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as Conexões com os afluentes do Araraquara
as Conexões com os afluentes do Araraquara
Tendo como norte a ideia de que é preciso transformar espaços em lugares, combater os não-lugares e “cidades genéricas” sem identidade. Busca-se dar a cidade uma paisagem particular, por meio dessas passarelas sobre os rios urbanos, como infraestruturas que possam representar a cidade de Santa Isabel, tal como o Pão de Açúcar representa o Rio de Janeiro. Para a situação atual dos afluentes do córrego Araraquara, propõe-se a apropriação de não-lugares; para a criação de rotas alternativas sobre esses corpos d’agua, rotas que sejam mais seguras, valorizem e revitalizem as fachadas e criem acessos aos lotes lindeiros, com a implantação de um sistema de mobilidade não motorizado integrado a um corpo verde maior (Parque Linear Araraquara) que conduz e conecta o centro urbano com o Parque Municipal. Facilita o acesso, a transição, e integra a paisagem a funcionalidade antropológica da cidade. Além de conectar duas principais rotas de ciclistas e pedestres, eixo Arujá-Igaratá (Sul-Norte). Serão adotadas soluções de projeto que ora tratam de mudança na cor do piso para tentar sinalizar um código diferente para o motorista do automóvel, colocando o nível na rua no nível da calcada, permitindo assim uma condição de compartilhamento do espaço. Ademais, eventos maiores, como apresentações ao ar livre podem se apropriar de todo essa extensão de piso. Promovendo apropriações espontâneas do espaço, trazer um novo contexto que permita com que as pessoas estabelecem novas atividades e organizações em grupo. Em suma, o objetivo é melhorar a qualidade das águas do córrego e reduzir os riscos de inundações, e paralelamente aumentar a oferta de espaços de lazer e recreação para a população local, que atualmente não dispõe de equipamentos urbanos qualificados para esse tipo de uso. Pois, segundo MACEDO e SAKATA (2002) as cidades com espaços públicos abertos e com potencial de recreação propiciam a comunidade um estilo urbano mais agradável, assim como representa um cenário tranquilo contra as pressões e as tensões do trabalho cotidiano.
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As transformações físicas terão um benefício no cotidiano e vida dos munícipes.
Situação atual do Córrego Índaco
Situação pretendida para o Córrego Índaco



Figura 75: Fotomontagem de um corte esquemático do Trecho 05 do Córrego Índaco Fonte: Elaborado pelo autor, 2021
As passarelas serão implantadas nos trechos em que não há a possibilidade de usar a margem por esta ter sido previamente ocupada por construções. Elas serão implantadas sobre o leito dos córregos, todavia, serão de malha metálica expandida, um material muito resistente comumente utilizado em indústrias. A materialidade vai garantir a permeabilidade do solo, visto que a malha é perfurada, então o contato com o córrego não será perdido, mas sim, potencializado (figura 77, p. 125). Ademais, considerando que o projeto se assenta em uma área de interesse ambiental, de APP e APM é imprescindível prezar por suas características naturais.

Figura 76: Situação atual Trecho 05 do Córrego Índaco Fonte: Acerdo do autor, 2021.
Figura 77: Fotomontagem da situação Proposta para o Trecho 05 do Córrego Índaco Fonte: Elaborado pelo autor, 2021.

Tanto os percursos do córrego Araraquara quanto o de seus afluentes, serão divididos em trechos, cada trecho terá uma temática diferente (que será definido pela potencialidade e característica individual de cada um), para tornar todo o trajeto mais interessante e interativo. Essas passarelas operarão como um elemento de conexão entre diversas escalas, criando um parque elevado acessível e permeável, um passeio público de mais de 4 km de extensão que conectará os bairros adjacentes ao corpo principal do Parque Linear Araraquara, permitindo assim uma maior permeabilidade ao longo de toda a faixa noroeste do centro da cidade. Quando concluído, todo o conjunto fornecerá uma contribuição valiosa para a qualificação do ambiente urbano do centro de Santa Isabel, proporcionando um ambiente agradável, seguro e acessível além de promover a diversidade e engajamento social de toda a comunidade. Considerando que a manutenção dessas novas áreas de uso público é indispensável para que a vitalidade urbana seja mantida, e que, o poder público pode não ter condições de cobrir esses custos sozinho, será proposto uma parceria entre empresas e comércios da cidade e a Prefeitura Municipal, no qual cada empresa/comércio que decidir participar, irá adotar um trecho ao longo de qualquer córrego para tomar conta, assinando um contrato com a prefeitura e ficando responsável pela manutenção periódica desse trecho, ao passo que elas podem receber incentivos fiscais (descontos no IPTU). A própria presença das pessoas no espaço urbano qualificado gera uma empatia, já que “o uso sustentável desses espaços viabiliza o “sentimento de pertença” por parte da coletividade, que passa a ser sua principal guardiã.” (MELLO, p.44 2008). Complementando esse raciocínio, Gehl (2013) defende que onde todo mundo passa, a cidade cuida, portanto, os olhos e a vida da rua ajudariam a manter viva e organizada o espaço público. Entretanto, para essa manutenção também deve ser incentivada para os usuários, sendo necessária uma ação contínua de esclarecimento a população quanto ao plano de recursos hídricos da região e da efetiva fiscalização da ocupação do solo por parte dos órgãos competentes, para que a população tome ciência da importância da conservação desse espaço.
“Primeiro nós moldamos as cidades, depois elas nos moldam” - Jan Gehl







