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o Parque Linear Araraquara
o Parque Linear Araraquara
Diante dos levantamentos e estudos sobre a área, compreende-se que o município tem grande vocação para o turismo ecológico, visto que, por motivos de sua localização estar entre muitas zonas de proteção ambiental, a instalação de novas empresas acaba sendo dificultada e até inviabilizada, portando, a economia municipal deve explorar o potencial da cidade: sua paisagem e história. O município de Santa Isabel já apresenta um plano de macrodrenagem calculado para uma chuva de 100 anos (PMSI, 2020) que ainda não foi executado por questões jurídicas e econômicas. O projeto prevê a retificação do córrego com aduelas de concreto com uma dimensão e altura calculadas para manter o curso d’agua num nível estável e contínuo. “[...] Atualmente, a Prefeitura foi contemplada com recursos do FEHIDRO no valor de R$ 650.000,00 (seiscentos e cinquenta mil reais) para a elaboração do Diagnóstico Situacional da Bacia do Araraquara e está executando tal projeto. Além disso, também recebeu investimentos no valor de R$ 177.000,00 (cento e setenta e sete mil reais) para a elaboração do Plano Municipal de Macrodrenagem da região Central.” (Lei Complementar 184/2016, p. 62, 2016) Considerando a cronologia dos acontecimentos, o próximo passo após a execução desse sistema de macrodrenagem é sua integração à cidade, por meio de um projeto urbanístico e paisagístico de conservação das margens do Araraquara. O projeto de macrodrenagem já prevê a adequação de alguns trechos em nove leitos que constituem obstáculos ao pleno funcionamento do canal e deverão ter as suas dimensões adequadas as novas secções projetadas para o canal, mas ainda é necessário criar belos percursos, com detalhes cuidadosamente pensados, para uma escala humana. Um convite para o caminhar. Um convite para movimentação e permanência de pedestres. Visto que “quanto mais espaço é ofertado, mais vida tem a cidade” (GEHL, p 12, 2013). O projeto dos espaços públicos, principalmente no que tange a questão da requalificação dos espaços abertos da cidade deve ter uma leitura muito rica de seu entorno. Busca-se então, propor intervenções que vão contra um modo convencional, dominante e equivocado de se planejar espaços públicos, onde é previsto apenas a implementação de um novo mobiliário urbano, visto que, esse tipo de ação as vezes acaba culminando na degradação e não na
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requalificação urbana. Portanto, o projeto deve conceder maior atenção aos lugares, e buscar elementos que fazem sentido na paisagem ao redor e com a parte da cidade na qual se atua. Considerando a acessibilidade universal e o combate à negligência da dimensão humana promovido pelo raciocínio do urbanismo moderno, a readequação de calçadas e implantação de ciclofaixas e/ou ciclovias é necessária em todo o município, devendo ser previsto passeios com dimensões mais adequadas. É preciso também que o poder público preveja a implantação de mais pontos de ônibus, para que as pessoas não andem mais de 500m para acesso ao transporte coletivo e incentive assim o uso das frotas dos ônibus circulares interbairros. “Santa Isabel [...] possui o maior apelo ambiental da microrregião de Guarulhos, propiciando o turismo ecológico, desenvolvimento de programas e ações de educação ambiental, dotada de muita água que poderá ser um elemento muito importante na concepção de desenvolvimento turístico da cidade;” (Lei Compl. nº 184, p 52, 2016) Portanto, a proposta de intervenção consiste na requalificação das áreas verdes, em especial, dentro da área urbanizada; na requalificação das margens dos córregos que cortam a cidade; no estudo viário; na requalificação dos passeios públicos e na interligação de um sistema de mobilidade urbana não motorizada interbairros, como ciclovias. Propõe-se um parque linear que percorra toda a margem do ribeirão Araraquara, reaproximando o cidadão dos corpos d’agua, elevando a noção de ter um espaço com boa qualidade ambiental e a consciência de mantê-lo, assim, ao longo do parque serão oferecidos espaços de lazer, permanência e contato com a natureza, incentivando a preservação ambiental em sintonia com o desenvolvimento econômico do município, em conjunto de trilhas exclusivas para pedestres e ciclistas; para valorizar o local e intensificar seu potencial atrativo, além de humanizar o espaço urbano público que atualmente é subutilizado.
Água mais limpa, rio mais saudável, mais espaço para conviver e viver.
Foi feito uma pré-análise como proposta projetual do ponto de vista da legislação ambiental (seguida à risca), respeitando 15m de distância de cada lado dos córregos. Para tanto, essa implantação exigiria a remoção 203 construções. Como observado na figura 72.
Legenda
Remoções APP dos córregos
Figura 72: Alternativa para a implantação do Parque Linear respeitando o CONAMA 369 Fonte: Elaborado pelo autor com base em imagem aérea do Google Earth
Contudo, a remoção das casas nas laterais dos córregos pode ser muito dispendiosa e inviável por questões econômicas e sociais, por romper laços com a vizinhança pela falta de possibilidade de estabelecer essas pessoas em áreas próximas. Portanto, não há como desconsiderar a realidade urbana, então, foi analisado uma segunda proposta visando a reinserção das margens dos córregos a dinâmica da cidade. (figura 73, p. 121)



Figura 73: Implantação proposta do Parque Linear Araraquara e conectividade com seus afluentes Fonte: Elaborado pelo autor com base em imagem aérea do Google Earth
O projeto pode oferecer respostas a situações que podem ser entendidas como lúdicas e propiciem maior interesse dos moradores por estas áreas que até então são banalizadas ou traduzidas como um sinônimo do medo, à medida que não havia uma infraestrutura boa e passeios adequados e seguros para o caminhar. Estas novas apropriações das margens promoveriam a socialidade, isto é, se relacionar com os elementos do lugar, construídos ou naturais. Quanto mais relações boas sejam estabelecidas com determinado lugar, mais urbanidade será gerada. O Parque Linear Araraquara, vai conectar o centro da cidade com o Parque Municipal. Atualmente, o trajeto até este parque não é aprazível aos pedestres, há muitos morros no atual percurso e inclinações que chegam até 15% em alguns trechos, além das irregularidades no passeio e ausência de arborização urbana ao longo do caminho. Considerando todas essas problemáticas relacionados à mobilidade urbana, a implantação do Parque Linear, por acompanhar o eixo do córrego (nível mais baixo e contínuo, com inclinações mais leves) irá melhorar a condição de caminhabilidade e inclusão social entre o centro de Santa Isabel e o Parque Municipal. (figura 74). “[...] melhorar as condições para os pedestres, e para a cidade leva essencialmente a novos padrões de uso e mais vitalidade no espaço urbano. A vida em toda a sua diversidade se desdobra diante de nós quando estamos a pé.” (GEHL, p. 19, 2013) Assim, será associar ao rio um bom caminho para o pedestre e para o ciclista. Criando distancias clicáveis e mais caminháveis, sem morros ou inclinações acentuadas que tornem cansativo e as vezes até inviabilize o caminhar e pedalar.
Situação atual Situação pretendida
Figura 74: Esquema evidenciando o potencial de caminhabilidade das margens riparias no nível dos rios Fonte: Elaborado pelo autor, 2021.








