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ESPECIALISTAS RESPONDEM

IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIESPECIALISTA

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MARCONDES BRAGA DE MORAES Profissional com carreira consolidada na área estratégica empresarial, em empresas de grande porte, atuando em todo o processo de planejamento estratégico e Negócios Internacionais. MBA´s em Gestão Comercial e Gestão Empresarial pela FGV; Master em Negociação pela Harvard Business School; e Finanças para Executivos pela Indiana State University. TEMA: GESTÃO E PANDEMIA

O QUE É ESTRATÉGICO E RELEVANTE PARA SOBREVIVER NESSE ATUAL CENÁRIO EMPRESARIAL?

O mundo dos negócios foi amplamente contaminado pela covid-19. Foi para a UTI. Faltou ar. Entubou. Muitas empresas não saíram de lá.

As que saíram, com certeza, vão enxergar o mundo de forma diferente. É uma tempestade de informações e de percepção de mudanças de comportamento. A era do consumidor digital foi amplamente antecipada – alcançando números plenos previstos anteriormente para 2025 ou mais.

Empresas que estão no analógico terão pouca ou nenhuma chance de sucesso neste novo cenário.

Um pequeno parêntese no desenvolvimento deste raciocínio, mas que tem muito a ver. Percebemos algo estranho: a morte de empresas incomodou muito pouco a quem deveria preocupar, como os governos, pois a sobrevivência de um, depende da sobrevivência do outro. Mas nesta turbulência, as empresas foram quase que ignoradas em suas dores. É muito relevante essa percepção.

Mas se a vida das empresas não se mostrou, em momento algum por todas as autoridades públicas, entre as prioridades diante de um quadro socioeconômico grave, foi excelente para o empresário saber que ele depende muito mais de si, das suas vendas, dos clientes e da sua equipe.

O seu universo é esse. Fora isso, tem muito discurso, narrativas e bandeiras, mas o que vale é resultado, foco e direcionar energia para ter o modelo de negócios saudável, limpo e atualizado com a nova realidade do mercado.

Importante o empresário entender que os mercados, seja qual for o segmento, que atualmente e no pós-covid não vão funcionar bem. Momento de oportunidade para quem pretende entrar e de sinal de alerta para quem quer sobreviver. É bom compreender sua empresa, seus processos e planos – olhar menos com a visão do passado, para olhar para o futuro. Todos cálculos e riscos devem levar em conta novas informações, variáveis e comportamentos. Ser bom antes não é garantia de sucesso neste novo modelo. Abra a cabeça e revise sua gestão sem impor seu feeling, pois pode estar contaminado.

"O empresário é autônomo e depende muito mais de si do que imagina."

RESPONDEIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII

TEMA: SAÚDE

COMO GARANTIR O TRATAMENTO DE SAÚDE QUE VOCÊ DESEJA CASO VOCÊ FIQUE INCOMUNICÁVEL?

Acidentes ou doenças graves podem levar a situações de saúde irreversíveis ou até mesmo terminais. Se você não disser como seu tratamento ou sua saúde devem ser conduzidos, qualquer um pode escolher por você. Muitos desconhecem, mas existe essa possibilidade.

É importante definir como você pretende ser cuidado diante da incapacidade de expressar essa vontade, seja porque foi acometido por uma doença ou sofreu um acidente de maior gravidade.

Sim, o assunto é delicado, mas precisa ser abordado. Falar sobre a terminalidade da vida demonstra que temos consciência de que somos mortais. A Covid-19, que assolou o mundo inteiro, deixou vários mortos e trouxe à tona certas questões sobre como o paciente quer ser cuidado. O enfoque principal é que decisões sejam norteadas pelo princípio da autonomia. Imagine um paciente que precisa ser entubado, mas esse não seria seu desejo. O que ele deveria fazer para que fosse obedecida sua vontade?

Apesar de inexistir legislação sobre a manifestação da vontade do paciente, na prática, a intenção de ter suas convicções e desejos respeitados tem ocorrido. Abarcando esse pensamento, o Conselho Federal de Medicina, por meio da Resolução 1.995/12, garante diretivas antecipadas da vontade do paciente, entendendo estas como o conjunto de desejos, prévia e expressamente manifestados pelo paciente, sobre cuidados e tratamentos que quer, ou não, receber no momento em que estiver incapacitado de expressar, livre e autonomamente, sua vontade. As diretivas devem ser anexadas no prontuário do paciente.

Outra forma de expressar o que quer é por meio do testamento vital, que pode ser feito quando a pessoa ainda está no gozo de suas faculdades mentais para decidir o que deseja, se no futuro for impossibilitado de expressar suas vontades.

Vale lembrar que diretivas de vontade e testamento vital não são sinônimos. A primeira trata da saúde em geral enquanto o outro refere-se às escolhas no fim da vida.

Há muito mais a se falar sobre esse tema, mas a possibilidade de gerar uma reflexão acerca do assunto já é um grande começo para que as pessoas entendam a importância de registrar como querem ser tratadas quando não puderem se comunicar. ANA LOBO Advogada há 20 anos, membro da Comissão de Direito à Saúde da OAB-DF, pós-graduanda em Direito Médico e da Saúde. Instagram: @draanalobo.

"Falar sobre a terminalidade da vida demonstra que temos consciência de que somos mortais"

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CARLOS BOUHID Engenheiro civil, mestre em construção civil e sócio da DuSol Engenharia Sustentável - www.dusolengenharia.com.br

"A energia deve ser vista como estratégica"

TEMA: ENERGIA SOLAR

COMO TRANSFORMAR A GESTÃO DE ENERGIA EM UMA ALIADA PARA CONTROLE E REDUÇÃO DE CUSTOS?

Reduzir custos mantendo a eficiência operacional é o grande desafio de qualquer organização. Em momentos de crise, essa diretriz se torna ainda mais fundamental para a sobrevivência dos negócios. E um dos custos com maior impacto orçamentário é justamente a eletricidade.

A energia elétrica é insumo básico e fundamental no processo produtivo de qualquer segmento industrial. De forma geral, a indústria é responsável pelo consumo de quase 35% da energia gerada no País. Por outro lado, nos últimos anos o custo desse insumo vem se tornando mais alto e, por consequência, com maior impacto orçamentário.

O grande erro é entender esse custo como algo inerente aos processos e, por isso, não o gerenciar da forma adequada. Na verdade, a energia deve ser vista como estratégica. O bom planejamento e gerenciamento de sua aquisição e uso otimizará custos, resultado que será visto na última linha dos demonstrativos de resultado.

“Não se gerencia o que não se mede”. A clássica frase de William Edwards Deming, princípio básico de gestão, já nos dá o primeiro passo. É necessário entender, através de dados, como a energia vem sendo consumida ao longo de todo o processo produtivo. A partir desse input, será possível levantar pontos de atenção e oportunidades de otimização. A eficiência energética, produzir o mesmo, utilizando menos energia, é aliada fundamental da gestão de energia. De fato, reduzir perdas ao longo do processo é pré-requisito para uma boa aquisição da eletricidade. A energia elétrica mais cara é aquela desperdiçada.

Outro pilar da gestão é a aquisição eficiente da eletricidade. Aqui, a complexidade do setor elétrico brasileiro é o principal entrave e, talvez, causa de maior dificuldade. Contratação correta de demanda, compra de energia no mercado cativo ou livre, geração própria de energia. Diversas são as possibilidades e não há resposta pronta e genérica. Só os dados coletados poderão guiar aqui o caminho. Além disso, em específico na compra de energia, os cuidados requeridos são ainda maiores. Escolher a modalidade de compra, fornecedor, condições comerciais e aspectos contratuais. Pequenas erros nesse processo podem gerar grandes dores de cabeça no longo prazo.

Por fim, o mais importante é que esse caminho não deve ser percorrido de forma solitária. Há empresas especializadas em cada uma das etapas desse processo, além de empresas especializadas na gestão de energia em si. Apenas a primeira decisão é solitária: definir se o insumo energia é estratégico.

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TEMA: JUDICIALIZAÇÃO NO AGRO

QUAL O MELHOR MEIO PARA SE RESOLVER AS DEMANDAS JURÍDICAS NAS QUESTÕES RELACIONADAS ÀS PROPRIEDADES RURAIS?

De fato, o mundo do agronegócio é um campo fértil de soluções para o País, mas também onde chega toda sorte de problemas (ou burocracia ou travas, vamos dizer) de gestão, boa parte relacionada a questões de ordem administrativa, financeira ou tributária.

É bom destacar que somos da tese, já consolidada, de que o agronegócio é a âncora da economia brasileira e, por ela, temos de atuar e construir modelos que preservem sua capacidade produtiva e competitiva.

A pandemia tem sido um capítulo tenebroso que o mundo – e a economia – precisa superar. Mas, quando temos uma boa notícia dentro deste cenário turvo, repare, ela se refere a superávits, investimentos e empregos gerados direta ou indiretamente pelo agronegócio brasileiro, que não é mais brasileiro, é mundial. Somos, de fato, a ‘fábrica’ de alimentos do mundo.

No entanto, os números poderiam ser ainda melhores, pois as demandas judiciais (de propriedades rurais) são excessivamente demoradas e caras, o que traz bastantes entraves ao agronegócio, pois as terras que deveriam ser mais produtivas, não estão.

Sem levar em consideração o desgaste psicológico das partes envolvidas. Isso é coisa do passado!

Os profissionais do Direito mais bem preparados, ao invés de estimularem os processos judiciais como a melhor saída para resolver entraves jurídicos, estão buscando a solução dos problemas de forma extrajudicial. O que é mais rápido, barato e eficiente.

Recomendo para quem têm demandas ajuizadas, não custa procurar estes profissionais. Se tiver uma opinião pró-judicialização, também ouvir outro parecer que defenda uma visão de que não a judicialização. Compare. São diversos casos de sucesso (alguns de grandes proporções e conhecidos nacionalmente), que regularizaram as propriedades, tornando-as: vendáveis e produtivas.

Os serviços jurídicos extrajudiciais buscam resolver os litígios sem mais delongas, proporcionando aos interessados uma resposta eficaz e definitiva. Também, os profissionais advogados podem apresentar investidores que tenham interesse em ingressar no processo judicial, aportando capital, para resolver a questão de forma extrajudicial.

Grandes parcerias jurídicas são realizadas para, em conjunto, solucionar em vez de postergar. Não embarque na primeira solução mágica, assim como na Medicina, casos mais graves podem ter dois diagnósticos ou duas estratégias diferentes. Muitas vezes, o que parece líquido e certo, pode ficar caro, lento e sem qualquer garantia de sucesso. RENATO ALA Advogado tributarista e empresarial. Sócio do CAAV Advogados Associados.

"Somos, de fato, a ‘fábrica’ de alimentos do mundo. No entanto, os números poderiam ser ainda melhores"

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TEMA: VAREJO

O QUE ESPERAR DO VAREJO PARA O MÉDIO PRAZO PÓS-PANDEMIA?

Podemos comparar o momento atual com aqueles jogos de tabuleiro. Se dermos sorte no dado podemos avançar até 5 casas ou 5 meses por analogia, agora se dermos azar ou não capricharmos na jogada, podemos retroceder até 10 casas (ou 10 meses). Comparações à parte, a realidade é que os efeitos da pandemia nos acompanharão por um bom tempo. Aos atrasados de plantão na área de negócios é tempo de se preparar para esse futuro. O que podemos esperar? Podemos afirmar que a digitalização de negócios continuará forte, segurança, higiene e limpeza irão nos acompanhar por um longo período e podem ter certeza os hábitos incorporados ao nosso dia a dia nesta pandemia permanecerão. Há uma tendência natural dos consumidores de manter a redução de compras de produtos não essenciais dando mais atenção para uma boa relação custo/benefício.

O varejista que não se atentar aos comportamentos de seus clientes e se adaptar, será engolido por outros players de mercado. Entender o mix de lojas, saber o que são experiências de consumo, uma boa seleção de produtos, identificar novos e mais atualizados meios de pagamento, avançar em tecnologias que levem rápidas decisões, tudo isto será determinante para atender essa clientela pois ela pode mudar de prioridades muito rapidamente. A tradicional loja física precisa ser repensada. Tem de ser uma experiência incrível para o consumidor, mergulhando o cliente na proposta da marca, em seu posicionamento e valores; tem de inserir a comunidade, reunindo pessoas que possam ter visões distintas de seu negócio; tem de ter relacionamento que coleta e analisa dados dos clientes para oferecer melhores soluções para suas necessidades; tem de ter uma logística eficiente e um canal direto; tem de ter uma mídia clara e objetiva que garantirá uma conexão ágil.

O foco será total no consumidor. As necessidades do cliente em detrimento ao que a indústria quer produzir e fornecer ficará mais evidente. O varejo sempre foi um contato humano, mas pouca ou nenhuma tecnologia embarcada. Nos dias atuais mesmo que aparentemente não exista muita tecnologia nas lojas e no relacionamento com os clientes, as empresas precisam contar com uma sólida infraestrutura tecnológica.

A pandemia acelerou ainda mais a preocupação dos consumidores com os varejistas e os impactos de suas ações sobre questões ambientais e sobre a vida de demais membros da comunidade. Cada vez mais cobrado pelo que acontece em seus fornecedores e haverá menos tolerância com quem não respeita os trabalhadores, o meio ambiente e a sociedade. As previsões de futuro estão longe de 100% de assertividade, mas já podemos afirmar que o varejo tem ligação direta com as inovações tecnológicas e comportamentais. RONDINELY LEAL Executivo com 20 anos de experiência em gestão, com atuação em grupos nacionais e multinacionais. Contador por formação com especialização em análise e auditoria, MBA em Gestão Financeira, Controladoria e Auditoria. Professor e consultor.

"A tecnologia não é mais uma ferramenta de apoio, é uma necessidade de mercado para quem precisa sobreviver"

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TEMA: FINANÇAS

SUA EMPRESA AGREGA VALOR AOS ACIONISTAS?

Nós gestores financeiros utilizamos alguns indicadores econômicos e financeiros para avaliar a saúde da empresa. Utilizamos o EBTIDA; a margem do EBITDA; Lucro Líquido; a Rentabilidade sobre vendas; a Rentabilidade sobre o Patrimônio líquido; a Rentabilidade sobre o ativo e outros. Todos têm a sua importância e cada gestor empresarial tem preferência por um ou aquele indicador.

Neste artigo, de maneira simplista e didática, quero demonstrar a importância de um outro indicador, o EVA (Valor Econômico Agregado) serve para medir se a empresa está criando valor para os acionistas e investidores. Neste sentido, esse indicador passa a ser muito interessante para quem está investindo em uma determinada empresa, pois, será a evolução deste indicador que determinará se a empresa está agregando valor aos acionistas e em consequência aumentando o seu valuation (valor de mercado).

O conceito do EVA basicamente consiste em performar resultados operacionais após os impostos sobre lucros da empresa superiores ao seu custo de capital, ou seja, após pagamentos dos juros dos empréstimos de terceiros e da remuneração do capital dos acionistas, o saldo se positivo terá agregado valor e se for negativo terá destruído valor.

Abaixo um exemplo de forma simples de como calcular o EVA de uma empresa. Os dados principais para o cálculo são: 1) O valor do capital aplicado na empresa que os gestores devem rentabilizar acima do seu custo de capital. Entende como capital aplicado na empresa o valor calculado da N.C.G. (Necessidade de Capital de Giro) mais o valor do ativo não circulante. Calcula-se a N.C.G. pela diferença entre o total do ativo circulante operacional (excluindo as contas financeiras, caixa, bancos e aplicações financeiras) e o total do passivo circulante operacional (excluindo a conta de empréstimos bancários de curto prazo). 2) Custo médio de capital W.A.C.C. (Weighted Average Capital Cost – custo médio ponderado do capital). Calcula-se o custo médio dos empréstimos bancários em percentual e estima-se, em percentual, o custo do capital próprio (Patrimônio Líquido) que o acionista deseja obter para correr o risco do negócio. Através do cálculo ponderado dos custos obtém-se o custo financeiro médio ponderado dos recursos que financiam o capital aplicado na empresa.

Para exemplificar, ao observamos um balanço em que a empresa gerou resultado operacional após os impostos sobre lucros de R$ 127,6 milhões; total do ativo aplicado de R$ 617,9 milhões e W.A.C.C. de 13,8% ao ano, temos que o custo do capital total foi de R$ 85,3 milhões referente aos juros sobre os empréstimos bancários, com remuneração do capital sobre o Patrimônio Líquido, podemos dizer que ela agregou valor aos acionistas. Portanto o valor gerado na empresa foi de R$ 42,4 milhões, o que correspondeu a uma rentabilidade total sobre o ativo aplicado de 20,7%, bem superior ao custo de capital de 13,8%. MARCOS FREITAS Doutorando em Turismo na Universidade Iberoamericana - México; Mestre em Finanças pela Universidade Alcalá – Espanha – 2011; MBA Executivo Internacional – Unip e Universidade de Alcalá – 2011; graduado em Economia pela PUC-SP 1988 e pós-graduado na Universidade Corporativa do Grupo Algar. Atualmente atua como Sócio da WAM Brasil. marcos.freitas@wambrasil.com

"O EVA serve para medir se a empresa está criando valor para os acionistas e investidores."

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