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Patu

São João no Pé da Serra envolve comunidade acadêmica

Nada tão nordestino, tão da nossa região, quanto um trio de forró péde-serra ou uma quadrilha junina. Em junho de 2023, a imponente Serra do Lima foi testemunha do espetáculo que foi a recepção aos estudantes no início do semestre letivo na Uern Patu.

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Percorrendo todas as salas de aula do campus, o Trio Jesuíno, projeto turístico e cultural que atua na cidade de Patu, convocou, ao som da sanfona, triângulo e zabumba, todas as turmas a participar do momento de acolhimento preparado no auditório do Campus. A participação do grupo no acolhimento aos estudantes já está virando uma tradição, sempre levando alegria, animação e regionalidade, e enriquecendo de cultura popular a programação.

Missão cumprida mais uma vez, é hora de deixar a mensagem de incentivo aos estudantes, algo que “Jesuíno”, líder do grupo, faz questão de fazer ao final de cada apresentação. “A gente fica muito feliz em estar aqui. Vocês fazem parte do futuro do país. Vamos lá, dediquem-se bastante, com muito carinho na profissão que vocês escolheram”.

Enquanto os estudantes participavam da programação no auditório, a quadra do Campus se vestia de povo. Aos poucos, uma verdadeira multidão chegava ao local para prestigiar outro espetáculo: o Pré-São João da Companhia Cultural Pé de Serra, tradicional quadrilha junina de Patu que escolheu a Uern como palco para a apresentação de seu espetáculo à comunidade, após dois anos de pandemia. Em meio a um abraço apertado à reitora Cicília Maia e à equipe da Uern, o vice-presidente, marcador e coreógrafo da Companhia Pé de Serra, Gil Patu, agradeceu o apoio dado pela professora Cláudia Tomé e pelo professor Benedito Manoel, diretora e vice-diretor do Campus Patu e pela Uern. “Foram dois anos de pandemia, dois anos difíceis, em que estivemos afastados de tudo. Nesse período fizemos vídeos na internet, sempre na esperança de que tudo aquilo ia passar e que a gente estaria de volta e cada vez mais unidos. Quero aqui agradecer à Uern por todo o apoio à nossa quadrilha, cedendo espaço para os ensaios e para essa apresentação, do jeito que a gente gosta, bem pertinho da comunidade. Gratidão a todos que fazem a Uern e à população de Patu que sempre nos apoiou e incentivou nosso trabalho”.

A integração com a comunidade é uma das características da Uern Patu. Sendo a única Instituição de Ensino Superior (IES) pública no município, a Uern assume a responsabilidade da democratização do ensino superior, da pesquisa e da extensão. O impacto da presença da Uern tem relação íntima com o desenvolvimento da região. “Quando a gente fala em Patu, a gente não fala só em Patu, mas em uma série de cidades circunvizinhas, até mesmo de outros estados, que estão ancoradas nesse Campus. E é onde começa toda a nossa energia, de troca de saberes, de troca de conhecimento, de troca de experiências, de troca de vivências. É muito bonito ver essa integração da sociedade com a nossa comunidade universitária. Fico muito feliz quando chego no campus e vejo essa integração. E aqui é um exemplo que devemos levar para outros espaços da nossa universidade”, diz a reitora.

Uma universidade que forma pessoas

Assú

Ú nica universidade no Estado do Rio Grande do Norte a aderir ao Programa Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (Parfor), conduzido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível e denil S on Torre S

Superior (Capes), a Uern é responsável pela formação de professores em exercício na rede pública que não possuem curso superior ou que lecionam em área diferente da sua formação.

No Campus de Assú, a presença do Parfor nas áreas de Pedagogia e Educação Física tem feito a diferença na educação pública da região. A reitora Cicília Maia conversou com representantes das turmas concluintes do Parfor Assú e com a coordenadora do programa, professora Ma. Nalígia Bezerra.

O encontro contou com a participação de Glícia Soares, Maria dos Navegantes e Lídia Cabral, da primeira turma de Pedagogia (2014); Edenilson Torres, da primeira turma de Educação Física (2014); Jackeline Gomes, Pedagogia (2017) e Cleiane Araújo, Pedagogia (2022).

Com histórias de vida completamente diferentes, em comum, essas pessoas têm, além do Parfor, o amor pela educação e a vontade incessante de fazer sempre mais pelos seus alunos.

Edenilson trabalhava em uma escola em Assú como coordenador quando veio a oportunidade de ingressar no Parfor, em Educação Física. A experiência em sala de aula e o acolhimento dos estudantes, ainda durante o estágio, que esperavam até o último horário para ter a aula de educação física, marcaram a sua vida profissional. “Os alunos não tinham aulas de educação física porque não tinha professor. E quando eu cheguei na escola como estagiário, a animação foi grande. Todo mundo ficava esperando pelas aulas de educação. A alegria e o olhar daquelas crianças, daqueles jovens, me marcou e eu sabia que era aquilo mesmo que eu queria. O Parfor foi a luz que faltava no nosso município”.

Diferente de Edenilson, Glícia já possuía uma formação acadêmica. Era licenciada em História, também pela Uern, e apesar de nunca ter pensado em cursar Pedagogia, acabou sendo selecionada e encontrou-se na nova formação. Para ela, é um orgulho ter dois diplomas da Uern. “O nome Uern tem um peso muito grande, e eu lembro que quando passei para História, ainda muito jovem, muitas pessoas ficaram admiradas e perguntavam como eu tinha conseguido passar na Uern porque é preciso ter um grande conhecimento para conseguir passar aqui. Hoje a minha cidade, Itajá, tem uma grande quantidade de pessoas formadas pelo Parfor, pela Uern, e a gente tem uma gratidão enorme por essa oportunidade”, destaca.

Cleiane acabou de receber o diploma também em Pedagogia. Sua trajetória é semelhante à de muitas mulheres, que precisam conciliar as atividades acadêmicas com as responsabilidades da maternidade. Muitas vezes foi preciso levar seu filho para a Universidade para não perder as aulas. E sempre contou com a compreensão e a empatia dos colegas e professores. “Foi maravilhoso.

Tive professores maravilhosos, que me ajudaram bastante e que eu guardarei para sempre no meu coração. Aprendi muito durante o curso, e não quero parar. Quero sempre continuar! Já fiz uma pós-graduação, estou pretendendo fazer outra em breve, quem sabe eu consiga na Uern, porque Uern é Uern”.

Concluir o curso também não foi tarefa fácil para Navegantes. Durante o curso, ela precisou administrar as aulas com sérios problemas de saúde em sua família. Apesar das dificuldades, não desistiu e como Cleiane, já concluiu uma pós-graduação e tenta ingressar no mestrado. “Meu sonho era estudar na Uern. Comecei meu curso em uma faculdade particular, mas desisti. Ainda bem, porque a formação que eu recebi no Parfor me transformou. Sou a única que conseguiu se formar lá em casa, apesar de ter enfrentado um período muito difícil na minha vida, não desisti, confiei, sou professora, já fiz uma pós e agora estou partindo para o mestrado, se Deus quiser”.

Jackeline sonhava desde muito cedo em ser professora. Aos 14 anos ingressou no magistério, tão cedo, que foi preciso autorização de seu pai para realizar o curso. Já atuando em sala de aula, veio a oportunidade de se inscrever em Pedagogia no Parfor, e conseguiu estar entre as selecionadas, motivo de orgulho para seu pai, que sonhava que a filha estudasse na Uern. Todo a experiência adquirida ao longo do tempo em sala de aula precisava de um direcionamento, obtido através do Parfor. “Escutar de um pai, de uma mãe, meu filho aprendeu a ler com a professora Jackeline não tem preço, não tem dinheiro que pague esse reconhecimento. Foi o Parfor que me transformou em um profissional melhor”.

Lídia também foi da primeira turma de Pedagogia do Parfor. Antes de ingressar, já havia tentado outro curso em uma faculdade privada, no entanto, não conseguiu concluir. Quando chegou a oportunidade de participar do Parfor na Uern, era para ela a realização de um sonho, e apesar de muitos desacreditarem de sua capacidade e persistência para concluir o curso, nunca faltou a um dia sequer de aula. “O Parfor foi tudo na minha vida. Entrar na Uern era o meu sonho, que parecia difícil de ser alcançado, mas eu sempre repetia para mim mesma: Deus provê, Deus proverá. A oportunidade do Parfor surgiu quando eu estava com uma bebê de quatro meses de idade, ainda amamentando, mas eu sabia bem o que eu queria e quando coloquei meus pés na Uern, como aluna matriculada, foi o orgulho da minha vida. Meu marido, meus professores, familiares, colegas de trabalho, sempre me incentivaram e assim que terminei o curso já iniciei uma pós, também pela Uern, só tenho a agradecer”.

O relato emocionado dos egressos do Parfor Assú traduz a missão da Uern, enquanto universidade socialmente referenciada, em contribuir com a formação de professores que atuam na educação básica no interior do Rio Grande do Norte. A instituição é responsável pela formação de aproximadamente 90% dos professores da educação básica no Estado. Esse impacto é ainda maior quando se avalia o aspecto multiplicador da educação.

Enquanto coordenadora do programa, a professora Nalígia Bezerra destaca a qualidade do trabalho que é desenvolvido e o reflexo dese trabalho na Capes. “O Parfor/ Uern tem um nome reconhecido, de respeito junto à Capes, e isso é resultado de muito trabalho, que envolve toda a universidade, da reitora até chegar a vocês, alunos. A Uern, quando aceita participar do programa, está buscando cumprir, mais uma vez seu papel, que é dessa formação inicial para esses professores que estão em serviço e no Rio Grande do Norte, nenhuma outra universidade quis trabalhar com o Parfor”.

A reitora Cicília Maia relembra que foi a Uern a instituição que interiorizou o ensino superior no Rio Grande do Norte, ainda na década de 1960. Mais recentemente a Universidade iniciou o processo de interiorização também da pós-graduação. “Isso para a gente é muito significativo porque de fato, a gente sabe que a nossa Universidade é responsável por esta formação. O depoimento de vocês me levou a refletir que, se pegarmos o caso isolado de cada, no momento em que vocês chegam na Universidade com esse olhar sistematizado, fica difícil mensurar o impacto do Parfor, já que não é somente na vida de vocês que ele impacta, mas através de vocês, impacta diretamente na vida de seus alunos e das famílias desses alunos”.

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