Ano 1 - Nº 3 - março a maio 2023 PRODUTORES 8 MIL 8 MIL 8 MIL MIL 8 MIL 8 MIL 8 MIL 8 MIL 8 MIL 8 8 MIL 8 MIL 8 MIL 8 8 MIL 8 MIL 8 MIL MIL 8 8 MIL 8 MIL 8 MIL 8 MIL 8 8 MIL 8 MIL 8 8 MIL 8 8 MIL MIL 8 8 MIL 8 MIL 8 MIL 8 MIL 8 MIL 8 8 MIL 8 MIL 8 MIL 8 8 MIL 8 MIL 8 8 MIL 8 MIL 8 MIL 8 MIL 8 MIL 8 MIL 8 MIL 8 MIL 8 8 MIL 8 MIL 8 8 MIL 8 MIL MIL 8 MIL 8 MIL 8 MIL 8 MIL 8 MIL 8 MIL 8 8 MIL 8 MIL 8 8 MIL 8 MIL PRODUTORES PRODUTORES PRODUTORES PRODUTORES PRODUTORES PRODUTORES PRODUTORES PRODUTORES PRODUTORES PRODUTORES PRODUTORES PRODUTORES PRODUTORES PRODUTORES PRODUTORES PRODUTORES PRODUTORES PRODUTORES PRODUTORES PRODUTORES PRODUTORES PRODUTORES PRODUTORES PRODUTORES PRODUTORES PRODUTORES PRODUTORES Rumo ao Carbono Neutro Dedo de Prosa: Eduardo Riedel Rumo ao Carbono Neutro Dedo de Prosa: Eduardo Riedel Assistência Técnica e Gerencial bate recorde de atendimentos em MS
C U RSOS G R AT U I TOS C E R T I F I CA D O D E C O N C LU S Ã O
O PAPEL DO AGRO NO DESAFIO DO COMBATE À FOME
Chegamos à terceira edição da Revista Famasul. Um produto impresso e digital que preparamos durante três meses para ser compartilhado nos quatro cantos de Mato Grosso do Sul e em muitos lugares desse nosso país. Muito falamos em segurança alimentar e, com isso, fazemos um questionamento aos leitores. O tema ‘fome’ permeia a Campanha da Fraternidade em 2023 e está no foco da Organização das Nações Unidades até 2030. Você já parou para pensar na importância do agro no desafio global do combate à fome e desnutrição?
A agricultura sustentável, realidade das propriedades sul-mato-grossenses, possibilita o acesso a alimentos seguros, nutritivos e em quantidade suficiente para atender a demanda da população. O setor, representado por instituições como a Famasul e o Senar/MS, atua para que ameaças não interfiram nesta entrega, seja na recuperação de solos, no sequestro de carbono, na otimização de área cultivável, somados à contribuição da ciência e ao avanço da tecnologia.
MARCELO BERTONI
Presidente do Sistema Famasul
Gestão, agropecuária e sustentabilidade são palavras que norteiam a condução do novo governo do estado. Conhecendo a realidade do campo e com a experiência da representatividade rural, tivemos um ‘Dedo de Prosa’ com Eduardo Riedel e percebemos a maestria e atenção em pautas ambientais e econômicas e do resultado gerado a partir da profissionalização do setor.
Vivenciamos um novo momento para a pecuária regional, referência no mundo inteiro. O status sanitário de livre de febre aftosa sem vacinação, conquista que coroa o engajamento de produtores rurais após uma longa trajetória do plano estratégico nacional e da soma de esforços de órgãos como a Iagro e a SFA/MS.
VIVENCIAMOS UM
NOVO MOMENTO PARA A PECUÁRIA REGIONAL, REFERÊNCIA
NO MUNDO INTEIRO
Nesta edição você também conhece a funcionalidade de projetos como o Famasul Conecta, o Famasul Vantagens, as tendências de mercado e o programa ‘Acolhe no Campo’, iniciativa de combate à violência doméstica, uma parceria com o Ministério Público de Mato Grosso do Sul.
Recomendamos a leitura para quem é do agro, quem tem interesse pelo agro e quem pensa em fazer parte desse setor tão estruturante para a economia brasileira.
Temos grandes desafios pela frente e muitas metas para alcançar.
Boa leitura!
MARÇO A MAIO 2023 • REVISTA FAMASUL • 3
” Editorial
26
Agronews
Projetos
Especiais
Presidente: Marcelo Bertoni
Vice-Presidente: Mauricio Koji Saito
Diretor Secretário: Claudio George Mendonça
- Diretor Tesoureiro: Frederico Borges Stella
- 2º Secretário: Fábio Olegário Caminha - 3º
Secretário: Massao Ohata - 2º Tesoureiro:
André Cardinal Quintino - 3ª Tesoureira: Stéphanie Ferreira Vicente
CONSELHO DE VICE-PRESIDENTES
Antônio de Moraes Ribeiro Neto - Antonio
Silvério de Souza - Dario Antonio Gomes Silva
- Manoel Agripino Cecílio de Lima - Luciano
Aguilar Rodrigues Leite - Leandro Mello Acioly
- Rodrigo Ângelo Lorenzetti - Alexandre de Paula Junqueira Netto - Roberto Gonçalves de Andrade Filho
Senar/MS atendeu mais de 8 mil propriedades com o ATeG em 2022
Senar/MS atendeu mais de 8 mil propriedades com o ATeG em 2022
Dedo de Prosa
17 Entrevista com governador Eduardo Riedel
5 - Boletins apresentam dados das principais cadeias agropecuárias
Inova Agro
6 - Mais de 6,5 mil produtores de MS já têm cartão do Famasul Vantagens
7 - Plataforma conecta trabalhadores e estudantes a oportunidades no agro
Meio Ambiente
8 - Famasul assume protagonismo na busca pela sustentabilidade da produção
10 - Tecnologia que gera energia com dejetos da suinocultura é destaque na COP
Roda de Tereré
12 - MS conquista o sonhado status de área livre de aftosa sem vacinação
Agroindústria
14 - Selo Arte certifica e agrega valor a alimentos artesanais no estado
16 - Panorama e tendências da agricultura e pecuária sul-matogrossense
Transformando Vidas
22 - Cursos técnicos possibilitam evolução profissional e empoderamento feminino
Porteira do Conhecimento
23 - Programa alia teoria à prática e insere jovens no mercado de trabalho
Projetos Especiais
28 - Acolhe no Campo combate a violência contra a mulher
30 Agro Agenda
36 Famasul em Ação
Fala, Técnico!
38 Perrengue bioceânico
MEMBROS SUPLENTES DA DIRETORIA
Paulo Renato Stefanello - Janes Bernardino
Honório Lyrio - Alessandro Oliva CoelhoYoshihiro Hakamada - Bedson Bezerra de Oliveira - Lucicleiton Cirino da Rocha - Hilies de Oliveira - Durval Ferreira Filho - Vilson Mateus
Brusamarello - Valter Dala Valle - Florindo Cavalli
Neto - Herminio Pitão - Severino José da Fonseca
- Antonio Gisuatto - Edson Bastos - Romeu
Barbosa de Souza - Hudson Amorim de Oliveira
MEMBROS DO CONSELHO FISCAL
Efetivos: Jefferson Doretto de SouzaHenrique Mitsuo Vargas Ezoe - Telma Menezes de Araújo - Suplentes: Jesus Cleto TavaresDeny Meirelles Nociti - Fábio Carvalho Macedo
MEMBROS DO CONSELHO DE REPRESENTANTES (CNA)
Efetivo: Marcelo Bertoni - Mauricio Koji Saito
- Suplentes: José Vanil de Oliveira GuerraAntonio Ferreira dos Reis
SENAR/MS - Administração Regional do Estado de Mato Grosso do Sul - Conselho
Administrativo - Dirigente: Marcelo Bertoni
| Membros titulares: José Pereira da Silva |
Marcio Margatto Nunes | Valdinir Nobre de Oliveira | Daniel Kluppel Carrara | Suplentes:
Mauricio Koji Saito | Janes Bernardino | Honório Lyrio | Thaís Carbonaro Faleiros Zenatti | Maria Helena dos Santos Dourado Neves | Luciano Muzzi Mendes | Conselho Fiscal: Paulo César
Bózoli | João Batista da Silva | José Martins da Silva | Suplentes: Rafael Nunes Gratão | Moacir Reis | Orélio Maciel Gonçalves | Superintendência: Lucas Duriguetto Galvan
REVISTA FAMASUL
Gerente de Comunicação, Marketing e
Eventos: Anahi Gurgel | Coordenação de Comunicação: Camilla Jovê | Coordenação de Marketing: Flávio Gutierrez | Coordenação de Eventos: Larissa Siufi | Equipe: Vitor Ilis | Ellen Albuquerque | João Carlos Castro | Leandro
Abreu | Mariana Mota | Michelle Machado
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Rua Marcino dos Santos, 401 - Cachoeira IICampo Grande/MS
Famasul - Tel.: (67) 3320-9700
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Sumário/ 4 • REVISTA FAMASUL • MARÇO A MAIO 2023
Expediente IC ONS & SOCIAL MEDIA L OGOS FOR BUSINESS C ARD /SistemaFamasul IC ONS & SOCIAL MEDIA L OGOS FOR BUSINESS C ARD IC ONS & SOCIAL MEDIA L OGOS FOR BUSINESS /sistemafamasul /sistemafamasul
SAUL SCHRAMM/GOV MS
Boletins técnicos apresentam dados e análises das principais cadeias agropecuárias do estado
Com base na interpretação de dados das principais cadeias produtivas agropecuárias de Mato Grosso do Sul, o Sistema Famasul elabora e divulga periodicamente boletins técnicos sobre pecuária, agricultura, meio ambiente, logística e mercado.
Ao todo, são 16 boletins publicados pela instituição: Agricultura, Economia e Mercado (Bovinos, Aves e Suínos), Sigabov - Bovinocultura de corte, Bovinocultura de Leite, Radar Ambiental, Florestas Plantadas, Avicultura, Famasul Log, Ovinocultura, Piscicultura, Sucroenergético, Suinocultura, Release Sanitário, Aliança Agroeconômica, Carta Conjuntura Internacional e o Release USDA.
Um dos recentes é o boletim Carta Conjuntura Internacional, lançado no mês de fevereiro de 2023. O documento analisa a saúde econômica dos parceiros do comércio internacional e os principais produtos exportados de Mato Grosso do Sul. O objetivo é entender como o crescimento e políticas aplicadas em outros países impactam o agro do MS.
Os informativos são divulgados com periodicidade semanal, mensal ou trimestral. Todos os conteúdos ficam disponíveis na página do Sistema Famasul na internet, na aba “Boletins Técnicos”. O acesso direto pode ser feito pelo link: portal.sistemafamasul.com.br/boletins
O coordenador do Departamento Técnico do Sistema Famasul, André Nunes, explica que no desenvolvimento dos boletins são analisados diversos fatores, que vão desde custos de produção e estimativas de safras, até elementos mercadológicos, como: cotações, mercado futuro, fretes, comercialização, exportação, legislações, meio ambiente e recursos hídricos entre outros.
“Alguns boletins trazem o acompanhamento das safras de grãos, destacando os municípios que estão com os processos de plantio e/ou colheita adiantados ou atrasados. Outros demonstram a movimentação dos rebanhos de bovinos, suínos, ovinos, aves e peixes, trazendo a quantidade de animais abatidos ao longo dos anos e meses”, ressalta.
André aponta que em um período em que o mercado é globalizado e as atividades apostam na tecnologia, no agro 4.0, a informação é uma moeda muito valiosa.
“Todas as publicações trazem notas e dados que auxiliam nas tomadas de decisões. O histórico de preço trazido pelos materiais, demonstra o comportamento do mercado, auxiliando o produtor rural no planejamento das safras. O acompanhamento das vendas e economia do país, através das taxas de juros, comércio internacional, mercado futuro, andamento das safras e abates estaduais, demonstra um cenário a curto prazo para o produtor rural”, destaca.
Um exemplo é o boletim Aliança Agroeconômica. O grupo foi formado em 2018, a partir de cooperação técnica entre o Sistema Famasul, CNA, IMEA e Ifag e tem o papel de analisar e produzir pareceres relacionados ao mercado agropecuário do Centro-Oeste.
Neste mês de março, está prevista a divulgação dos seguintes boletins: Agricultura, Release Sanitário, Pecuário, Bovinocultura de Leite, Sigabov, Florestas Plantadas, Aves e Ovinos.
Acesse: portal.sistemafamasul.com.br/boletins
MARÇO A MAIO 2023 • REVISTA FAMASUL • 5 Agronews
Inova Agro
FAMASUL VANTAGENS
MAIS DE 6,5 MIL PRODUTORES DE MS JÁ ADERIRAM AO CLUBE DE BENEFÍCIOS
Oprograma Famasul Vantagens lançado em agosto de 2022 já conta com mais de 6,5 mil produtores inscritos. A iniciativa está disponível em cerca de 50 sindicatos rurais de Mato Grosso do Sul e mais de 90 empresas parceiras.
“O produtor participante apresenta o cartão de benefícios nos estabelecimentos comerciais ca dastrados e tem acesso a produtos e serviços em condições diferenciadas”, explica a gerente financeira do Sistema Famasul, Milene Holanda Nantes.
Ela explica que o programa assegura benefícios para todos os participantes. “Oferece condições exclusivas para que os produtores tenham mais acesso a produtos e serviços. Isso valoriza o homem e a mulher do campo, e fomenta as empresas e o comércio local, que ganham mais visibilidade junto a po tenciais clientes. Além disso, fortalece o siste ma sindical e atrai novos associados, criando um círculo virtuoso de sustentabilidade no agro”.
O coordenador de Arrecadação do Sistema Famasul, Marcos Aurélio Lustosa de Souza, explica que a adesão ao programa é muito simples. “Basta que o produtor procure o sindicato rural do seu município e solicite o cartão de identificação. Ele é gratuito e será utilizado para receber os descontos nas empresas conveniadas, aqui no estado e em
outros, como São Paulo, Bahia e Paraná”. Entre os produtores que já estão se beneficiando está o pecuarista Nelson Mikio Kurose, de Terenos. Ele diz que ficou sabendo do Famasul Vantagens pelo sindicato rural da cidade e se interessou pela oportunidade.
“Eu participo do sindicato rural desde a fundação. Acompanhei várias ações da Famasul e do Senar/MS na região. São projetos que agregam conhecimento para o produtor rural, como cursos e assistências técnicas. Esse programa é interessante, pois agrega vantagens para a classe”.
Nelson conta que usou o benefício para adquirir um sistema de placas solares para sua propriedade e que o desconto que obteve na aquisição foi muito bom.
“A partir de agora estarei sempre atento à lista dos credenciados, para ver se o produto ou serviço que eu procuro está disponível”, conta, complementando também que a expectativa é pelo aumento do número de empresas participantes.
O pecuarista recomenda, inclusive, que outros produtores entrem em contato com os sindicatos rurais nos seus municípios para participar. “Não somente por esse benefício, mas também por outras vantagens que o sindicato rural pode oferecer aos associados”.
6 • REVISTA FAMASUL • MARÇO A MAIO 2023
Milene Holanda Nantes, gerente financeira do Sistema Famasul
famasul conecta
Plataforma conecta trabalhadores e estudantes a oportunidades de emprego e estágio no agro
Atento à demanda crescente por mão de obra qualificada nas atividades agrícolas e pecuárias, o Sistema Famasul criou uma nova ferramenta que conecta trabalhadores e estudantes a oportuni dades de emprego e estágios oferecidos por empresas e produtores rurais.
“O objetivo do Famasul Conecta é proporcionar, como o próprio nome sugere, uma conexão entre quem busca uma vaga de emprego ou de estágio no agro e as empresas com oportunidades para oferecer. Tudo isso de um modo muito simples, de maneira ágil e assertiva”, aponta o gerente técnico do Sistema Famasul, José Pádua.
A plataforma foi lançada em agosto de 2022, e está disponível no site famasulconecta.com.br/. O primeiro passo para acessá-la, seja trabalhador ou empregador, é fazer um cadastro básico e criar um usuário.
“Com esse usuário, o empregador cadastra as vagas disponíveis em sua empresa ou propriedade, e o trabalhador cadastra o seu perfil profissional (currículo). Assim, o anunciante pode encontrar profissionais compatíveis com a sua vaga, e o candidato pode buscar vagas de seu interesse”, relata.
Além das vagas de emprego oferecidas pelas empresas
e instituições cadastradas no sistema, Pádua explica que o Famasul Conecta também disponibiliza para os usuários uma relação de vagas de estágios oferecidas pela Fundação Educacional para o Desenvolvimento Rural (Funar).
Com essa plataforma um amplo banco de dados é constantemente atualizado com informações sobre vagas disponíveis e currículos de profissionais de nível médio, técnico e/ou superior. A página do Conecta traz ainda o acesso aos cursos presenciais e à Distância (EAD), do Senar/MS.
Neste ano, o Senar/MS oferece 282 opções de capacitações. A meta da entidade é beneficiar 78 mil pessoas nas modalidades de Formação Profissional Rural (FPR) e Promoção Social (PS), quase o dobro das 40 mil pessoas qualificadas no ano passado. Com certificação, os cursos ofertados são divididos em gestão, manejo, processo, máquinas, saúde e segurança no trabalho, distribuídos nas 15 principais cadeias produtivas do agro no estado, além de englobarem também a alimentação e o artesanato.
Acesse: https://famasulconecta.com.br
MARÇO A MAIO 2023 • REVISTA FAMASUL • 7 Inova
Agro
José Pádua, gerente técnico do Sistema Famasul
ms rumo ao carbono
neutro
Sendo interlocutora entre produtores rurais de todo o estado e as agendas climáticas nacionais e internacionais, a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul) tem sido uma grande protagonista na busca constante pela sustentabilidade na produção. Uma das principais metas é neutralizar as emissões dos gases que provocam o efeito estufa, ou seja, ser Carbono Zero até 2030.
As questões climáticas se tornaram uma das pautas mais debatidas nos últimos meses. No mundo do agronegócio, o assunto não foi deixado de lado e, sim, colocado no centro do debate.
O consultor técnico da Famasul, Gabriel Mambula, salienta que a principal missão da Famasul neste espaço de tempo é divulgar informações pertinentes e desmistificar alguns dados aos produtores rurais. Para ele, os extremos devem ser evitados e a produtividade ambiental, visando ganhos financeiros, pode ser praticada no campo.
“Nós mostramos que com tecnologia você tem ganhos financeiros, de produtividade e ambientais. Pensando
em um cenário de Carbono Zero, nós temos mais qualidade de solo e um maior bem-estar dos animais. O ganho é em todas as áreas. Isso vai garantir a continuidade do negócio ao longo dos próximos anos. A pessoa que está produzindo está oferecendo um produto nobre, de alta qualidade e sustentável ao consumidor”, aponta Mambula.
Na discussão sobre a neutralização de carbono em Mato Grosso do Sul, não é apenas o setor do agronegócio que é posto em debate. O consultor lembra que outras frentes econômicas também são incluídas no caminho para que o estado se torne Zero Carbono, como a de produção de energia, do tratamento de resíduos sólidos, esgoto e indústrias.
PLANO E PRÁTICA
Foi lá em 2021 que o governo estadual assinou o plano para oficialização rumo a neutralização de gases do efeito estufa até 2030. Desde então, o trabalho entre órgãos públicos e a Famasul foi entrelaçado. As ações práticas foram pontuadas de forma categórica pelo plano.
8 • REVISTA FAMASUL • MARÇO A MAIO 2023 Meio Ambiente
O agronegócio de Mato Grosso do Sul tem se posicionado frente às mudanças climáticas, buscando alternativas para o balanço líquido das emissões de carbono no estado.
A discussão foi ampliada no fim de 2022, quando o primeiro inventário de emissões de gases de efeito estufa de Mato Grosso do Sul foi apresentado. O consultor técnico da Famasul explica que, com o inventário, os produtores rurais poderão fazer uma espécie de “contabilidade” das emissões e compensações de carbono que deverão ser feitas.
“Pelo inventário de carbono, são levantadas as receitas e as despesas. Depois veremos onde vamos diminuir e aumentar. Nas atividades, queremos saber quanto o produtor emite e quanto ele retira de carbono. No futuro, e alguns casos já no presente, os produtores poderão vender o crédito de carbono”.
SEGURANÇA JURÍDICA
O consultor da Famasul comenta que a demanda climática se intensificou com a pressão de muitos mercados consumidores, especialmente os exter-
nos. Frente à atuação de Mato Grosso do Sul na pujança ao exportar as commodities, a adequação ambiental é mais que necessária, sendo uma dessas preocupações o ba lanço líquido da emis são do carbono.
“Nós somos dependentes do clima, e o mais interessado em preservar é o produtor rural. Isso posto, o maior e principal ponto para continuar levando alimento para a população, é a se gurança jurídica”.
Na discussão, Mambula acredita que a lisura do processo jurídico entre os acordos climáticos seja mantida. A exemplo, o consultor explica que os investimentos no agronegócio são a longo
Principais metas do Plano Estadual MS
Carbono Neutro:
• Agronegócio: com ações concentradas no manejo dos solos, na redução dos níveis de emissão de metano pelo gado (fermentação entérica), no manejo de dejetos suínos e no controle da queima de resíduos agrícolas;
• Mudança no Uso da Terra e Florestas: com a adoção de medidas para a devida restauração de Áreas de Preservação Permanente (APPs) e Reservas Legais; reduções dos incêndios em áreas nativas, florestas plantadas, desmatamento legal ou ilegal; e o investimento em Floresta Plantada;
• Energia: com a redução das emissões geradas pela queima de combustíveis e ao apoio à produção de energia renovável;
• Tratamento de Resíduos: com ações destinadas à promoção de programas de controle de efluentes líquidos e sólidos;
• Processos Industriais: referente ao estímulo a programas de eficiência energética e incentivo à utilização de energias renováveis nos processos de produção industriais. (Fonte: Governo de MS)
prazo, então, as políticas públicas e de legislação climática no Brasil devem ter previsão de uma duração mais ampla. “Qualquer política que venha, é que tenha segurança para que o produtor faça investimentos. A gente precisa que a regulamentação seja feita, que a lei seja respeitada e que haja segurança ao produtor rural. Qualquer insegurança afasta as pessoas. Queremos o balanço líquido zero. Vamos emitir, mas os produtos que vamos emitir são zero carbono. Buscamos o equilíbrio, o balanço. Quando há diálogo, é bom para todos!”
MARÇO A MAIO 2023 • REVISTA FAMASUL • 9
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Gabriel Mambula, consultor técnico da Famasul
Meio Ambiente
SUINOCULTURA DE MS É DESTAQUE NA COP-27
SUINOCULTURA DE MS É DESTAQUE NA COP-27
Programa Granja Plus capacita suinocultores na gestão de granjas para aumento da produtividade
Aprodução sustentável da suinocultura em Mato Grosso do Sul foi destaque na COP-27, em novembro do ano passado, no Egito. O suinocultor e diretor da Associação Sul-matogrossense de Suinocultores (Asumas), Celso Philippi Júnior, apresentou dados e destacou o potencial da cadeia produtiva na geração de energias renováveis.
Em pouco mais de cinco anos, a ATeG Granja Plus do Senar/MS tem capacitado suinocultores e apresentado resultados efetivos em Mato Grosso do Sul. De acordo com a estimativa de Philippi Júnior, as granjas sul-mato-grossenses que estão produzindo biogás em energia elétrica por meio de queima de resíduos, geram em torno de 2 megawatts/ hora de energia por mês.
“Estive na COP-27 pela minha granja ter um projeto de sustentabilidade ambiental e geração de energia a biogás. A suinocultura em Mato Grosso do Sul vem crescendo exponencialmente nos últimos oito anos. Hoje o estado tem o maior projeto de expansão da atualidade do Brasil e a sustentabilidade é importante para a cadeia produtiva ter longevidade”.
Alinhado à sustentabilidade e à produtividade, a consultora técnica do Sistema Famasul, Ana Beatriz Paiva Sá Earp de Melo, explica que o que antes era rejeito, os dejetos das granjas suínas do estado, se transformou em
subproduto, uma matéria-prima que a partir da bioeletricidade que gera, se converte em benefícios sociais, ambientais e econômicos.
“De maneira resumida, ocorre a decomposição da matéria orgânica, podendo resultar em biogás e fertilizante. Desta forma, minimizam-se impactos ambientais e sociais, além de contribuir economicamente, através da geração de renda e redução de custos com combustível e energia elétrica”.
GRANJA PLUS
O programa Granja Plus do Senar/MS atende suinocultores integrados na região de Dourados, São Gabriel do Oeste, Brasilândia e Campo Grande. Ana Beatriz aponta que o Sistema Famasul tem atuado fortalecendo os produtores e os sindicatos rurais do estado. “Além de promover a educação, a informação e o conhecimento das pessoas do meio rural, com inovação e competência, a Famasul tem contribuído não só na suinocultura, mas nas diversas cadeias produtivas da agropecuária no estado”.
Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) também reforçam a importância da cadeia produtiva, quando a criação de suínos emprega 1.446 pessoas diretamente. O consultor técnico do Senar/MS, Stephan Alexander da Silva avalia que Mato Grosso do Sul tem potencial para que outras granjas possuam tecnologia de produção de energia elétrica.
“Diversas granjas já possuem a tecnologia de produção de energia elétrica pelo biogás no estado, porém ainda existe potencial para que outras granjas também instalem esse sistema de maneira sustentável”.
10 • REVISTA FAMASUL • MARÇO A MAIO 2023
Programa Granja Plus capacita suinocultores na gestão de granjas para aumento da produtividade
sem vacinação
livre de aftosa sem vacinação de aftosa
Foi uma longa trajetória de muitas agendas, vários agentes do setor produtivo, desenvolvimento de estudos técnicos, relatórios e ações conjuntas de defesa sanitária animal. Todo um esforço coletivo convergindo para uma importante conquista para Mato Grosso do Sul: o novo status sanitário como área livre de febre aftosa sem vacinação.
O novo status passa a valer agora em 2023, após a última campanha de vacinação ter sido em novembro de 2022. O reconhecimento e certificação pela OIE (Organização Mundial de Saúde Animal) deve ocorrer a partir de 2024.
As discussões sobre a febre aftosa ocorrem desde muito tempo, alcançando maior destaque nas décadas de 1980 e 1990. Desde então, foram muitas as iniciativas voltadas à questão sanitária animal, tais como as campanhas de imunização sendo feitas duas vezes ao ano, a criação do Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa, na década de 1990, bem como o Plano Estratégico Estadual do PNEFA 2017-2026.
Com o comprometimento dos produtores rurais e serviço de defesa, somados ao avanço das tecnologias de imunização, a vacinação evoluiu e se tornou eficaz em todo o território sul-mato-grossense. Em 2022, último período de imunização contra a aftosa, o estado alcançou 99% de cobertura vacinal, mesmo ano em que foi anunciado pelo Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) que o estado teria o novo status sanitário.
“Temos muito a comemorar. A agropecuária do estado há muito vem aguardando por essa conquista, pois fizemos nossa tarefa de casa; a doença foi erradicada e hoje temos condições de evoluir, com a retirada da vacinação. Elevamos a pecuária sul-mato-grossense e brasileira a outro patamar. Em questão de sanidade e qualidade, igualamos nossa carne ao nível dos mais importantes produtores de proteína do mundo. E iremos avançar muito mais, ampliando a competitividade frente aos EUA, Uruguai, Argentina e Austrália”, analisa o diretor-tesoureiro da Famasul, Frederico Stella.
MARÇO A MAIO 2023 • REVISTA FAMASUL • 11
anos de intenso trabalho e de parcerias institucionais, MS conquistará em 2023 o importante status da OIE
Roda de Tereré
Após
Roda de Tereré
CAMINHO LONGO
No caminho para ser área livre de aftosa sem vacinação, Mato Grosso do Sul contou com o empenho de várias instituições do setor privado, do poder público e da parceria com os produtores rurais das mais diversas cadeias produtivas.
A Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro) sempre esteve presente nas fiscalizações, autuações e atividades contra a doença. O diretor-presidente, Daniel Ingold, tem claramente os planos e ações desenvolvidas até a conquista do novo status. Um dos passos mais importantes foi dado em 2017, quando o estado, junto com o governo federal, criou o Plano Estratégico do Programa Nacional de Vigilância para a Febre Aftosa (PE-PNEFA).
“A partir dele, partimos em um planejamento de ações, melhorias e estudos com as agências nos estados. Em Mato Grosso do Sul foi com a Iagro. Evoluímos muito nas ações de vigilância. Foi durante este processo que o estado atingiu a pontuação para que fosse suspensa a vacinação. A Iagro vem se adequando e, hoje, temos uma vigilância mais ativa”.
Também foi preciso atuar na estrutura sanitária de Mato Grosso do Sul. As situações nas décadas de 1980 e 1990 são lem-
bradas pelo superintendente federal de Agricultura e Pecuária (SFP-MS), Celso Martins. Mesmo com os altos e baixos no processo de erradicação do vírus, um fator positivo foi o principal: a adesão dos produtores rurais.
“O caminho foi muito desafiador. As campanhas de vacinação começaram na década de 1980 e 1990. Daquela época, houve a possibilidade de estruturação do serviço estadual. Vivemos a evolução da capacidade para trabalhar sem a vacinação. O que tínhamos de conhecimento e instrumento na década de 1990, é completamente diferente hoje. Reconhecemos áreas, testamos perímetros de estudo e estamos em uma situação superior do que há duas décadas”, pontua.
A Famasul esteve presente durante as ações educativas e com diálogos importantes na construção do novo patamar. Cursos, rodas de conversa e debates foram realizados. O empenho entre os vários setores fez com que as etapas do PNEFA fossem cumpridas e concluídas com êxito.
“Enquanto Famasul, com toda a sua representatividade, nos coube cumprir algumas etapas para que chegássemos, juntos à Iagro, SFA e outras entidades, a essa grande transformação. A instituição atuou na formulação dos fóruns de
12 • REVISTA FAMASUL • MARÇO A MAIO 2023
Celso Martins, superintendente federal de Agricultura e Pecuária
discussões, na oferta de conhecimento, boletins técnicos e capacitação na área de saúde animal e educação sanitária”, detalha o diretor-tesoureiro, Frederico Stella.
ATENÇÃO REDOBRADA
Atualmente, a atenção deve ser redobrada. Todo e qualquer sinal de uma possível infecção viral, deve ser imediatamente comunicada pelo produtor rural aos órgãos competentes, ressalta Celso. Ele explica que, sem a vacinação, o rebanho busca conviver com a imunidade viral de uma outra forma.
“Quando você retira a vacinação, é preciso trabalhar com outros instrumentos, já que não temos a capacidade do rebanho conviver com aquele vírus naquela estratégia. Temos metas para cumprir nos próximos anos, manter a segurança sanitária; consolidar a área livre do vírus sem vacinação é uma delas”.
Até então, a vacina era a principal ferramenta para o rebanho. Celso comenta que os parâmetros são mudados com essa retirada. A atenção plena ao gado e a comunicação rápida e eficaz vão garantir ações pontuais e com efeitos mais certeiros, segundo o superintendente.
“Quando você trabalha com vacina, a principal ferramenta era o rebanho não sensível à entrada da doença. Agora, na medida que tira a imunização, temos que trabalhar com outros dois parâmetros: impedir que o vírus entre nesse território ou circule; e vigilância no sentido de rapidamente reconhecer o vírus e tomar as medidas necessárias para que o vírus não se espalhe”, completa Celso.
Daniel Ingold também faz coro à necessidade da vigilância sanitária com os rebanhos. “Vamos continuar com a vigilância de forma contínua. Precisamos cada vez mais do envolvimento do produtor no estabelecimento de uma relação de confiança e aproximação com o órgão”.
Celso explica que as notificações de uma possível situação anormal poderão ser solucionadas rapidamente. “Temos que estimular as campanhas para a notificação de qualquer irregularidade. Isso envolve o sistema produtivo, produtores e a sociedade. Temos de estruturar esses órgãos de fiscalização para que em 24 horas de notificação consigam agir com
prontidão. Temos que evoluir para a troca de informações de qualquer anormalidade”.
Pensando em todas as possibilidades, a Famasul atuou de forma vanguardista na criação de um Fundo de Defesa para ajuda ao produtor, como comenta Frede rico Stella. “Foi uma medida essencial para que avançássemos. O Fundefesa possibilita que, no caso da aparição de algum foco ou suspeita, se aja rapidamente e se debele a situação, assim como haja recursos para possíveis indenizações”.
NOVO STATUS, NOVAS OPORTUNIDADES
Celso, Frederico e Daniel. Todos são unânimes ao apresentar o futuro econômico promissor e robusto para o estado com a nova condição sanitária. O status traz possibilidade de novas negociações, ampliação de mercados e benefícios a outras cadeias produtivas.
“Vamos incrementar a oferta de produtos aos países que já compram nossa mercadoria. Para o consumidor internacional, que é mais exigente em sanidade, ofereceremos um produto com selo de qualidade, comprovando o que já defendemos há muitos anos: nossa pecuária é de primeiro mundo”, comemora Frederico Stella.
Daniel Ingold vislumbra um cenário amplo, onde as exportações de carne bovina produzida em Mato Grosso do Sul sejam ampliadas a outros países, para além da China, principal comprador. O diretor-presidente da Iagro também menciona que o novo status é positivo também para outras cadeias produtivas, além da bovinocultura de corte.
“Não podemos ficar dependentes de um mercado só. Temos que procurar outros. Para a suinocultura, por exemplo, automaticamente com a retirada da vacinação, todos os mercados mundiais ficam abertos. Ou seja, os suinocultores se beneficiarão. Importante que todos do setor produtivo tenham convicção disso”.
Países que antes não compravam de Mato Grosso do Sul agora poderão olhar mais atentos à vitrine do gado de excelência produzido no estado. “Na hora que ganhamos este status, alguns países que têm este anteparo à vacinação, se abrirão, independentemente do preço. É reconhecimento e ampliação de mercados exteriores. O mercado mundial da carne suína é influenciado pela vacinação da febre aftosa, mesmo não sendo necessária à vacinação. Há uma valorização grande quando a área atinge esse novo status sanitários”, finaliza.
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Daniel Ingold, diretorpresidente da Iagro
selo arte
Certificação agrega valor a alimentos artesanais e amplia mercado para produtores
Acertificação é uma importante ferramenta para agregar valor aos alimentos artesanais, ampliar os mercados dos produtos, incrementar a renda dos produtores e possibilitar uma fácil identificação e reconhecimento pelo consumidor.
Desde 2020, o Senar/MS orienta os produtores sul-mato-grossenses com o programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) em Agroindústria a formalizar produtos artesanais e tradicionais, e depois buscar a certificação.
A lei federal 13.680/2018 permitiu a comercialização interestadual de alimentos artesanais, desde que submetidos à fiscalização de órgãos de saúde pública dos estados e do Distrito Federal. Também determinava que esse tipo de produto seria identificado em todo o país por um selo único com a indicação de “Selo Arte”.
O Selo Arte é um certificado de identidade de qualidade. Assegura que o produto possui propriedades como: cor, brilho, textura e sabor únicos, genuínos do “saber-fazer-artesanal”, que é diferente dos industrializados. A certificação pode ser concedida a produtos lácteos, cárneos, de pescados e apícolas e seus derivados. O projeto do Selo Arte para produtos de origem vegetal ainda está sendo analisado pelo Congresso.
Em 2022, a coordenadora do programa de Assistência Técnica e Gerencial em Agroindústria, Camila Arruda, relata que houve uma simplificação do processo para a obtenção do selo, com o decreto 11.099, que regulamentou dispositivos da lei federal. A nova legislação estipulou que a concessão da certificação é de competência dos órgãos de agricultura e pecuária federal, estaduais, municipais e distrital.
O decreto também normatizou a concessão do selo de
14 • REVISTA FAMASUL • MARÇO A MAIO 2023 Agroindústria
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Queijo Artesanal. Essa certificação pode ser atribuída pelos mesmos órgãos do Selo Arte. Ela reconhece e caracteriza queijos artesanais elaborados por métodos tradicionais, com vinculação e valorização territorial, regional ou cultural.
TRABALHO DO SENAR/MS
Com o programa, o Senar/MS desenvolve um trabalho para auxiliar os produtores de alimentos, agregando valor à produção, com orientação sobre gestão do empreendimento, segurança alimentar dos produtos, processos técnicos e de formalização, melhoria dos processos envolvidos no segmento produtivo, desenvolvimento socioeconômico e ambiental das agroindústrias e incentivo a abertura de mercados
Nos atendimentos, os participantes recebem assistência em todas as etapas da atividade, desde a adequação da planta agroindustrial, passando pelo recebimento da matéria-prima até a comercialização.
O Senar/MS atende atualmente com o ATeG, 285 agroindústrias em 37 municípios do estado. A projeção é ampliar esse número para 300 empreendimentos alimentícios até o fim do primeiro trimestre deste ano.
A assistência além de orientar os produtores sobre as boas práticas de fabricação e melhorias no fluxo de produção, também estimula a formalização (pré-requisito para a concessão da certificação) e depois no processo para a obtenção do selo.
Em Mato Grosso do Sul, 13 produtos, de três estabelecimentos, já receberam o Selo Arte. Os dados dos materiais certificados estão disponíveis para consulta pública. As informações podem ser acessadas desde os órgãos que fazem a concessão até os consumidores finais.
“Para os consumidores, essa é uma garantia de qualidade, com a segurança de que a produção é artesanal e respeita as boas práticas agropecuárias e de fabricação. Enquanto para os produtores rurais, a nova legislação garante o reconhecimento do trabalho e permite a livre comercialização em todo território nacional”, detalha a coordenadora do programa.
DOCE DE LEITE
Um dos empreendimentos atendidos pelo Senar/MS e que avança no processo para conseguir o selo ARTE é o Recanto Ecológico Rio da Prata, no município de Jardim. O trabalho é para certificar o doce de leite produzido no local.
O gerente de turismo da propriedade, Teódison Gonçalves, diz que à medida que o estabelecimento conquistou o reconhecimento mundial pelas belezas naturais também cresceu o interesse e a apreciação dos visitantes pelo doce de leite artesanal produzido no local. “Temos passeio de flutuação em um rio de água cristalina, um dos mais famosos da região. As pessoas provam o doce de leite e gostam muito. O produto faz muito sucesso, as pessoas têm interesse de comprar para dar de presente”.
Teódison diz que o estabelecimento recebe há anos a consultoria de técnicos do Senar/MS para aperfeiçoar seus processos produtivos. “Nos ajuda muito. Recebemos visitas mensais de consultoria. Eles nos auxiliaram a organizar os documentos exigidos pelos órgãos certificadores e alinhar o layout da linha de produção. Estou muito contente com a parceria e recomendo aos produtores a sempre procurarem a entidade”.
COMO CONQUISTAR
O SELO ARTE?
Com o novo de creto, o Selo Arte e Selo Queijo Artesanal pode ser concedido pelo Minis tério da Agricultura, Pecu ária e Abastecimento (MAPA) e por secretarias municipais, desde que os produtos estejam vinculados a um serviço de inspeção.
De acordo com a legislação, para solicitar a certificação devem ser atendidos dois pré-requisitos: cadastro no Sistema de Gestão de Serviços de Inspeção (SGSI) do serviço oficial de inspeção ao qual o estabelecimento está vinculado e estar cadastrado no Sistema de Gestão de Estabelecimentos (SGE).
Dessa forma, para conseguir a certificação, o empreendedor deve primeiro buscar formalização e somente então solicitar a concessão a certificação. O Senar/MS auxilia o produtor em todas as etapas do processo.
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Tendências de Mercado
Os analistas técnicos do Sistema Famasul retratam o panorama atual de produtos do agro e as tendências baseadas nos principais indicadores e propensões de mercado.
BOVINOCULTURA DE CORTE
Projeção de maior oferta de animais por conta do aumento no abate de fêmeas. Panorama pressionará preço da arroba, que deve ficar abaixo do mesmo período de 2022. Alavancadas pela China, as exportações de carne bovina devem crescer 3,51% no país. O volume para o mercado internacional vai reduzir a disponibilidade local e minimizar o impacto nos preços. Já a demanda interna deve avançar gradativamente.
AVICULTURA
SUINOCULTURA
BOVINOCULTURA DE LEITE
Produção de frango de corte deve seguir regulando a oferta à demanda. O número de abates caiu em janeiro, mas a perspectiva é de aumento de 3,87% no consumo do país, o que tende a estimular alta em torno de 4% na produção. O Brasil projeta ampliar as exportações em 2,59%. O quadro pode refletir positivamente para o estado, seja com espaço nas vendas internacionais ou no mercado interno. O ponto de atenção fica com o incremento nos custos da energia e do milho.
A produção deve aumentar próximo ao patamar dos últimos 5 anos, 8%. Ainda no primeiro semestre deve ocorrer equilíbrio entre oferta e demanda, evitando pressão sobre os preços que, em 2022, caíram 8,10%. A relação de troca com dois principais componentes da ração, soja e milho, se mantém desfavorável. O consumo interno tende a crescer 1,12% no ano e as exportações do Brasil, impulsionadas pela China, 3,86%. O desempenho deve contribuir para o mercado sul-mato-grossense.
Redução de oferta que ocorre há 8 anos reflete no preço. Em 2022, a alta foi de 19,2%. A melhor remuneração deve estimular a produção, mas a intensidade é condicionada à demanda e ao custo. Em janeiro houve alta de 5,15% na cesta de lácteos, devido à inflação e a oferta ainda restrita. De abril a junho, na entressafra, tendência de valorização, ao mesmo tempo que exigirá gasto com suplementação para o rebanho, mas a decisão depende da remuneração do produtor.
SOJA
MILHO
Mato Grosso do Sul deve encerrar a colheita da safra 2022/2023 com a segunda maior produção de sua história, 12,318 milhões de toneladas. O estado é o oitavo exportador brasileiro do grão. A China é o grande comprador (78,1% do total embarcado) e o porto de Paranaguá (PR) a principal via de escoamento (54,4%). Com aumento dos custos dos insumos e expectativa de crescimento de demanda, os preços devem se manter alavancados nos mercados interno e externo.
A projeção é de uma segunda safra com produção recorde, 11,206 milhões de toneladas. Segundo no ranking de vendas internacionais, o estado tem três países asiáticos, Japão (28,9%), Irã (28,6%) e Coreia do Sul (7,3%), como principais destinos do seu cereal. O porto de Paranaguá (PR), concentra os embarques (62,2%). A demanda externa aquecida somada à alta nos preços dos insumos, favorece o aumento das cotações no mercado local.
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EDUARDO RIEDEL
“VAMOS CONTINUAR ENTRE OS ESTADOS QUE MAIS CRESCEM NO PAÍS, PORQUE SOMOS ESTA NOVA FRONTEIRA DE GRANDES OPORTUNIDADES”
Ogovernador Eduardo Corrêa Riedel tem fortes raízes em Mato Grosso do Sul e uma história de protagonismo e representatividade no agro e na gestão pública. Graduado em Ciências Biológicas, é mestre em Zootecnia e especialista nas áreas de Gestão Empresarial e Gestão Estratégica.
Em 1995, Riedel assumiu a gestão da propriedade rural da família, em Maracaju. Com foco na gestão e na tecnologia, mudou o perfil produtivo do empreendimento, que se tornou referência nacional em governança familiar, sustentabilidade e diversificação.
A vontade de fazer mais pelo coletivo levou Riedel a participar do Sindicato Rural de Maracaju até presidir a entidade em 1999. Seu perfil de liderança o transformou em presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de MS – Famasul e, em seguida, diretor da Confederação Nacional da Agricultura (CNA).
Em 2015, a convite do então governador Reinaldo Azambuja, assumiu o desafio de ser secretário de Governo e Gestão Estratégica. Esteve à frente da pasta por dois mandatos. Cortou despesas, modernizou processos e liderou equipes de várias áreas, em busca de mais eficiência e resultado no serviço público.
E foi à frente da Secretaria de Infraestrutura que Riedel dialogou mais diretamente com os municípios, por meio de uma gestão municipalista que destinou bilhões em investimentos, contemplando obras e serviços em todo o Mato Grosso do Sul.
Em 30 de outubro de 2022 ganhou as eleições estaduais com 56,90% ou 808.210 votos. Tomou posse no dia 1º de janeiro de 2023.
Nesta entrevista à Revista Famasul ele fala sobre como a experiência na gestão de entidades de setor colaborou para prepará-lo para administrar o estado, além de projetos para o setor.
Dedo
de Prosa
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Dedo de Prosa
O senhor já foi presidente de Sindicato Rural, da Famasul e diretor da CNA. Como essa experiência de liderança no agro ajudou na sua preparação para ser governador?
Riedel - O agro sempre foi fundamental na minha vida. É uma vocação latente que foi florescendo e se transformando no curso do tempo, já a partir da minha formação como biólogo, da especialização em genética, zootecnia, e depois o intenso aprendizado na área de administração e gestão. Mas a primeira grande e definitiva conexão com o mundo do agro aconteceu em casa, nos longos anos de férias inesquecíveis na fazenda. Depois, o destino se cumpriu: ainda muito jovens, eu e Mônica acabamos nos mudamos para a Sapé, que há mais de 100 anos é tocada pela nossa família. Naquele momento, imagine você, não tinha nenhum maquinário, nem sequer energia! Começamos assim e foi um grande aprendizado, até que chegássemos a um empreendimento hoje considerado modelo, altamente tecnológico e que vem dando muito certo. No curso dessa trajetória, acrescentei à minha trajetória pessoal as causas coletivas. À frente do Sindicato Rural foi o primeiro momento que entendi a importância de defendê-las – no nosso caso, o chão da produção. De lá, fui para Famasul e ampliei essa visão e essa fronteira, que depois me levaram
à CNA. Foi um momento muito decisivo, do qual me orgulho muito, pois foi ali que começamos um trabalho obstinado para buscar o necessário reconhecimento a um setor que há muito tempo vinha e vem carregando o PIB brasileiro nas costas. O país demorou a entender que o agro, de fato, está em quase tudo... e é a base das riquezas do Brasil. É uma autêntica vocação nacional, que durante muito tempo foi incompreendida, e por isso subestimada, quando há muito tempo é a verdadeira alavanca do crescimento nacional. Esta visão felizmente hoje mudou e o setor alcançou o seu devido lugar de relevância que sempre teve. Do ponto de vista pessoal, na lida do dia a dia, guardei comigo lições que ficaram para sempre e me ajudaram a formar uma visão de mundo – o valor inestimável do trabalho dedicado, bem-feito, determinado; o apreço à inovação, à pesquisa e as novas tecnologias, que melhoram a nossa capacidade de produzir e dar resultado. A força das parcerias, para fazer mais e melhor, somando recursos, esforços. Enfim… O agro é parte da gente, da nossa alma, está no DNA do sul-mato-grossense.
Na sua gestão, a Semagro ganhou uma nova estrutura e um novo nome, Semadesc, mas também houve outras mudanças. Como vai funcionar a pas -
ta que atua diretamente com o setor produtivo do estado?
Riedel – Somos um estado fortemente produtor e é nesta posição e com esta relevância que vamos tratar o setor. Fizemos mudanças na Secretaria, porque a natureza dos desafios também está mudando e em uma velocidade muito grande. Sempre venho alertando para isso: os governos, de maneira geral, precisam estar atentos a estas transformações, para não ficarem muito aquém delas, atrasados, sempre correndo atrás do tempo perdido e dos prejuízos, quando não gerando problemas e atrapalhando o processo de desenvolvimento. Nesta direção mexemos na interface do estado com a produção, para ganhar mais eficiência, capacidade de entregas e foco determinado nos nossos grandes desafios. O nosso guia será sempre o plano de governo, que carrega compromissos ousados e uma visão moderna sobre a evolução, já em curso, do nosso modelo de produção. Vamos trabalhar junto com o setor, ouvindo, dialogando respeitosamente, debatendo novas soluções e saídas para os problemas, os antigos e os novos desafios.
MS é referência mundial em produção sustentável no agro. Como o governo do estado pode dinamizar ainda mais esse processo?
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”“O PAÍS DEMOROU A ENTENDER QUE O AGRO, DE FATO, ESTÁ EM QUASE TUDO E É A BASE DAS RIQUEZAS DO BRASIL”
Riedel – Como disse, estamos vivendo um momento de transição do nosso modelo econômico, agregando valor à produção a partir de um forte processo de industrialização, já em curso, que vai gerar muitos empregos de melhores salários, renda, mais riquezas e dinâmica econômica para os nossos municípios. A diversificação está aí, acontecendo, no processamento de grãos e proteína animal, na piscicultura em escala, a indústria da celulose, a de produtos florestais derivados, o novo ciclo de expansão da mineração; uma ponderosa retomada do turismo… tudo isso é potencial enorme de desenvolvimento. Agora, temos que acrescentar a este cenário promissor os desafios do clima, que no nosso programa se concretiza no Estado Carbono Zero, já em 2030, ou seja, 20 anos à frente de grande parte dos demais estados. Ousamos assumir esse compromisso porque já temos projeto e uma base inicial sólida implantada nos últimos anos. Nem todo mundo sabe, por exemplo, que acabamos de concluir o inventário sobre os gases de efeito estufa no estado, passo inicial para que se organizem os diferentes projetos de mitigação e descarbonização da economia. Já somos a maior área integrada de lavoura, pecuária e floresta do País. Um grande polo de florestas plantadas; temos programas exemplares em sustentabilidade, como, por exemplo, o Ilumina Pantanal, que levou energia solar, limpa, a mais de 3 mil comunidades daquela extensa região, inclusive as mais isoladas. E uma série de programas já maduros neste campo, como o Carne Orgânica do Pantanal; o Precoce; O Pagamento por Serviços Ambientais; o ICMS Ecológico; a Logística Reversa de Embalagens, e um promissor mercado de crédito de carbono, entre tantos outros. Importante lembrar que somos o destino de R$ 60 bilhões em novos investimentos acontecendo agora, todos incentivados e já portadores de compromissos com processos de produção limpos e sustentáveis. Em resumo, este é um caminho sem volta, em função dos gigantescos desafios do clima.
O estado adquire oficialmente a partir de 2023 o status de área livre de aftosa sem vacinação. Uma grande conquista. Como será o trabalho por parte do governo para manter esse patamar?
Riedel - De fato, uma conquista muito importante e paradigmática. Sem ela, não há como conquistar novos e potenciais mercados para a nossa produção de proteína animal e seus derivados. Estaremos atentos, vigilantes, cumprindo rigorosamente nossas tarefas, em parceria com o produtor, para não permitir nenhum risco de retrocesso. Temos uma das melhores carnes do mundo, mas isso não basta — é preciso investir e garantir as condições sanitárias necessárias para abrir novos mercados.
Mato Grosso do Sul passa por um processo de mudança em sua economia. Indústrias de transformação estão agregando valor à produção do agro. Assim é na soja, na carne, na cana-de-açúcar, nas florestas plantadas e na piscicultura. Em sua gestão o senhor pretende acelerar esse processo?
Riedel – Este processo de aceleração está acontecendo naturalmente, porque é característico deste novo ciclo de industrialização do agro, que já está em pleno curso. Um empreendimento que chega, gera oportunidades de emprego e renda, mas também atrai novas iniciativas e empreendimentos prestadores de serviço na cadeia produtiva. Esta aceleração acontece porque um volume enorme de investimentos privados está entrando no
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Dedo de Prosa
nosso estado agora, mas também porque há um horizonte novo para produzir e empreender, com a conclusão da Rota Bioceânica e a retomada dos projetos ferroviários. Tudo isso vai se conectar a rodovias integradas, portos, aeroportos, hidrovias e corredores de escoamento com custo muito mais baixo e barato. Por isso, minha expectativa é que o Mato Grosso do Sul continue sendo um ponto fora da curva das dificuldades de crescimento no Brasil. Vamos continuar entre os estados que mais crescem no País, porque somos esta nova fronteira de grandes oportunidades.
Há algum tempo o estado enfrenta a questão de disputas fundiárias envolvendo indígenas. A questão é federal, mas o governo do estado pode contribuir na busca por soluções?
Riedel - Como você disse muito bem - é uma política federal. Estamos
atentos a este desafio, porque temos a segunda maior população de povos originários do País. O Estado vai agir e será parceiro do governo federal, cumprindo o seu papel de entregar serviços de saúde, segurança alimentar, educação diferenciada e programas garantidores dos direitos dessas comunidades e etnias. São políticas públicas especiais e essenciais, que devem funcionar em conjunto com as decisões e os investimentos da União, para que ganhem mais eficiência e resolutividade. Temos demandas muito especiais porque parte relevante das comunidades está em faixa de fronteira, sofrendo o impacto dos problemas de segurança pública que todos conhecemos. Nós não vamos nos omitir. Não vamos confundir a causa indígena com conflitos artificiais promovidos por terceiros e muito menos ignorar o aliciamento do tráfico sobre parte da população pobre.
Vamos trabalhar neste campo com propósitos muito bem definidos, transparência, mas também com clareza sobre a manipulação de interesses que não são o interesse público.
Na área ambiental, o senhor disse que pretende promover uma revisão da atual legislação de pesca do estado. Como será feito esse trabalho?
Riedel - Precisamos fazer regulamentação da lei de pesca, que foi declarada inconstitucional em 2014, e isso pode ser visto como um retrocesso das normas ambientais, mas, por outro lado, criamos avanços importantes e significativos no setor, como a instituição de tamanho máximo e mínimo para pescadores artesanais e o estabelecimento da cota zero. Agora, temos que avançar também na recomposição dos recursos pesqueiros em Mato Grosso do Sul. Precisamos ter uma política de pesca que equilibre a manutenção das atividades tradicionais, com uma legislação específica para eles, esportivas e turísticas, que atrai muita gente para o estado. Precisamos modernizar nossa legislação, que começa com uma nova lei de pesca, que passa por uma montagem de grupos, uma ampla discussão com a sociedade e participação da Assembleia Legislativa. Para iniciar esse processo, assumimos o compromisso de retornar o Conselho Estadual de Pesca, que seria o primeiro passo para essa discussão. O segundo passo é o desenvolvimento de algumas pesquisas em relação à disponibilidade de recursos pesqueiros no estado. E temos
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”
“VAMOS CONTINUAR ENTRE OS ESTADOS QUE MAIS CRESCEM NO PAÍS, PORQUE SOMOS ESTA NOVA FRONTEIRA DE GRANDES OPORTUNIDADES”
SAUL SCHRAMM/GOV MS
uma outra lógica de piscicultura comercial, da criação de peixes, nativos e exóticos. No caso da bacia do Paraguai, temos que buscar estímulo da criação dos peixes nativos, porque lá não pode ter o peixe exótico, e na bacia do Paraná, principalmente com a tilápia, que torna Mato Grosso do Sul o primeiro lugar na exportação da carne de peixe.
O Fundersul é importante ferramenta para viabilizar melhorias na estrutura viária em todo o estado. Em sua gestão haverá uma preocupação especial com o uso desses recursos para assegurar boas condições principalmente para as vias de escoamento da produção do agro?
Riedel – Esta será a prioridade absoluta e o foco dos investimentos do Fundersul, que foi criado com esta finalidade. O exponencial ciclo de crescimento em curso no estado demanda uma infraestrutura robusta, para garantir eficiência econômica. Não adianta produzir mais e melhor, com altíssima produtividade, se da porteira para fora os problemas e os déficits de infraestrutura acabam impondo perdas enormes ao produtor e também ao estado. Já temos uma ponderosa carteira de investimentos neste campo, que vai entregar, em curto prazo, uma nova logística de suporte à produção. Vamos
tocar os investimentos com absoluta transparência e discutindo diretamente com o setor. Como eu sempre digo, eu sei o peso do Fundersul para o produtor, porque, como produtor, eu pago Fundersul. Mas, sei também como os recursos do Fundo foram fundamentais para que chegássemos a esse novo patamar de crescimento e expansão da nossa economia. Cabe destacar que com transparência na sua aplicação, e participação de uma série de entidades, e volto a citar a Famasul, o Fundersul investiu R$ 4 bilhões na malha viária do estado e em infraestrutura urbana entre 2015 e junho de 2022. Somente no primeiro semestre do ano passado 87% dos investimentos (R$ 561 milhões) foram canalizados pelo Governo do Estado na pavimentação e restauração de estradas e na infraestrutura urbana. E é bom deixar claro à sociedade que os recursos do fundo são aprovados por descrição das obras e trimestralmente por um conselho, do qual participam a Famasul (Federação de Agricultura de MS), Assomasul (Associação dos Municípios de MS), Acrissul (Associação dos Criadores de MS) e Sicadems (Sindicato das Indústrias de Frio, Carnes e Derivados de MS).
Em sua campanha o senhor disse que uma das principais ações de sua ges-
tão será o desenvolvimento de ações visando transformar MS em um estado carbono zero até 2030. Para o agro quais iniciativas serão desenvolvidas?
Riedel - Mato Grosso do Sul tem sido um exemplo da aliança entre meio ambiente e desenvolvimento. Tive a oportunidade, enquanto secretário de Estado, de atuar na implementação de políticas de desenvolvimento sustentável, especialmente no que se refere a descarbonização. E fizemos isso promovendo a cooperação para o financiamento, incentivos, desoneração, capacitação, desenvolvimento, transferência e difusão de tecnologias e de processos. Ações que certamente ampliaremos e melhoraremos. É claro que essa meta até 2030 é ousada, mas não tenho dúvidas de que Mato Grosso do Sul será um exemplo para o Brasil e para o mundo, e que o estado está no caminho para ser certificado internacionalmente como um território Carbono Neutro, implementando e respeitando três eixos de políticas ambientais, a preservação da biodiversidade, proteção dos mananciais de águas e o balanço do carbono. Essas políticas unem preservação e desenvolvimento, e nos colocam em uma posição de destaque para investidores que, cada vez mais, percebem a importância de aliar estas duas pontas em prol de um futuro sustentável e rentável.
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“MATO GROSSO DO SUL TEM SIDO UM EXEMPLO DA ALIANÇA ENTRE MEIO
”
AMBIENTE E
DESENVOLVIMENTO”
Transformando Vidas
MUDANÇA CERTEIRA
MUDANÇA CERTEIRA
Recém terminado um relacionamento e em busca de uma nova vida. Uma vaga de porteira em uma indústria de Rio Brilhante (MS) surgiu como uma luz no fim do túnel para o início da transformação. Alguns meses depois, já instalada na cidade e no emprego, Stefani dos Santos Tiburcio, de 29 anos, soube da disponibilidade dos cursos gratuitos do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/MS) em uma roda de conversa com amigas. Porém, ela não esperava que após aquele bate-papo, a vida dela passaria por uma mudança certeira.
“Fui até ao sindicato rural da cidade. Cheguei lá, as inscrições estavam aber tas para vários cursos. Optei pelos de pá carregadeira, motoniveladora e primeiros socorros. Já escolhi esses cursos visando crescimento na empresa que trabalho. Me pro fissionalizei para ter um emprego melhor e melhorar minha renda”, relembrou do início do processo de profis sionalização.
Dito e feito! A roda da transformação começou a girar na vida de Stefani, como ela pontua. Após o término do curso do Senar/MS, a profissional foi realocada em um melhor cargo na indústria e viu o salário dobrar. Com uma renda maior, Stefani pôde investir nos estudos, tirou a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) para dirigir caminhões e teve uma segunda recolocação no emprego, consequentemente um novo aumento salarial.
Os obstáculos sempre existiram no caminho de Stefani. “Não tinha estudo e nem qualificação. Trabalhava de dia e estudava à noite. Depois que fiz o curso do Senar/MS,
eu tive a oportunidade de melhorar no trabalho e consegui pagar outros cursos. A capacitação mudou a minha vida; naquela época eu não tinha condição de pagar”.
Atualmente, Stefanie faz faculdade de Tecnologia e Logística e, para ela, o futuro será cada vez mais promissor. A partir de uma oportunidade no passado, a profissional conseguiu novas posições profissionais, comprar a casa própria e sustentar a família.
Mãe de duas crianças, uma de 12 e outra de 8 anos, Stefani hoje se vê empoderada através da independência financeira proporcionada pela educação profissionalizante. Entre os desejos para adiante, a profissional acredita que a profissionalização é a ferramenta ideal para a transformação de vida, que consequentemente afeta beneficamente outras pessoas.
“Eu acreditei em mim mesma, acreditei que poderia melhorar. As portas abriram a partir do curso, seria muito mais difícil sem. O período do curso foi a chave para eu mudar de vida. Mesmo me casando novamente, tenho a minha independência financeira; minha casa própria, tudo isso com o esforço do meu trabalho”.
Stefanie ainda dá um recado para aquelas mulheres que pensam em buscar a independência profissional e, consequentemente, financeira: “Voltem a estudar, busquem a profissionalização. As mulheres devem se aperfeiçoar para ter a própria independência. Eu não tinha estudo e profissão, era difícil. Mas não me acomodei na minha situação. É mais fácil você ir atrás dos seus sonhos e correr atrás. Quando chegar a oportunidade, você vai estar preparada”.
22 • REVISTA FAMASUL • MARÇO A MAIO 2023
Os cursos técnicos do Senar/MS são portas para futuros promissores, com ampliação de renda e transformações pessoal e profissional
Stefani dos Santos aproveitou os cursos do Senar/MS
jovem aprendiz rural
Programa alia teoria à prática e insere jovens no mercado de trabalho no campo
Há seis anos, o programa do Senar/MS, Jovem Aprendiz Rural (SEJA) tem transformado vidas ao qualificar e inserir jovens e adolescentes no mercado de trabalho de Mato Grosso do Sul.
A coordenadora educacional do Senar/MS, Pauline Cury, esclarece que a iniciativa é regulamentada pela Lei da aprendizagem nº 10.097/2000, que determina que todas as empresas de médio e grande porte tenham de 5% a 15% de aprendizes em seu quadro de funcionários.
“O programa tem por objetivo incluir, capacitar e promover o desenvolvimento profissional de jovens, oportunizando a formação profissional rural, capacitando-os para o ingresso no mercado de trabalho”.
As empresas que contratam aprendizes pelo Senar/ MS atuam em áreas rurais, e devem assinar a Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) dos alunos, por tempo determinado, não podendo ultrapassar dois anos. Nos últimos quatro anos, o Senar/MS atendeu mais de 740 estudantes através do Jovem Aprendiz Rural.
Porteira do Conhecimento
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Porteira do Conhecimento
A coordenadora aponta que os participantes são capacitados para as funções operacionais do ramo de atividade da empresa e, no fim do processo de formação, podem ser convidados a fazer parte de sua equipe de colaboradores. “O objetivo é estimular o jovem para que encontre uma primeira oportunidade, que respeite sua condição de pessoa em desenvolvimento e garanta seus direitos trabalhistas e previdenciários, sem deixar de estimulá-lo a continuar os estudos e o desenvolvimento profissional”, analisa.
O programa conta com uma média de 15 turmas por ano, estabelecendo parcerias com propriedades rurais, empresas sucro energéticas e outros empreendimentos e instituições do agro. Todos são parceiros do Senar/MS na implementação das ações educativas que promovem a transformação desses jovens, mediante uma ação proativa, que garante oportunidades de trabalho.
“O programa contribui para a construção de uma vida pessoal, social e profissional mais digna e produtiva. O Senar/MS atende adolescentes e jovens que possuem vínculo contratual de trabalho, de forma indissociável da aprendizagem teórica à prática profissional do mercado de trabalho rural”, disse Pauline.
Atualmente os cursos disponíveis para oferta são: Aprendizagem em Administração Rural; Aprendizagem em Mecânico de Manutenção de Tratores Agrícolas; Aprendizagem na Avicultura de Postura e Corte; Aprendizagem em Silvicultura, e Aprendizagem na Mecanização Agrícola (soja e milho).
A coordenadora do programa explica que, em 2022, o programa abriu 14 turmas em várias cidades do estado e capacitou mais de 180 alunos, sendo o mais procurado o de Aprendizagem em Administração Rural”, conclui.
APRENDER NA PRÁTICA
O instrutor Elias Prado, que atua há dez anos no Senar/MS, e que está atualmente em Chapadão do Sul capacitando jovens na área de manutenção e operação de máquinas agrícolas, destaca a importância do “aprender fazendo” no programa.
“O curso é dividido em módulos entre aula teórica e prática. Eu ensino jovens que estão iniciando e nem sequer conhecem um trator. Meu trabalho é mostrar como funcionam desde máquinas pequenas até equipamentos de última geração, como colheitadeira”.
Elias comenta que é um desafio constante preparar o jovem para atender a demanda constante do mercado de trabalho. Questões como organização, organograma das empresas, rotinas e gestão também fazem parte da programação do curso.
Segundo ele, além dos conhecimentos teóricos e práticos adquiridos nos cursos, os jovens são estimulados a desenvolver a autoestima, a criatividade, a cidadania, a responsabilidade e a ética.
“Quando o aluno se interessa, temos visto resultados fantásticos. É muito gratificante trabalhar com jovens porque vejo a evolução em todas as aulas. Existe uma facilidade muito grande na troca de experiências durante o curso. O mercado de trabalho é extremamente competitivo e buscamos mostrar a importância de sempre se capacitar. O caminho é capacitar nossos jovens para o futuro”.
O instrutor do Senar/MS afirma que, no programa, os participantes são capacitados para as funções operacionais do ramo de atividade da empresa e, ao final do processo de formação, podem ser convidados a fazer parte de sua equipe de colaboradores. “No programa Jovem Aprendiz você percebe a mudança na vida dos participantes, e muitos se encontram na profissão e terminam o curso já com uma oportunidade de trabalho”.
OPORTUNIDADE
A partir do curso de Mecanização Agrícola do SEJA, Luan de Oliveira, de 21 anos, de Chapadão do Sul, foi efetivado em uma empresa agropecuária e conseguiu o tão sonhado primeiro emprego.
Luan participou do programa Jovem Aprendiz por 10 meses. Em dezembro de 2022, o jovem concluiu o curso e garantiu o certificado e o registro na carteira de trabalho. “Não tinha experiência na área rural de mecanização e achei tudo muito interessante. Estava desempregado e com o curso fui efetivado em uma empresa. Tive uma oportunidade e hoje trabalho na área administrativa”.
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Pauline Cury, coordenadora educacional do Senar/MS
Durante as aulas, o Senar/MS oferece aos alunos material didático e certificado de conclusão. Além disso, os estudantes recebem uma bolsa de meio salário mínimo. “Acaba que eu recebia para estudar e aprender coisas novas. No fim do curso sai com o diploma e um trabalho garantido”, celebrou.
O jovem lembra que a área de pesquisa foi o que mais chamou sua atenção. “Estudamos o solo, analisamos as plantas, aprendemos como funciona o maquinário; são temas distantes da minha realidade, mas vi que era possível. A turma também era muito unida, sempre nos ajuda -
Como ser um jovem aprendiz?
Podem participar do Programa de Aprendizagem do Senar/MS jovens com idade entre 14 anos completos e 24 anos incompletos, que tenham concluído ou estejam cursando o ensino fundamental ou médio. É dada preferência aos jovens de baixa renda e de famílias de trabalhador ou produtor rural. Os interessados em conhecer e participar do programa podem se manter informados pela página oficial do Senar/MS.
mos e mesmo após o fim do curso ainda mantemos contato”.
Entusiasmado com o setor, Luan planeja se especializar no agro. “Foi uma experiência muito bacana. Durante o curso pude passar por vários setores e entendi como a área rural é ampla. Com orientação dos professores, vou continuar na área e cursar a faculdade de agronomia”.
Outra participante do programa que também mudou de vida após o SEJA é Diessica Gomes, de 23 anos, também moradora de Chapadão do Sul. Ela participou do curso de Mecanização Agrícola.
“Gostei muito da experiência, nunca tinha pensado em trabalhar na área rural e hoje gosto muito. Como as aulas eram teóricas e práticas, é possível aprender muita coisa. Começar o curso foi uma novidade muito boa para mim”.
Antes do curso, Diessica nunca tinha trabalhado na área rural, e agora pretende se especializar cada vez mais. “Nunca tinha trabalhado com o agronegócio, aprendi coisas que nem imaginava e vou me aperfeiçoar mais. Pretendo fazer a especialização em técnico agrícola porque vi que existem muitas oportunidades”.
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Assistência Técnica 8 mil
produtores
ATeG bateu recorde de atendimentos em 15 cadeias produtivas
Em 2022, 8.627 propriedades foram atendidas pelo programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) em todo estado do Mato Grosso do Sul, segundo levantamento do Sistema Famasul.
O coordenador da Assistência Técnica e Gerencial do Senar/ MS, Nivaldo Passos, comenta que o programa oferece consultoria gratuita aos produtores que buscam melhorar a produtividade, o gerenciamento e garantir a sustentabilidade do empreendimento rural.
“O trabalho é focado em melhorias produtivas, econômicas, sociais e ambientais, de maneira individualizada e específica para cada propriedade. Sempre respeitamos e avaliamos todos os fatos que envolvem a unidade de produção, alinhada aos objetivos do produtor”.
Em 2022, o ATeG atuou em 15 cadeias produtivas: bovinocultura de leite, piscicultura, suinocultura, avicultura, ovinocultura, apicultura, olericultura, mandiocultura, fruticultura, grãos, cana-de-açúcar, heveicultura, bovinocultura de corte, agroindústria e turismo rural.
No período, duas novas cadeias passaram a fazer parte dos atendimentos: cana-de-açúcar e turismo rural.
Nivaldo reitera que o modelo de serviço de educação não formal é fundamentado em uma metodologia que segue cinco passos: Diagnóstico Produtivo Individualizado, Planejamento Estratégico, Adequação Tecnológica, Capacitação Profissional Complementar e Avaliação Sistemática de Resultados.
O coordenador explica que Assistência Técnica e Gerencial atua nas propriedades por meio de visitas em campo que são realizadas de forma mensal e com duração de 4 horas. Além disso, também é feito um diagnóstico da situação de cada empreendimento e depois elaborado o planejamento de ações e ministradas as capacitações necessárias.
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“Todas essas ações têm por objetivo proporcionar ao produtor conhecimento e informações em diversos assuntos, pois dessa forma as tomadas de decisão dentro das propriedades são mais assertivas, trazendo os melhores resultados”.
Em 12 meses foram realizadas 55.674 visitas de campo, além de 69 eventos, entre vitrines tecnológicas, dias de campo, encontros técnicos, circuito pecuário e feiras de comercialização.
MARCO
O coordenador descreve que o ano de 2022 foi marcado pela expansão dos atendimentos em todos os municípios e inclusão de novas cadeias produtivas, o que fortaleceu as ações ambientais e sociais. Para 2023, a expectativa é entregar ainda mais qualidade nos serviços prestados.
“A missão é manter um alto índice de atendimento nas propriedades, sempre que possível oportunizar novos atendimentos e personalizar conforme as necessidades. Em 2023 vamos entregar cada vez mais qualidade nos serviços prestados a fim de gerar os melhores resultados para o produtor rural e a sociedade”.
MUDANÇA NA PRÁTICA
Os resultados do trabalho do ATeG são vistos na prática, na evolução das propriedades atendidas. Um exemplo é o do casal de produtores Francisco Macieira e Rose Araújo, do assentamento Eldorado, em Sidrolândia.
Após ingressarem no ATeG, há sete anos, os dois viram a produção de leite crescer 1.100%. “Trabalhávamos errado. O Senar/MS chegou e transformou. Com as mesmas vacas, estamos produzindo muito mais que no início. Começamos retirando 50 litros de leite por dia, depois que o Senar chegou, tudo melhorou. Hoje estamos com 600 litros de leite por dia e temos 30 vacas com ordenha mecânica”, detalhou Rose.
O diálogo é constante no processo de assistência. A produtora rural detalha que a mudança no processo de gestão da propriedade foi essencial para que o negócio prosperasse.
Além do ATeG, os produtores também participam de vários cursos do Senar/MS. Atualmente Rose cuida da administração da propriedade, enquanto o marido e os dois filhos do casal trabalham na leiteria e no trato com as vacas e os bezerros.
“Melhoramos a pastagem, plantamos o milho e o capim para fazer silagem para as vacas. Antes o leite era tirado na mão e hoje temos a ordenha mecânica. O Senar ensina desde a análise da terra e a como cuidar do bezerro, das contas de leite, até despesas e gastos. O nosso
negócio deu certo”, afirma a produtora. Milton Lossavaro Júnior é técnico em bovinocultura de leite do Senar/MS e atua há anos na propriedade de Francisco e Rose. Ao todo, 19 técnicos de campo, 31 supervisores de campo e 4 agentes de comercialização levam a metodologia própria e inovadora em propriedades dos 79 municípios do estado.
“Quando comecei o trabalho na propriedade do casal percebemos que o foco deveria ser na alimentação do rebanho. Fomos conversando e melhorando a pastagem. É bonito ver a união da família, a agricultura familiar, onde todo mundo se ajuda para ter sucesso na atividade”.
O produtor rural que tem interesse em conhecer e participar do programa de ATeG pode procurar o Sindicato Rural do seu município e solicitar o serviço.
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Nivaldo Passos, coordenador da ATeG do Senar/MS
Projetos Especiais
ACOLHE NO CAMPO
OO Sistema Famasul está engajado na luta contra a violência doméstica. Para isso, desde 2021 tem uma parceria com o Ministério Público Estadual (MPMS) no projeto Acolhe no Campo. A iniciativa capacita técnicos e instrutores que fazem o atendimento diretamente com o público rural para identificar e denunciar os casos.
“Se engajar em um projeto com esse tema demonstra toda a responsabilidade que nós temos com as pessoas que moram, trabalham e vivem no campo. Então, tratar de temas diversos como o da violência doméstica e outros, faz com que essas pessoas tenham mais qualidade de vida e segurança. Muitas vezes, por falta de conhecimen to, as pessoas têm mais dificuldade de acesso à informação e recursos. A informação sobre como proceder em uma situação faz
toda a diferença”, aponta o presidente do Sistema Famasul, Marcelo Bertoni. Ele ressalta a importância da parceria com o MPMS. “Fortalece o tratamento de assuntos tão relevantes como esse e sempre traz a participação de especialistas, para compartilhar a informação mais correta possível com o nosso público”.
A promotora de Justiça Clarissa Carlotto Torres, da 72ª Promotoria, na Casa da Mulher Brasileira, em Campo Grande, também destaca a soma de esforços. “Este tema é muito debatido no âmbito urbano, contudo, havia uma lacuna em relação às mulheres do campo, pela dificuldade de acesso à informação e à internet, pelas longas distâncias até a rede de atendimento e em razão do isolamento natural decorrente da posição geográfica. A parceria veio suprir essas lacunas. Com a formação dos instru-
tores foi possível levar informações às mulheres da zona rural. Isso diminuiu as barreiras e permitiu que a informação chegasse a elas de forma orgânica e sem custo operacional relevante”.
A diretora técnica do Senar/MS, Mariana Urt, destaca o funcionamento da ação. “Reunimos nossos técnicos e instrutores, enquanto o Ministério Público Estadual disponibiliza os promotores e demais membros das equipes e, por meio de videoconferência e de modo presencial, eles aplicam o conteúdo”.
Quatro integrantes do MPMS, além de profissionais convidados, participam diretamente do trabalho. A capacitação aborda cinco temas principais. Papéis Sociais – o masculino e o feminino na sociedade; Masculinidades – Um Papo de Homem; Os Tipos de Violências: física, moral, patrimonial, sexual, psicológica e virtual/ digital; Os Aspectos Jurídicos da Lei Maria da Penha e Comunicação Não-Violenta. “Tem ainda um espaço para interação e tira-dúvidas em tempo real, bem como estudos de casos trazidos pelos próprios alunos”, relata.
A diretora técnica lembra que capacitar as equipes que atendem os mora-
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Famasul se engaja contra a violência doméstica e com MPMS capacita parceiros sobre o tema
Marcelo Bertoni, presidente do Sistema Famasul
dores do campo é uma das principais bandeiras da instituição e que para o atendimento a uma situação extrema, como a da violência doméstica, essa preparação elaborada pelo MPMS é fundamental.
Conforme ela, foram capacitados instrutores dos cursos de Formação Profissional Rural (FPR) e de Promoção Social (PS) e consultores dos programas de Assistência Técnica e Gerencial (AteGs). “Ao todo, 202 profissionais receberam o treinamento. Hoje, estão prontos para identificar os casos de violência doméstica no meio rural”.
A promotora diz que após a capacitação, o MPMS fica disponível para qualquer dúvida ou intervenção, quando houver necessidade. “Basta que o instrutor entre em contato com os telefones colocados à disposição, especialmente os números da Pro motoria na Casa da Mulher Brasileira. Nos municípios do interior ficam à disposição as Promotorias de Justiça de cada cidade”.
PREMIAÇÃO
O engajamento dos parceiros e a de dicação à iniciativa foram tão grandes que em novembro do ano passado o Acolhe no Campo ganhou um reconhecimento nacional.
O projeto ficou em terceiro lugar na categoria “Transversalidade dos Direitos Fundamentais” do prêmio do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) 2022. A solenidade de premiação ocorreu em Brasília.
A promotora de Justiça diz que a conquista foi uma surpresa. “A premiação foi o reconhecimento de uma iniciativa inédita e muito assertiva que, com certeza, fortalece a divul-
gação da Lei Maria da Penha e amplia seu alcance. Importante registrar que, sem a parceria da Famasul, as mulheres do campo continuariam tendo suas histórias escondidas e inalcançadas. Hoje, o êxito do projeto demonstra que parcerias como esta são, sem dúvida, a forma mais inteligente de prevenção e combate às violências”.
A diretora técnica do Senar/MS também destacou o resultado. “Esse reconhecimento nos deixou muito felizes porque, mesmo em tão pouco tempo, o Acolhe no Campo já mostrou a relevância de se olhar para o agro não só como um setor produtivo, mas com pessoas que precisam de uma atenção social sensível”.
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Mariana Urt, diretora técnica do Senar/MS
Agro Agenda
O Sindicato Rural de Camapuã está comemorando o sucesso do “Projeto de Intensificação da Produção no Sistema de Engorda de Fêmeas” com a orientação do ATeG Bovinocultura de Corte, que está sendo realizado no seu Centro de Eventos.
O presidente da entidade, Antonio Silvério de Souza, destaca que o objetivo da iniciativa foi mostrar ao produtor rural que mesmo em pequenas áreas a atividade é viável e ele consegue obter uma boa renda.
No primeiro semestre de 2022, foram destinados à engorda 28 animais, em uma área de 19,9 hectares do sindicato. As novilhas foram abatidas com média de 14 arrobas. A maior parte, 19 fêmeas, tinha entre 24 e 36 meses. O restante, 9, mais de 36 meses.
Com Custo Operacional Efetivo (COE) de R$ 90 mil, sendo o maior desembolso com a aquisição dos animais (74,8%) e receita de R$ 108,5 mil (arroba cotada na época a R$ 277), a margem bruta
chegou a R$ 18,5 mil.
Os outros indicadores do projeto também foram muito positivos. A taxa de lotação, por exemplo, foi de 1,78 unidades por hectare ao ano (UA/ ha/ano), bem superior à média registrada por Camapuã entre 2020 e 2021, 0,90 UA/ha/ano e no estado, no mesmo período, 1,08 UA/ha/ano.
Além disso, a taxa de desfrute foi de 28% ao ano, a produtividade de 6 arrobas, por hectare ao ano e a receita bruta chegou a R$ 3.851,6 por hectare ao ano.
O presidente do Sindicato Rural de Camapuã ressalta que os resultados foram obtidos com a maior taxa de lotação, ganho médio diário e peso de carcaça, frutos de processo de intensificação, da gestão administrativa, treinamento dos recursos humanos e adoção de boas práticas pecuárias. “Depois do abate compramos outra remessa de novilhas em dezembro e temos previsão para um novo abate em abril”, comentou.
30 • REVISTA FAMASUL • MARÇO A MAIO 2023 CAMAPUÃ
Sindicato comemora sucesso de projeto para produção intensiva de bovinos da ATeG em Camapuã
Presidente do Sindicato Rural de Camapuã, Antonio Silvério de Souza, e diretor responsável pelo Centro de Eventos, José Carlos Rocha
Novo presidente do Sindicato de Bonito quer mais eventos, cursos e atendimentos pelos AteGs
O novo presidente do Sindicato Rural de Bonito, Diego Bieleski, quer aproximar mais a instituição da sociedade. Para isso, pretende realizar uma série de eventos no município e ampliar o trabalho de capacitação e orientação ao produtor, por meio dos cursos e atendimentos dos AteGs. NoPATestãoprevistosem2023,33cursosdeFPRePS e ainda 15 capacitações aos atendidos pelos ATeGs. Nessa aproximação, o presidente relata que conta com várias parcerias nos projetos. Em uma das iniciativas atuam em conjunto com o Sindicato, o IASB, MPMS, Imasul, Câmara Técnica de Conservação de Solo e a prefeitura. Em outra vai ocorrer cooperação com o Senar/MS e o Sebrae/MS. “Queremos que a sociedade tenha uma outra imagem do produtor, não somente de quem produz alimentos, mas também de quem faz isso de modo sustentável, respeitando o meio ambiente e com responsabilidade social”, comentou.
BONITO
Ouça agora ou acesse: portal.sistemafamasul.com.br/PODCAST OS DESTAQUES DO AGRO VOCÊ CONFERE EM FORMATO MULTIPLATAFORMA
Prioridade do Sindicato Rural de Naviraí em 2023 é
a construção da sede própria
A prioridade do Sindicato Rural de Naviraí em 2023 é a construção de sua sede própria. Segundo o presidente, Alexander Lira, a obra está na fase inicial e a previsão é que ainda este ano seja concluída. Com a nova sede o presidente espera oferecer um atendimento ainda melhor aos associados. “Teremos um espaço com adequações necessárias para melhor atender o nosso público rural e urbano, os produtores e os seus colaboradores. Desse modo, daremos maior visibilidade a nossa entidade. Assim, poderemos ampliar as ações e oportunizar um atendimento com excelência”, comenta. Paralelo a esse projeto estratégico, Alexander explica que o Sindicato Rural mantém uma grande programação de cursos em parceria com o Senar/ MS. “No nosso plano anual de trabalho fizemos a previsão de 249 capacitações, mas podemos ir além, devido aos pedidos que sempre surgem”, apontou.
Sindicato Rural trabalha para implantar centro de pesquisa agropecuária em Porto Murtinho
O Sindicato Rural de Porto Murtinho faz um trabalho intenso para implantar um centro de pesquisa agropecuária. O presidente, Romeu Barbosa de Souza, diz que o objetivo é estruturar uma área para estudar o zoneamento agrícola, a partir do monitoramento de culturas diferentes, focada na integração lavoura-pecuária e na sustentabilidade.
“É uma demanda do setor produtivo, por meio do Sindicato e Sistema Famasul, com apoio da UFMS, no desenvolvimento científico e tecnológico, e parcerias institucionais”, acrescentou.
A entidade também amplia sua atuação com o avanço das obras que viabilizam a Rota Bioceânica, como a ponte internacional e a pavimentação da rodovia Transchaco. Esses empreendimentos já mudaram a matriz econômica da região, fazendo que propriedades migrassem da pecuária para a agricultura.
Além disso, a entidade mantém a programação de cursos em parceria com o Senar/MS.
Agro Agenda 32 • REVISTA FAMASUL • MARÇO A MAIO 2023 NAVIRAÍ PORTO MURTINHO
CAMPO GRANDE
Sindicato Rural de Paranaíba participa do projeto
Rural Sustentável – Cerrado
O Sindicato Rural de Paranaíba participa em 2023 do projeto Rural Sustentável – Cerrado. O presidente da entidade, Fábio Carvalho Macedo, explica que o objetivo é empregar boas práticas para uma produção sustentável, colaborando para o aumento de renda dos produtores e a preservação ambiental.
Com recursos do Reino Unido, o projeto é financiado pelo BID e tem as parcerias do MAPA (institucional), IABS (responsável pela execução), Embrapa (coordenação cientifícia) e ILPF (apoio técnico).
Fábio diz que os produtores já foram cadastrados e estão sendo atendidos. “Eles vão receber Assistência Técnica e Gerencial gratuita por 18 meses e utilizarão implementos agrícolas adquiridos pelo projeto”, diz, acrescentando que as ações vão até 2024.
Em outra vertente do trabalho sindical, o presidente diz que a instituição em parceria com o Senar/MS deve promover 120 cursos em Paranaíba.
Sindicato Rural de Campo Grande promove Interagro entre 22 e 24 de junho
O Sindicato Rural de Campo Grande, Rochedo e Corguinho (SRCG) realizará a terceira edição do Interagro entre os dias 22 e 24 de junho. Serão dezenas de palestras com temas como carbono neutro, plano safra, qualidade da produção agroindustrial, economia e agronegócio.
Entre os palestrantes confirmados estão a jornalista Kellen Severo e o diretor técnico da CNA, Bruno Lucchi. Na programação tem ainda 2º Prêmio de Agrojornalismo SRCG e o 1º Prêmio Agro Estudantil SRCG, destinados a estudantes de nível médio a pós-graduação.
“Esta será uma edição ainda maior que a dos anos anteriores. Estamos em desenvolvimento na agropecuária e nos projetos ligados à sustentabilidade, fazendo de Mato Grosso do Sul, uma vitrine de tecnologias e vanguarda”, destaca o presidente da entidade, Alessandro Coelho. Mais informações e inscrições no site www.interagro2023.com.br
MARÇO A MAIO 2023 • REVISTA FAMASUL • 33 PARANAÍBA
Agro Agenda
Sindicato Rural de Três
O Sindicato Rural de Três Lagoas se consolidou como um polo educacional no leste de Mato Grosso do Sul. “Proporcionamos, cada vez mais, oportunidades aos jovens e adultos que buscam conhecimento e formação de qualidade. Com diferentes programas educacionais oferecidos, a instituição realiza ao longo do ano dezenas de cursos em parceria com o Senar/MS”, apontam o presidente Kennides Martins e a vice, Stéphanie Ferreira.
No ano passado foram realizados 98 cursos de Formação Profissional Rural (FPR), 18 de Promoção Social (PS) e 15 de programas especiais em diferentes áreas, totalizando a participação de 1.546 pessoas.
Uma das novidades implementadas em 2022, foi o curso Técnico em Florestas. Foram abertas 40 vagas para essa capacitação viabilizada para atender uma demanda crescente por profissionais da área em todo o leste do estado, em razão da expansão das empresas de celulose.
Outro destaque é o curso Técnico em Agronegócio, que está disponível desde 2018. Oferece 20
consolida
vagas e com carga horária de 1.230 horas, é voltado para quem vive ou trabalha no campo.
Para fomentar a participação, as qualificações com vagas abertas são divulgadas mensalmente nas redes sociais do sindicato e ainda nos veículos de comunicação locais, como emissoras de rádio e televisão, e jornais.
Como um dos oito polos no estado, o Sindicato Rural de Três Lagoas também oferece cursos da Faculdade CNA. Com mensalidades acessíveis (de apenas R$ 179/mês), são oferecidas formações de nível superior em Tecnologia e Gestão do Agronegócio, Processos Gerenciais, Gestão Ambiental e Tecnologia, e Gestão de Recursos Humanos.
Além disso, a entidade inaugura nestes primeiros meses do ano uma nova área de convivência, o “Espaço do Estudante”. O local contará com copa e cozinha equipadas, lugar para descanso e refeição dos estudantes e banheiros. Salas de estudos, laboratório de informática, sala de auditório e outros já existentes no recinto do sindicato vão melhorias e uma nova identificação visual.
LAGOAS
34 • REVISTA FAMASUL • MARÇO A MAIO 2023
Lagoas se
como polo educacional no leste de MS TRÊS
Sindicato de Miranda e Bodoquena reforma sua
O Sindicato Rural de Miranda e Bodoquena está reformando sua sede e planeja diversas ações em 2023. O presidente, Massao Ohata, destaca a importância da parceria com o Senar/MS para viabilizar iniciativas como: Projeto Sorrindo no Campo, ação do Saúde do Homem e da Mulher Rural, Programa Despertando, Empreendedor Rural, Inclusão Digital Rural, Programa Viva Pantanal, Senar On e Agrinho.
Ele aponta que já está sendo executada a reforma da sede e que as obras devem ser concluídas neste ano. “O objetivo é deixar o espaço mais acolhedor e adaptado para atender a contento as pessoas de nossa comunidade”.
O presidente revela que o Plano Anual de Trabalho (PAT) prevê a realização de 157 cursos neste
ano. “A programação de capacitações está sendo implementada desde o dia 10 de janeiro. Nossa projeção é capacitar cerca de 1.900 pessoas para o mercado de trabalho rural”.
MIRANDA E BODOQUENA C U RSOS G R AT U I TOS C E R T I F I CA D O D E C O N C LU S Ã O
sede e planeja diversas ações para este ano
Famasul em Ação
Desembargador do Tribunal Regional do Trabalho da 24ª Região, Cesar Palumbo ao lado de Marcelo Bertoni
Lançamento da galeria de fotos de presidentes do Conselho Deliberativo do Sebrae MS
36 • REVISTA FAMASUL • MARÇO A MAIO 2023
Bertoni e Stella recebem o diretorpresidente do Instituto Homem Pantaneiro, coronel Angelo Rabelo
Posse do desembargador do TRT 24ª Região, César Palumbo Fernandes com a Senadora Tereza Cristina, Lucas Galvan, Marcelo Bertoni
Formatura dos Cursos Técnicos do Senar MS
Presidente da Famasul, Marcelo Bertoni na solenidade de posse do governador de MS, Eduardo Riedel
Agenda com o diretor-presidente da Agraer, André Nogueira Borges
Marcelo Bertoni assume a presidência do Conselho Deliberativo do Sebrae MS
Marcelo Bertoni em agenda com Juliano Tanus, pres. da Comissão de Assuntos Agrários e Agronegócio da OAB MS
Bertoni e sua mãe, Maria Túlia Bertoni, na posse do desembargador, Ary Rahiant Neto
Cerimônia de diplomação da ALMS
Bertoni e Galvan recebem chefe-geral da Embrapa Agropecuária Oeste, Harley Nonato de Oliveira e equipe técnica
MS Agro Perspectivas para a Economia e o Agronegócio Brasileiro
Reunião sobre o Programa de Regularização Ambiental
Troca de Comando do Corpo de Bombeiros de MS
Passagem de Chefia do Estado-Maior do Comando Militar do Oeste
Reunião com o diplomático João Carlos Parkinson de Castro do Ministério de Relações Exteriores e secretário Jaime Verruck
MARÇO A MAIO 2023 • REVISTA FAMASUL • 37
Cerimônia de premiação do Concurso Agrinho 2022
Marcelo Bertoni durante a cerimônia de posse dos senadores eleitos em Brasília
Bertoni e sua esposa, Amanda Bertoni em Cerimônia de diplomação da ALMS
Agro Doc PERRENGUE BIOCEÂNICO
Sete dias de perrengue entre o Chile e a Argentina. Enfrentando de 40ºC no deserto do Atacama até -15ºC na Cordilheira dos Andes, tudo graças a uma caminhonete estragada.
Tudo começou em 27 de setembro de 2013, quando 30 caminhonetes com representantes do setor produtivo, logística e poder público saiu em expedição de Campo Grande até os portos do Chile, no Pacífico, a 2.200 quilômetros, para analisar a viabilidade da Rota de Integração Latino-Americana (RILA), pela Bolívia.
Eu dirigia o veículo da Famasul, onde estavam: Nilton Pickler (então vice-presidente), Ruy Fachini Filho (diretor-secretário na época), Lucas Galvan (que era diretor-executivo da Aprosoja/MS) e Diego Silva (então assessor de imprensa).
As caminhonetes eram novas e usavam diesel S10. O combustível não tinha na Bolívia e, por isso, levamos galões com 150 litros. Planejávamos abastecer só no Chile. Mas, com consumo alto, tivemos que colocar diesel boliviano.
Passamos pela Bolívia e chegamos aos portos do Chile. Na primeira parte da viagem tudo perfeito. Na volta, no deserto do Atacama a caminhonete estragou. Mecânicos, que acompanhavam a expedição, tentaram, mas não conseguiram arrumar. Rebocaram até San Pedro do Atacama, onde o seguro buscaria. Nós conseguimos carona e seguimos junto.
A situação foi complicando. Veículos não podem circular na parte histórica da cidade e precisávamos encontrar alguém para ficar com a chave, até a chegada do guincho. Uma funcionária de uma agência de turismo aceitou.
Tudo encaminhado, corremos para chegar ao posto da fronteira com a Argentina, que fechava às 22h. Conseguimos, mas no tumulto, perdi meus documentos e dinheiro. Não me deixavam atravessar a aduana.
ta (5). No dia seguinte os mecânicos foram embora. Os diretores já tinham seguido antes. Ficamos eu e o Diego. Loquei um carro e fui até a fronteira regularizar a situação.
O seguro precisava que estivéssemos no Chile para acompanhar o guincho. Conseguimos passagens de ônibus para terça e agendamos com a seguradora para o dia seguinte. O ônibus era de “filme de sessão da tarde”. Tinha galinha e até porco dentro, e quebrou na saída da cidade.
Chegamos no Chile à noitinha. Procuramos um hotel e, depois fomos conhecer San Pedro do Atacama. Em um bar, conhecemos duas turistas brasileiras.
NO TUMULTO, PERDI MEUS DOCUMENTOS E DINHEIRO. NÃO ME DEIXAVAM ATRAVESSAR A ADUANA
Após muita conversa, recebi uma permissão temporária. Chegamos ao hotel, na Argentina, às 5h. O restante da expedição seguiu para Assunção (Paraguai) e nos ficamos. Mas as reservas tinham sido canceladas. Nos acomodamos como pudemos. Eu, dividi uma cama de casal com um colega. Outros dormiram em sofás.
Gustavo Nantes, colaborador do Sistema Famasul
Foi então que a seguradora mandou uma mensagem informando sobre a desistência do serviço. Nós desesperamos. Sem dinheiro, no deserto e a mil quilômetros de casa. No dia seguinte, logo cedo pedimos socorro a Famasul.
Por volta do meio-dia ligaram. Conseguiram uma empresa para buscar a caminhonete e já estavam comprando nossas passagens de avião, mas, tínhamos que chegar até Calama, a 80 quilômetros de San Pedro.
Lembrei então que as brasileiras iam pegar um transfer para Calama. Fui ao hotel, chamei o Diego e deixei a chave da caminhonete com a dona do estabelecimento.
Dormi pouco. Acordei e liguei para a atendente em San Pedro. Pedi que procurasse meus documentos na caminhonete, mas ela não quis. Consegui então que os mecânicos, que tinham ficado conosco, voltassem ao Chile. Eles encontraram os documentos e o dinheiro dentro da caminhonete e voltaram para a Argentina.
A caminhonete pifou na quarta (2 de outubro) e já era sex-
Fomos ao hotel das turistas e conseguimos a carona. Foi aí que lembramos das malas. Elas haviam ficado no hotel, na Argentina. Entre escapar do pesadelo e buscar as malas, optamos pela primeira opção.
Pegamos o voo em Calama e descemos em Santiago. De lá foi outro para São Paulo e depois Campo Grande. Chegamos como dois esquimós, queimados pelo calor e pelo frio e, cinco quilos mais magros. A caminhonete chegou 21 dias depois. Dentro, as malas despachadas da Argentina. As roupas, com a temperatura da Cordilheira, viraram pedras de gelo.
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