Fluir e Recordar | Victor Matheus Camassi

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do Rio Nilo a água pertence a reinos divinos, vinculando deuses aos seres humanos. Esse significado atribuído por culturas é muito importante, visto que pode impactar significativamente nas atividades e na forma de se explorar este recurso hídrico, pois, devido ao forte valor simbólico e religioso, as pessoas podem passar a tomar ações frente a conservação e preservação da água. Apesar de sua indiscutível importância, em diversos lugares no planeta, houve transformações que levaram a divergências de percursos, crenças, valores e práticas distintas que culminaram nos conflitos contemporâneos em torno da água. De forma mais abrangente, para além dos limites brasileiros, a maior parcela da sociedade urbana atual passou a enxergar a água como recurso hídrico no sentido utilitarista, e não mais como um bem natural, que deve atender tanto a subsistência humana em harmonia com a manutenção dos ecossistemas, quanto aos vários sentidos e relações que são associados a ela. Essa nova visão utilitarista passou a modificar a forma que muitas comunidades enxergam esse bem natural, pois as transformações acarretadas pela urbanização alteraram a qualidade da água nos rios e córregos urbanos, que foram precarizados e deteriorados. Como consequência, a relação entre as pessoas e corpos d’água se modificou substancialmente, perdendo laços afetivos e trazendo uma experiencia sensorial pouco atrativa. De acordo com Dictoro (2016, p. 96) “As águas, quando limpas, transparentes podem encantar os olhos de quem as contemplam, já quando estão sujas, poluídas denunciam o desrespeito dos seres humanos com elas. Limpas, manifestam a vida, sujas expressam a dor, a morte.” Dessa forma, nota-se que a natureza parece estar cada dia mais distante de nossa vivência, é necessário reintegrá-la à funcionalidade antropológica da cidade. “Na origem dos atuais problemas socioambientais existe uma lacuna fundamental entre o ser humano e a natureza, que é importante eliminar. Essa lacuna está pautada no distanciamento das relações humanas com a natureza, para isso é preciso “reconstruir nosso sentimento de pertencer à natureza” (SAUVÉ, 2005, p. 317). De acordo com Sauerbronn (2016) muitos estudos na área da psicologia ambiental têm indicado que quanto maior for o contato das pessoas com ambientes naturais, maiores são as chances de uma vida com mais saúde e qualidade. Logo, se percebe que a reconciliação entre pessoas e as águas, principalmente nas áreas urbanas (onde essa relação foi mais afetada e


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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

6min
pages 141-144

CONSIDERAÇÕES FINAIS

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page 140

o Casarão e o Pouso de Tropeiros

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pages 135-139

o Parque Linear Araraquara

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pages 126-130

as Conexões com os afluentes do Araraquara

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pages 131-134

CAPÍTULO 6 – ESQUEMAS ESTRUTURANTES E PROPOSTA PROJETUAL

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o edifício

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pages 120-124

os afluentes do araraquara

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pages 114-119

o recorte de estudo

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pages 89-109

o córrego araraquara

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características físicas ambientais

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macrozoneamento e ocupação do solo

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pages 81-83

legislação urbanística municipal

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pages 77-80

santa isabel: um breve histórico

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pages 71-72

urbanização de santa isabel

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o paraíso da grande são paulo

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CAPÍTULO 5 – O LOCAL DE INTERVENÇÃO

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Estudo de Caso I – Reurbanização do Córrego Antonico | MMBB

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pages 50-54

áreas de proteção

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novos olhares para os rios urbanos: urbanidade

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Estudo de Caso II – FLUSSBAD: revitalização urbana do Rio Spree | Tim Elder

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pages 55-62

novos olhares para os rios urbanos: ressignificação de não-lugares

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pages 39-40

patrimônio histórico

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novos olhares para os rios urbanos: a mudança ao longo dos anos

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pages 34-35

novos olhares para os rios urbanos: SELs e parques lineares

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a água e a cidade: os rios urbanos

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pages 21-25

parques lineares como ferramenta de conservação ambiental

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pages 29-30

INTRODUÇÃO

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pages 15-17

JUSTIFICATIVA

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a água e seus significados antropológicos

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o turismo e o papel preventivo dos parques lineares contra patologias

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conservação dos recursos naturais: legislação vs prática

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pages 26-28

OBJETIVOS

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