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PEDRO BITTAR
CADERNO DE OPINIÃO
PEDRO BITTAR
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Empresário, diretor do MBC e presidente da ABRA (Associação Brasileira de Reciclagem Animal)
A HORA DO VÍRUS
GENTILEZA
Nunca subestime o poder da bondade nas empresas. Estamos entrando em uma nova época, seremos cada vez mais sentimento e cooperação. Quando a sociedade está machucada, os indicadores econômicos ficam em segundo plano. O que se observa agora são movimentos em prol da gentiliza (e acredito na permanência no pós-covid). Pode até não ter como mensurar e traduzir em dados numéricos, mas o comportamento humano durante este cenário enfrentando pela população mundial – e será permanente, acredito – é outro. Esse vírus nos trouxe um alerta e deu uma sacudida no corpo das empresas. Uma bomba atômica de proporções mundiais que afetou com milhões de mortos e feridos, mas também rachou estruturas, de empresas e governos.
É preciso entender a quarentena, o afastamento, a integração familiar, o medo de perder pessoas próximas e várias restrições e adaptações feitas durante mais de um ano – podemos falar que chegará a dois anos, ou mais, de efeitos colaterais. É preciso considerar que os efeitos transformadores só serão medidos e percebidos com embasamento em uma década, após a pandemia. Serão centenas, milhares de estudos, para depois consolidar as teses. Até lá, só especulação. Eu sou um entusiasta de que as pessoas voltarão desta “prisão” mais maduras, gentis e mais humanizadas. Da mesma forma essa transformação está nas empresas, que são pessoas (jurídicas), também.
Captado este sentimento, a missão é traduzir em produtos, serviços e relacionamentos que tragam uma carga de mudança no subconsciente que vai além da superfície – isso significa falar em mudanças na forma de comprar (on-line), trabalhar (home-office), estudar (à distância) ou se comunicar (digital).
A transformação vai além – um País não vai para guerra e volta o mesmo. A dor modificou o olhar e isso está refletindo no ambiente de trabalho.
Não que alguns executivos empresariais e governantes ou legisladores vão mudar de imediato – nem todos se tocam da mesma forma.
Mas temos uma geração que está ativa e menos ‘viciada’ no modelo antigo. Essa geração, em alguns anos, trará sua visão para dentro das empresas, possivelmente mais abundante de soluções baseadas em atos de gentileza. Alguns especialistas estão chamando essa mudança de cultura da generosidade, que, cada um a sua maneira, vai beneficiar as organizações. Depois de meses, sem abraços, é preciso reformatar a recepção ao colaborador, ao cliente ou ao parceiro de negócio. Vamos migrar de um pico histórico de ansiedade e carência para um novo normal, que, se não for acolhedor, criará pessoas amarguradas, tristes e sem equilíbrio emocional suficiente para estar dentro da empresa. Cabe a empresa conduzir essa nova jornada.
A pandemia mudou nossas vidas. As empresas são fundamentais na vida da sociedade. As pessoas se relacionam mais (considerando a convivência interpessoal) na empresa do que nas suas próprias casas, nas igrejas ou em outros ambientes. E o bom ou mau relacionamento nas empresas, deságua em casa, por exemplo.
A empresa terá um papel fundamental em moldar esse trauma social global. É sempre hora de pensar em produtividade e ganhos, lógico, mas abertos para pensarmos em felicidade. E não parte só da empresa, parte do colaborador, que é responsável pela vida (melhor) dos escritórios, lojas e fábricas. Que possamos viralizar, contaminar e vacinar (e transmitir) sentimentos bons, gentiliza e simpatia. Uma dose de gentileza para imunizar a humanidade do pós-pandemia.