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novos olhares para os rios urbanos: a mudança ao longo dos anos

novos olhares para os rios urbanos: a mudança ao longo dos anos

Segundo Gorski (2008) as cidades medievais/europeias deram as costas para as praias, diferente do Brasil, que voltou sua atenção à elas por questões favoráveis ao seu clima, mas ironicamente, dentro da cidade, por conta de uma competição por espaço para moradia, cobriram-se os rios e alteraram substancialmente os seus leitos através da canalização, influenciando diretamente o desequilíbrio do microclima nas áreas urbanizadas. A sociedade se desenvolveu em função de rios. Eles se relacionavam com ela de diversas formas: para fins de subsistência, religiosos, recreacionais, navegações, agricultura etc. Essa relação, como já discutida previamente no capítulo anterior, passou por muitas mudanças ao longo do tempo e muitas formas de uso desse elemento foram se perdendo e sendo esquecidas ao passo que uma nova organização no abastecimento de água e a disseminação das práticas higienistas foram transformando os costumes da sociedade. Atualmente, nota-se em algumas cidades contemporâneas a tentativa de resgatar essas relações perdidas. A figura 08 simula as configurações espaciais que os rios ganharam de acordo com o uso atribuído a eles à época.

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Figura 8: Esquema das principais funções desempenhadas pelos rios e consequente alteração física sofrida ao longo das épocas. Fonte: Elaborado pelo autor, com base em GORSKI (2008). Na contemporaneidade nos deparamos com cenários onde há cidades com paisagens fluviais totalmente desqualificadas, em paralelo, há também as cidades que buscam retomar o contato e qualificação de seus rios, visando um equilíbrio ecológico e social. Diante dessa realidade, se pode citar duas vertentes da forma de atuar sobre os espaços urbanos de beira-d’água, a primeira delas é a valorização dos corpos d’água, que pode ser feita através da incorporação desses recursos na paisagem urbana através de projetos paisagísticos (figura 10) ou a vertente de desvalorização dos corpos d’agua, em que estes são tratados como

Primeiras civilizações Idade Média Idade Moderna Contemporaneidade

- subsistência - defesa militar - agricultura - navegações - esgoto - drenagem - recreação - contemplação - renaturalização

subprodutos urbanos podendo as vezes, de acordo com Mello (2008) até desaparecerem por completo na paisagem, além de não apresentarem vitalidade urbana (figura 9).

Figura 9: Trecho da Marginal Pinheiros. Fonte: Folha UOL, modificado pelo autor.

Figura 10: Trecho da Praia artificial Rio Madrid. Fonte: Google Earth, modificado pelo autor.

A segunda vertente, de desvalorização dos corpos d’água, predominou, à medida que as relações intra-urbanas se tornaram mais complexas. Todavia, a partir da década de 1960, um intenso movimento internacional tomou corpo, seguindo a vertente de valorização dos corpos d’água (MELLO, 2008). Em todo o mundo, inúmeras intervenções em frontais aquáticos foram implementadas, promovendo o resgate das relações entre as cidades e seus corpos d’água.

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