo da Uern (Sintauern) e Gestão da Uern, apresentado pelo Governo do Estado à Assembleia Legislativa do RN e aprovado, por esta, à unanimidade.
Diz a Lei No 11.045, de 29 de dezembro de 2021, em seu Art. 1o:
"Art. 1o A Fundação Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Fuern), integrante da Administração Indireta do Estado do Rio Grande do Norte, conforme previsto na Lei Estadual No 5.546, de 8 de janeiro de 1987, goza de autonomia didáticocientífica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerá ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, nos termos do art. 207 da Constituição Federal e do art. 141 da Constituição Estadual".
Importante ressaltar que a autonomia de gestão financeira e patrimonial, que nos faltava, compõe o tripé, juntamente com autonomia didático-científica e autonomia administrativa, que define a Autonomia Universitária Plena, expressa na Constituição Federal de 1988 (Art. 207) e na Constituição Estadual de 1989 (Art.141). Nesse sentido, podemos agora dizer que a Uern goza de autonomia universitária plena conforme a legislação vigente.
A Uern, com autonomia de gestão financeira e patrimonial, em termos de gestão, equipara-se aos poderes Legislativo e Judiciário, por ter um orçamento próprio definido e a possibilidade de gerir seus próprios recursos, ou seja, exercer a capacidade de planejar e aplicar os seus recursos com base nos diálogos internos com os sujeitos que a compõem, com a sua comunidade acadêmica. Processo que deve ser pautado em uma visão de compromisso social, de formação de pessoas e de instrumento do e para o desenvolvimento econômico, social, cultural e humano do RN.
Desde a sua fundação em 1968, conforme pontuado pelo professor Pedro Fernandes Ribeiro Neto, em 28 de setembro de 2013, em seu discurso de posse como reitor, a Uern vivenciou as seguintes fases históricas: primeira fase – Fase da Municipalização (de 1968 a 1974); segunda fase – Fase da Regionalização (de 1974 a 1987); terceira fase – Fase da Estadualização (de 1987 a 2000); quarta fase – Fase da Consolidação (2000 a 2013), e nesse mesmo discurso, anunciador do futuro, com uma possível quinta fase – Fase da Autonomia Plena
O futuro se fez agora. Com a conquista da autonomia de gestão financeira e patrimonial, a Uern inicia sua quinta fase de construção e consolidação institucional, a fase da autonomia plena, 34 anos após a sua Estadualização, firmada em 08 de janeiro de 1987, pelo então governador do RN, Radir Pereira.
Sonho coletivo, hoje materializado, a autonomia de gestão financeira e patrimonial, autonomia universitária plena, é fruto também do trabalho de muitas pessoas anônimas, invisíveis, que deixaram suas marcas e contribuições. A história lembrará especialmente das figuras públicas que balizaram e definiram caminhos a serem trilhados, dentre as quais destaco e registro: a Aduern, como sujeito coletivo, que pautou politicamente em seu primeiro congresso, em
1998, a defesa da autonomia universitária na Uern; o reitor Milton Marques de Medeiros, que conduziu institucionalmente, enquanto reitor/gestor, a autonomia de gestão financeira, instituindo em 2006 a primeira comissão para pensar uma proposta de autonomia para a Uern; o reitor Pedro Fernandes Ribeiro Neto, que definiu em sua carta programa de gestão (2013) a autonomia como um objetivo a ser perseguido; a reitora em exercício Fátima Raquel Rosado Morais e a atual reitora Cicília Raquel Maia Leite, que em conjunto conduziram os diálogos mais recentes com a comunidade acadêmica e seus segmentos e as relações institucionais necessárias para efetivação da conquista da autonomia; a governadora Maria de Fátima Bezerra, que acolheu a bandeira histórica da Autonomia, instituiu comissão para estudos técnicos e apresentou projeto de lei à Assembleia Legislativa do RN; os deputados da Assembleia Legislativa do RN, na legislatura de 2021, que, por unanimidade, materializaram, em Lei, a Autonomia de gestão financeira e patrimonial da Uern.
Cabe registrar ainda que a autonomia universitária, como bandeira histórica das universidades e da Uern, diz respeito também à autonomia na produção e disseminação de conhecimentos que levem à concretização da ciência a serviço do humano, em especial, livre das amarras limitantes da política grupal ou partidária, bem como das amarras culturais, sociais, econômicas, dentre outras. Ou seja, liberdade de/na escolha de pensar e intervir para transformar vidas, instituições, sociedades, sempre pautadas pelo bem comum.
A Uern é um sonho e realidade coletivos que se constrói e reconstrói cotidianamente. Seu futuro sempre será o agora porque toca, muda, transforma a vida das pessoas, dos seus alunos, em especial, dos filhos da classe trabalhadora desse tão sofrido RN, que tem na Uern, espalhada em todo lugar, como seu ambiente de formação acadêmica, de ascensão
cultural, social, econômica e de empoderamento pessoal (sujeito/indivíduo) e coletivo (grupo de pertencimento, em especial, a família).
A Uern é um sonho e realidade coletivos que se constrói e reconstrói cotidianamente. Seu futuro sempre será o agora e seus servidores (professores, técnicos e terceirizados), com seu trabalho diário/cotidiano são artífices e sujeitos desse processo de materialização de sonhos. A missão de seus servidores é maior que seus contratos de trabalho, pois cada passo, cada conquista, leva as suas digitais, as suas marcas de pertencimento e compromisso.
Nesses 54 anos de existência da Uern, nessa fase histórica que se inicia, muitos caminhos a serem trilhados, muitos desafios a serem enfrentados, muitos sonhos a serem transformados em realidade. Todos e todas, estudantes, professores, técnicos administrativos, terceirizados, independente das funções que assumem na gestão, e representação de segmentos são responsáveis pelo processo de consolidação da Uern, como patrimônio do povo potiguar, universidade pública, gratuita, democrática, socialmente referenciada, inclusiva, includente e afrorreferenciada.
O futuro começa aqui e agora!! O futuro sempre será o agora. Vamos que vamos. Viva a Uern. Girassóis a todos/as para que não percamos a direção da luz! (Edilene Jales).
Professora Emérita e ex pró-reitora adjunta de Pesquisa e Pós-Graduação da Uern; ex-presidente do DCE-Uern; ex-presidente da Aduern.
DASREDUÇÃODESIGUALDADES
DAERRADICAÇÃO POBREZA
BEM-ESTARSAÚDEE
GÊNERODEGUALDADEI
DETRABALHO CENTE CRESCIMENTOE ECONÔMICO INOVAÇÃOIA,RSTINDÚE INFRAESTRUTURA
QUALIDADE EDU CAÇÃO DE
Estrutura
r eiTora: Profa. Dra. Cicília Raquel Maia Leite, viCe- r eiTor: Prof. Dr. Francisco Dantas de Medeiros Neto , C hefia D e G abine T e : C hefe : Prof. Dr. Lauro Gurgel de Brito e s ub C hefe: Prof. Dr. Jandeson Dantas da Silva , P ró - r ei T ora D e a D minis T ração: Profa. Dra. Simone Gurgel de Brito e P rór ei Tor a Djun To: TNS Esp. Pedro Rebouças de Oliveira Neto, Pró - r ei Tora De PlanejamenTo, o rçamenTo e finanças: Profa. Dra. Fátima Raquel Rosado Morais e Pró - r ei Tor a Djun To: TNM Ítalo de Souza Dantas , Pró - r ei Tora D e G es Tão D e Pessoas : Profa. Dra. Isabel Cristina Amaral de Sousa Rosso e Pró - r ei Tor a DjunTo: Prof. Me. Luís Marcos de Medeiros Guerra , Pró - r ei Tor De a ssunTos e s T uDanTis: TNM Ana Angélica do Nascimento Nogueira e Pró - r eiTor aDjunTo: TNM Dr. Nestor Gomes Duarte Júnior, Pró - r ei Tora De ensino De G ra Duação: Profa. Ma. Fernanda Abreu de Oliveira e Pró - r eiTora aDjunTa: Profa.Dra. Rosa Maria Rodrigues Lopes , Pró - r eiTora De Pesquisa e Pós -G raDuação: Profa. Dra. Ellany Gurgel Cosme do Nascimento e Pró - r eiTor a DjunTo: Prof. Dr. Cláudio Lopes de Vasconcelos , Pró - r eiTor De e x Tensão: Prof. Me. Esdras Marchezan Sales e Pró - r eiTora a DjunTa: Profa. Ma. Anairam de Medeiros e Silva.
a u ern é membro Da a sso C iação b rasileira D os r ei Tores Das universiDaDes e sTaDuais e muniCiPais (abruem), úniCa rePresenTanTe Do r io G ranDe Do nor Te , Das quarenTa e CinCo ins TiT uições De ensino s uPerior (ies) assoCiaDas , Per TenCenTes a vinTe e Dois es TaDos Da feDeração, e Com um PaPel funDamenTal na erraDiCação Do analfabe Tismo, na suPeração Das DesiGualDaDes eDuCaCionais , na melhoria Da qualiDaDe Da eDuCação, na Promoção Dos PrinCíPios Do resPeiTo aos DireiTos humanos , à DiversiDaDe e à susTenTabiliDaDe, enTre ouTras Dire Trizes DesCriTa no Plano naCional De eDuCação (Pne), l ei n ° 13.005, De 25 De junho De 2014.