Fluir e Recordar | Victor Matheus Camassi

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ribeirinhas foram se consolidando antes da publicação da Lei de Proteção aos Mananciais (1970) ou do primeiro Plano Diretor Municipal (1969). Portanto, essas ocupações espontâneas e indevidas das margens dos córregos foram também incentivadas pela falta de diretrizes que fiscalizassem as distâncias mínimas de proteção e conservação dos recursos naturais exigidas pela lei ambiental (que surgiu posteriormente às ocupações), assim as construções negligenciaram a existência dos córregos e as características naturais de sua região, removendo suas matas ciliares em prol da expansão urbana. Foram construídas então, avenidas e ruas sobre os corpos d’água que hoje se encontram estreitados (alguns até mesmo submersos por conta das canalizações), com limites dimensionais para seu escoamento, soma-se a isso o descarte ilegal e inadequado de resíduos que aumentam seu volume e retardam o fluxo e drenagem natural. Consequentemente, a adoção dessas práticas, tanto das ocupações indevidas quanto do lançamento das águas de chuva e esgoto diretamente nos córregos, se reverteu negativamente para a população, pois as águas correm em maior velocidade sobre as áreas asfaltadas, e chegam com maior volume nos afluentes, sobrecarregando-os e intensificando o processo de erosão, culminando por fim, nas inundações que acometem o centro de Santa Isabel. Atualmente (2021) grande parte da população ribeirinha ainda despeja o esgoto que produz diretamente no leito dos córregos próximos, sem tratamento prévio. O aumento substancial do abastecimento de água da população urbana na bacia nas últimas décadas, não foi acompanhado dos mesmos índices de coleta de esgotos e principalmente do seu tratamento, provocando impactos negativos importantes na qualidade das águas (Lei Complementar No 184/16, 2016). Com os córregos atuando como esgoto a céu aberto, o contato direto entre as pessoas e suas águas pode ser extremamente prejudicial e gerar problemas de saúde, além de auxiliar na proliferação de pestes. Ademais, a ausência da vegetação ciliar corrobora com o assoreamento da água e desabamento das barrancas, causados pelo processo erosivo. Há grande incidência de sujeira tanto nas margens quanto no corpo dos córregos, o que contribui com a poluição da água e entupimento das bocas de lobo e intensifica os alagamentos na região.


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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

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o Parque Linear Araraquara

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CAPÍTULO 6 – ESQUEMAS ESTRUTURANTES E PROPOSTA PROJETUAL

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os afluentes do araraquara

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legislação urbanística municipal

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CAPÍTULO 5 – O LOCAL DE INTERVENÇÃO

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novos olhares para os rios urbanos: ressignificação de não-lugares

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patrimônio histórico

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a água e a cidade: os rios urbanos

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parques lineares como ferramenta de conservação ambiental

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INTRODUÇÃO

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JUSTIFICATIVA

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a água e seus significados antropológicos

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o turismo e o papel preventivo dos parques lineares contra patologias

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conservação dos recursos naturais: legislação vs prática

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OBJETIVOS

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