Revista Famasul - Edição 07

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2025 O FUTURO DE MS SEM AFTOSA

 Miscelânia Produtiva: Agro diversifica e novas atividades se destacam

 Miscelânia Produtiva: Agro diversifica e novas atividades se destacam

 Movido pelo Agro: Famasul e Biosul se unem pela sustentabilidade

 Movido pelo Agro: Famasul e Biosul se unem pela sustentabilidade

Ano 2 - Nº 7 - março a maio 2024

CAROS LEITORES

VOCÊ VAI VER QUE NOSSA

PRODUÇÃO PARA EXPORTAÇÃO NÃO SE RESUME APENAS A GRÃOS, CARNE E EUCALIPTO.

TEMOS UM LEQUE IMPRESSIONANTE!

Chegamos a 7ª edição da Revista Famasul com muita informação sobre o setor produtivo de Mato Grosso do Sul e sobre toda representatividade promovida pelo Sistema Famasul ao produtor rural.

A editoria que traz as principais e mais atuais notícias do setor, a AgroNews, vem essa edição com a atualização das situações climáticas. Vamos explicar o que é o fenômeno La Niña e como pode afetar a produção agropecuária. Além disso, trazemos orientações de como o produtor rural pode se prevenir e minimizar os riscos da atividade. Leitura importantíssima para todos.

Falando em sustentabilidade, na editoria Inova Agro falaremos sobre como a irrigação pode potencializar a produção agrícola. Uma matéria especial com dados de pesquisas da Embrapa Agropecuária Oeste.

Ainda falando de meio ambiente, nos últimos meses o Sistema Famasul desenvolveu diversas ações acompanhando a responsabilidade de uma instituição ESG. Tivemos o Drive in da Reciclagem, coleta de óleo, campanha Movido pelo Agro, além dos programas que estão em constante andamento como o Proteção de Nascentes e o Agrinho, que completa 10 anos em 2024.

Na Roda de Tereré vamos falar sobre a campanha em parceria do Sistema Famasul com a Biosul. O Movido pelo Agro foi lançado primeiramente em Minas Gerais, pela FAEMG e a Siamig, e trouxemos a ideia para Mato Grosso do Sul, incentivando e mostrando os benefícios de se abastecer com etanol.

O nosso destaque da capa desta edição mostra a vasta opção de produtos ‘made in’ Mato Grosso do Sul que já são exportados e que vem ganhando espaço nos mercados internacionais. Você vai ver que nossa produção para exportação não se resume apenas a grãos, carne e eucalipto. Temos um leque impressionante!

Na editoria ‘Dedo de Prosa’ a entrevista especial foi com Jaime Verruck, secretário de Estado da Semadesc (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação). Falamos sobre o trabalho para manter a nossa produção com a sanidade animal e vegetal, além do grande passo do estado conquistando o status de livre de zona de febre aftosa sem vacinação.

E na nossa tradicional editoria AgroDoc, trazemos a colaboradora da Aprosoja/MS, Teresinha Rohr, que conta uma importante história para enfatizar a segurança no campo.

Essa foi apenas uma pequena amostra dos destaques de nossa revista, para se aprofundarem mais nos detalhes e informações, convido todos a acompanharem o resultado que é a 7ª edição da Revista Famasul. Boa leitura!

MARÇO A MAIO 2024 • REVISTA FAMASUL • 3
Editorial

Sumário/

Expediente

Projetos Especiais

Agronews

5 - Alerta no campo: transição do El Niño para o La Niña

Inova Agro

6 - Biometano: Economia e renda para a suinocultura

8 - Água à vista! Cenário promissor para a irrigação

Meio Ambiente

9 - Famasul lidera iniciativas de sustentabilidade no agronegócio

10 - Preservar é um bom agronegócio!

Roda de Tereré

12 - Famasul e Biosul incentivam o consumo do etanol

Entrevista com o titular da Semadesc, Jaime Verruck

Mercado

16 - Miscelânia produtiva ganha espaço no agro de MS

18 - Agrotecnologias exigem mais qualificação dos profissionais

Tendências

20 - Tendências dos principais produtos agropecuários

Porteira do Conhecimento

26 - Senar/MS auxilia no desenvolvimento do turismo rural

Presidente: Marcelo Bertoni

Vice-Presidente: Mauricio Koji Saito

Diretor Secretário: Claudio George Mendonça - Diretor Tesoureiro: Frederico Borges Stella - 2º Secretário: Fábio Olegário Caminha - 3º

Secretário: Massao Ohata - 2º Tesoureiro: André Cardinal Quintino - 3ª Tesoureira: Stéphanie Ferreira Vicente

CONSELHO DE VICE-PRESIDENTES

Antônio de Moraes Ribeiro Neto - Antonio Silvério de Souza - Dario Antonio Gomes Silva - Manoel Agripino Cecílio de Lima - Luciano Aguilar Rodrigues Leite - Leandro Mello Acioly - Rodrigo Ângelo Lorenzetti - Alexandre de Paula Junqueira Netto - Roberto Gonçalves de Andrade Filho

MEMBROS SUPLENTES DA DIRETORIA

Paulo Renato Stefanello - Janes Bernardino Honório Lyrio - Alessandro Oliva CoelhoYoshihiro Hakamada - Bedson Bezerra de Oliveira - Lucicleiton Cirino da Rocha - Hilies de Oliveira - Durval Ferreira Filho - Vilson Mateus Brusamarello - Valter Dala Valle - Florindo Cavalli Neto - Herminio Pitão - Severino José da Fonseca - Antonio Gisuatto - Edson Bastos - Romeu Barbosa de Souza - Hudson Amorim de Oliveira

MEMBROS DO CONSELHO FISCAL

Efetivos: Jefferson Doretto de SouzaHenrique Mitsuo Vargas Ezoe - Telma Menezes de Araújo - Suplentes: Jesus Cleto TavaresDeny Meirelles Nociti - Fábio Carvalho Macedo

MEMBROS DO CONSELHO DE REPRESENTANTES (CNA)

Efetivo: Marcelo Bertoni - Mauricio Koji Saito - Suplentes: José Vanil de Oliveira GuerraAntonio Ferreira dos Reis

SENAR/MS - Administração Regional do Estado de Mato Grosso do Sul - Conselho Administrativo - Dirigente: Marcelo Bertoni | Membros titulares: José Pereira da Silva | Marcio Margatto Nunes | Valdinir Nobre de Oliveira | Daniel Kluppel Carrara | Suplentes: Mauricio Koji Saito | Janes Bernardino | Honório Lyrio | Thaís Carbonaro Faleiros Zenatti | Maria Helena dos Santos Dourado Neves | Luciano Muzzi Mendes | Conselho Fiscal: Paulo César Bózoli | João Batista da Silva | José Martins da Silva | Suplentes: Rafael Nunes Gratão | Moacir Reis | Orélio Maciel Gonçalves | Superintendência: Lucas Duriguetto Galvan

REVISTA FAMASUL

Gerente de Comunicação, Marketing e Eventos: Anahi Gurgel | Coordenação de Comunicação: Camilla Jovê | Coordenação de Marketing: Flávio Gutierrez | Coordenação de Eventos: Larissa Siufi | Equipe de Comunicação: Vitor Ilis | João Carlos Castro | Leandro Abreu | Michelle Machado | Pâmela Machado | Estagiários: Júlia Padilha | João Lucas Ribeiro Artes: Eduardo Medeiros | Loren Cruz | Rodrigo Scalabrini Redação, revisão, projeto gráfico, edição e diagramação: A2L Comunicação | Fotos da edição: Assessoria de Comunicação do Sistema Famasul | Freepik | Foto da capa: João Carlos Castro

Casa Rural: Sede da Famasul e do Senar/MS

Rua Marcino dos Santos, 401 - Cachoeira IICampo Grande/MS

Famasul - Tel.: (67) 3320-9700

Site: portal.sistemafamasul.com.br

Senar/MS - Tel.: (67) 3320-6900

Site: senarms.org.br

28 Famasul inova na comunicação e mostra a presença do agro em tudo
30 Agro Agenda 36 Famasul em Ação 38 Agro Doc
de Prosa 21
Dedo
IC ONS & SOCIAL MEDIA L OGOS FOR BUSINESS C ARD /SistemaFamasul IC ONS & SOCIAL MEDIA L OGOS FOR BUSINESS C ARD IC ONS & SOCIAL MEDIA L OGOS FOR BUSINESS /sistemafamasul /sistemafamasul
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Famasul inova na comunicação e mostra a presença do agro em tudo

Produtor deve ficar em alerta com transição do El Niño para o La Niña

Produtor deve ficar em alerta com transição do El Niño para o La Niña

Fenômenos climáticos podem ter impactos significativos na agropecuária devido às mudanças que causam nos comportamentos atmosféricos globais. Em 2024, as projeções do IRI (International Research Institute for Climate and Society) apontam para o enfraquecimento do El Niño ainda no primeiro semestre do ano, seguido por um período de neutralidade e, na sequência, a probabilidade de 62% de formação do La Niña entre julho e setembro.

Durante o La Niña, ocorre o resfriamento das águas do Oceano Pacífico, na linha do Equador. Os ventos ficam mais fortes, de modo que a massa de água aquecida pelo sol é “empurrada” para o oeste. Enquanto isso, no Pacífico oriental, a água fria e profunda sobe para substituir a água quente.

A consultora técnica do Senar/MS, Tamiris Azoia, comenta que a previsão é de neutralidade climática para a segunda safra, ou seja, que as chuvas e temperaturas se mantenham na média do período, com possibilidade de geadas tardias e maior intensidade das temperaturas mais baixas.

Já para o próximo ciclo (2024/2025), a projeção, se confirmada a formação do La Niña e dependendo da intensidade (fraca, moderada ou forte), é que cause aumento no volume de chuvas no norte e nordeste, mais seca e calor no sul, e variação dos impactos no centro-oeste e sudeste, conforme Tamiris.

“Em geral, nos anos de La Niña, a tendência para o centro-norte de Mato Grosso do Sul é de um bom volume de chuvas durante a safra de verão e falta de precipitações regulares no extremo sul do estado”, adianta.

Tamiris orienta que os produtores rurais estejam atentos ao fenômeno e prontos a utilizarem tecnologias para mitigar os impactos. Para isso, ela recomenda estratégias de manejo de solo e água, semeadura no período aconselhado, preparação prévia do maquinário, plantio direto, manejo integrado de pragas e doenças e respeito ao Zarc (Zoneamento Agrícola de Risco Climático) das culturas.

“Outras importantes ferramentas que podem auxiliar na redução dos riscos são a comercialização antecipada com trava de custos de produção e a contratação de seguro agrícola”, orienta. O analista de economia do Sistema Famasul, Jean Américo, comenta que é fundamental que os produtores rurais entendam esse quadro, façam a gestão dos riscos e saibam como minimizá-los.

Entre essas ferramentas, ele cita o “barter”, quando são oferecidos insumos como sementes e fertilizantes para o pagamento a prazo da safra, via produção; “hedge”, acordo entre comprador e vendedor que estabelece antecipadamente o preço físico da mercadoria; o “hedge de operações financeiras”, que estabelece o preço do produto em uma bolsa de mercado futuro; o “hedge de balcão”, que se refere às estratégias de proteção contra riscos financeiros e que são negociadas entre as partes envolvidas; os “swaps”, que são acordos para troca de fluxos de caixa baseados nos preços das commodities, e os “NDFs”, contratos financeiros que permitem que duas partes considerem a diferença entre a taxa de câmbio atual e uma taxa de câmbio acordada no futuro para uma moeda não conversível.

Agronews
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Tamiris Azoia, consultora técnica do Sistema Famasul Jean Américo, analista de economia do Sistema Famasul

Inova Agro biometano

biometano

Economia e fonte de renda para produtores de suínos

Asuinocultura é um dos segmentos de produção de proteínas que mais avança tecnologicamente no agronegócio brasileiro e sul-mato-grossense. Um dos pilares do segmento é a preservação ambiental e a sustentabilidade, tendo como um dos grandes exemplos desse trabalho o uso dos dejetos dos animais para a produção de biogás e biometano, por meio da biodigestão anaeróbica.

Nos biodigestores ocorre a decomposição da matéria orgânica, liberando o biogás, que pode ser capturado e utilizado como combustível em motores de combustão interna ou turbinas, acionando geradores elétricos para produzir energia elétrica. A partir do biogás, também pode ser produzido o biometano, uma forma purificada e refinada desse biocombustível. Assim como o biogás, o biometano pode ser utilizado para cogeração de bioeletricidade, injetado diretamente na rede de gás natural para uso doméstico, comercial ou industrial, ou utilizado como combustível para veículos movidos a GNC (Gás Natural Comprimido) ou GNL (Gás Natural Liquefeito).

Além de gerar energia elétrica, a

biodigestão oferece outras vantagens, como a redução do odor dos dejetos, a produção de um biofertilizante rico em nutrientes e a diminuição dos impactos ambientais associados ao manejo inadequado dos resíduos de suínos. Esse processo, portanto, contribui para a geração de energia limpa e sustentável, além de promover a gestão ambientalmen te responsável dos resíduos da suinocultura.

De acordo com o estudo “Retrato da Suinocultura”, da ABCS (Associação Brasileira de Criadores de Suínos), Mato Grosso do Sul possui atualmente 106.545 matrizes suínas, sendo o 6º maior rebanho do Brasil. Destas, 61,4% estão no sistema de integração, 21,8% em sistema cooperado verticalizado e 16,8% em criações independentes.

destaca a importância dessa iniciativa para o setor. “A produção de biometano nas granjas de suínos é uma alternativa importante de renda para os suinocultores, pois além de utilizar na propriedade, reduzindo o custo de produção, seu excedente pode ser distribuído na rede de energia elétrica, resultando em um incremento financeiro para o produtor, além de produzir biocombustível para abastecer tratores e carros”, explica.

Uma das propriedades que investe nessa tecnologia é a granja do Cid de Miranda, localizada no município de Caracol. O produtor trabalhou em uma empresa de suinocultura entre 1995 e 2008, quando decidiu adquirir uma propriedade e construir sua própria granja, em parceria com a agroindústria.

A consultora técnica do Sistema Famasul, Fernanda Lopes de Oliveira,

“Meu irmão mais velho tinha uma granja, e logo depois que me formei, me

Fernanda Lopes, consultora técnica do Sistema Famasul
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interessei pela área e fui trabalhar em uma empresa de suinocultura. A cadeia produtiva em Mato Grosso do Sul era praticamente zero, não se falava no assunto, e hoje vejo o quanto evoluímos.”

A propriedade de Cid passou por uma ampliação em 2020 e atualmente opera com 3 mil matrizes. Por meio da produção do biometano, ele já consegue redução da conta de energia. “A granja foi adequada para as condições de bem-estar animal para atender ao mercado europeu. Hoje, através do biometano, economizo em torno de 60% da conta de energia e pago os outros 40%.”

EXPANSÃO DA

SUINOCULTURA EM MS

Conforme o levantamento da ABCS, a cadeia produtiva gera mais de 2.500 empregos diretos e indiretos no estado. “A suinocultura em Mato Grosso do Sul vem crescendo exponencialmente, apresentando nos últimos 12 anos um crescimento de 174,1% na produção e 157,7% nos abates, demonstrando a sustentabilidade do setor, principalmente nos quesitos ambientais e de biosseguridade”, destaca a consultora técnica.

Com o objetivo de alavancar ainda mais a cadeia produtiva, Fernanda detalha que o Sistema Famasul promove diversas ações e iniciativas voltadas para os produtores de suínos e seus funcionários. O programa de ATeG (Assistência Técnica e Gerencial) em suinocultura orienta na adoção de práticas sustentáveis, fornecendo consultoria especializada nos quesitos ambientais, sociais e financeiros da granja.

Produtores interessados em participar da ATeG devem procurar o sindicato rural do seu município para iniciar a consultoria. “A Famasul participa da construção de políticas públicas e legislações favoráveis que beneficiem o setor, além de levar capacitação sobre boas práticas, manejo sustentável, bem-estar animal, gestão ambiental e biosseguridade”, detalha Fernanda.

Outra iniciativa que auxilia na expansão da cadeia produtiva é o estímulo financeiro oferecido aos suinocultores do estado por meio do Leitão Vida, programa do governo de Mato Grosso do Sul que tem como objetivo alavancar a

suinocultura de forma moderna, competitiva e com capacidade para atender aos mercados mais exigentes.

O programa já destinou mais de R$ 50,5 milhões em incentivos financeiros aos suinocultores, beneficiando 246 granjas, com 2,1 milhões de suínos abatidos.

A consultora técnica explica que o programa também incentiva a instalação de biodigestores nas suinoculturas, o que fomenta a mudança da matriz energética, contribuindo com a estratégia de tornar o estado Carbono Neutro até 2030.

“Temos a possibilidade de produzir 70,8 milhões de kW/ano de energia elétrica. Atualmente estamos gerando 12,3 milhões de kW/ano. Portanto, existe um enorme potencial para a produção de energia elétrica de fonte limpa e renovável, proveniente das suinoculturas de Mato Grosso do Sul.”

COMPROMISSO

COM A SUSTENTABILIDADE

Para o presidente da Asumas (Associação Sul-Mato-grossense de Suinocultores), Milton Bigatão, alinhar a sustentabilidade à produção é fundamental para o desenvolvimento da cadeia produtiva. Segundo ele, a suinocultura do estado já se consolidou como atividade moderna, produtiva e de qualidade.

De acordo com a Semadesc (Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), 48,23% das granjas cadastradas no programa Leitão Vida estão com os biodigestores instalados e, quando iniciarem a comercialização da energia, terão o potencial de produzir mais de 34 milhões de kW/ano.

“A adoção da tecnologia do biometano tem sido amplamente difundida na suinocultura do estado, representando não apenas uma alternativa energética, mas também um compromisso com a sustentabilidade ambiental. A expectativa é que esse crescimento na utilização do biometano como fonte energética continue a se expandir no futuro próximo. Esse avanço demonstra um compromisso crescente dos produtores”, avaliou.

Com o aumento da eficiência nas granjas, a carne suína de Mato Grosso do Sul atende ao consumo interno e já é reconhecida como um produto de excelência fora do país. Os principais destinos são Hong Kong, Singapura, Uruguai e os Emirados Árabes Unidos.

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Milton Bigatão, presidente da Asumas

Inova Agro

ÁGUA À VISTA! CENÁRIO PROMISSOR PARA A IRRIGAÇÃO

Pesquisas conduzidas pela Embrapa Agropecuária

Oeste, em Dourados, revelam um cenário promissor para os produtores rurais de Mato Grosso do Sul no que diz respeito à irrigação. Há um imenso potencial ainda subvalorizado e um caminho a ser explo rado em prol da segurança alimentar e econômica de todo o estado.

Os estudos sobre a tecnologia, coordenados pelo pesquisador Danilton Flumingnan, evidenciaram um dado importante: Mato Grosso do Sul é o segundo estado com a maior quantidade de áreas potencialmente irrigáveis de alta aptidão, o mais elevado nível previsto na classificação de aptidão.

No entanto, esse potencial tem sido subestima do no campo. Flumingnan explica que em todo o estado existem 2,4 milhões de hectares de área considerada de alta aptidão para a aplicação do método. Entretanto, ao considerar todas as áreas aptas, independentemente do nível de aptidão, o número de campos a serem beneficiados mais que dobra, chegando a 4,9 milhões de hectares.

“Contudo, é um contrassenso sermos um es tado que irriga muito pouco, mesmo tendo uma oferta abundante de recursos hídricos superficiais e subterrâneos, possuindo um nível de segurança hídrica de destaque no Brasil. Atualmente, temos 265 mil hectares equipados para irrigação, sendo que, deste total, 205 mil hectares são áreas de fertirrigação de cana-de-açúcar, ou seja, na essência, não são áreas equipadas para satisfazer as necessidades de água da cultura, mas sim para aplicar a vinhaça, um resíduo das usinas, rico

“A principal barreira enfrentada pelos produtores ao considerarem a adoção de sistemas de irrigação é a qualidade e o fornecimento de energia elétrica, abrangendo desde os custos até a dificuldade de acesso e instabilidade na distribuição nas áreas rurais. Para incentivar mais produtores a adotarem sistemas de irrigação, é crucial o fornecimento de energia elétrica com qualidade e estabilidade, e linhas de crédito financeiro de investimento com taxas de juros atrativas”, detalha a analista técnica. ÁGUA

em nutrientes. Diga-se de passagem, isso configura uma atividade de reuso de água na agropecuária e pesa a favor da sustentabilidade ambiental deste setor. Por fim, o que temos de área efetivamente irrigada? 60 mil hectares, ou seja, 1,2% do nosso potencial”, comenta. Assim como o pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, a Famasul observa atentamente as possibilidades proporcionadas pela irrigação ao estado. A analista técnica da instituição Regiane Furtado de Miranda, explica que a adoção da tecnologia proporciona uma segurança crucial para os produtores, reduzindo a dependência exclusiva das condições climáticas e abrindo um horizonte ainda maior para as safras. Entretanto, Regiane e Flumingnan apontam um entrave para o avanço da área de cobertura em Mato Grosso do Sul: a energia elétrica. Eles veem na criação de polos e subestações de energia mais próximas às propriedades rurais um investimento para atender à demanda da irrigação, que pode ser muito mais explorada no estado.

À VISTA! CENÁRIO
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PROMISSOR PARA A IRRIGAÇÃO
Regiane Furtado, analista técnica do Sistema Famasul Danilton Flumingnan, pesquisador da Embrapa em Dourados

Meio Ambiente

FAMASUL LIDERA INICIATIVAS DE SUSTENTABILIDADE NO AGRONEGÓCIO DE MATO GROSSO DO SUL

OSistema Famasul é destaque em responsabilidade social e sustentabilidade no agronegócio de Mato Grosso do Sul. A preocupação com os impactos ambientais é um dos pilares de diversas iniciativas da instituição.

Milene Nantes, diretora administrativa e financeira do Senar/MS, relata que foram instalados ecopontos na instituição para a entrega voluntária de resíduos. Isso fomenta entre os colaboradores da Casa Rural o descarte adequado de materiais como papel, plástico e metal, separando-os do lixo comum.

“A Famasul tem como um dos pilares o compromisso com a sustentabilidade. Cuidar do meio ambiente é crucial, pois garante a preservação dos recursos naturais, a qualidade de vida das pessoas e a sustentabilidade das atividades agropecuárias”, afirma Milene.

Importante destacar como iniciativa de sustentabilidade da instituição, segundo Milene, a campanha “Movido pelo Agro – etanol”, desenvolvida em parceria com a Biosul (Associação dos Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul) para conscientizar sobre as vantagens ambientais do etanol, um biocombustível limpo e renovável.

De acordo com o Radar Ambiental, um boletim com o levantamento das principais ações de sustentabilidade da Famasul, em 2023, a Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) do Senar/MS atendeu 9.100 propriedades rurais em 16 cadeias produtivas, ultrapassando a marca de mais de 76 mil visitas realizadas em 12 meses.

Entre as iniciativas sustentáveis, destaca-se o programa Proteção de Nascentes, que promove a conservação das nascentes em propriedades rurais atendidas pela ATeG, contribuindo para uma produção mais sustentável. Em 2023, mais de 530 nascentes foram identificadas para conservação em 51 cidades de Mato Grosso do Sul. Essa

ação é fundamental para a conservação das águas que abastecem as propriedades, córregos, rios e cidades do estado, elevando os indicadores ambientais e de sustentabilidade, além de melhorar a eficiência na produção de alimentos.

PROGRAMA

AGRINHO

O maior programa de responsabilidade social do Senar/MS, o Agrinho, completa 10 anos em 2024. O Agrinho tem como objetivo despertar a consciência de cidadania nas crianças e jovens em fase escolar, tendo a ética e a sustentabilidade como linhas condutoras.

dade mais sustentável e consciente.

“A integração com as crianças possibilita que os estudantes compreendam a importância do trabalho no campo, valorizando e respeitando os agricultores e o setor do agronegócio como um todo. Através de iniciativas sociais como essa, a Famasul contribui para a formação de cidadãos mais conscientes, responsáveis e com uma visão mais ampla do mundo”, explica Milene.

Milene reitera que o programa Agrinho proporciona aos alunos uma educação mais abrangente sobre o trabalho no campo. A diretora defende que a iniciativa deve ser incentivada e ampliada para alcançar cada vez mais alunos e escolas, contribuindo para uma socie-

Com o tema “Semeando Educação, Colhendo Cidadania”, a edição deste ano pretende alcançar mais de 550 escolas de Mato Grosso do Sul. Com categorias como desenho, redação (fábula, poema, carta e conto), paródia, podcast, reportagem, experiência pedagógica e Escola Agrinho, alunos, professores e a comunidade escolar podem concorrer a diversos prêmios.

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Milene Nantes, diretora administrativa e financeira do Sistema Famasul

Meio Ambiente

preservar é um bom agronegócio!

preservar é um bom agronegócio!

Podução mais sustentável está sendo cada vez mais adotada e implementada no país, com destaque para Mato Grosso do Sul

Podução mais sustentável está sendo cada vez mais adotada e implementada no país, com destaque para Mato Grosso do Sul

No coração do agronegócio contemporâneo pulsa o compromisso inegociável com a preservação ambiental. Não se trata apenas de um discurso de boas intenções, mas de uma realidade sólida, respaldada por dados concretos. De acordo com o Sicar (Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural), o Brasil destina 66% de seu território à preservação e proteção da vegetação nativa. Dessas áreas, 33% são representadas por vegetação nativa nos imóveis rurais.

Em Mato Grosso do Sul, o cenário segue esta tendência. No estado, cerca de 35% da área é composta por remanescentes de vegetação nativa, ou seja, mais de 12,5 milhões de hectares de vegetação protegida estão em propriedades rurais. Preservar o meio ambiente já faz parte do cotidiano do produtor rural, é uma prática estabelecida.

Além da segurança alimentar, o produtor rural desempenha um papel crucial na manutenção hídrica. Uma produção mais sustentável está sendo cada vez mais adotada e implementada no campo brasileiro, destacando-se também em Mato Grosso do Sul.

Ana Beatriz Paiva Sá Earp de Melo, consultora técnica do Sistema Famasul, explica que a preservação vai além de simplesmente conservar; é fruto do árduo trabalho dos homens e mulheres do campo, que adotam práticas utilizando

diversas tecnologias de baixa emissão de carbono e outras estratégias. A cooperação entre produtor rural e meio ambiente é um fato.

“Ou seja, o produtor rural já é um provedor de Serviços Ambientais. Os produtores rurais desempenham um papel crucial como provedores de serviços ambientais, como a manutenção e conservação de vegetação nativa, solo e água, bem como a adoção de sistemas produtivos sustentáveis em suas propriedades, contribuindo para o sequestro e redução de emissões de carbono”, enfatiza a analista do Sistema Famasul.

PSA,

UM PLANO EM CURSO

QUE DEVE SER AMPLIADO

O PSA (Pagamento por Serviços Ambientais) é realizado apenas pelo governo estadual em Mato Grosso do Sul, por meio de editais de chamamento público. Os certames visam remunerar os empresários do campo que atendem aos requisitos e critérios estabelecidos no processo.

Ana Beatriz detalha que os provedores ambientais podem ser pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou privado, ou ainda grupos familiares ou comunitários, desde que atendam aos critérios de elegibilidade e mantenham, recuperem ou melhorem as condições ambientais dos ecossistemas.

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“Os produtores rurais prestam diversos serviços ambientais em suas propriedades, como conservação do solo e dos recursos hídricos, preservação da vegetação nativa e manejo sustentável de sistemas agrícolas, entre outros. Portanto, podemos avançar muito mais na política e programas de Pagamento por Serviços Ambientais aqui no estado, para contemplar e beneficiar os produtores responsáveis por todos estes serviços ambientais”, sugere.

Como a preservação está intrinsecamente ligada ao produtor rural, Ana Beatriz destaca a importância de valorizar os empresários do campo. Em Mato Grosso do Sul, o governo estabelece áreas temáticas para a retribuição monetária, tais como:

• Apoio e Valorização do Conhecimento Tradicional;

• Serviços Ambientais das Unidades de Conservação do Estado de Mato Grosso do Sul;

• Regulação do Clima e do Carbono;

• Conservação e Valorização da Biodiversidade;

• Conservação dos Serviços Hídricos;

• Conservação e Uso do Solo e Beleza Cênica e Turismo.

Em Mato Grosso do Sul, todo o processo do PSA é conduzido pelo governo estadual por meio de editais. Os produtores interessados devem acompanhar os chamamentos públicos e verificar os requisitos para elegibilidade na proposta de pagamento.

Ana Beatriz comenta sobre a possibilidade e a necessidade de expan-

são das categorias de PSA, visto que as propriedades já oferecem serviços ambientais, em maior ou menor escala. “É necessário garantir recursos para que outros programas e editais possam ser publicados, abran gendo as outras temáticas previstas na legislação (Conservação dos Serviços Hídricos e Conservação e Uso do Solo, por exemplo). Com isso, mais produtores em todo o estado poderão se habilitar e o pagamento poderá ser ampliado para mais interessados.”

leiro de carbono é composto por projetos do segmento de energia, seguido pela agricultura, floresta e outros usos de terra, que representam 25% do total.

Segundo a consultora técnica, é fundamental uma política pública mais abrangente e de editais mais atrativos para os produtores rurais. “No entanto, atualmente, as opções de pagamento por serviços ambientais são limitadas e os valores disponibilizados podem não ser atrativos para muitos produtores. Nesse sentido, o Sistema Famasul tem atuado levando essas demandas aos diversos ambientes de representatividade em que está presente.”

CRÉDITO DE CARBONO: UMA TROCA BENÉFICA

Outra oportunidade de gerar receita preservando o meio ambiente é por meio do crédito de carbono. Segundo dados da FGV (Fundação Getúlio Vargas), 63% do mercado voluntário brasi-

“Neste mercado, são realizadas compensações de carbono para alcançar a neutralidade de emissões de empresas e instituições, mesmo que não obrigatórias. Os créditos são gerados através da elaboração de projetos, seguida pela validação, monitoramento e certificação dos créditos gerados”.

Mato Grosso do Sul está alinhado com o cenário nacional quando se trata de crédito de carbono, sendo transacionado principalmente no mercado voluntário. “Ainda é um processo burocrático e com alto investimento, devido aos requisitos para sua geração, passando por diversas etapas como registro, validação, verificação e certificação.”, diz.

A troca de créditos de carbono tem muito a avançar em Mato Grosso do Sul, de acordo com Ana Beatriz. Os produtores rurais despontam como verdadeiros aliados do meio ambiente no contexto do desenvolvimento, ou seja, é necessário agilizar o reconhecimento e a recompensa a eles, que já contribuem para a conservação do solo e da água, adotando boas práticas no campo e promovendo de maneira sustentável a segurança alimentar.

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Ana Beatriz Paiva, consultora técnica do Sistema Famasul

Roda de Tereré

Roda de Tereré

movidos pelo agro etanol

Sistema Famasul e Biosul unem forças pela sustentabilidade

Oetanol é um combustível renovável e uma das fontes de energia mais limpas e sustentáveis do mundo. Reduz em até 90% as emissões de gases do efeito estufa em toda sua cadeia produtiva – do cultivo das matérias-primas (cana-de-açúcar e milho), passando pela fabricação até o uso – em comparação com combustíveis fósseis.

Além do ganho ambiental, ainda movimenta a economia, gerando emprego e renda; faz bem para os veículos, ao aumentar a potência e deixar o motor limpo por mais tempo, e também é bom para o bolso, por ser a opção mais barata na hora de abastecer, segundo levantamento da Unica (União da Indústria da Cana-de-Açúcar).

O Brasil é o segundo maior produtor mundial do biocombustível, respondendo sozinho por 1 de cada 4 litros fabricados no mundo. No ranking nacional, Mato Grosso do Sul é um dos protagonistas. É o quarto em volume processado.

Como um dos principais players do setor, o estado ganhou recentemente um importante impulso para aumentar a venda do biocombustível internamente. O Sistema Famasul, em parceria com a Biosul (Associação dos Produtores de Bioenergia de Mato

Grosso do Sul), lançou a campanha “Movido pelo Agro - Etanol”. Inspirada em iniciativa similar desenvolvida em Minas Gerais pelo Sistema Faemg (Federação de Agricultura e Pecuária local) e Siamig (Associação das Indústrias Sucroenergéticas), o Sistema Famasul, que desde setembro de 2023 já abastece toda a sua frota flex (11 veículos) unicamente com etanol, estimula colaboradores e prestadores de serviços a adotarem a mesma prática.

“Esse é um grande marco para Mato Grosso do Sul. Reforça o nosso compromisso com o meio ambiente e os princípios do ESG no sistema. No estado temos os dois modelos de produção de etanol, com cana, com milho, e acredito que muito breve iremos expandir o sorgo, por exemplo. Temos que valorizar isso, destacar o nosso biocombustível. Entendemos que se cada um fizer a sua parte estaremos todos contribuindo para a meta de descarbonizar o estado”, destacou o presidente do Sistema Famasul, Marcelo Bertoni.

O presidente-executivo da Biosul, Amaury Pekelman, por sua vez, apontou os benefícios do uso do etanol. Ele lembrou que se trata de um biocombustível, fabricado a partir de matérias-primas como a cana, o milho e o sorgo, sendo, portanto,

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uma fonte renovável, além de ser produzido no estado, gerando emprego e renda em Mato Grosso do Sul. Outro ponto ressaltado por ele foi a questão da redução das emissões dos gases que provocam o efeito estufa em comparação com um combustível fóssil. “Geramos emprego, benefícios ambientais, contribuímos para a descarbonização e para a melhoria da qualidade do ar no campo e na cidade e ainda tem o benefício econômico, com o menor preço do etanol”, pontua.

O presidente do Sistema Faemg, Antônio Pitangui de Salvo, esteve em Campo Grande em março deste ano, no lançamento da campanha, e elencou os reflexos da iniciativa. “Lançamos a campanha e começamos a utilizar o etanol em nossa frota em outubro de 2022. Em 2023 percorremos mais de 1,5 milhão de quilômetros utilizando o biocombustível e reduzindo as emissões de gases do efeito estufa. Isso teve um efeito inspirador, tanto que o governo mineiro está transformando toda a sua frota para que eles possam abastecer com etanol. É o agro fazendo uma ação para que possamos cada vez mais ter orgulho do que produzimos aqui. É uma autossuficiência energética, com um combustível renovável. É essa conscientização que queremos na nossa população, para que as pessoas entendam a importância de valorizar esse combustível verde e assegurar um ar mais limpo, um produto nacional, que é orgulho para o país”, declarou.

O presidente da Siamig, Mário Campos, também prestigiou o evento. Ele ressaltou que o etanol é um produto com origem na industrialização do agro e que elevou o patamar do setor no país historicamente. “Não é só plantar grãos, plantar cana-de-açúcar. É processá-los e agregar valor. E quando temos o resultado disso com um produto alinhado com tudo que o mundo está procurando, que é a descarbonização dos processos produtivos, temos uma forma de agregar ainda mais valor ao etanol”, apontou.

Por sua vez, o secretário estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação de Mato Grosso do Sul, Jaime Verruck, destacou que a ação tem um viés educativo muito importante. “A campanha não se apoia somente na questão econômica, do etanol custar até 70% do preço da gasolina,

como se dizia antes, para ser competitivo. A iniciativa reforça que o combustível verdadeiramente sustentável é o etanol, e que é preciso engajamento para ser sustentável. Mato Grosso do Sul, que já tem uma matriz energética 92% sustentável, larga na frente para ser um estado carbono neutro. Em breve vai começar a construção da primeira planta de etanol de segunda geração. Mas é preciso investir em tecnologia e desenvolver novos produtos, como o combustível sustentável para aviação (SAF) e o biometano”, analisou.

Para incentivar a adesão à campanha, o Sistema Famasul sorteia mensalmente, desde o seu lançamento, 05 vouchers de combustível no valor de R$ 150 por mês para os colaboradores participantes.

O primeiro sorteado foi o coordena -

dor de controle interno do Senar/MS, Michel Catecarte Ribeiro. Ele disse que utilizava o etanol como combustível do seu veículo somente quando o preço ficava mais favorável na comparação com a gasolina, mas que a campanha o despertou para a questão ambiental.

“Chamou a atenção para algo que até então não tinha percebido. Temos a oportunidade de, com pouco esforço, dar uma grande contribuição para o meio ambiente, para o agronegócio e para a economia do estado. É a chance de fazer algo positivo, com efeitos muito relevantes e concretos. Ao usar etanol, estamos consumindo um combustível limpo, que emite menos CO2. É renovável e a produção dele fomenta o agro, gera muitos empregos e movimenta de forma significativa a economia local”.

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Roda de Tereré

Presidente do Sistema Famasul, Marcelo Bertoni, entrega vouchers de R$ 150 para os colaboradores participantes sorteados

Consumo de etanol cresce no estado

Em 2023, o consumo de etanol cresceu 17,5% em Mato Grosso do Sul frente a 2022, passando de 354,998 milhões de litros para 417,220 milhões de litros, considerando as vendas do hidratado (vendido diretamente nas bombas dos postos) e o anidro (misturado na proporção de 27% à gasolina).

Segundo a ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), em 2022 foram comercializados no estado 147,229 milhões de litros de etanol hidratado e 207,770 milhões de litros de anidro (com a gasolina).

Já em 2023, foram 197,132 milhões de litros de hidratado vendidos nos postos sul-mato-grossenses e 220,088 de anidro. Somando a comercialização dos dois tipos de etanol e o crescimento das vendas de combustíveis, a participação do biocombustível no segmento de veículos com motores leves no estado passou de 38,72% em 2022 para 41,21% em 2023.

O volume de etanol vendido em todo o ano passado em Mato Grosso do Sul representou somente 11,27% do total produzido pelo estado na safra 2023/2024, que chegou a 3,700 bilhões de litros.

MS registra maior produção da história

A safra 2023/2024 foi a maior da cana-de-açúcar em Mato Grosso do Sul. O estado processou 52,4 milhões de toneladas, 17,48% a mais que na temporada passada, quando moeu 44,6 milhões de toneladas. Com maior quantidade de matéria-prima, o ciclo registrou um processamento de 2,2 milhões de toneladas de açúcar – recorde estadual, o que representa um incremento de 46,6% frente aos 1,5 milhões de toneladas do período anterior. O volume de etanol produzido também foi o maior da história do estado. O fabricado a partir de cana teve incremento de 7,75%, passando de

2,6 bilhões de litros para 2,8 bilhões de litros. Já o biocombustível que tem o milho como principal insumo teve um incremento no processamento de 31,7%, saltando de 721,3 milhões de litros para 950 milhões de litros.

Somando o etanol de cana com o de milho, o processamento do estado passou de 3,3 bilhões de litros para 3,8 bilhões de litros, um crescimento de 15,1%. Na comparação do percentual que cada matéria-prima representou no volume total do biocombustível, a participação do milho passou de 21,42% na temporada 22/23 para 25% na 23/24.

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Mercado

Miscelânia Produtiva

Diversificação de culturas impulsiona economia e torna o agronegócio mais resiliente

Mato Grosso do Sul é um dos maiores produtores brasileiros de grãos, proteína animal, eucalipto e cana-de-açúcar. Ano após ano, produtores rurais consolidam sua presença de destaque nos cenários nacionais e internacionais do agro. Entretanto, os vastos campos do estado vão muito além dos cultivos tradicionais; suas produções são verdadeiras miscelâneas, reunindo uma diversidade de forças e culturas.

Garantir a diversificação de culturas ou atividades na área rural não apenas impulsiona a movimentação econômica, mas também torna o agronegócio mais resiliente, ao se apoiar em múltiplas atuações. O coordenador de Assistência Técnica e Gerencial do Senar/MS, Nivaldo Passos de Azevedo Junior, explica que a busca por novas cadeias de produção surge entre os agricultores e criadores em momentos de baixa produtividade.

Optar pela diversificação, um caminho menos convencional, pode representar uma oportunidade, conforme aponta Nivaldo. Nas tomadas de decisão, o Senar/MS tem sido um parceiro essencial na profissionalização dos produtores rurais e na estruturação dos negócios no campo.

“Isso é de extrema importância e muito saudável para a economia e o agronegócio, pois oferece oportunidades para os produtores que estavam envolvidos em atividades menos lucrativas migrarem para opções mais interessantes. Para quem escolhe ficar, surge a necessidade de serem mais competitivos, o que os obriga a melhorar seus métodos de trabalho e aumentar a qualidade de sua produção”, ressalta. Entre as culturas e atividades rurais que têm se destacado neste novo cenário de diversificação estadual estão a fruticultura, as agroindústrias e a suinocultura. “Essas novas culturas representam boas alternativas de negócios. Elas pressionam as atividades que enfrentam baixa remuneração, oferecendo opções para os produtores mudarem de ramo ou, muitas vezes, intensificarem seus negócios para permanecerem competitivos com outras atividades. A valorização da

terra e das propriedades, juntamente com novas oportunidades para os produtores envolvidos em atividades menos interessantes, são vantagens resultantes dessas mudanças”, destaca Nivaldo.

FRUTICULTURA

A fruticultura tem se consolidado como uma opção cada vez mais atrativa para os produtores que buscam diversificar suas práticas agrícolas, combinando diferentes produções como o cultivo de árvores frutíferas.

O coordenador da ATeG Fruticultura, Dorly Scariot Pavei, contextualiza o cenário do setor no estado, destacando as principais culturas comercializadas, como melancia, banana, mamão, lima ácida, tahiti e goiaba. “Mato Grosso do Sul possui um grande potencial para o crescimento da fruticultura devido ao clima e solo favoráveis para diversas culturas, além da crescente demanda interna de consumo e do grande número de propriedades rurais com potencial para diversificar sua produção através da fruticultura”, esclarece.

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O especialista também aborda algumas das barreiras enfrentadas pelos produtores rurais na área. Para superar esses desafios, os empresários do campo podem contar com ajuda técnica oferecida pelo Senar/MS, que disponibiliza diversos cursos na área de gestão do negócio. “Entre os desafios dos produtores rurais que buscam desenvolver uma nova atividade está a profissionalização do seu negócio. Ele deve investir em conhecimento, buscar mercados para comercialização de seus produtos, adotar tecnologias e, principalmente, realizar uma gestão eficaz dos recursos financeiros, humanos e materiais”.

SUINOCULTURA

A suinocultura de Mato Grosso do Sul tem registrado recordes consecutivos ano após ano. De acordo com os dados da Famasul, o número de matrizes suínas no estado era de 58 mil em 2017. No ano passado, foram registradas aproximadamente 106 mil, representando um aumento de 84%.

Neste mesmo período, a quantidade de suínos abatidos em todo o estado aumentou em 63%.

resultará no aumento do número de granjas de creche e terminação, gerando mais empregos, impostos e renda, além de movimentar as economias locais. Para complementar, neste ano de 2024, será inaugurada uma unidade de produção de sêmen suíno em Campo Grande, com capacidade para atender 120 mil matrizes por ano, tornando o estado um exportador de genética suína”, diz sobre o cenário futuro para a cadeia produtiva regional.

Stephan elenca desafios à atividade produtiva, como a falta de mão de obra qualificada e a oscilação dos preços dos insumos. No entanto, o potencial do Estado se sobressai.

O analista de ATeG do Senar/MS, Stephan Alexander da Silva Alencar, destaca que a evolução da suinocultura foi de extrema importância para o estado. Além de proporcionar mais produção, a atividade impulsionou a renda de vários produtores rurais, gerou novos empregos diretos e indiretos e movimentou a economia de muitos municípios.

“As perspectivas para a suinocultura no estado são muito boas, considerando que a Asumas (Associação Sul-Mato-Grossense de Suinocultores) estima que o número de matrizes aumentará em 49% até 2026, alcançando o número de 152 mil fêmeas. Isso

“Por outro lado, como potencial no estado, existe um grande espaço para o crescimento da suinocultura. A maioria dos produtores possui um perfil empreendedor, enxergando a atividade como um negócio. Além disso, há estímulo para a implantação de granjas tecnificadas, garantindo maior produtividade dos animais. A grande disponibilidade de grãos reduz os custos com alimentação dos animais, e a presença de uma unidade de produção de sêmen suíno permite avanços maiores no melhoramento genético da suinocultura estadual”.

AGROINDÚSTRIAS

Em Mato Grosso do Sul, empresários rurais responsáveis pelas agroindústrias demonstram o verdadeiro significado de aproveitamento. Desde a matéria-prima até o produto, assim tem sido o processamento dos empreendimentos rurais do estado, como apresenta a analista da ATeG Agroindústria, Camila Lima Rodrigues Arruda.

“As agroindústrias em Mato Grosso do Sul são marcadas por uma crescente importância econômica, uma ampla diversidade de matéria-prima e produtos comercializados. O estado vem atraindo investimentos e parcerias estratégicas para desenvolver cadeias produtivas mais integradas e diversificadas, agregando valor aos produtos locais e fortalecendo a economia regional”.

O perfil das agroindústrias, segundo Camila, é voltado para os empreendimentos de produção de lácteos, carnes processadas, alimentos congelados, produtos de panificação, conservas e alimentos prontos para consumo. Com a estruturação necessária, essas indústrias têm atendido aos mercados interno e externo.

A especialista também explana sobre um conceito cada vez mais presente nas agroindústrias do estado: a produção circular, uma nova forma de produzir, consumir e gerenciar recursos. “Ao adotar esse modelo, as empresas podem reduzir seu impacto ambiental, criando oportunidades de negócios e contribuindo para uma economia mais sustentável e resiliente. A indústria circular busca fechar o ciclo de vida dos produtos, promovendo a reutilização, reciclagem e regeneração de materiais e recursos”.

Como grande parte das agroindústrias está ligada ao produto concluído, aquele que já será consumido pela população, a segurança alimentar é uma das etapas mais primorosas no processo. Entre as medidas que podem ser adotadas para garantir a qualidade e confiabilidade das produções estão a capacitação dos colaboradores, boas práticas de fabricação, programas de autocontrole e auditorias e certificações.

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Porteira do Conhecimento conhecimento nunca é demais

Agrotecnologias exigem mais qualificação dos profissionais

Os avanços tecnológicos estão promovendo uma verdadeira revolução no campo, transformando os sistemas produtivos e o cotidiano dos trabalhadores rurais dentro das propriedades. À medida que a tecnologia ganha espaço e se torna indispensável para as operações do agronegócio, cresce a demanda por profissionais capacitados para atuar na operação, gestão e manutenção de maquinários em Mato Grosso do Sul.

As tecnologias no agronegócio integram-se à rotina dos profissionais por meio de maquinários agrícolas, métodos computacionais de alto desempenho, redes de sensores, uso de drones, computação em nuvem, tomada de decisões baseada em análises de dados, entre outras.

Segundo o último Censo Agropecuário do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 1,5 milhão de produtores rurais acessam dados por meio de dispositivos eletrônicos, um aumento de 1.900% em relação a 10 anos atrás.

Atento à crescente demanda do mercado de trabalho, o mecânico agrícola Bruno Barros Santana realizou mais de

dez cursos do Senar/MS nos últimos doze anos. O profissional trabalha como operador de máquinas agrícolas em Campo Grande e, recentemente, decidiu investir na área de silvicultura, que tem impulsionado a economia do estado.

“Conhecimento nunca é demais, e todo esse processo foi muito importante para minha formação. Adquiri muito conhecimento em manutenções preventivas e corretivas de máquinas e implementos. Agora, recebi uma proposta de trabalho por meio da indicação de um amigo para atuar na área da silvicultura. Meu plano é continuar crescendo”, relatou.

FALTA DE CAPACITAÇÃO

EM TECNOLOGIA: UM DESAFIO

A falta de profissionais capacitados para operar tecnologias, que vão desde tratores até telemetria, já é uma realidade no meio rural. O analista educacional do Senar/MS, Carlos Henrique de Paula Geraldo, esclarece que a oferta de profissionais nem sempre acompanha a demanda do mercado, o que resulta em escassez de mão de obra.

Carlos Geraldo, analista educacional do Senar/MS
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Na busca por mitigar essa dificuldade, o Senar/MS oferece diversas capacitações voltadas à operação e manutenção de tratores e maquinários agrícolas.

Carlos detalha que a instituição tem contribuído com a oferta de soluções direcionadas ao desenvolvimento de operadores de máquinas com eficiência e segurança, por meio de cursos e consultorias que proporcionam aos participantes os conhecimentos necessários para operação de equipamentos cada vez mais tecnológicos.

Nos últimos 5 anos, foram realizadas 803 turmas dos cursos de Formação Profissional Rural, com a participação de 7.510 pessoas, das quais 7.202 foram aprovadas e certificadas em todo Mato Grosso do Sul.

“Essa escassez de profissionais capacitados na operação de maquinários agrícolas preocupa os produtores rurais em muitas regiões do estado. O constante avanço da tecnologia embarcada nos maquinários exige um desenvolvimento e atualização quase que permanentes para uma operação eficiente e segura”, destacou.

Entre os cursos oferecidos pelo Senar/MS estão manutenção e operação de plantadeiras/semeadoras de grãos; operador de colheitadeira de milho; operador de colheitadeira de soja; noções de manutenção preventiva de tratores agrícolas; operador de trator com transbordo canavieiro; operador de tratores com grades agrícolas; operador de tratores com arados agrícolas; operação e manutenção de tratores com implementos.

Durante as aulas, são abordados temas ligados à ergonomia operacional, utilização de tecnologias embarcadas, apresentação dos componentes básicos, simbologia dos paineis, limpeza ideal para o equipamento, manobras com e sem implementos, tipos de plataforma no caso das colheitadeiras, sistemas de alimentação, trilha e separação, regulagens e ajustes.

“É fato que os maquinários agrícolas estão cada vez mais tecnológicos, e a capacitação dos profissionais que operam esses recursos precisa ser constantemente aprimorada, desenvolvida e atualizada, pois os prejuízos ao produtor rural em caso de incidentes são inúmeros”, afirmou.

FAMASUL CONECTA: FACILITANDO A CONEXÃO

NO MERCADO DE TRABALHO

Com o objetivo de aproximar e facilitar a comunicação entre empregado -

res e profissionais em busca de oportunidades no mercado de trabalho, a Famasul desenvolveu a plataforma Famasul Conecta. A ferramenta prioriza a praticidade e rapidez para que empregadores e trabalhadores encontrem novas oportunidades.

Na plataforma, o usuário precisa criar uma conta e, em seguida, registrar o currículo ou uma oportunidade de trabalho. O serviço é gratuito e está disponível para toda a população.

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Tendências de Mercado

Os analistas técnicos do Sistema Famasul retratam o panorama atual de produtos do agro e as tendências baseadas nos principais indicadores e propensões de mercado.

BOVINOCULTURA DE CORTE

- Os abates cresceram 23% e as exportações 10% no primeiro trimestre do ano, mas a arroba caiu 15% frente ao mesmo período de 2023. O cenário, entretanto, é promissor. Mais seis frigoríficos foram habilitados para a China, o que pode ampliar as vendas, e o estado obteve o reconhecimento nacional de livre de aftosa sem vacinação. A expectativa é pela obtenção do status internacional e a abertura de novos mercados.

SUINOCULTURA - O volume de abates cresceu 3% e chegou a 800,8 mil animais, o maior para um primeiro trimestre desde 2019. Em contrapartida, o preço caiu 8%, tanto que as exportações evoluíram 2% na quantidade, mas o faturamento foi 13% menor. A perspectiva é de aumento de produção, com maior número de animais terminados para atender às novas plantas instaladas e à demanda das unidades ampliadas.

SOJA - A estiagem e a distribuição irregular das chuvas impactaram as lavouras. Mesmo com aumento de 6,5% de área, houve redução de 19,1% na produtividade e de 13,8% na produção do estado. O panorama desafiador foi completado por uma retração de 8,51% no preço da saca, tanto que, até meados de abril, mais de 46% da safra já havia sido vendida. O volume exportado aumentou 1,90%, mas a receita caiu 22,4%.

SUCROENERGÉTICO - Assim como em 2023, 2024 apresenta uma conjuntura favorável ao setor sucroenergético, tanto que houve aumento no preço médio do ATR (7% no mensal e 4% no acumulado). O estado exportou neste início de ano US$ 768 milhões, sendo 97,01% dessa receita vinda do açúcar (US$ 745 milhões) e 2,71% do etanol etílico (US$ 20 milhões).

AVICULTURA - O preço médio de atacado para o frango abatido caiu 10% nos primeiros três meses de 2024 no estado. Também houve retração de 5% no volume exportado em relação ao mesmo intervalo do ano passado. Porém, os abates cresceram 3% de janeiro a março. A projeção é de aumento gradual da produção neste ano, com incremento de 1% no volume, mesmo percentual de alta previsto para as vendas externas.

BOVINOCULTURA DE LEITE - O preço médio do litro do leite aumentou 10% no acumulado de janeiro a março de 2024, em relação ao último trimestre de 2023. A captação cresceu 6% e permanece no patamar de 49 milhões de litros. Por outro lado, o cenário permanece desafiador. A importação de grandes volumes de lácteos afeta a competitividade do produto nacional, tanto como matéria-prima para as indústrias quanto na venda pelo comércio.

MILHO - A segunda safra de milho deve encolher no estado nesta temporada, com a redução de área de 5,4%, de produtividade 14,25% e de produção 19,23%. Com preços em abril 12,57% abaixo do mesmo período do ano passado, o produtor já havia comercializado 89% de sua produção. O volume exportado em março atingiu 7,1 mil toneladas, e o Irã foi o principal comprador, com 68,06%, seguido da China.

FLORESTAS PLANTADAS - A celulose foi o produto florestal mais exportado pelo estado no primeiro bimestre de 2024, sendo 97,9% do total. Em segundo vem o papel (1,97%) e depois a madeira (0,05%). As exportações florestais totalizaram, nesses dois meses, US$ 296,8 milhões, 29,3% a mais que no mesmo intervalo de 2023, e a China respondeu por mais da metade das aquisições.

20 • REVISTA FAMASUL • MARÇO A MAIO 2024

Dedo de Prosa

JAIME VERRUCK, TITULAR DA SEMADESC

MS SE PREPARA PARA OBTER STATUS

INTERNACIONAL DE LIVRE DE AFTOSA

EM MAIO DE 2025

Economista, mestre em Economia

Rural pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), doutor em Desenvolvimento e Planejamento Territorial pela UCM (Universidade Complutense de Madrid) e com cursos em Estratégias e Inovação pelo INSEAD/França e pela Universidade da Pensilvânia/EUA (Wharton), e ainda pelo Programa CEO FGV (Fundação Getúlio Vargas), Jaime Elias Verruck responde há 09 anos por uma das principais áreas do governo sul-mato-grossense, à pasta ligada ao desenvolvimento e aos setores produtivos.

Titular da Semadesc (Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), ele já foi diretor corporativo do Sistema Fiems, ex-professor de Economia da UCDB, ex-professor convidado da FGV, exsócio da FGV em Campo Grande e Cuiabá e ex-Diretor Regional do Senai/MS.

Nesta entrevista à Revista Famasul, ele analisa os impactos para o agro com a obtenção do reconhecimento do estado como área livre de febre aftosa sem vacinação, além de detalhar aspectos do sistema sanitário animal e projetar o futuro da atividade em Mato Grosso do Sul.

MARÇO A MAIO 2024 • REVISTA FAMASUL • 21 CRÉDITO: SEMADESC

Dedo de Prosa

O que significa o reconhecimento pelo Mapa de que o estado é área livre de aftosa sem vacinação?

Primeiro, definimos dentro do plano estratégico que teríamos de pensar em defesa sanitária e a lógica disso dentro de um conjunto de questões que temos na defesa sanitária. Ficar livre de aftosa foi uma definição do Brasil, que decidiu se posicionar no mercado mundial como um país que conseguiu erradicar a doença. Esse é um ponto crucial. Então, a partir de um plano estratégico nacional teve início o desenvolvimento de um cronograma nos estados. O Mapa [Ministério da Agricultura e Pecuária] fez toda essa avaliação. Construímos um plano estratégico e, esse projeto de eliminar a vacina do estado, passou necessariamente pela negociação direta com o produtor rural. No período em que tínhamos a vacinação foi feito um grande esforço de fiscalização para a compra de vacina, no monitoramento e na checagem de rebanho. Essas definições implicaram em uma reestruturação da nossa agência de defesa sanitária, do próprio Mapa e em grandes investimentos por parte do estado. Então, hoje chegamos ao ponto de estarmos livres da aftosa sem vacinação. É um estágio intermediário e o de mais alto risco sob o ponto de vista da defesa sanitária, porque, por

CRÉDITO: SEMADESC

O FATO DE SER LIVRE DE AFTOSA SEM VACINAÇÃO JÁ PERMITE A ABERTURA DE NOVOS MERCADOS

um lado, ainda não temos o status de área livre de aftosa e, por outro, se tem o de livre sem vacinação. É um período de monitoramento e isso está sendo feito. Na primeira fase realizamos uma checagem para ver se tínhamos o vírus no rebanho. Não temos. Isso é fundamental. A amostra que o Ministério utilizou nesse levantamento foi significativa e conseguimos concluir mais essa etapa. Agora buscamos para maio do ano que vem o reconhecimento internacional.

Por que maio?

A questão é a anualidade. À medida que vão se terminando as etapas do processo e as auditorias vão sendo feitas se avança até a avaliação da OMSA (Organização Mundial de Saúde Animal), que é anual. A previsão é que ocorra em maio.

O que deve mudar a partir de então?

Aí muda o cenário. Somente a questão de ser livre de aftosa sem vacinação já está permitindo a abertura de novos mercados. Isso é fundamental, mas, para que continue ocorrendo, implica em uma nova série de monitoramentos. Em maio iniciamos o uso do APP transportador para 100% do rebanho. No nosso sistema de monitoramento uma preocupação grande é a fronteira. Por isso, temos que fortalecer o trabalho nesta região com o uso de tecnologias,

para assegurar que no ano que vem não se tenha nenhum retrocesso do ponto de vista do cronograma.

Como esse processo já reflete para quem está na ponta da cadeia, produzindo?

Primeiro, já temos uma situação de curto prazo, porque o produtor vai economizar por não mais vacinar. E ele está mudando o seu sistema de manejo, pois antes ele concentrava seu trabalho com o gado durante a vacinação contra a aftosa. Era um período em que ele tinha 100% do rebanho e aproveitava isso para pesar, checar a condição dos animais e aplicar outras vacinas. Sem esse calendário pré-definido ele está se reprogramando.

Outras cadeias de proteínas podem se beneficiar desse novo status do estado?

Em Mato Grosso do Sul não podemos olhar somente a questão dos bovinos. Obtendo o status internacional a cadeia da suinocultura vai obter também ganhos substanciais. Vai chegar a novos mercados, atingindo compradores que pagam melhor. Então vamos ter um reposicionamento da bovinocultura e da suinocultura sul-mato-grossense. Por isso, a nossa meta é a execução dos investimentos previstos no plano

22 • REVISTA FAMASUL • MARÇO A MAIO 2024

estadual para que, em 2025, o estado conquiste o reconhecimento internacional de área livre de aftosa sem ter a designação “sem vacinação”.

E o estado tem aperfeiçoado seus mecanismos de monitoramento?

Sempre recebemos relatórios da auditoria de cada etapa do processo para obter o status. O processo tem andado muito bem em todas as suas fases, mas sempre são apontados pontos de melhoria. Por isso, continuamos a investir. Uma das coisas que estamos fazendo é um novo concurso para a Iagro [Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal], para fazer a complementação do certame anterior, em que muitos profissionais que passaram não assumiram e outros não foram aprovados. O objetivo é fortalecer a defesa sanitária estadual com mão de obra qualificada, infraestrutura e tecnologia. Os investimentos estão ocorrendo para isso.

E quais os próximos desse caminho? O próximo passo de tudo isso é a questão da rastreabilidade. Por mais que não seja um ponto crucial para a obtenção do status, ela está sendo exigida para uma série de outras questões de mercado. O governo federal está discutindo o assunto e o governo do estado também. Já abrimos, inclusive, um debate com a Famasul sobre qual o tipo e como vamos fazer. Por mais que não seja fundamental, isso facilitaria ainda mais nosso processo de reconhecimento. Então, a rastreabilidade vai chegar sim para 100% do nosso rebanho. Não existe dúvida sobre isso. O que se discute é se vai ser 100% individualizado - o próprio Mapa debate isso - ou se serão utilizados outros mecanismos, mais ou menos como fazemos hoje, por lote, por estrutura.

Além da sanidade, essa rastreabilidade vai ter outros aspectos atrelados?

Além de sinalizar a questão sanitária, a rastreabilidade do rebanho estará vinculada à preservação ambiental, ao não desmatamento. A União Europeia, por exemplo, tem 1.300 propriedades habilitadas no Brasil para fornecer animais para o abate destinados ao bloco econômico. Esse mesmo conjunto vai precisar provar que esses animais não vêm de

áreas que foram desmatadas após 2020. Não é somente uma condição sanitária, mas também haverá uma questão ambiental envolvida nisso.

Já foi calculado todo o investimento feito para que o estado atingisse o status atual em relação à aftosa?

Não. Ocorreram vários investimentos. Toda a frota foi trocada, foi feita a qualificação das pessoas, melhorada a estrutura e implementadas novas tecnologias. O governo faz por conjunto. Entretanto, ainda temos um desafio que precisa ser cumprido, que é o fundo privado em defesa agropecuária de MS, que é gerenciado pela Famasul. Precisamos aumentar o volume de recursos privados, para o caso de ocorrer uma emergência sanitária. Então, o desafio que temos a curto prazo é continuar alimentando os recursos desse fundo de defesa, que é privado.

O produtor sul-mato-grossense está cada vez mais conscientizado sobre a importância da sanidade para o rebanho?

Sim, o modelo já mostrou isso. Para o produtor a questão da aftosa é coisa do passado. Ele passou pelo período de transição preocupado em tirar a vacina e ter alguma coisa no rebanho, mas vimos esse ano, pelo alto percentual dos criadores que fizeram a atualização dos dados, cerca de 98%, uma demonstração

da consciência do produtor. Então, hoje, na cabeça dele está muito clara a ideia de ele não querer mais voltar a vacinar e que, para isso, tem de fazer o manejo adequado dos seus animais.

O monitoramento sanitário tem na questão do transporte um aspecto muito importante. Quais as ferramentas estão sendo utilizadas?

Na verdade, o instrumento clássico que nós temos é a GTA [Guia de Transporte Animal]. Ela não é a nota fiscal, mas está vinculada a esse documento. Além disso, hoje temos um sistema de inteligência vinculado ao trânsito animal no estado. Nós conhecemos 100% dos fluxos baseados na GTA e criamos um aplicativo de transporte, usado por produtores e transportadores, que faz um check-out das informações da guia. O caminhão que faz o transporte, usa esse aplicativo. Ele é cadastrado e é monitorado pelo sistema de câmeras das rodovias. Então, temos condições de saber exatamente qual a movimentação que ocorre no estado. Ao mesmo tempo, um sistema de inteligência artificial vai criando rotas padronizadas para esse transporte e, toda vez que ocorre uma alteração no trajeto em relação a essas rotas, o sistema avisa a fiscalização para abordar esse caminhão. Temos então o contrafluxo e os padrões de funcionamento. Esse conjunto de ferramentas, o APP, o sistema de monitoramento insta-

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CRÉDITO: ÁLVARO REZENDE

Dedo de Prosa ”

“A CONQUISTA DO STATUS MELHORA O CONJUNTO DE MERCADO E REPADRONIZA O CENÁRIO. QUANDO CONQUISTARMOS

O STATUS, COM CERTEZA VAMOS RECEBER INVESTIMENTOS DE OUTROS PAÍSES”

lado na sala de situação, consegue fazer um monitoramento muito preciso, inclusive, baseado no estado. Hoje, não tem como alguém emitir uma GTA para um animal que ele não possui. Porque o sistema já confere com o estoque. Na propriedade é a mesma coisa. O que queremos fazer agora é um estoque automático. Igual como ocorre com o imposto de renda, quando ele transferir, vai estar pré-preenchida, por essa movimentação, os dados do estado. Essa é a próxima fase: o estoque pré-preenchido com a movimentação do produtor. É uma ferramenta para o próximo ano, porque estamos ajustando o sistema para que ele possibilite aumentar a idade dos animais de modo a acompanhar a evolução do rebanho do produtor.

Você citou antes a preocupação com as fronteiras. Existe um cuidado redobrado em relação a elas?

Hoje temos um acordo com o Paraguai, entre a nossa Iagro e a Senacsa (Serviço Nacional de Qualidade e Saúde Animal). É uma parceria permanente. Qualquer animal estranho que eles identifiquem lá, imediatamente comunicam a nossa agência sanitária. O país, inclusive, adotou o nosso APP transportador. Desse modo, se

tem agora um recurso fundamental, que é informação. O Paraguai sabe exatamente quantos e quais são os produtores de lá e nós os daqui. Qualquer movimentação suspeita é comunicada aos órgãos sanitários e de segurança para que possamos agir. Pela primeira vez existe uma ação conjunta entre os dois países. Com a Bolívia não temos essa mesma interação, mas o país tem pontos de entrada mais restritos. Então, com a Bolívia temos uma fiscalização permanente e com o Paraguai, com quem temos uma extensa fronteira, temos informação e monitoramento com as câmeras de segurança.

Investimentos anunciados de ampliação da capacidade de indústrias frigoríficas do estado já visam atender esses mercados que serão abertos com o novo status?

Isso também vai facilitar o acesso aos mercados. A China, por exemplo, anunciou na semana passada que não vai vetar a carne do animal produzido em áreas de desmatamento, mas, sim, vai remunerar melhor o que vem de áreas não desmatadas. É o “boi China sustentável”, como está sendo chamado, mas demanda rastreabilidade. A conquista do status melho-

ra o conjunto de mercado e repadroniza o cenário. Isso é importante. Na área de suinocultura, por exemplo, 70% das exportações do país são de Santa Catarina, porque é o único que tem esse reconhecimento. Quando conquistarmos o status, com certeza vamos receber investimentos dessa cadeia vindos de outros países, como o Japão.

E qual o futuro da pecuária sul-mato-grossense?

Para nós é muito clara, inclusive os próprios programas do estado indicam isso, a intensificação. Não há outra forma. Quando se fala disso, se remete ao confinamento, mas ele é apenas parte desse processo. A tendência dos grandes frigoríficos é ampliar suas bases de confinamento próprio, para assegurar uma regularidade de fornecimento. Do outro lado, o dos criadores, tem de ter reforma de pastagens, ampliação do uso de irrigação nessas áreas, integração de sistemas produtivos, como ILP [Integração Lavoura Pecuária] e ILPF [Integração Lavoura Pecuária Floresta], intensificação também na genética, para fazer o encurtamento do ciclo, e ainda recursos para o produtor utilizar essas ferramentas.

24 • REVISTA FAMASUL • MARÇO A MAIO 2024

agrotur

Senar/MS

Assistência Técnica e Gerencial agrotur

Eauxilia no desenvolvimento do turismo rural

Senar/MS auxilia no desenvolvimento do turismo rural

m Mato Grosso do Sul, não faltam lugares para desfrutar de momentos únicos com a família e os amigos, seja para se refrescar em rios de águas cristalinas, saborear uma refeição feita no fogão à lenha, navegar pelo rio Paraguai ou contemplar belas paisagens no Pantanal. Com a assistência do Senar/MS, os produtores rurais estão cada vez mais desenvolvendo a cadeia produtiva do agroturismo, ajudando a impulsionar a economia, diversificar as atividades nas propriedades e atrair visitantes em busca de aventura.

Um exemplo dessa atuação é o produtor rural Dalton de Lucca Peres, que adquiriu uma propriedade no município de Bandeirantes visando investir na fabricação de queijos. No entanto, há pouco mais de dois anos, ele se surpreendeu ao encontrar cavernas na fazenda. Desde então, seu sonho foi abrir as portas para turistas e incentivar o agroturismo na região norte do estado.

ram popularidade e começamos a inovar, produzindo também tranças de búfala e queijos artesanais servidos como aperitivos. Após um período no ramo de laticínios, começamos a explorar a propriedade e encontramos duas cavernas. A partir daí, decidimos investir no turismo”, explicou. Com o desejo de explorar novas oportunidades, Dalton criou uma rota turística em Bandeirantes e transformou sua propriedade em uma opção de lazer para moradores de todo o estado. Ele planeja abrir as portas para que os visitantes possam conhecer as belezas da fazenda e degustar os queijos.

“Meu objetivo agora é montar um café no estábulo, onde os turistas possam visitar as cavernas, saborear laticínios produzidos por nós e ainda ver os animais neste ambiente. Precisamos fazer algumas adaptações, mas planejamos construir decks e banheiros para que os visitantes também possam tomar banho de rio. Aqui, temos represas, peixes e pomares”, detalhou.

Formado em engenharia mecânica, Dalton, que antes era criador de touros nelore, ao lado da esposa Sandra Medeiros Peres, passou a se dedicar à produção de leite para fabricar queijos artesanais, em uma área total de 71 hectares.

“Começamos com uma produção de 30 litros de leite, mas já chegamos a 1,2 mil litros. Nossos queijos tipo muçarela ganha-

A ideia é que seja possível colher frutas, avistar animais, adquirir conhecimentos agropecuários e experimentar a gastronomia rural, tudo isso durante os passeios pela propriedade. No futuro, outra vantagem do agroturismo será a comercialização dos produtos fabricados na fazenda, sem custos de distribuição.

26 • REVISTA FAMASUL • MARÇO A MAIO 2024
Dorly Scariot, coordenador do ATeG Agroturismo

Dalton observa que a região norte, especialmente Bandeirantes, carece de atrações turísticas. “Acredito no potencial da região norte e nossa propriedade está sendo uma das primeiras. Os viajantes terão mais uma opção de parada e Bandeirantes será vista como um destino de lazer, com suas belezas naturais a serem exploradas”.

ATEG AGROTURISMO

Para tornar o sonho uma realidade, Dalton conta com a ATeG (Assistência Técnica e Gerencial) em Agroturismo do Senar/MS para desenvolver um projeto que visa incluir a fazenda na rota turística do estado.

“Conhecemos o Senar e recebemos orientações sobre o que poderíamos fazer. Sem eles, já teríamos desistido, pois são muitos detalhes e, às vezes, bate o desespero. Além dos consultores acreditarem em nosso sonho, eles nos fazem acreditar que é possível”.

O coordenador do ATeG Agroturismo, Dorly Scariot, explica que o programa é voltado para produtores rurais interessados em alavancar suas propriedades e desenvolver atividades turísticas. A consultoria abrange aspectos técnicos e gerenciais, proporcionando uma visão completa do processo para que a atividade turística gere mais recursos.

“O Sistema Famasul, por meio do Senar/MS, atua para desenvolver o agroturismo em Mato Grosso do Sul, especialmente em regiões onde essas atividades ainda não são tão exploradas. Com a ATeG, é possível explorar as oportunidades de agregar mais valor à propriedade

por meio do agroturismo. É essencial que o produtor que deseja se destacar neste setor busque conhecimento para identificar os pontos que podem ser desenvolvidos dentro de seu negócio”.

Ele destaca que a consultoria teve início em 2022 e, desde então, mais de 60 propriedades rurais já foram atendidas. “Embora nem todas estejam operando com turismo, a maioria está em processo de organização e estruturação para receber visitantes”.

NOVAS ALTERNATIVAS DE TURISMO

Águas cristalinas, cachoeiras deslumbrantes, morros e contato direto com a fauna e flora do Mato Grosso do Sul. Dorly ressalta que o estado possui diversas belezas naturais e locais a serem explorados.

“Nosso estado possui um enorme potencial para impulsionar o turismo, pois há belezas naturais em todo seu território, como cachoeiras, trilhas, parques e rios, além das unidades produtivas nas propriedades rurais que podem ser exploradas”.

O especialista aponta que o turismo em áreas rurais é um segmento em crescimento, com oportunidades interessantes de desenvolvimento, uma vez que os viajantes buscam cada vez mais um contato direto com a natureza.

“Temos oportunidades que vão desde o turismo de aventura, de observação, gastronômico até o turismo agrícola com a possibilidade de integrar a cadeia de contemplação dentro dos processos de produção que existem dentro da propriedade. As possibilidades são diversas e o estado tem muito a ser explorado”.

MARÇO A MAIO 2024 • REVISTA FAMASUL • 27

Projetos Especiais

OAGRO EXPLICA

EXPLICA

Famasul inova na comunicação e mostra a presença do agro em tudo

Famasul inova na comunicação e mostra a presença do agro em tudo

Sistema Famasul apresentou este ano o “Agro Explica”, um projeto inovador com o objetivo de expandir a comunicação do agronegócio além de seu público tradicional. A iniciativa visa demonstrar como o setor está profundamente integrado a todos os aspectos da vida cotidiana, incluindo áreas aparentemente distantes como o automobilismo.

“Percebemos que o agro conversa muito com quem é do setor, e sentimos a necessidade de sair um pouco da bolha e falar com as pessoas que não fazem parte desse público, que, por isso, não têm muito claramente os conceitos sobre o agro, a importância do setor e de como ele está envolvido em tudo”, explica Camilla Jovê, coordenadora de comunicação da entidade.

O “Agro Explica” é um projeto interativo e dinâmico, que utiliza uma linguagem simples e direta para alcançar públicos de diferentes perfis em diversos tipos de eventos. A ideia é justamente aproveitar essa diversidade para evidenciar a correlação do agronegócio com todos os aspectos da vida.

O primeiro evento a receber o projeto foi a Copa Truck, uma competição esportiva de automobilismo realizada no Autódromo Internacional de Campo Grande, em março deste ano. Durante as provas, a equipe do Sistema Famasul interagiu com o público de forma envolvente. De início, perguntaram aos presentes como eles imaginavam que o agro estaria presente no local.

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Anahi Gurgel, gerente de comunicação, marketing e eventos da Famasul

Em seguida, demonstraram de maneira prática essa conexão, explicando que os caminhões da competição são modelos semelhantes aos utilizados no transporte de produtos agropecuários. Além disso, destacaram que insumos como o biodiesel e componentes dos veículos, como os pneus, são produzidos a partir de matérias-primas agropecuárias, como a soja e o látex das seringueiras.

Em abril, o projeto foi aplicado na Expogrande (Exposição Agropecuária e Industrial de Campo Grande). Desta vez, o foco foi demonstrar de modo lúdico às crianças a origem do leite que elas consomem, destacando que o produto não vem das prateleiras do mercado. A equipe técnica da instituição montou uma fazendinha com uma vaca e produziu um vídeo explicativo.

Camilla Jovê reforça a importância e o sucesso já alcançado pela iniciativa. “Queremos mostrar que tudo relacionado à nossa vida está envolvido com o agro de alguma maneira. É fundamental que as pessoas compreendam essa conexão e valorizem a contribuição do setor para a sociedade.”

Nos próximos meses, a entidade planeja levar o projeto para diversos outros eventos em Campo Grande e no interior do estado, abordando outros setores, como os de produtos cosméticos e gastronomia.

“São ações desencadeadas de forma integrada entre todos os setores da instituição, desde comunicação, marketing e eventos, até as áreas administrativa, técnica e educacional. O objetivo é continuar demonstrando de forma didática e cativante a presença essencial do agronegócio em todos os segmentos da sociedade, destacando sua importância e abrangência na vida cotidiana”, detalha a gerente da Unicom (Unidade de Comunicação, Marketing e Eventos), Anahi Gurgel.

A expectativa é que a iniciativa se torne uma ferramenta poderosa de conscientização, ajudando a desmistificar o agronegócio. “Com isso, o Sistema Famasul espera não apenas fortalecer a imagem do setor, mas também educar e engajar a população sobre a importância do agronegócio para a economia e a sustentabilidade”, afirma.

MARÇO A MAIO 2024 • REVISTA FAMASUL • 29

Agro Agenda

Décio Godoy assume presidência do SR de Caracol

Em março, Décio Godoy assumiu a presidência do Sindicato Rural de Caracol. Ele é produtor rural, foi um dos fundadores da entidade e é filho de outro ex-presidente, Ramão Jesus Godoy. No cargo, substitui Fernando Ortiz, que recebeu do presidente do Sistema Famasul, Marcelo Bertoni, durante a solenidade de posse, uma placa em homenagem aos anos dedicados à instituição.

“Eu e toda a diretoria agradecemos a confiança que nos foi dada e por terem vindo prestigiar este momento muito importante. Meu principal objetivo à frente do sindicato rural é consolidar a união dos produtores rurais de Caracol”, afirmou o novo presidente.

O presidente do Sistema Famasul destacou durante o evento a importância do movimento sindical para o produtor rural. “Agradeço ao Décio por aceitar esse desafio de liderar o sindicato e ao Fernando pelo tempo dedicado à instituição. Às vezes o produtor não sabe todo o trabalho que a Federação e o sindicato enfrentam, então temos sempre que lembrar de tudo o que fazemos no município, no estado e mesmo em Brasília, sempre defen-

dendo o interesse do produtor.”

No triênio 2024/2027, a diretoria presidida por Décio terá como vice Getúlio Cardoso.

Também prestigiaram a posse o vice-prefeito de Caracol, Oséias Ferreira Forte; o chefe local da Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal), Fábio Nantes; e o técnico de campo em Bovinocultura de Corte do Senar/MS, Juliano Cafure, que atende a região.

CARACOL

Agro Agenda

SR de Inocência se prepara para abrir quarta turma do

Despertando

O Sindicato Rural de Inocência está se preparando para abrir a quarta turma do programa Despertando, uma iniciativa do Senar/MS que visa oferecer alfabetização e letramento à população rural adulta. Segundo o presidente da instituição, Osmar Garcia Pereira, os resultados obtidos com essa parceria até o momento superaram as expectativas, motivando a abertura de novas turmas.

A primeira turma, conforme ele, foi promovida no distrito de São Pedro e já foi encerrada. Uma segunda está recebendo as aulas na sede do sindicato e uma terceira também no distrito. Em todas, o público tinha um perfil semelhante: pessoas idosas, que não tiveram, em outras fases da vida, a oportunidade de estudar, mas que tinham muita vontade de aprender.

“O programa é nota dez, tanto que muitos participantes já manifestaram a vontade de continuar estudando”, apontou. A projeção, de acordo com o

dirigente, é que, até o encerramento das atividades da terceira turma, no dia 06 de junho, a quarta turma já esteja programada para começar as aulas.

INOCÊNCIA

Deodápolis: Técnica do Senar/MS e produtor atendido pelo ATeG recebem prêmio nacional

O produtor rural Eduardo Moreira da Silva, de Deodápolis, e a técnica de campo do Senar/MS, Fabiana de Brito, que o orienta por meio da ATeG, foram premiados na última edição do “Prêmio ATeG Gestão, Resultado que Alimenta”, na categoria Olericultura.

A premiação, oferecida pela Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil, foi entregue em Brasília, durante a programação do Prêmio CNA Agro Brasil. Eduardo recebeu equipamentos para melhorar ainda mais sua capacidade produtiva e Fabiana, um notebook.

Eduardo é proprietário de um sítio e buscou o Senar/MS e o Sindicato Rural de Deodápolis para conseguir ampliar a renda familiar com a produção de hortaliças, além de realizar o sonho de sua esposa, Andréia, de produzir morangos. Iniciaram a produção com 3,5 mil mudas e uma estufa construída com materiais disponíveis na propriedade, no sistema semi-hidropônico.

Com as orientações do Senar/MS, por meio de Fabiana, os morangos se tornaram o carro-chefe

da propriedade, proporcionando mais qualidade de vida, e possibilitando a compra de equipamentos, a construção de uma nova estufa, troca de carro e implantação de sistema fotovoltaico de geração de energia elétrica.

A família planeja aumentar a produção da fruta e até mesmo implantar um projeto de turismo rural, focado na experiência do visitante com a atividade agrícola, no modelo colha e pague.

Transformando ativ idade produtiva em negócio

Confira o Transformando Vidas Mulheres em Campo

DEODÁPOLIS
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Chapadão do Sul: Senar/MS e Sindicato Rural entregam 880 certificados de cursos

Alunos dos cursos de Formação Profissional Rural (FPR) e Promoção Social (PS) oferecidos em parceria entre o Sindicato Rural de Chapadão do Sul e o Senar/MS receberam em abril os certificados das capacitações.

O presidente do sindicato, Walter Schlatter, agradeceu ao Sistema Famasul por levar capacitação a homens e mulheres do campo da região. Schlatter ainda falou sobre a reforma de três salas de aula dentro da sede do sindicato.

“Essas salas vão melhorar o ensino a todos nossos alunos. Para 2024 temos uma previsão de realizar com o Senar/MS mais de 300 cursos que serão disponibilizados de graça”, destacou.

“O Senar/MS e o sindicato tem uma importância muito grande em nosso município. Temos muitas parcerias que não vão parar”, pontuou o prefeito de Chapadão do Sul, João Carlos Krug.

O superintendente do Senar/MS, Lucas Galvan, prestigiou a entrega dos certificados. “Gostaria

de parabenizar todos os alunos, porque a força do trabalho no campo começa pelo conhecimento. Esse certificado fará muita diferença na vida de todos vocês. Quero também reforçar o trabalho do sindicato rural que, junto ao Senar, oferece essa oportunidade”. No total, foram entregues 880 certificados.

CHAPADÃO DO SUL

Famasul em Ação

Presidente Marcelo Bertoni e sua mãe, Maria Túlia Bertoni, em homenagem ao dia das mulheres em sessão na ALEMS

Visita de Bertoni ao comandante do Comando Militar do Oeste, General Baganha

Presidente do Sistema Famasul, Marcelo Bertoni, durante abertura da 84ª Expogrande

Famasul alinha com Governo do Estado e Ministério da Agricultura para ajudar produtores rurais

Apresentação da Agenda Legislativa do Agro CNA em Brasília

Lançamento da Campanha ‘Fogo Zero’ entre Reflore/MS e Sistema Famasul, na Casa Rural

Presidente Marcelo Bertoni durante jantar da conferência global da Nuffield, em Campo Grande

Bertoni e Rudy Ferraz com Mário Borba, em visita ao Sistema Faepa, em João Pessoa

Diretoria da Famasul em agenda com sup. do Banco do Brasil, Omar Vasconcelos

Campanha “Movido pelo Agro”, realizada pela Famasul em parceria com a Biosul, lançada na sede da Casa Rural

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Superintendente do Senar/MS, Lucas Galvan, e as irmãs Maria e Marlucia Alves durante a Tecnofam 2024

Bertoni em sessão na Câmara dos Deputados voltado ao Dia Mundial da Agricultura

Agenda na Casa Rural com membros do Sicredi

Marcelo Bertoni em homenagem no CMO durante Dia do Exército

Dia da Mulher: entrega de kits de higiene pessoal arrecadados por colaboradoras do Sistema Famasul

Reunião com prefeita de Campo Grande para agradecer negociação que resultou a redução do ITR

Presidente do Sistema Famasul foi homenageado nos 50 anos da Embrapa em sessão na ALEMS

Posse no MPMS: Marcelo Bertoni com novo procurador-geral de justiça, Romão Ávila Milhan Junior

Marcelo Bertoni lidera missão comercial no Canadá para levar produtos brasileiros ao mercado exterior

Formatura da primeira turma do programa ‘Despertando’ no CEBC em Campo Grande

MARÇO A MAIO 2024 • REVISTA FAMASUL • 37

Agro Doc

UM POUCO DA NOSSA HISTÓRIA...

Meus pais são descendentes de origem alemã, nascidos em Montenegro (RS). Tinham pouco estudo, sabiam ler e escrever pouco, e a língua que predominava na família era o alemão.

Em 20 de janeiro de 1971, chegávamos no então Mato Grosso, em Campo Grande.Meu pai e mais 6 amigos compraram terras onde hoje é São Gabriel do Oeste (MS), em busca de um novo sonho.

Trabalhar a terra não era tarefa fácil com as condições da época, mas conseguimos. Primeiro foi o plantio de arroz e no ano seguinte soja, que até hoje é cultivada.

Na colheita, as pessoas dos arredores vinham ver como se fazia, pois nunca haviam visto colheitadeira e lavouras dessa magnitude,já que ali só se criava gado.

OS PRODUTORES PRECISAM

Ottilio Rohr. Era nosso pai! Nisso, o policial do antigo GOF (Grupo de Operação de Fronteira) disse que desconfiou da movimentação e abordou os bandidos em Ponta Porã. Foi então que contou a situação e pediu que meu irmão fosse imediatamente para a fazenda, pois tudo indicava ter havido uma chacina. Foram os piores momentos de nossas vidas, pois estávamos em Campo Grande sem qualquer notícia. Em menos de meia hora, meus irmãos chegaram na fazenda e todos estavam bem. Nunca vou me esquecer do meu pai dizendo: “tiraram 5 anos de minha vida”.

SE SENTIR SEGUROS EM

SUAS PROPRIEDADES, SUAS

CASAS, DE ONDE TIRAM SEU

SUSTENTO E ALIMENTAM O MUNDO

Em 1992, às 17h, em um final de tarde tranquilo, meus pais estavam na varanda; chegaram em torno de 9 homens fortemente armados e outros que estavam por trás, dando apoio. Alguns com colete da polícia civil, dizendo terem recebido denúncia de que na fazenda havia carro roubado. Meu pai, na maior humildade, disse nunca ter roubado nada e que todos os carros eram comprados na concessionária.

Então o suposto policial pediu para ver os documentos e acompanhou minha mãe até o quarto, onde anunciou que era um assalto e que levariam os carros. Voltando para a varanda ela disse em alemão para meu pai que ficasse calmo, pois eram ladrões. Meu pai tentou reagir e eles o algema ram. Por um bom tempo ele falava que foi uma humilhação muito grande, pois ele era honesto, íntegro, trabalhador, e foi algemado dentro da sua própria casa.

Era época de plantio, com muitos colaboradores na fa zenda, e todos foram amarrados e trancados na casa. A tor tura psicológica só aumentava. Os comparsas saíram com 3 camionetes e os outros ficaram na fazenda com os reféns. Ficaram fazendo arruaça e rondando a casa até 2:30h, para dar tempo dos outros atravessarem a fronteira.

Por volta de 3:30, meu irmão, que morava na cidade, re cebeu a ligação de um policial que o procurou pelo sobre nome na lista telefônica, perguntando se conhecia Aloysio

O coronel Adib foi quem fez o atendimento. Ele via nos meus pais pessoas simples, batalhadoras, com as mãos calejadas. Fez tudo por eles. Essas lembranças não são boas, mas aconteceram. A segurança no campo precisa existir, pois não temos como pedir socorro em um lugar distante, sem vizinhos por perto.

Sempre que vejo o presidente do Sistema Famasul, Marcelo Bertoni, falando da importância do trabalho das polícias, a exemplo da Deleagro e da Patrulha Rural, enfatizando a segurança no campo, percebo as grandes mudanças para o homem e a mulher das áreas rurais. Evoluímos muito.

Temos muitas histórias lindas, mas pensei nessa por ser um tema muito importante; os produtores precisam se sentir seguros em suas propriedades, suas casas, de onde tiram seu sustento e alimentam o mundo.

38 • REVISTA FAMASUL • MARÇO A MAIO 2024

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