DIRETORIA GOIÁS NA BOLSA, ONTEM E HOJE Ter empresas abrindo seu capital na Bolsa de Valores, na B3, é uma demonstração de maturidade do setor econômico goiano. A Jalles Machado concluiu o processo e tem resultados considerados pelos economistas como positivos - assim como a Boa Safra Sementes (empresa goiana de Formosa). O grupo Caramuru, LG lugar de gente, Laboratório Teuto e a São Salvador Alimentos (SSA) se preparam para seguir o mesmo caminho. Esse cenário aponta um novo horizonte para a economia do Estado, que tem fortalecido a atividade agrícola, pecuária e a indústria. Goiás deve fincar várias bandeiras nesse terreno a partir deste ano, mas o histórico é bem raso. Podemos citar duas situações anteriores, mas não são como as atuais. A primeira, foi na origem da Bovespa, nos anos 60, da General Novilar, e, já mais recente, as incursões da Hypermarcas, hoje Hypera Pharma, e do Friboi, hoje JBS, nesse mercado, mas apesar das famílias controladoras destes dois grupos serem goianos, a matriz de ambas ficam em São Paulo. Mas essa inserção goiana tem um “quase” pioneiro, que precisa ser relembrado. Até abril de 1964, o mercado de capital era fraco no País. A Lei da Usura (que limitava ganhos de até 12% ao ano a taxa máxima de juros) e a inflação limitavam o crescimento. Em abril de 1964, iniciou-se a reestruturação do mercado financeiro brasileiro. Criaram Conselho Monetário Nacional e o Banco Central, além da primeira Lei de Mercado de Capitais. Nesse período surge a Bovespa (1967) e o sistema monetário é reformado. A General Novilar, do empresário Joaquim José da Motta Júnior, busca recursos para fortalecer e continuar sua expansão, 18 . Leitura Estratégica
principalmente, para Sul e Sudeste do País, já que a sua rede de lojas de eletrodomésticos de Goiás era destaque regional. A Novilar marcou história no varejo goiano – a primeira a vender à prestação – e foi não apenas uma das primeiras anunciantes de TVs em Goiás, mas a empresa arcou com praticamente todo o custo da instalação da TV Rádio Clube (comprou parte do que sobrou, no Rio de Janeiro, após suntuosa reforma na TV Tupi). Ajudava este mercado com foco na venda de aparelhos – o que deu muito certo, pois liderou também a venda de televisores, assim como já dominava a comercialização de rádios. A General Novilar recebe prêmio de revistas nacionais de destaque do varejo e começa a trilhar um caminho forte fora do Estado. Mas, alavancado pelos investimentos, entre eles uma grande loja em São Paulo e em Porto Alegre, vai
buscar capital na Bolsa. Investe muito na empreitada. Quando dá entrada na Bolsa, o governo federal fecha o mercado financeiro brasileiro para uma ampla reforma – por duas semanas. É tempo suficiente para espalhar o boato de que a “General Novilar” iria quebrar e ‘chover’ protestos de títulos contra a empresa, que veio à insolvência e ao fechamento antes da abertura de capital. Essa quase inserção de Goiás no mercado acionário brasileiro foi um divisor de águas. Fica sempre aquela ponta de dúvida, se não tivesse essa eventualidade - fato raro de fechar a Bolsa por duas semanas -, qual fim teria a General Novilar? Aproveitando esse momento novo do Estado no mercado de ações para relembrar esse que foi um dos primeiros grandes empresários de Goiás na era da profissionalização dos negócios.