
3 minute read
FACULDADE DE ENFERMAGEM REALIZA CIRURGIA DA "LINGUINHA PRESA" EM BEBÊS
from Revista UERN 54 Anos
by UERN Agecom
Entre junho de 2022 e janeiro de 2023, os residentes de Odontologia da Residência Multiprofissional em Atenção Básica/Saúde da Família e Comunidade realizaram cerca de 240 atendimentos, entre avaliações com cirurgia e retornos
Na sala de espera do ambulatório, a auxiliar contábil Nádia Souza buscava diminuir a ansiedade conversando com outras pessoas que também aguardavam atendimento. Apesar da inquietação, que em alguns momentos a levava a andar de um lado para o outro da sala, não era ela a paciente a ser atendida, mas sim seu filho caçula, Victor Samuel.
Advertisement
Com apenas 23 dias de idade, o pequeno Victor seria um dos bebês atendidos naquela tarde no ambulatório da Faculdade de Enfermagem da Uern, para realizar a frenectomia – a chamada cirurgia da "linguinha presa".
Desde junho de 2022, a Faculdade oferece o procedimento em seu ambulatório, gratuitamente, para bebês de até três meses de idade. O procedimento é feito pelos residentes de Odontologia da Residência Multiprofissional em Atenção Básica/Saúde da Família e Comunidade.
Na maioria dos casos, os pacientes são encaminhados pelas unidades básicas de saúde após ser constatada a necessidade da cirurgia. “Eu desconfiei que ele tivesse que fazer o procedimento por conta da dificuldade que ele tem pra mamar. Um sobrinho meu também precisou e também teve dificuldade. Eu também pesquisei sobre a 'linguinha presa' e vi que muita coisa parecia mesmo com o caso dele”, conta Nádia, que tem outra filha de 10 anos.
Quando Victor foi chamado para a sala em que a cirurgia é realizada, a inquietação de Nádia logo deu lugar ao alívio. Após cerca de 20 minutos, o bebê já estava pronto para voltar para casa. “É muito importante esse tipo de atendimento, até pela atenção que a gente recebe”, disse a auxiliar contábil, depois das orientações que recebeu das profissionais no ambulatório.
Nádia também ressaltou a importância da realização do procedimento de forma gratuita. Na rede privada, a cirurgia custa em torno de R$ 300,00, o que leva algumas famílias a adiarem o procedimento, apesar das possíveis implicações para os bebês.
“Nos casos em que a cirurgia não é feita por algum motivo, nós encontramos, por exemplo, crianças abaixo do peso, a inserção já do aleitamento via mamadeira, por conta da dificuldade de amamentação. No futuro, quando a criança vai falar, a língua presa também afeta, o que traz uma dificuldade de dicção e pode gerar o bullying, por exemplo, e outras situações traumáticas. Por isso é tão importante a realização da frenectomia e a divulgação dela”, ressalta a residente Valéria Sibegueny, que realizou a cirurgia em Victor Samuel.
Entre junho de 2022 e janeiro deste ano, o Ambulatório realizou cerca de 240 atendimentos (entre avaliações com cirurgia e retornos), realizados por oito residentes do núcleo de Odontologia.
O trabalho teve início a partir de uma iniciativa dos próprios alunos, que observaram a demanda por esse tipo de procedimento na região e propuseram a utilização do
1 2
É
Gratificante
PRA MIM, COMO PROFISSIONAL, PODER ‘SAIR DA MINHA CAIXINHA’ E ENTENDER OUTROS ESPAÇOS E PONTOS DE APOIO ONDE O DENTISTA PODE TRABALHAR
VALÉRIA SIBEGUENY ambulatório da Faculdade para oferecer as cirurgias gratuitamente à população.
A residente Ruhany Cristinne, uma das que participam dos atendimentos, conta que a equipe não imaginava que haveria uma procura alta em tão pouco tempo.
Conforme a coordenadora do ambulatório, a técnica de nível superior Natália Teixeira Fernandes, além da relevância do serviço oferecido à população, a frenectomia também é importante para a qualificação profissional dos residentes.
“A possibilidade da realização da frenectomia possibilita uma nova vivência para os discentes, diferente dos procedimentos que eles executam nas unidades básicas de saúde, aumentando o eixo formativo na sua atividade profissional”, destaca.
“É gratificante pra mim, como profissional, poder ‘sair da minha caixinha’ e entender outros espaços e pontos de apoio onde o dentista pode trabalhar”, complementa Valéria Sibegueny.
Para a residente Heloysa Karen, outro benefício do atendimento é o maior conhecimento que os alunos adquirem não apenas sobre os procedimentos em si, mas também sobre as demandas e contextos dos pacientes.
“A gente vê nas salas de aula muito da teoria, mas a gente sabe que a prática é diferente. Ter esse contato direto com a população, vendo as realidades e as necessidades, é muito importante também pra gente”, salienta.