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Fátima Bezerra
from Revista UERN 54 Anos
by UERN Agecom
O fim da lista tríplice para escolha de reitor(a) e vice-reitor(a), a autonomia financeira e a implantação do Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração dos servidores são realizações que tocam o coração da chanceler e doutora honoris causa da Universidade do Estado do Rio Grande Norte (Uern).
Por ser pioneira na interiorização do ensino superior no estado e, muitas vezes, a única oportunidade de acesso à graduação, além de todo seu histórico de promoção da educação, a Universidade tem um lugar especial na vida e na gestão da governadora.
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Na entrevista a seguir, a chefe do executivo estadual celebra os momentos de conquistas e os desafios que uma instituição pública, gratuita e de qualidade ainda tem a enfrentar.
Como governadora do Rio Grande do Norte, a senhora é automaticamente chanceler da Uern. No entanto, a sua relação com a Universidade vem de antes mesmo do mandato de governadora. Fale um pouco sobre a sua relação com esta instituição que já entregou, ao longo de seus 54 anos, mais de 54 mil diplomas de graduação.
em 2019, senti uma grande honra e foi muito significativo para mim porque mais do que um reconhecimento pessoal, enquanto professora, eu tenho uma trajetória em defesa da educação. E eu vi aquela homenagem como algo que eu poderia compartilhar com todo o povo do Rio Grande do Norte, que foi um povo ousado e que elegeu a primeira mulher – e ainda mais professora – de origem popular no pleito de 2018 e que segue me dando esse voto de confiança que darei continuidade nos próximos quatro anos. Trago na vida uma história de superação de obstáculos e quando penso que a Uern é pioneira na interiorização do ensino superior e que, em muitos casos, é a única oportunidade concreta de acesso ao ensino superior para grande parte de seus discentes, isso só me honra, me alegra e me aproxima desta instituição naquilo que é um dos meus grandes sonhos: transformar e melhorar a vida das pessoas por meio da educação.
A senhora está encerrando seu primeiro mandato com a marca de ter instituído o fim da lista tríplice, concedido a autonomia financeira e criado o plano de cargos carreiras e salários. Como a senhora se sente?
em uma cidadezinha pequena e sem oportunidades. Então, quando a gente concede autonomia plena, financeira à Uern, estamos dando à Universidade Estadual uma política de estado permanente e para além de qualquer governo. Assim como a Assembleia Legislativa tem o seu orçamento próprio, assim como o Poder Judiciário tem o seu orçamento próprio, a Uern vai ter o seu orçamento e ela vai gerir, exatamente, aquele orçamento para cumprir com sua missão social, que é a de levar educação e oportunidade de crescimento para quem deseja estudar e obter conhecimento e formação profissional.
Eu diria que a minha relação com a Uern passa também por questões sentimentais porque eu sou uma professora que sentiu na própria pele – quando era estudante - a dificuldade de ter acesso à educação de qualidade, por não viver, exatamente em uma capital. E ver, hoje, as oportunidades oferecidas pela Uern para estudantes que têm o mesmo perfil social que eu tinha, é de uma alegria sem tamanho para mim. A interiorização do ensino superior é um marco da Uern e uma verdadeira possibilidade de transformação social e de formação profissional nas várias regiões onde nossa universidade estadual está instalada. Vale lembrar que, além de chanceler, eu recebi o título de Doutora Honoris Causa da Uern,
São realizações que tocam muito meu coração de professora. Tenho muito orgulho do que fizemos pela Uern. Não orgulho enquanto vaidade, mas sentimento de dever cumprido e alegria de o nosso governo ter realizado sonhos de gerações. Chego a me emocionar quando me refiro à autonomia plena, financeira da Uern porque eu sei o que foi, por exemplo, num determinado momento da minha vida, eu passar dois anos sem estudar. Não por negligência de minha mãe, dona Luzia. Imagino que ela sofria muito, até mais do que eu, de ver uma filha dentro de casa com os estudos parados, porque não tínhamos como, de maneira nenhuma, dar continuidade
Um marco do governo Fátima Bezerra será a entrega do Hospital da Mulher. Qual o papel da Uern neste que será o maior equipamento de saúde do estado?

Será mesmo um marco! A partir de dezembro deste ano, o Rio Grande do Norte vai contar com o maior equipamento de saúde da área hospitalar, voltado para a saúde da mulher, e passando de 90% das obras concluídas. As obras estão previstas para terminar em novembro e, até o final de dezembro pretendemos dar início à primeira fase com a unidade ambulatorial e que vai ter a missão de atender às mulheres da segunda macrorregião do Rio Grande do Norte, principalmente na alta complexidade e naqueles partos e puerpérios que exigirem mais cuidados e quando houver riscos de morte para a mulher. O Hospital da Mulher está sendo preparado com todo o respeito, compromisso e cuidado para levarmos o melhor atendimento humanizado. Caberá à Sesap realizar a parte administrativa e à Uern caberá, exatamente, o grande desafio que é de fazer a gestão acadêmica do Hospital da Mulher. E fazer, também, a interface com outras unidades de ensino superior.

A Uern será responsável pelas parcerias com residências médicas, estágios e no processo de educação permanente na formação da enfermagem obstétrica, por exemplo, e também na articulação com as outras unidades acadêmicas da região, lotando alunos de outras universidades numa formação que tenha como foco não só o conhecimento técnico, como também uma formação humanizada.
A Uern tem a marca de ser uma universidade inclusiva, includente e socialmente referenciada. Como a senhora analisa esse reconhecimento?
Eu vejo como um trabalho persistente e permanente de inclusão que a Uern vem fazendo ao longo dos anos. E para não ficarmos somente nos conceitos, gosto muito de referenciar essa estratégia de inclusão social com dados: 78% dos estudantes da Uern são oriundos da escola pública; desses, 82,8% são alunos do Sistema Educacional do Rio Grande do Norte; os estudantes de origem de famílias que têm distribuição de renda, per capita, abaixo de um salário mínimo compõem 79,6% do corpo discente e o índice de empregabilidade após a formação superior é de 74,5%. Portanto, quando realmente colocamos em prática as premissas de assistência estudantil baseadas na democratização do acesso, por meio de cotas, sejam elas sociais, étnico-raciais ou de inclusão para pessoas com deficiência, nós estamos, de fato, realizando uma política de inclusão.
A sociedade potiguar vive a expectativa para a realização do concurso público, que já foi autorizado pela senhora, e para a ampliação do quadro de cargos da Uern, que irá possibilitar a adequação à atual realidade da instituição, e a ampliação no número de cursos, por exemplo. Como a senhora enxerga esse avanço?

Veja bem, a autorização do concurso para ampliação de cargos na Uern, especialmente na área docente, integra o conjunto de ações implementadas pelo nosso Governo, no sentido de fortalecer um dos maiores patrimônios acadêmico, científico e cultural do Rio Grande do Norte. Importante frisar que o papel que a Uern exerce vai muito além de uma instituição de ensino superior. Trata-se de um instrumento de inclusão social. Daí a importância de ampliação de seu corpo docente para que possamos, cada vez mais, avançar no ensino, na pesquisa e na extensão, possibilitando que as camadas sociais historicamente menos favorecidas tenham acesso ao ensino superior e assim elevar a sua qualidade de vida, bem como a de suas famílias.
Nos últimos anos a Uern tem fortalecido sua política de permanência estudantil, principalmente com o acesso aos recursos do Fundo de Combate à Pobreza (Fecop), mais um marco do governo Fátima Bezerra. Como a senhora vê isso?

Vemos como mais uma missão cumprida, porque compreendemos que o acesso à educação, especialmente ao ensino superior, é necessário, importante e fundamental. Mas não adianta só garantir acesso, é preciso também garantir as condições de permanência desses estudantes na Universidade. E isso demanda que busquemos implementar mecanismos de assistência estudantil para apoiar esses estudantes, garantindo-lhes as condições mínimas de estudo. Uma universidade inclusiva deve estar de portas abertas para todos e todas, com especial atenção às camadas sociais mais vulneráveis da sociedade. Portanto, nosso Governo não poderia abrir mão dessa premissa. Fato é que estaremos sempre dispostos e comprometidos com a ampliação dessas políticas para que possamos proporcionar aos nossos jovens um ensino de qualidade.
Quais as perspectivas de futuro que a senhora tem para a Uern?
As perspectivas são as melhores possíveis. Queremos que as conquistas de autonomia administrativa e financeira da Uern sejam permanentes e sigam como políticas de Estado, para que essa universidade não sofra com retrocessos. O ensino e a educação são partes fundamentais para a construção de um futuro promissor para as pessoas. Mas o futuro começa agora! Não há tempo a perder e eu quero ver essa Universidade crescer muito mais. A confiança e a credibilidade na Uern são frutos, sobretudo, de ações. E é esse caminho que queremos trilhar, para oferecer à população do Rio Grande do Norte, não só na capital, mas em todas as regiões do Estado, um ensino capaz de acolher e dar oportunidades. Seguiremos em frente com esse sonho que é sonhado por professores, alunos e funcionários da Uern e que cada vez mais ele se transforme em algo concreto.
por IUSKA FREIRE