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HOSPITAL DA MULHER JÁ NASCE COM UM PROPÓSITO FORTE
from Revista UERN 54 Anos
by UERN Agecom
Levando
ESSE HOSPITAL NASCE COM ESSA MISSÃO: DE SER UM MARCO HISTÓRICO PARA A MUDANÇA DO NASCER E GESTAR NO RN
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Quem passa pela Avenida Antônio Campos, que dá acesso ao Campus de Mossoró da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern), percebe, de longe, um prédio bonito e moderno que sedia o Hospital da Mulher Parteira Maria Correia. Inaugurada em 29 de dezembro de 2022, a obra construída pelo Governo do RN, em terreno cedido pela Universidade e com recursos do Banco Mundial, contou com investimento na ordem de R$ 125 milhões e é um dos principais compromissos da governadora Fátima Bezerra.
A unidade hospitalar é comprometida com o atendimento humanizado e com a formação de profissionais, assumindo o perfil de hospital-escola, cuja gestão acadêmica é da Uern, enquanto a gestão administrativa está a cargo da Secretaria de Saúde Pública (Sesap). Serão prestados atendimentos à gestação de alto risco, urgência obstétrica e ginecológica, cuidados neonatais, assistências cirúrgicas neonatal, entre outros.
Também haverá assistência ambulatorial, pronto-socorro, UTI, centro obstétrico com salas de parto humanizado, banco de leite humano e serviços de suporte às mulheres vítimas de violência.
Toda essa estrutura e serviços beneficiarão pacientes de mais de 60 municípios. O complexo conta com 163 leitos, sendo 118 de internação e 45 leitos destinados a outras atividades, como as urgências. A capacidade será de cerca de 20 mil atendimentos ao ano.
“Nossa população será muito beneficiada com essa obra. Teremos a oportunidade de ocupar a ala acadêmica com nossos serviços, projetos de pesquisa, de extensão e ensino, potencializando a formação de nossos estudantes”, ressaltou a reitora Cicília Maia.
A enfermeira Hosana Mirelle, técnica administrativa da Uern, é a responsável pela direção da gestão acadêmica do Hospital da Mulher. Ela explica que os atendimentos serão implantados por etapas, iniciando com os ambulatórios que ocupam um bloco inteiro.
Cabe à Sesap a gestão de processos, técnica/pessoal, contratos, insumos, aquisições etc. Com a gestão acadêmica, a Uern é responsável ainda pela interação com outras instituições de ensino sobre o campo de práticas acadêmicas.
“A parceria da Uern na administração se faz principalmente pela necessidade de estruturação desde os seus primórdios como hospital de ensino, com a estruturação de ações de extensão e linhas de pesquisa próprias. Além disso, na segunda macrorregião, é urgente o desenvolvimento e qualificação das ofertas ambulatoriais especializadas na rede materno-infantil, unidade na qual a Uern estará mais vocacionada para atuar”, comenta Hosana complementando que há escassez de campo para o desenvolvimento de atividades práticas sobre atenção hospitalar, em particular na saúde da mulher e do neonato, entre outros, e a necessidade de ofertar componentes curriculares com conteúdo teórico-prático e estágios nos cursos das áreas de saúde são imensas.
“Soma-se a isso a necessidade de garantir espaços formativos para a Residência
Médica e Residência Multiprofissional no interior do Rio Grande do Norte. Porém, esses espaços formativos precisam ser espaços de um novo modelo de cuidar e atender. Mais do que nunca a atenção obstétrica e neonatal no RN precisa estar atrelada a boas práticas, ao conceito de parto humanizado e ao direito de nascer sem violência e com respeito à dignidade da mulher e da criança, seja ela de que raça, credo ou classe social se apresente. E esses parâmetros precisam ser ensinados desde a escola, desde a academia. Esse hospital nasce com essa missão: de ser um marco histórico para a mudança do nascer e gestar no RN”, afirmou Hosana.
A secretária-adjunta de Saúde, Lyane Ramalho, afirma que o Hospital vai revolucionar a assistência à saúde da mulher no Estado do Rio Grande do Norte. “Estamos implementando uma grande parceria entre a Secretaria de Saúde e a Uern. Há mais de um ano, temos realizado reuniões, oficinas e seminários visando estabelecer uma administração que seja pautada numa assistência humanizada, que leve uma melhoria do atendimento a esse binômio mãe/ filho desde antes do parto”, destacou acrescentando que serão priorizados novos conceitos da formação acadêmica na área da saúde da mulher.
“Tudo isso vai ser organizado aos poucos, de forma que a gente possa estabelecer um melhor fluxo e o melhor acolhimento dentro da atenção primária, melhorando inclusive os próprios indicadores de prénatal. Essa parceria da Sesap com a Uern aprimora os caminhos do ensino, serviço e comunidade, aproximando a academia e o alunado da real necessidade das pessoas. Isso tem como consequência positiva um profissional mais preparado para o SUS, além de possibilidade real
ESSA PARCERIA DA SESAP COM A UERN APRIMORA OS CAMINHOS DO ENSINO, SERVIÇO E COMUNIDADE, APROXIMANDO A ACADEMIA E O ALUNADO DA REAL NECESSIDADE DAS PESSOAS LYANE RAMALHO de melhorarmos nossos indicadores”, complementou Lyane Ramalho.
O Hospital conta com 11 ambulatórios que serão ocupados por diferentes cursos da área da saúde. Além disso, há uma ala acadêmica no subsolo que receberá simuladores de práticas, com o objetivo de preparar os futuros profissionais para o mercado.
“Haverá uma sala de simulação cirúrgica, uma sala de simulação de parto normal e uma sala de simulação para clínica”, detalha Hosana. Uma série de serviços será disponibilizada à população, de forma gratuita. “A gente vai fazer a inserção de DIU, acompanhamento de crianças prematuras, vacinação e cirurgias. Lembrando que o atendimento é de média e alta complexidade”, complementou Hosana Mirelle.
Os ambulatórios que já funcionam na Faculdade de Enfermagem (Faen) e na Faculdade de Ciências da Saúde (Facs) continuarão com seus atendimentos. A ideia é que o local receba estudantes de cursos da área da saúde e de outras áreas, tanto da Uern como de outras instituições, cabendo à Uern essa gestão acadêmica.
Projetos de extensão e de pesquisa que visam ao estudo, mapeamento e diagnóstico da saúde das mulheres terão espaço garantido no hospital.

Público LGBTQIA+
Um dos projetos a serem implantados no Hospital da Mulher é o atendimento à população LGBTQIA+. Toda a parte de ginecologia e obstetrícia será disponibilizada, de forma que a unidade realize procedimentos, como mastectomia e histerectomia em homens trans que passam pelo processo de redesignação de gênero. Outras cirurgias transgêneras podem ser implantadas no futuro.
O Ambulatório LGBTI+, que já funciona na Faculdade de Enfermagem (Faen) desde 2019, continuará com os serviços que já são ofertados à população por meio de uma das linhas de cuidado do Ambulatório Interprofissional das Residências em Saúde da Uern.
Os atendimentos fazem diferença na vida de lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, travestis, queer, intersexo e assexuais, dentre outras orientações e identidades de gênero, que encontram, no ambulatório, um espaço de atenção, de escuta e atendimento especializado.
População de Rua
O Hospital da Mulher terá um ambulatório para mulheres em situação de rua, com leitos de retaguarda. Essa característica leva em conta o perfil da paciente de alto fluxo, que não possui atendimento regular. Ou seja, uma mulher em situação de rua que precise de atendimento devido a uma intercorrência não precisa passar por regulação, pois terá direito a um leito de retaguarda, possibilitando seu atendimento. “São mulheres que, muitas vezes, nunca fizeram um exame preventivo e quando chegam no serviço já é com uma doença de longo curso”, explicou Hosana
Vítimas de Violência
Uma das preocupações da Carta de Serviços do Hospital da Mulher está relacionada às vítimas de violência sexual. A unidade terá uma porta para acolhimento e atendimento de mulheres que são vítimas, lamentavelmente, de estupros e abusos. Além do atendimento clínico e de urgência, elas receberão apoio da equipe multiprofissional, preparada para acolher de forma adequada este tipo de demanda.