Leitura Estratégica 10

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GESTÃO | PLANEJAMENTO

QUEM SERÁ O SUCESSOR? Empresas familiares representam 75% dos negócios no Brasil, mas a maioria prepara pouco ou nada sua sucessão. A Leitura Estratégica ouviu especialistas que apontam como é importante dedicar tempo à transição de gerações. Na hora de passar o bastão, muitas empresas ficaram pelo caminho KARINE RODRIGUES As empresas familiares são responsáveis por 65% do produto interno bruto (PIB) brasileiro e por 75% dos empregos na iniciativa privada. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) e do Sebrae, divulgados no ano passado. No Centro-Oeste, com destaque para Goiás, é expressiva a quantidade de empresas familiares e, entre seus maiores dilemas, está a sucessão. Seja imediata ou no médio e longo prazos, preparar sucessores é um trabalho árduo, ainda mais diante de um mercado em transformação. Uma sucessão precipitada ou mal sucedida pode afastar investidores, gerar desconfiança, problemas de imagem e, em caso extremo, pode levar ao fechamento do negócio. O mais importante do processo sucessório, segundo os especialistas, é o planejamento, que deve considerar particularidades diversas, seja do grupo familiar ao modelo de negócios ou do segmento de atuação. Todas variáveis influenciam. O processo tem duas faces. De um lado, dar valor a origem do negócio 66 . Leitura Estratégica

(alma da empresa): o fundador, quando possível, é peça fundamental na transição. Do outro lado, a profissionalização deste processo. É essencial, apontam os mais experientes em sucessão, ter o assessoramento de consultores externos. Cassius Pimenta, CEO da Marol, empresa especializada em auditoria contábil, tributária, trabalhista e previdenciária de empresas, aponta que é importante ter em mente dois conceitos que caminham com as empresas familiares. "A empresa pode ser familiar com gestão profissionalizada ou não possuir ajuda externa para gestão e controle do negócio. Uma sucessão normalmente tem êxito no primeiro caso, enquanto no segundo, é de maior risco e de muito improviso. Já vi famílias destruírem seus ativos por errarem o rumo na transição de gerações." Ele aponta um caso atual e extremamente bem sucedido que é o modelo da Magazine Luiza, uma empresa familiar, controlada por um grupo de acionistas, mas que a última decisão sobre gestão é da família liderada pela empresária Luiza Helena Trajano. Cassius Pimenta explica que no mundo corporativo apesar do acirra-

mento da competição e do forte ajuste fino nos mercados ocorridos nos últimos anos, ainda existe espaço para as empresas familiares, desde que o grupo gestor tenha consciência da necessidade de se profissionalizar. “Montar um time é essencial. Hoje é natural ter uma seleção de especialistas em áreas estratégicas, monitorar dados e usar até inteligência artificial para acompanhar desempenho em tempo real. Se os parâmetros estiverem corretos, avaliações diárias revelam detalhes quase invisíveis do negócio tempos atrás. Muitos quebraram sem saber o porquê. Um processo de sucessão é facilitado neste ponto, pois hoje pode-se ter tudo on-line, com incremento valioso de ferramentas de auditoria, contabilidade, tecnologia e big data”, disse Cassius. Com a sucessão, o novo comando precisa garantir que a missão, valores e marca deverão ser perpetuados, bem como gerar confiança para o mercado e para os funcionários que vai liderar. “Como se trata de família é necessário separar muito as discussões da empresa das conversas tidas na mesa de jantar. Questões pessoais não devem influenciar nas decisões. Quanto mais


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Leitura Estratégica 10 by Leandro Resende - Issuu