Revista Famasul - Edição 9

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APÓS

30 ANOS

ACORDO PÕE FIM

A DISPUTAS EM ANTÔNIO JOÃO

 SuperAção Pantanal: Programa lidera recuperação de fazendas atingidas por incêndios

 SuperAção Pantanal: Programa lidera recuperação de fazendas atingidas por incêndios

 João Carlos Parkinson: Ministro do Itamaraty fala da Rota Bioceânica e logística de MS

 João Carlos Parkinson: Ministro do Itamaraty fala da Rota Bioceânica e logística de MS

CAROS LEITORES

MARCELO BERTONI

ÉUM HORIZONTE DE NOVAS OPORTUNIDADES SE DESENHA PARA O PRÓXIMO ANO, ESPECIALMENTE COM A IMPLANTAÇÃO DA ROTA BIOCEÂNICA

com um misto de reflexão e esperança que encerro 2024. Um ano desafiador para o agronegócio de Mato Grosso do Sul, onde a agricultura e a pecuária sofreram com as dificuldades climáticas, a escassez de chuvas e as secas prolongadas, que afetaram diretamente nossa safra e produção. Além disso, enfrentamos um cenário de incêndios florestais devastadores, principalmente no Pantanal, que trouxeram prejuízos não apenas materiais, mas também emocionais para nossas propriedades rurais. No entanto, em meio às adversidades, o espírito de resistência e união do produtor rural de Mato Grosso do Sul se manteve firme.

Enfrentamos juntos momentos de grande tensão, como o debate acirrado sobre a questão fundiária, com mais de 60 horas de discussões no Supremo Tribunal Federal. Mas também conquistamos importantes vitórias. A Famasul se fortaleceu como protagonista na defesa dos interesses do setor, e conseguimos, como exemplo, celebrar o primeiro acordo fundiário do Brasil, em Antônio João (MS), um marco histórico que representa a perseverança de uma família que, por quase 30 anos, lutou para proteger suas terras.

Além disso, nossa atuação diante da crise do Pantanal foi determinante. A Famasul articulou diversas parcerias, como a realizada com o Governo do Estado, para oferecer crédito e suporte aos produtores afetados pelos incêndios. A campanha SuperAção Pantanal foi um exemplo claro de como a união de esforços pode, de fato, fazer a diferença em momentos de crise.

Nesta última edição da Revista Famasul de 2024, você, caro leitor, poderá se aprofundar nestes temas já mencionados.

Sabemos que, no campo, os desafios não cessam. Mas o que temos de mais valioso é a nossa capacidade de nos unir e lutar pela causa do agro. O nosso trabalho continua e, em 2025, seguiremos firmes, com a certeza de que, com trabalho e determinação, a superação será uma constante em nossa trajetória.

” Editorial

Um horizonte de novas oportunidades se desenha para o próximo ano, especialmente com a implementação da Rota Bioceânica. Este projeto representa um marco para o desenvolvimento do nosso Estado e trará impactos positivos diretos para o agronegócio, pois fortalecerá nossa infraestrutura e abrirá novas possibilidades comerciais.

Que o novo ano traga ainda mais conquistas para o nosso setor, mais prosperidade e mais vitórias para o agronegócio. E que, em cada um de nós, o sentimento de coletividade continue a ser o motor da mudança.

Feliz 2025!

Sumário/

Sumário/

28

Projetos Especiais

Presidente: Marcelo Bertoni

Vice-Presidente: Mauricio Koji Saito

Diretor-Secretário: Fábio Caminha

Diretor Tesoureiro: Frederico Borges Stella

2º Secretário: Fábio Olegário Caminha

3º Secretário: Massao Ohata

2º Tesoureiro: André Cardinal Quintino

3ª Tesoureira: Stéphanie Ferreira Vicente

CONSELHO DE VICE-PRESIDENTES

Antônio de Moraes Ribeiro Neto - Antonio Silvério de Souza - Dario Antonio Gomes Silva - Manoel Agripino Cecílio de Lima - Luciano Aguilar Rodrigues Leite - Leandro Mello Acioly - Rodrigo Ângelo Lorenzetti - Alexandre de Paula Junqueira Netto - Roberto Gonçalves de Andrade Filho

Programa capacita novas lideranças para transformar o agro de MS

Programa capacita novas lideranças para transformar o agro de MS

Agronews

5 - MS tem 14 cidades entre as mais ricas do agro brasileiro

Inova Agro

6 - MS ganha polo de irrigação com mais de 80 mil hectares

8 - Programa Senar/MS ‘conecta’ jovens ao mercado de trabalho

Meio Ambiente

9 - Famasul lidera recuperação de fazendas atingidas por incêndios

Roda de Tereré

12 - Acordo põe fim a décadas de conflitos e disputas judiciais

Mercado

15 - Piscicultura de MS se transforma em uma das maiores do país

Dedo de Prosa

João Carlos Parkinson: Logística colaborativa para a Rota Bioceânica

Porteira do Conhecimento

18 - Curso de robótica: diversão e conhecimento para crianças e jovens

Tendências de mercado

20 - Tendências dos principais produtos agropecuários

Assistência Técnica e Gerencial

26 - Horta da esperança: Ressocialização e solidariedade no sistema prisional

30 Agro Agenda

36 Famasul em Ação

38 Agro Doc

MEMBROS SUPLENTES DA DIRETORIA

Paulo Renato Stefanello - Yoshihiro Hakamada - Alessandro Oliva Coelho - Hilies de OliveiraBedson Bezerra de Oliveira - Lucicleiton Cirino da Rocha - Durval Ferreira Filho - Vilson Mateus Brusamarello - Valter Dala Valle - Herminio Pitão - Severino José da Fonseca - Antonio Gisuatto - Edson Bastos - Florindo Cavalli NetoRomeu Barbosa de Souza - Hudson Amorim de Oliveira - Janes Bernardino Honório Lyrio

MEMBROS DO CONSELHO FISCAL

Efetivos: Jefferson Doretto de SouzaHenrique Mitsuo Vargas Ezoe - Telma Menezes de Araújo - Suplentes: Jesus Cleto TavaresDeny Meirelles Nociti - Fábio Carvalho Macedo

MEMBROS DO CONSELHO DE REPRESENTANTES (CNA)

Efetivo: Marcelo Bertoni - Mauricio Koji Saito - Suplentes: José Vanil de Oliveira GuerraAntonio Ferreira dos Reis

SENAR/MS - Administração Regional do Estado de Mato Grosso do Sul - Conselho Administrativo - Dirigente: Marcelo Bertoni | Membros titulares: José Pereira da Silva | Marcio Margatto Nunes | Valdinir Nobre de Oliveira | Daniel Kluppel Carrara | Suplentes: Mauricio Koji Saito | Janes Bernardino Honório Lyrio | Thaís Carbonaro Faleiros Zenatti | Maria Helena dos Santos Dourado Neves | Luciano Muzzi Mendes | Conselho Fiscal: Paulo César Bózoli | João Batista da Silva | José Martins da Silva | Suplentes: Rafael Nunes Gratão | Moacir Reis | Orélio Maciel Gonçalves | Superintendência: Lucas Duriguetto Galvan REVISTA FAMASUL

Coordenação de Comunicação: Camilla Jovê | Coordenação de Marketing: Flávio Gutierrez | Coordenação de Eventos: Larissa Siufi | Equipe de Comunicação: Ana Palma | Michael Franco | Michelle Machado | Suelem Fonseca | Pâmela Machado | João Carlos Castro Estagiários: Júlia Nogueira | João Lucas Ribeiro Artes: Eduardo Medeiros | Loren Cruz | Rodrigo Scalabrini

Redação, revisão, projeto gráfico, edição e diagramação: A2L Comunicação | Fotos da edição: Assessoria de Comunicação do Sistema Famasul | Foto da capa: João Carlos Castro

Casa Rural: Sede da Famasul e do Senar/MS

Rua Marcino dos Santos, 401 - Cachoeira IICampo Grande/MS

Famasul - Tel.: (67) 3320-9700

Site: portal.sistemafamasul.com.br

Senar/MS - Tel.: (67) 3320-6900

Site: senarms.org.br

Reconhecimento do trabalho: MS tem 14 cidades entre as mais ricas do agro brasileiro

1. MARACAJU (12º)

2. PONTA PORÃ (21º)

3. SIDROLÂNDIA (26º)

4. DOURADOS (29º)

6. COSTA RICA (49º)

R$ 4.335.990.000

R$ 3.531.552.000

R$ 3.114.526.000

R$ 2.918.889.000

R$ 2.325.664.000

R$ 2.087.607.000

7. SÃO GABRIEL DO OESTE (60º)

8. CHAPADÃO DO SUL (63º) 5. RIO BRILHANTE (39º)

9. NOVA ALVORADA DO SUL (64º)

10. NAVIRAÍ (67º)

11. CAARAPÓ (74º)

12. LAGUNA CARAPÃ (77º)

13. ARAL MOREIRA (89º)

14. AMAMBAI (98º)

R$ 1.739.607.000

R$ 1.673.759.000

R$ 1.621.823.000

R$ 1.591.029.000

R$ 1.528.326.000

R$ 1.471.094.000

R$ 1.331.867.000

R$ 1.240.249.000

O agronegócio brasileiro continua sua trajetória de crescimento, e Mato Grosso do Sul se destaca como um dos protagonistas desse cenário. Dados do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) revelam que o estado possui 14 municípios entre os 100 maiores produtores do país em 2023, consolidando sua posição estratégica no setor. Os principais pilares da economia sul-mato-grossense incluem a produção de grãos (soja e milho), proteínas (bovina, suína e de aves), cana-de-açúcar (e seus derivados: açúcar e etanol), florestas plantadas (para celulose) e piscicultura. Esses setores contribuem significativamente para os R$ 814,5 bilhões que representam o valor total da produção agrícola nacional. No estado, municípios com vocação agropecuária consolidada assumem protagonismo. Maracaju se destaca como o maior produtor de Mato Grosso do Sul, com um valor de produção superior a R$ 4,3 bilhões, figurando entre os 20 maiores municípios do Brasil. Outras cidades, como Ponta Porã e Sidrolândia, também apresentam valores expressivos, superiores a R$ 3 bilhões, reforçando o impacto da produção local.

A soja e o milho lideram o ranking de valor da produção agrícola no estado, destacando-se também como os principais produtos do agronegócio brasileiro. Além disso, a cana-de-açúcar desempenha papel fundamental,

com Nova Alvorada do Sul se posicionando como um dos destaques nacionais nesse segmento. Essa diversificação garante a competitividade de Mato Grosso do Sul tanto no mercado interno quanto nas exportações.

A análise do Ministério da Agricultura e Pecuária, realizada pela Secretaria de Política Agrícola (Mapa/ SPA), utiliza dados da Produção Agrícola Municipal (PAM). Confira no mapa acima os números que colocam as cidades do estado em evidência.

Com uma presença marcante na lista nacional, Mato Grosso do Sul reafirma seu papel como um dos estados mais estratégicos para o agronegócio brasileiro. O desempenho das cidades sul-mato-grossenses reflete o potencial do estado em atrair investimentos e expandir sua produção de forma sustentável.

Além de Mato Grosso do Sul, os estados vizinhos — Mato Grosso, Goiás e o Distrito Federal — também se destacam no setor. Juntos, esses estados somam um valor de produção agrícola que alcança R$ 260 bilhões em 2023, representando 31,9% do total nacional.

A alta produtividade, aliada a investimentos em tecnologia e infraestrutura, mantém a região CentroOeste como líder do setor no Brasil. No caso específico de Mato Grosso do Sul, a disponibilidade de áreas cultiváveis e as condições climáticas favoráveis continuam a oferecer vasto potencial para o crescimento.

Inova Agro

MS GANHA POLO DE IRRIGAÇÃO QUE ABRANGE

26 CIDADES E 80 MIL HECTARES

Mato Grosso do Sul está prestes a vivenciar uma transformação no agronegócio com a criação do primeiro Polo de Agricultura Irrigada do estado, na região Centro-Sul. O projeto abrangerá 26 municípios e uma área de 80 mil hectares. Lançado oficialmente em 1º de outubro de 2024, em Dourados, o polo visa aumentar a produtividade agrícola e garantir a segurança hídrica no estado.

Desenvolvido para enfrentar os desafios climáticos extremos e fomentar a agricultura irrigada, o projeto resulta de uma parceria entre entidades públicas e privadas. “O polo surge como uma alternativa resiliente frente aos eventos climáticos adversos, como secas e chuvas irregulares, e cria um ambiente favorável ao investimento no setor agrícola”,

explica Regiane Furtado de Miranda, analista técnica do Sistema Famasul.

Além de fortalecer as políticas públicas voltadas à segurança e sustentabilidade agrícola, o projeto inclui a criação de um fundo de apoio aos irrigantes, com o suporte do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR).

IMPACTOS ECONÔMICOS

E SOCIAIS

O polo terá impactos significativos na economia local e na geração de empregos. “A agricultura irrigada não só amplia a produção, mas também cria oportunidades de trabalho nas áreas rurais e urbanas, fortalecendo a economia e a qualidade de vida da população”, ressalta Regiane. A diversificação das culturas agrícolas também é uma meta estra -

tégica, promovendo a introdução de frutas e hortaliças, que atualmente dependem da importação de outras regiões.

SUSTENTABILIDADE E COMPETITIVIDADE

A segurança hídrica será garantida por estudos técnicos e regulamentações que evitam o uso excessivo dos recursos naturais. “Os sistemas de reservatórios e o monitoramento climático asseguram a sustentabilidade no uso da água, prevenindo conflitos e sobrecarga hídrica”, explica Regiane. Frente às variações climáticas intensas, a irrigação surge como uma ferramenta indispensável. “A irrigação reduz a dependência das chuvas, possibilitando uma produção mais regular e garantindo segurança alimentar a longo prazo.”

CAPACITAÇÃO E SEGURANÇA JURÍDICA

Outro diferencial do polo é o investimento em capacitação contínua. “A formação téc nica é essencial para garantir práticas modernas e sustentáveis, aumentando a eficiência sem comprometer os recursos naturais”, reforça Regiane. Além disso, a criação de um ambiente regulatório estável, com políticas públicas claras e linhas de financiamento, é vista como um alicerce para atrair investimentos ao setor.

O Sistema Famasul já apoia o setor de agricultura irrigada, representando os irrigantes do estado em comissões estaduais e federais e oferecendo capacitação nesses sistemas por meio das Assistências Técnicas – AteG e acredita que contribuirá com o desenvolvimento do Polo.

VANGUARDA

Com o polo irrigado, Mato Grosso do Sul amplia sua capacidade de atender à crescente demanda por alimentos no Brasil e no exterior.

“Essa estrutura combina produtividade, sustentabilidade e competitividade, tornando o estado referência em agropecuária eficiente e integrada”, finaliza Regiane. O polo inclui cidades como Dourados, Maracaju, Ponta Porã e Nova Alvorada do Sul, estrategicamente posicionadas para maximizar os resultados do projeto. A criação do primeiro Polo de Agricultura Irrigada é um marco que coloca Mato Grosso do Sul na vanguarda do agronegócio nacional, fortalecendo sua economia, diversificando sua produção agrícola e consolidando sua posição de destaque no cenário global.

Estrutura

O polo será estruturado em torno de quatro pilares principais:

Assistência técnica e extensão rural

• Irrigantes terão suporte técnico contínuo e treinamento especializado

Infraestrutura hídrica e energética

• Reservatórios, barramentos e redes elétricas adaptadas serão implantados para o sistema de irrigação

Monitoramento climático

• Redes de monitoramento garantirão previsibilidade para orientar os irrigantes

Políticas públicas

• Linhas de crédito e regulamentações ambientais específicas para fomentar a irrigação

Regiane Furtado, analista técnica do Sistema Famasul

Inova Agro PROGRAMA DE MENTORIA

DO SENAR/MS

‘CONECTA’ JOVENS AO MERCADO DE TRABALHO

Em um mercado de trabalho cada vez mais dinâmico, a capacitação profissional se tornou essencial para quem busca se destacar no setor agropecuário. Pensando nisso, o Senar/MS criou o programa Senar Conecta: Mercado e Carreira, que prepara universitários e recém-formados para as demandas e oportunidades do agronegócio.

Composto por quatro workshops semanais, o programa aborda temas como elaboração de currículos, comunicação eficaz e perspectivas de carreira. Ao final, os participantes recebem mentoria individualizada para o desenvolvimento profissional.

Sara Gomes, analista educacional do Senar/MS, explica que o Senar Conecta oferece aos jovens a chance de desenvolver habilidades comportamentais essenciais para se destacar no setor, além de promover networking com empresas e especialistas. “Muitos profissionais têm excelente formação técnica, mas não sabem como expor isso em um currículo ou se comunicar de forma eficaz com recruta dores. O programa ajuda a formar profissionais completos, com habilidades que atendem às demandas das empresas”, afirma.

DESENVOLVIMENTO

PESSOAL E PROFISSIONAL

ção do programa ao focar no desenvolvimento de soft skills, como boa comunicação, empatia e resiliência, cada vez mais valorizadas no agro. “Um profissional que entende suas emoções e sabe se comunicar tem mais chances de construir uma carreira sólida e de sucesso. O Senar está efetivamente preparando profissionais completos, capazes de se adaptar e agregar valor em qualquer ambiente corporativo”, afirma Beltran.

Adriel Dutra, estudante de Técnico em Agropecuária, ressalta a importância do programa. “É fundamental ter essa oportunidade gratuita, principalmente para quem está começando ou se realocando no mercado”. Ele também espera sair do programa mais preparado. “Espero aprender a me portar em entrevistas, montar um bom LinkedIn e estar pronto para a carreira no Agro”.

Cristiely Lima também destacou a relevância do programa. “O workshop de simulação de entrevistas foi muito importante para mim. Além disso, tenho dificuldades com o LinkedIn, e o programa ajudou muito a melhorar meu currículo”.

O psicólogo e instrutor Breno Beltran destaca a inova-

O programa é gratuito e aberto a jovens de 18 anos ou mais, com ensino médio completo, que estejam cursando ou tenham concluído um curso na área de Ciências Agrárias. Para mais informações, acompanhe as redes sociais da Famasul.

Sara Gomes, analista educacional do Senar/MS

SUPER AÇÃO PANTANAL

Famasul auxilia produtores na identificação e recuperação dos prejuízos causados pelos incêndios

OSistema Famasul lançou um programa de recuperação para apoiar os produtores rurais afetados pelos incêndios no Pantanal. Desde setembro, técnicos especializados do Senar/MS têm visitado as propriedades atingidas, oferecendo suporte e identificando estratégias de recuperação por meio da Assistência Técnica e Gerencial (ATeG), com foco na sustentabilidade e na retomada produtiva das áreas impactadas.

Em um esforço sem precedentes, o SuperAção Pantanal mobiliza uma equipe de 24 técnicos para prestar apoio direto aos produtores, impactando positivamente a vida de centenas de trabalhadores rurais e fortalecendo a resiliência do bioma.

O superintendente do Senar/MS, Lucas Galvan, explica que o programa surgiu da urgência de atender não apenas à biodiversidade ameaçada, mas também aos produtores que dependem do Pantanal para sua sobrevivência.

“A perda de biodiversidade é uma tragédia imensa, mas não podemos esquecer dos produtores que tiveram suas propriedades destruídas. Muitos perderam o sustento, enfrentam dificuldades para alimentar o gado e acumulam prejuízos em infraestrutura e produção que chegam aos milhões de reais. A missão do SuperAção Pantanal é prestar assistência para que esses produtores se reergam e continuem sustentando o bioma com responsabilidade”, afirma Galvan.

em R$ 45 milhões, incluem a destruição de cercas, pastagens, equipamentos e animais. Esse impacto tem levado os produtores a buscarem novas formas de manter a atividade econômica, ao mesmo tempo em que contribuem para a recuperação da fauna e flora local.

DIAGNÓSTICO TÉCNICO E ORIENTAÇÕES PARA RECUPERAÇÃO

A equipe técnica do Senar/MS atua no Pantanal mapeando os danos e levantando informações sobre as propriedades afetadas. O objetivo é identificar soluções práticas de curto, médio e longo prazo, considerando as peculiaridades do bioma pantaneiro. Entre as ações imediatas, estão a recuperação de cercas e pastagens, além da orientação para buscar crédito específico para a recuperação.

A MISSÃO DO SUPERAÇÃO

PANTANAL É PRESTAR

ASSISTÊNCIA PARA

QUE OS PRODUTORES

SE REERGAM

E CONTINUEM

SUSTENTANDO

O BIOMA COM

RESPONSABILIDADE

LUCAS GALVAN, SUPERINTENDENTE DO SENAR/MS

Os números demonstram a magnitude do desafio: até novembro, cerca de 90 propriedades haviam sido visitadas, somando 320 mil hectares, dos quais 100 mil foram atingidos pelas queimadas. Os prejuízos, estimados

Conforme Nivaldo Passos, coordenador da Assistência Técnica e Gerencial do Senar/MS, os técnicos enfrentaram desafios logísticos severos para acessar algumas propriedades. Estradas intransitáveis e a necessidade de veículos 4x4 são obstáculos comuns, mas os produtores têm mostrado grande receptividade ao programa.

“A dificuldade de acesso é um dos grandes desafios, mas a aceitação dos produtores e o impacto positivo que essa ação tem gerado justificam todo o esforço”, relata Passos. Ele também destaca que a presença dos técnicos é fundamental para oferecer aos produtores uma visão completa dos danos e orientá-los sobre estratégias para mitigar os impactos econômicos e ambientais.

O apoio vai além do diagnóstico técnico. Por meio da

Meio Ambiente

ATeG Pantanal, os produtores recebem capacitação em prevenção de incêndios, controle de rebanho e recuperação de áreas degradadas. A meta é atender a 300 propriedades até o final de 2024, aumentando gradativamente a cobertura do programa para alcançar até 500 propriedades mapeadas.

LINHA DE CRÉDITO DIFERENCIADA E CAPACITAÇÃO PARA O FUTURO

Diante das perdas, o Sistema Famasul articu lou a criação de uma linha de crédito especial do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO) para os produtores do Pantanal.

Lucas Galvan explica que o crédito foi estruturado para atender emergencialmente os produtores, muitos dos quais tiveram o capital de giro comprometido. Os produtores que apresentarem laudos técnicos fornecidos pelo Senar/MS, detalhando o impacto dos incêndios, poderão conseguir a liberação de crédito, com me nos burocracia e maior agilidade na análise.

por meio do projeto SenarON. A proposta visa levar educação e formação profissional diretamente aos moradores da região.

Galvan revela que esses polos contarão com antenas de satélite para facilitar a comunicação entre as propriedades e emitir alertas em caso de novos focos de incêndio. O objetivo é que, capacitados em prevenção e controle de incêndios, os produtores possam agir rapidamente para proteger o que resta das áreas nativas.

“Para quem perdeu quase tudo, o FCO é uma ferramenta essencial de recuperação. Essa linha diferenciada permite que os produtores tenham acesso a recursos financeiros para reconstruir o que o fogo destruiu e planejar o futuro com mais segurança”, destaca Galvan.

O SuperAção Pantanal também prevê ações de capacitação e prevenção de desastres. Uma das iniciativas é a implantação de 60 polos de ensino a distância no Pantanal,

AÇÕES DE MÉDIO E LONGO

PRAZO: CRIANDO UM LEGADO PARA O PANTANAL

O projeto vai além da resposta emergencial. Galvan ressalta que a intenção é criar uma estrutura de suporte e capacitação que deixe um legado duradouro para o bioma e para as comunidades locais. O Senar/MS já está em busca de áreas para construir um centro de treinamento no Pantanal, onde serão oferecidos cursos de formação de brigadistas, capacitações em turismo rural, manejo sustentável e outras áreas.

A ideia é que o centro de treinamento seja equipado com infraestrutura moderna, incluindo pistas de pouso e caminhões-pipa, para servir como base de apoio em casos de incêndios e para treinamento contínuo. Galvan explica que essa estratégia de médio prazo ajudará a garantir a autonomia dos produtores na prevenção de incêndios e no manejo sustentável.

Lucas Galvan, superintendente do Senar/MS

REDE DE APOIO E UNIÃO ENTRE PRODUTORES

Eduardo Alvizi, um dos proprietários da Fazenda São José, que também foi atingida pelos incêndios na região do Pantanal do Paiaguás, descreve as perdas significativas. “O incêndio causou um enorme prejuízo, destruindo entre 50 e 70 km de cercas. Pastos inteiros foram devastados, forçando-nos a retirar uma grande quantidade de gado e arrendar outra propriedade para mantê-los. Estimo um prejuízo de 2 a 3 milhões de reais, além dos custos adicionais com a compra de ração e transporte para o Pantanal, despesas que continuarão impactando nossas finanças por pelo menos mais seis meses”.

Diante desse cenário, Alvizi ressalta a importância da iniciativa do Senar/MS para os produtores. “Foi a primeira vez que recebemos um técnico do Senar, e a presença trouxe um alívio inesperado. Em meio ao desespero para conter o fogo, com o apoio do Corpo de Bombeiros, fomos informados de que a Instituição estava oferecendo suporte direto aos pecuaristas. A iniciativa de estarem ao nosso lado, compreendendo a nossa realidade, é algo que não esperávamos. É bom saber que

estamos sendo apoiados e que não carregamos essa responsabilidade sozinhos. Além disso, a orientação sobre a linha de crédito do FCO nos dá esperança de conseguir recursos para enfrentar esse momento. Precisamos organizar a fazenda e manter o gado, então vamos considerar o crédito para ajudar a cobrir esses custos urgentes e continuar a produção”. Além das orientações individuais, o SuperAção Pantanal está incentivando a criação de uma rede de apoio entre os produtores para fortalecer a prevenção. A proposta é que, em momentos de emergência, os produtores compartilhem equipamentos e recursos, formando um ecossistema de apoio mútuo. “Um produtor pode não ter todos os equipamentos necessários, mas sabe que um vizinho próximo tem um caminhão-pipa, por exemplo. Assim, criamos uma rede de proteção que beneficia toda a comunidade”, explica Nivaldo Passos.

A longo prazo, a Famasul pretende articular com o poder público a implementação de um sistema de Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA), remunerando os produtores que adotam práticas sustentáveis e protegem o bioma.

Linha de crédito FCO para produtores do Pantanal

Uma das principais conquistas do Sistema Famasul no apoio aos produtores do Pantanal afetados pelos incêndios foi a criação de uma linha de crédito especial do Fundo Constitucional de Financiamento do CentroOeste (FCO). Esse recurso possibilita financiamentos mais acessíveis para a recuperação das áreas atingidas e a retomada das atividades econômicas.

A proposta foi criada por meio de uma parceria entre o Sistema Famasul e o Conselho Deliberativo do Fundo (Condel/FCO), que reúne o Ministério da Integração Nacional e o Banco do Brasil. O produtor que apresentar o laudo técnico fornecido pelo

Senar/MS, com diagnóstico dos danos sofridos, pode conseguir liberação do crédito de forma mais rápida e acessível. Isso permite que, mesmo descapitalizados e com ativos comprometidos, os pecuaristas tenham acesso ao crédito de forma ágil e simplificada. O superintendente Lucas Galvan ressalta a importância dessa linha de crédito para dar fôlego financeiro aos produtores. “A criação dessa linha diferenciada é fundamental àqueles que precisam de recursos imediatos para reerguer suas propriedades, garantindo que possam enfrentar o período de recuperação com o suporte necessário”.

Nivaldo Passos, coordenador da ATeG do Senar/MS

Roda de Tereré

paz no campo

paz no campo

Acordo histórico põe fim a quase três décadas de conflitos e disputas judiciais em Antônio João

Acordo histórico põe fim a quase três décadas de conflitos e disputas judiciais em Antônio João

de novembro de 2024. O silêncio predominava em uma tarde tranquila na terra Ñanderu Marangatu, em Antônio João. Indígenas cumprimentavam os carros que passavam pela aldeia em direção as fazendas. Um sossego que há muito tempo não se via por ali. Todos já sabiam que faltava pouco para o ponto final no conflito que tirou a paz de produtores rurais e indígenas por quase 30 anos.

Dentro da fazenda Barra, a inquietude tomava conta de Roseli Ruiz. Um misto de ansiedade e alívio. “Vou deixar tudo limpinho, do jeito que eu gostaria de receber”, afirmou enquanto torcia o pano que usava para limpar a varanda, mesmo sem a certeza de que aquele seria seu último dia na propriedade rural. “Eu não aguento mais, estou exausta deste conflito. Quero voltar a dormir”, diz.

continuidade às raízes que herdou.

“Nascer em um lugar e viver nele a vida inteira cria-se um laço de espírito, não só de matéria. Depois de 52 anos que meu pai estava aqui, surgiu a conversa de que essa terra era indígena. Na época, não acreditamos porque a gente achou que usufruíamos da garantia do governo, dos documentos do meu pai e seu exemplo de cidadania. Mas logo depois, veio a primeira invasão”, relembra Pio.

ENFRENTAMOS MOMENTOS DE TENSÃO E INCERTEZA,

O marido, Pio Silva, recolhia os últimos pertences que ainda estavam na casa, onde viveu por 70 anos. Seus pais já eram produtores rurais da região quando ele nasceu. Ali, Pio deu

O celular de Roseli toca. Era o aviso de que o valor da indenização pelas benfeitorias estava na conta. A certeza de que eram as últimas horas na fazenda Barra. Ela se emociona e abraça o marido. Pio se mantém em silêncio, com olhar firme de quem vai dar adeus a parte de sua história. É o início de um recomeço.

Já não havia mais inquietude e silêncio em Ñanderu Marangatu. “Vamos embora, gente! Apressa o pessoal aí!”, anima Roseli. Os policiais da Patrulha Rural carregam os pertences na viatura. O motorista do frete fecha a trasei-

MARCELO BERTONI, PRESIDENTE DO SISTEMA FAMASUL

ra do caminhão. Ao longe dá para ver a poeira levantar-se na estrada. Carros se aproximam. É hora de assinar os papéis.

A conciliação, mediada pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e construída pela Famasul, com o apoio do Governo do Estado, viabilizou a indenização das benfeitorias e do Valor da Terra Nua (VTN) das áreas em litígio. Também participaram das discussões o Ministério dos Povos Indígenas e a Controladoria-Geral da União (CGU).

O resultado disso estava ali, naquela tarde do dia 14 de novembro, que se torna um marco na história do Brasil. O sol se despede entre os morros de Antônio João e anuncia que o dia histórico está para acabar. O vento balança a bandeira do Brasil, no alto do mastro, ao lado da porteira. O comboio de viaturas, produtores rurais, autoridades e indígenas vai embora. A porteira é fechada. É o fim da Fazenda Barra.

Desde o início do conflito, a Famasul desempenhou um papel central na busca por uma solução justa e pacífica, construindo bases para um acordo viável. Marcelo Bertoni, presidente da instituição, acompanhou cada etapa da negociação: da invasão ao acordo no STF, até o fechamento da porteira naquele dia 14. Foi incansável na defesa dos direitos dos produtores.

“Este acordo é um marco e mostra que o diálogo, quando conduzido com maturidade e comprometimento, pode resolver até os casos mais difíceis. Nosso papel foi assegurar que a dignidade dos produtores fosse preservada. Enfrentamos momentos de tensão e incerteza, mas mantivemos o foco na busca pela paz”, enfatiza Marcelo Bertoni, presidente da Famasul.

PAZ NÃO TEM PREÇO

Para Roseli Ruiz, o acordo simboliza o fim de anos de dor e insegurança. Desde a primeira invasão, em 1998, ela e sua família viveram sob a constante ameaça e incerteza, que transformaram sua vida e seu lar em uma batalha diária.

“Quando invadiram a propriedade, ainda trabalhávamos com pecuária e melhoramento genético do gado nelore.

Com o tempo, tivemos que migrar para a agricultura, mas a insegurança tornava impossível operar na época certa, o que acarretou uma série de prejuízos”, relembra Roseli. O acordo é um respiro após anos de tensão. “Saímos de uma situação de estresse constante. Economicamente, é um desastre, mas a paz, enfim, não tem preço.”

A filha de Roseli, Luana Ruiz Silva, mestre em Direito Constitucional Econômico, participou ativamente do processo de conciliação, trazendo sua experiência para o debate. Com uma trajetória marcada pela defesa dos direitos de propriedade, Luana, que já foi secretária adjunta da Secretaria Espe-

cial de Assuntos Fundiários do Ministério da Agricultura (MAPA) e secretária adjunta da Comissão Especial de Direito Agrário e Agronegócio do Conselho Federal da OAB, era criança quando os conflitos em Antônio João começaram. O trauma da infância foi ressignificado na decisão da escolha profissional.

“Eu vivi a invasão da nossa propriedade ainda menina. Fugi pelo fundo da fazenda, atravessamos o rio à noite, dormimos no meio do mato. Era como um filme de suspense. Isso forjou minha determinação de estudar e entender profundamente os direitos dos produtores rurais”, conta Luana. Para ela, o acordo, embora doloroso, representa o fim

Roda de Tereré

de um ciclo de impotência e medo. “Depois de quase três décadas, posso dizer que, diante de tudo o que passamos, esse acordo é um alívio e uma vitória para nossa família.”

GOVERNO DO ESTADO E SENADORA TEREZA CRISTINA

O acordo estipula o pagamento de R$ 144,8 milhões em indenizações, que serão financiados pela União e pelo governo estadual. Desse valor, R$ 27,8 milhões correspondem às benfeitorias realizadas na área, conforme laudo da Funai de 2005, atualizado pela taxa Selic e inflação. Essa parte do valor foi paga pela União por meio de crédito suplementar no dia 12 de novembro, mas o dinheiro só chegou aos produtores rurais dois dias depois. Após isso, conforme acordado, eles tinham o prazo de 15 dias para deixar as propriedades. Esgotados, o fizeram nas horas seguintes.

A outra parte do acordo prevê que R$ 101 milhões serão alocados pela União para indenizar o VTN, enquanto o governo de Mato Grosso do Sul contribuirá com R$ 16 milhões adicionais para a compensação dos proprietários. O pagamento está sendo realizado em duas etapas, iniciando com a indenização das benfeitorias.

A senadora Tereza Cristina, que acompanhou de perto as negociações e trouxe apoio político para o processo, celebrou o acordo. “Finalmente, ambas as partes alcançam a justiça que esperavam. Os indígenas têm seu direito à terra reconhecido, e os produtores, que jamais foram invasores, são compensados. Esse acordo é fruto do diálogo e do entendimento, e espero que sirva de exemplo para que outros casos sejam solucionados de maneira pacífica”, declara a senadora.

Ela ainda destaca a importância de iniciativas como essa para fortalecer a segurança jurídica no campo. “Nossa ex-

pectativa é que, com uma legislação clara e equilibrada, possamos evitar que novas famílias tenham de passar pelo que a família Ruiz e tantas outras enfrentaram ao longo desses anos de incerteza e sofrimento.”

MODELO PARA FUTURAS CONCILIAÇÕES

A conciliação estabelecida para o caso de Antônio João é considerada inédita no Brasil, pois, além das benfeitorias, os produtores serão indenizados pelo VTN. A Famasul acredita que esse modelo de acordo pode servir como referência para outros conflitos fundiários, embora com ajustes e adaptações às especificidades de cada situação. “Cada caso é único, mas o que foi alcançado aqui mostra que, com boa vontade e compromisso, é possível trazer segurança para o campo e respeitar o direito das comunidades indígenas”, avalia Marcelo Bertoni.

Roseli Ruiz, porém, se mostra cautelosa em relação ao impacto do acordo para o futuro. “Espero que inspire soluções para outros casos, mas é preciso cuidado para que não incentive novas invasões. O campo não pode continuar vulnerável a essas situações”, adverte a produtora, que, após anos de sofrimento, agora vê uma chance de retomar sua vida e seu trabalho.

O FUTURO DOS PRODUTORES E O RECOMEÇO DA FAMÍLIA RUIZ

Exemplo de resistência e resiliência, Roseli e Pio planejam continuar no setor rural, mesmo enfrentando novos desafios. “Nós somos produtores rurais e vamos seguir como tais. Não iremos desistir da nossa vocação e vamos encontrar formas de nos reerguer”, afirma Roseli, determinada a preservar o legado de sua família.

Tecnologia e assistência

técnica ajudam piscicultura de MS a se transformar em uma das maiores do país

PISCICULTURA EM EXPANSÃO

Apiscicultura em Mato Grosso do Sul é relativamente recente em comparação com outras atividades produtivas do agronegócio. Contudo, fatores como avanços tecnológicos, incentivos governamentais, expansão de mercados consumidores e a capacitação técnica oferecida pelo Senar/MS têm contribuído para a evolução expressiva desse setor. Atualmente, o estado ocupa o 5º lugar na produção de tilápia e o 8º na criação de peixes de cultivo no Brasil, conforme o Anuário de Piscicultura 2024, da Peixe BR.

Nos primeiros oito meses de 2024, o estado registrou o abate de 16,8 milhões de peixes, um salto expressivo em relação aos 10,1 milhões abatidos no mesmo período de 2023. A tilápia se consolidou como a principal espécie produzida, somando 28,4 mil toneladas (97,5% do total), seguida pelo pacu, com 449 toneladas (1,5%). Essa expansão é reflexo do trabalho estruturado de instituições como o Senar/MS, que alia capacitação técnica à promoção da sustentabilidade no setor.

Mercado

Além disso, o estado tem se destacado pela diversidade de espécies cultivadas, que inclui carpa, pacu, patinga, bagres, pintado e cachara. Cada espécie é cultivada de acordo com as especificidades de manejo e mercado, o que permite aos produtores explorarem nichos diferenciados e aumentar a rentabilidade.

CAPACITAÇÃO TÉCNICA E AVANÇOS TECNOLÓGICOS

O sucesso do setor de piscicultura em Mato Grosso do Sul está diretamente relacionado ao suporte técnico oferecido pelo Senar/MS. De acordo com André Nunes, coordenador do departamento de inovação e desenvolvimento do Senar/MS, a instituição tem desempenhado um papel central na profissionalização do setor.

ticas mais eficientes, garantindo maior produtividade e menores custos operacionais.

Outro ponto relevante é a introdução de tecnologias que transformaram o modo de produzir. Entre os avanços mais utilizados no estado estão a automação de alimentação e aeração, o uso de sensores para controle remoto da qualidade da água e até a aplicação de drones para monitoramento das propriedades. “Essas tecnologias permitem ao produtor acompanhar em tempo real fatores como oxigênio dissolvido, pH e temperatura da água, o que é essencial para garantir a saúde dos peixes e evitar perdas”, explica Nunes.

“Mato Grosso do Sul se consolidou como o 5º maior produtor de tilápia no Brasil, com avanços em áreas como capacitação de produtores e adoção de tecnologias. Isso demonstra a crescente profissionalização do setor e a ampliação de mercados”, destaca.

Os treinamentos promovidos pelo Senar/MS são amplos e incluem desde a gestão de custos até técnicas específicas de manejo sustentável, passando por nutrição de peixes, sanidade e monitoramento da qualidade da água. Esses cursos têm ajudado os produtores a adotarem prá-

O monitoramento remoto, por exemplo, é uma das inovações mais valorizadas pelos piscicultores, pois proporciona maior segurança e eficiência no manejo. Já o melhoramento genético tem contribuído para o desenvolvimento de linhagens de tilápia mais resistentes e com melhor desempenho de crescimento, enquanto a bioengenharia promove sistemas de produção mais sustentáveis, como a aquicultura de recirculação.

IMPACTO ECONÔMICO E SUSTENTÁVEL

A piscicultura tem um papel estratégico na economia de Mato Grosso do Sul. Com a demanda crescente por proteínas de origem animal, o estado tem se destacado

André Nunes, coordenador do depto. de inovação e desenv. do Senar

por oferecer um produto de alta qualidade, que atende tanto ao mercado interno quanto às exportações. Em regiões como a microrregião de Paranaíba, que engloba municípios como Aparecida do Taboado e Selvíria, a piscicultura representa uma parcela significativa da atividade econômica. Essa região, por exemplo, foi responsável por 17,9 mil toneladas de peixe em 2024, o que corresponde a 61,7% da produção estadual.

Além de gerar empregos diretos e indiretos, a piscicultura promove a fixação das famílias no campo, oferecendo uma alternativa econômica viável. Segundo André Nunes, “a cadeia produtiva de peixes tem o maior potencial para gerar carne utilizando a menor área possível, sendo uma excelente oportunidade de diversificação de renda para o produtor rural”.

O impacto ambiental também é um ponto positivo, já que práticas sustentáveis, como o reaproveitamento de água e o uso de alimentos de baixo impacto, são incentivadas pelo Senar/MS. Essas práticas ajudam a reduzir a pegada ecológica da atividade, tornando a piscicultura uma das opções mais sustentáveis para a produção de proteína animal.

HISTÓRIAS DE SUCESSO

Desde sua criação, em 2015, o programa ATeG do Senar/MS já beneficiou centenas de piscicultores no estado, fornecendo suporte técnico para melhorar a gestão e a produtividade. Um dos exemplos de sucesso é Valdomi-

ro Rodrigues de Souza, de Rio Brilhante. Após enfrentar prejuízos em sua primeira tentativa com a piscicultura, Valdomiro encontrou no Senar/MS a orientação necessária para transformar seu negócio. “Hoje, vejo resultados positivos e já estou planejando novos tanques. É muito gratificante ver que a dedicação traz frutos”, relata.

Outro caso inspirador é o da família de Marli Gomes Takahashi, que investiu na piscicultura como forma de diversificar a renda familiar. Com o suporte do Senar/MS, os irmãos transformaram açudes herdados em uma propriedade em Rochedo em áreas produtivas que geram renda e emprego. “Seguimos todas as orientações dos técnicos, e o que parecia impossível se tornou realidade. A piscicultura nos trouxe uma nova perspectiva”, conta Marli.

Essas histórias mostram como o suporte técnico, aliado à dedicação dos produtores, pode transformar a realidade no campo, criando oportunidades econômicas e fortalecendo a sustentabilidade.

PERSPECTIVAS

O coordenador do Senar/MS avalia que o futuro da piscicultura em Mato Grosso do Sul é promissor. Com condições climáticas ideais, recursos naturais abundantes e um mercado em expansão, o estado tem potencial para se consolidar como um dos maiores polos de produção de pescado no Brasil. A aposta em tecnologias inovadoras, como drones e plataformas digitais de gestão, deve continuar a transformar o setor nos próximos anos.

Porteira do Conhecimento

Consciente de que as crianças são o futuro do país e de que o agronegócio está cada vez mais digitalizado, o Senar/MS tem apostado na tecnologia por meio do programa Senar TEC Educação Robótica. Essa iniciativa promove a capacitação de crianças e jovens, desenvolvendo habilidades técnicas e comportamentais com o objetivo de prepará-los para carreiras tecno lógicas, com foco especial no agronegócio.

O curso une diversão e aprendizado ao ensinar conceitos de lógica de programação, pensamento computacional, criatividade, montagem e concepção de protótipos de robótica. Desde sua criação, o programa já formou oito turmas, sendo duas em Sidrolândia e seis em Campo Grande.

PREPARANDO GERAÇÕES PARA UM AGRONEGÓCIO TECNOLÓGICO

Lucas Garcia, gerente educacional do Senar/MS, explica que o foco do programa é preparar as novas gerações para um futuro tecnológico, especialmente no contexto rural, onde a tecnologia tem transformado práticas tradicionais.

SENAR/MS TRANSFORMA

O FUTURO

SENAR/MS TRANSFORMA O FUTURO

Curso de robótica une diversão e conhecimento para crianças e jovens

Toda a dinâmica do curso é conduzida por instrutores especializados, utilizando uma metodologia gamificada e interativa.

“O Senar/MS entende que a preparação tecnológica das crianças é essencial. No meio rural, onde a tecnologia está modificando as práticas agrícolas, é fundamental introduzir desde cedo atividades que desenvolvam habilidades digitais e outros conhecimentos importantes para o futuro”, destaca Garcia.

O curso visa consolidar competências técnicas e comportamentais, conhecidas como “ hard skills” e “soft skills”. Enquanto as hard skills englobam pensamento computacional, lógica, programação e fundamentos de matemática, as soft skills trabalham comunicação, trabalho em equipe, organização, liderança e competitividade saudável.

EXPANSÃO DO PROGRAMA

Com resultados positivos, a expectativa do Senar/MS é ampliar o alcance do programa em Mato Grosso do Sul. Em

Lucas Garcia da Silva, gerente educacional do Senar/MS

2025, a previsão é abrir mais 15 turmas de robótica em diferentes municípios.

“O Senar TEC Educação Robótica já está consolidado, e queremos expandir gradativamente para alcançar um público ainda maior. A formação combina conhecimentos práticos em tecnologia com habilidades de resolução de problemas e trabalho em equipe, promovendo um impacto educacional significativo”, explica Garcia.

DIVERSÃO E CONHECIMENTO NA PRÁTICA

Um exemplo do impacto do curso é o caso de Luan Matos dos Santos, de 14 anos, morador do distrito de Capão Seco, em Sidrolândia. Em parceria com o Senar/MS, a Escola Municipal Eldorado ofereceu o curso de robótica para 35 jovens da região durante duas semanas.

“Foi minha primeira experiência com robótica, e o tempo passou muito rápido. Queria que durasse mais. O curso foi muito legal, porque programamos robôs e eu nunca tinha usado tanto um notebook. Cada dia era uma programação diferente”, conta Luan.

O jovem, que também recebeu seu primeiro certificado, relata que a experiência despertou novos planos para o futuro. “Conheci coisas que nem sabia que existiam. Agora, penso em seguir na área de tecnologia e, quem sabe, me tornar um técnico de informática.”

COLÔNIA DE FÉRIAS –ROBÓTICA EDUCACIONAL

Outra ação inovadora do Senar/MS foi a Colônia de Férias Senar/MS – Robótica Educacional, realizada em julho, com a participação de 32 crianças e jovens entre 6 e 14 anos. Voltada para filhos, netos e sobrinhos de colaboradores da instituição, a oficina promoveu atividades práticas de montagem e programação de robôs.

Sob orientação de instrutores, os participantes montaram carrinhos, aviões, tratores, skates e robôs feitos com pequenas peças e materiais recicláveis. Essas criações eram programadas para se movimentar de forma autônoma, incentivando o uso de conceitos como

lógica, matemática e programação de maneira prática.

“A oficina foi estruturada para atender todos os níveis de conhecimento, desde iniciantes até aqueles com alguma experiência em tecnologia. As crianças foram divididas em grupos para montar e programar pequenos robôs, estimulando o trabalho em equipe e a resolução de problemas”, descreve Lucas Garcia.

PREPARAÇÃO PARA O FUTURO

Mais do que ensinar conceitos tecnológicos, as atividades de robótica promovidas pelo Senar/MS preparam os jovens

para desafios sociais e profissionais. “Durante as dinâmicas, trabalhamos habilidades importantes como lógica, matemática, coordenação motora, habilidades manuais e resolução de problemas. Nosso objetivo é preparar essas crianças para um futuro em que tecnologia, inovação e resolução de problemas serão indispensáveis”, conclui Garcia.

Com iniciativas como o Senar TEC Educação Robótica, o Senar/MS demonstra o compromisso de unir tecnologia e educação, formando uma geração mais preparada para transformar o agronegócio e enfrentar os desafios do futuro.

Tendências de Mercado

Os analistas técnicos do Sistema Famasul retratam o panorama atual de produtos do agro e as tendências baseadas nos principais indicadores e propensões de mercado.

BOVINOCULTURA DE CORTE -

Em outubro, houve alta na arroba, que oscilou de R$ 300 a R$ 315 para o boi gordo, e chegou a R$ 300 para a vaca, como reflexo da menor oferta de animais prontos para o abate, do aquecimento do consumo e das exportações (recordes). A receita com as vendas internacionais no acumulado de 2024 já superou o total de 2023, sendo a China o principal comprador. O último bimestre do ano projeta um ganho de 28% no preço da arroba em relação ao mesmo período do ano passado.

AVICULTURA - O mercado registrou movimentação positiva no início do quarto trimestre de 2024. Em outubro, o valor médio da ave abatida apresentou valorização de 3,3%, com incremento de 10% em relação a setembro. No acumulado do ano, a oferta de animais foi 5% superior à do mesmo período de 2023. A previsão é de que o total de abates alcance 180 mil animais até o fim do ano. A demanda permanece aquecida, impulsionada pelas exportações, que cresceram 12% nos primeiros 10 meses do ano, totalizando 151,2 mil ton. Entre os principais destinos, destacaram-se os aumentos nas importações para o Iraque (157%), Chile (74%) e Japão (13%).

SOJA - A estimativa é de crescimento de 6,8% na produção da safra 24/25 em relação ao ciclo passado, alcançando 13,977 milhões de ton, com área cultivada de 4,501 milhões de hectares e produtividade média de 51,7 sacas/ hectare. Com o estado sofrendo a influência de um fenômeno La Niña de fraco a moderado, e outros fatores afetando as condições climáticas, aumenta a importância da implementação de estratégias de gerenciamento de risco para mitigar as ameaças.

SUCROENERGÉTICO - O parque sulmato-grossense conta com 22 usinas: dez unidades mistas (que produzem etanol e açúcar), nove destilarias (que produzem somente o combustível) e três que utilizam milho como matéria-prima. O cultivo de cana-de-açúcar ocupa 903 mil hectares, em 45 municípios. O complexo sucroenergético do estado exportou, no primeiro semestre de 2024, US$ 389 milhões, sendo 99,56% de açúcar bruto (US$ 387,3 milhões) e 0,44% de açúcar refinado (US$ 1,7 milhão).

SUINOCULTURA - O preço de referência do suíno vivo valorizou 32% entre janeiro e outubro de 2024. A estimativa é que, entre novembro e dezembro, o preço se mantenha, no mínimo, em R$ 6,60 por quilo. O abate cresceu 1% ao mês no período e totalizou 2,8 milhões de animais. A projeção é que supere o volume de 2023. A demanda externa está aquecida. O estado exportou 16,8 mil toneladas no acumulado do ano (6% a mais que no ano passado), sendo o principal destino Hong Kong (26% do total).

BOVINOCULTURA DE LEITE - As importações seguem afetando o mercado. Em outubro, cresceram 12,3% em relação a setembro, o que agrava a situação. No entanto, o impacto é amenizado pela valorização dos derivados (3% entre jan. e set.) e pelo preço médio pago ao produtor. Preço aos produtores atendidos pelo programa ATeG do Senar/MS registrou incremento de 33% em setembro, comparado a janeiro. A relação de troca melhorou: são necessários 30,33 litros de leite para comprar uma saca de mistura (milho e farelo de soja), ou seja, 11,45 litros a menos que em janeiro.

MILHO - O estado colheu, na segunda safra de milho 23/24, 8,457 milhões de toneladas. A área cultivada foi de 2,102 milhões de hectares e a produtividade média foi de 67,05 sacas por hectare. Segundo dados do Sistema de Informação Geográfica (SIGA-MS), o melhor rendimento das lavouras do cereal foi registrado no norte sul-mato-grossense, com média de 110,6 sacas por hectare. Na sequência, aparece o centro, com 67,3 sacas por hectare, e o sul, com 60,2 sacas por hectare.

FLORESTAS PLANTADAS

- A Costa

Leste se destaca como a principal região de cultivo, estendendo-se de Campo Grande até a divisa com São Paulo. A região abriga cerca de 1,450 milhão de hectares de eucalipto, distribuídos em 72 municípios. Ribas do Rio Pardo tem a maior extensão (26,2% do total), seguido por Três Lagoas (20,8%) e Água Clara (11%). Em relação ao cultivo de seringueira, são 23,2 mil hectares em 29 municípios. Cassilândia possui a maior área (27,9% do total).

Dedo de Prosa

“PARA A ROTA BIOCEÂNICA, ALMEJA-SE UMA

LOGÍSTICA COLABORATIVA, DE ALCANCE REGIONAL E NÃO COMPETITIVA”

João Carlos Parkinson de Castro é diplomata de carreira do Ministério das Relações Exteriores do Brasil e coordenador nacional dos Corredores Bioceânicos. Formado em Economia no Rio de Janeiro, o ministro possui uma carreira sólida, com mais de 40 anos de experiência em relações internacionais. Ele ocupou cargos estratégicos que lhe conferiram amplo conhecimento sobre a promoção de parcerias para o desenvolvimento do Brasil.

Atualmente, a Rota de Integração Latino-Americana (RILA), ou Rota Bioceânica, é um projeto central em sua trajetória. Cada vez mais próxima de se tornar uma realidade, a Rota visa integrar o Brasil, a partir de Mato Grosso do Sul, aos Portos do Norte do Chile. Ao longo dos anos, João Carlos Parkinson de Castro tem desenvolvido estudos e promovido debates para viabilizar o transporte de produtos entre os países envolvidos, além de fomentar intercâmbios culturais e diplomáticos entre os países envolvidos no projeto internacional.

O convidado desta edição da Revista Famasul, compartilha sua visão sobre a Rota, abordando desafios logísticos, prazos para a conclusão das obras, competitividade no mercado com novas oportunidades de exportação e questões jurídicas, como as aduaneiras, que regulam o comércio entre os países. O ministro também discute o protagonismo de Mato Grosso do Sul e as perspectivas promissoras para o setor agropecuário regional.

Dedo de Prosa

Ministro, o senhor é um dos principais articuladores do projeto da Rota Bioceânica, que caminha a passos largos para sua concretização. Qual é o estágio atual deste projeto estratégico para Mato Grosso do Sul?

João Carlos - As obras de infraestrutura física estão em andamento e com os recursos garantidos. Pode-se afirmar que o hardware do corredor está assegurado. Faltam ainda as obras de software, isto é, iniciativas complementares às obras físicas, como a integração aduaneira, a logística regional, a digitalização e a acessibilidade portuária. Estes temas são complexos, inovadores e têm o potencial de transformar a realidade atual. O objetivo é integrar Mato Grosso do Sul não apenas por uma ponte, mas também por meio do trânsito de pessoas e cargas na fronteira, além de melhorar a conectividade logística e digital com os portos chilenos.

Na sua projeção, em 2026, a Rota deve estar operando?

João Carlos - As obras estarão concluídas em maio de 2026. Refiro-me à ponte Porto Murtinho-Carmelo Peralta, aos acessos e à área de controle integrado em território brasileiro. Incluo também o último trecho da Transchaco. Ainda não está definido o início e término de uma nova ponte entre Pozo Hondo e Misión La Paz, na fronteira Paraguai- Argentina.

Embora o Paraguai tenha formalmente indicado disposição de construir e financiar a nova ponte, o Governo argentino ainda não se posicionou. Não se trata de uma ponte muito extensa e complexa, mas a atual é um impedimento ao tráfego de caminhões.

Desde a definição do traçado da rota, passando por Porto Murtinho, fala-se muito sobre os ganhos logísticos que o corredor possibilitará. No que diz respeito à exportação de produtos de Mato Grosso do Sul, quais cadeias podem se beneficiar e de que forma?

João Carlos - A logística do corredor será muito diferente da atual. Hoje, a logística é nacional, restrita e competitiva. No novo modelo, busca-se uma logística colaborativa, com alcance regional. Atualmente, os caminhões saem cheios e retornam vazios, o que eleva o custo do frete. No corredor, as empresas formarão parcerias e as cargas serão armazenadas em áreas específicas, permitindo uma redistribuição mais eficiente. Isso é o que chamo de “logística colaborativa”. O cruzamento dos Andes, por exemplo, seria feito por motoristas argentinos ou chilenos, especializados nessa rota.

A carga será conteinerizada. Produtos como carne congelada, açúcar, derivados de soja, etanol e outros pode-

NO CORREDOR BIOCEÂNICO, PRECISAREMOS

DE UMA LOGÍSTICA

REGIONAL E COLABORATIVA

rão ser transportados em contêineres, atravessando os Andes e acessando os portos chilenos com rotas diretas para a China. O tempo e o custo serão significativamente reduzidos: dois dias e meio até o porto de Antofagasta e mais 22 a 24 dias de navegação sem escalas. Esse é o potencial do corredor, e é o que esperamos alcançar.

E no caminho inverso, o que Mato Grosso do Sul poderá importar com maior competitividade pela rota?

João Carlos - As vantagens do corredor se manifestarão tanto nas exportações quanto nas importações. A vertente importadora pode ser ainda mais transformadora. Mato Grosso do Sul poderá importar veículos, autopeças, componentes eletrônicos e começar a construir polos industriais. Outro exemplo é a importação de gás de Vaca Muerta, na Argentina, que será facilitada pela abertura do corredor. O gasoduto passará pelo Chaco, uma região plana com licença ambiental, o que também trará mais empregos e investimentos.

As questões jurídicas e aduaneiras estão entre os principais gargalos a serem superados no caminho da concretização da Rota?

João Carlos - As questões aduaneiras e logísticas são barreiras importantes. Estamos criando um corredor em uma

GERALDO MAGELA/AGÊNCIA SENADO

região de fronteira que esteve por muito tempo negligenciada. A mudança do eixo logístico do Atlântico para o Pacífico requer transformações profundas. O próprio empresário precisará entender que ele também pode ser exportador e protagonista da sua logística.

Ministro, junto com a Rota Bioceânica, o estado de Mato Grosso do Sul tem vários outros projetos de desenvolvimento econômico sendo implementados. O estado já é o maior produtor e exportador de celulose do país, um dos maiores produtores de grãos, etanol e açúcar. Mas para escoar toda essa produção, o estado precisa de uma logística eficiente. Nesse contexto, as demandas devem acelerar a expansão da infraestrutura?

João Carlos - A logística atual não pode ser a mesma que temos hoje. Não podemos continuar com uma logística nacional e competitiva. No corredor, precisaremos de uma logística regional e colaborativa. Hoje, os caminhões saem cheios e retornam vazios. A nova infraestrutura permitirá a construção de áreas de concentração de carga, onde as empresas poderão armazenar e redistribuir suas mercadorias de forma mais eficiente, sem a necessidade de

competir entre si. Assim, a logística será mais eficiente e os custos operacionais serão reduzidos.

O caminho da competitividade aponta para a integração dos vários modais. Na sua análise, quais modais podem ser melhor aproveitados ainda no estado de Mato Grosso do Sul?

João Carlos - Os corredores são complementares, e a eficiência logística depende da multimodalidade. Em Mato Grosso do Sul, a hidrovia Paraguai-Paraná será essencial para movimentar carga que poderá ingressar ou sair do corredor, sendo escoada pelo rio. Também há a complementaridade com a ferrovia. Futuramente, a Malha Oeste estará conectada com a futura ferrovia paraguaia e com a ferrovia boliviana já existente.

Nesse contexto de integração, é possível prever um futuro com corredores bioceânicos de outros modais, como ferroviário ou hidroviário?

João Carlos - Sim, Mato Grosso do Sul será um grande hub logístico nacional. A carga regional deixará de passar exclusivamente pelo sul do Brasil, e a nova logística nacional favorecerá o norte, nordeste e, especialmente, o

Centro-Oeste. A futura logística para o Centro-Oeste incluirá multimodalidade, permitindo a integração ferroviária com a Bolívia e o Paraguai, além de integrar a hidrovia Paraguai-Paraná ao corredor.

As parcerias público-privadas podem ser alternativas para viabilizar esses projetos estratégicos?

João Carlos - As parcerias público-privadas são fundamentais para promover projetos estratégicos. O Estado brasileiro necessita do conhecimento técnico e dos investimentos privados para tornar esses projetos rentáveis e viáveis.

Mato Grosso do Sul, nesse cenário, pode se tornar não apenas um grande produtor e exportador agropecuário, mas também um hub logístico para despachar mercadorias para o Brasil e o exterior?

João Carlos - Sim, o corredor fortalecerá o regionalismo e criará novos fluxos de comércio e investimento, beneficiando os territórios do Chaco, do norte do Chile e da Argentina, além de Mato Grosso do Sul. Rompe-se o isolamento dessas regiões, integrando-as e tornando Mato Grosso do Sul um

Dedo de Prosa

distribuidor de produtos para o Norte e Nordeste do Brasil.

Uma das críticas que sempre se fez ao comércio internacional brasileiro é que ele foi excessivamente voltado para outros continentes, deixando os vizinhos sul-americanos em segundo plano. Com o corredor e outros projetos de integração, é possível corrigir essa rota?

João Carlos - O Corredor fortalecerá o regionalismo, criando um novo eixo de crescimento econômico que beneficiará Mato Grosso do Sul, o Chaco e o norte da Argentina e Chile. Novos fluxos comerciais e de investimento serão gerados, resultando na criação de empregos, aumento da receita cambial e maior arrecadação de tributos para os entes subnacionais. Espera-se, de forma concreta, um aumento nas

importações de milho do Paraguai, o que impulsionará a avicultura e a suinocultura em Mato Grosso do Sul. O estado também deve diversificar suas exportações e agregar mais valor aos seus produtos. Com o corredor, será possível garantir o abastecimento seguro de bens e insumos estratégicos, como gás, fertilizantes, trigo e milho, por meio de práticas de “ friendshoring ”, assegurando o fornecimento contínuo para o estado.

De que forma entidades como a Famasul podem ajudar o estado a se preparar para todo o potencial de desenvolvimento que a Rota oferecerá?

“OS PRODUTORES

PODEM SE

BENEFICIAR DAS NOVAS

“OS PRODUTORES PODEM SE BENEFICIAR DAS NOVAS

POSSIBILIDADES

POSSIBILIDADES

COMERCIAIS

COMERCIAIS E DE EXPORTAÇÃO”

E DE EXPORTAÇÃO”

João Carlos - A Famasul tem um papel fundamental nesse processo, a fim de acompanhar a evolução dos projetos, analisar seus impactos, orientar e capacitar os produtores rurais para maximizar as oportunidades que surgirem com a implementação da Rota, tendo em vista que a infraestrutura logística vai fortalecer a competitividade do agronegócio local e regional. Com isso, os produtores podem se beneficiar das novas possibilidades comerciais e de exportação, impulsionando o desenvolvimento sustentável e a integração de Mato Grosso do Sul com mercados internacionais.

LUCIANA NASSAR/ALEMS

Assistência Técnica e Gerencial

horta da esperança Assistência Técnica e Gerencial esperança

Com apoio do Senar/MS, oportunidade de ressocialização e de solidariedade no sistema prisional de MS

Com apoio do Senar/MS, oportunidade de ressocialização e de solidariedade no sistema prisional de MS

Com o objetivo de ressocializar internos e contribuir com a sociedade, o projeto “Horta Esperança” une os esforços do Senar/MS, da Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen) e do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul. A iniciativa, realizada no Centro Penal Agroindustrial da Gameleira (CPAIG), promove a produção de alimentos saudáveis, ao mesmo tempo em que capacita detentos para uma nova oportunidade de vida.

Criado em 2022, o projeto cultiva fru tas, verduras e legumes em uma área de aproximadamente três hectares. Parte da produção é destinada à venda, enquanto outra é doada a escolas e entidades assistenciais. Até o momento, mais de 44 toneladas de alimentos foram colhidas, beneficiando cerca de 150 famílias em Campo Grande e região.

PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL E CAPACITAÇÃO

Atualmente, dez internos participam ativamente do projeto, produzindo alimentos como alface, cheiro-verde, rúcula, maracujá, abacaxi, quiabo, tomate, batata, mandioca, jiló, berinjela e abobrinha. O nome “Horta Esperança” reflete o propósito de ressocializar os detentos e alimentar famílias em situação de vulnerabilidade.

O coordenador do programa de Assistência Técnica e Ge-

rencial (ATeG) Horticultura do Senar/MS, Dorly Pavei, explica que a entidade acompanha o projeto desde a sua implantação, garantindo o suporte técnico necessário para o sucesso da iniciativa. “Fizemos uma reunião para conhecer a área e iniciamos a construção do projeto junto com a equipe do presídio. Direcionamos um técnico para implantar as culturas, planejar o escalonamento e definir as tecnologias a serem utilizadas. Desde então, realizamos visitas mensais para orientar os internos e assegurar as melhores práticas de cultivo”, relata.

Durante todo o processo, os internos recebem capacitação técnica, aprendendo desde o plantio até a colheita. Além do aprendizado, eles recebem um certificado que pode ser um diferencial na busca por emprego após a reintegração à sociedade. “O sentimento de trabalhar nesse projeto é o de contribuir para a sociedade como um todo. Além de orientar os internos, proporcionamos a eles conhecimento técnico e oportunidades futuras”, destaca Pavei.

RESSOCIALIZAÇÃO E BENEFÍCIOS

PARA A SOCIEDADE

A horta cumpre um papel fundamental ao unir capacitação e ressocialização. De acordo com Adiel Rodrigues, diretor do CPAIG, o projeto também está alinhado à Lei de

Dorly Pavei, coord. do programa de ATeG Horticultura do Senar/MS

Execução Penal, que oferece aos internos a possibilidade de redução de pena mediante trabalho. “A cada três dias de serviço, o detento tem a pena reduzida em um dia. Ao longo de um ano, ele pode diminuir 104 dias de sua condenação. Além disso, recebe um salário mínimo, que pode ser usado para sustentar a família”, explica Rodrigues.

O diretor reforça que o Senar/MS é peça-chave para o sucesso do projeto. “A assistência técnica é essencial. Sem essa parceria, seria difícil alcançar o padrão de qualidade que temos hoje. O Senar faz parte da equipe da Gameleira”, afirma.

Além de transformar a vida dos detentos, o projeto beneficia comunidades carentes, que recebem alimentos frescos e saudáveis. “Vivemos uma grande problemática da fome, e esse projeto ajuda a enfrentar isso. Temos o compromisso de pegar o ser humano de um jeito e devolvê-lo à sociedade muito melhor. O ambiente aqui precisa ser sadio”, conclui Rodrigues.

IMPACTO NAS COMUNIDADES

Uma das instituições beneficiadas pelo projeto foi a Escola Estadual Sílvio Oliveira dos Santos, localizada no bairro Aero Rancho, em Campo Grande. Os estudantes receberam kits com alimentos produzidos pelos internos, garantindo uma alimentação mais saudável para muitas famílias. Segundo o diretor da escola, Leandro Pedrini, a iniciativa é um

diferencial importante. “Muitos alunos não teriam acesso a alimentos naturais e saudáveis, pois são mais caros. Esse projeto vai além da educação, proporcionando qualidade de vida para nossos estudantes e suas famílias”.

Para Rayssa Vieira, de 15 anos, aluna da escola, o kit de verduras foi uma oportunidade de levar mais saúde para casa. “Eu adoro verduras e estou levando para minha mãe também. Me sinto privilegiada por estudar em uma escola que se preocupa com a nossa saúde”, comenta.

O impacto do projeto não se limita à alimentação. Pedrini ressalta que a iniciativa também transmite lições de cidadania aos jovens. “Os alunos percebem que, mesmo dentro do presídio, as pessoas podem fazer algo positivo, como

ajudar a comunidade e se preparar para voltar à sociedade”.

UMA NOVA PERSPECTIVA

PARA O FUTURO

O projeto “Horta Esperança” demonstra que é possível unir capacitação, ressocialização e solidariedade em um único objetivo. Ao transformar a realidade dos internos e contribuir com comunidades vulneráveis, a iniciativa se destaca como um exemplo de como a parceria entre instituições pode gerar impactos duradouros.

Com o suporte técnico do Senar/MS e a dedicação dos internos, a horta segue cultivando não apenas alimentos, mas também esperança e oportunidades para um futuro mais digno e humano.

Projetos Especiais

LÍDER

CPrograma capacita novas lideranças para transformar o agro sul-mato-grossense

om mais de 135 lideranças formadas desde 2003, o programa Líder MS, promovido pelo Senar/MS com o apoio da Famasul, continua impulsionando novas trajetórias de liderança no agronegócio sul-mato-grossense. Em sua quarta edição, encerrada em setembro, o curso desenvolveu competências e habilidades em mais de 30 profissionais, preparando-os para os desafios locais e globais.

O programa é uma iniciativa robusta em liderança empreen dedora para o agronegócio que tem como objetivo capacitar pessoas para assumirem posições de destaque e gerarem impacto positivo em suas comunidades e no setor. Ao longo de 24 meses, os participantes estudam uma série de módulos que abrangem temas como política, economia, saúde, tecnologia e governança,

promovendo uma formação completa e transversal.

Entre os egressos do programa estão personalidades de destaque no cenário nacional, como o governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, a senadora Tereza Cristina, o presidente da Famasul, Marcelo Bertoni, e o superintendente do Senar/MS, Lucas Galvan. Eles reforçam a importância do programa na formação de líderes que hoje ocupam papéis de grande relevância para o setor agropecuário e para o estado. “O programa é transformador”, ressalta Mariana Urt, diretora-técnica do Senar/MS.

EXPANSÃO DA VISÃO DE MUNDO

Para Eleiza Moraes Machado, vice-presidente da Associação Sul-Mato-Grossense de Suinocultores (Asumas)

Mariana Urt, diretoratécnica do Senar/MS

e integrante das diretorias do Sindicato Rural de Campo Grande (SRCG) e da Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul), o programa trouxe uma ampliação significativa em sua perspectiva.

“Você aprende a enxergar além da porteira da fazenda, conhecendo outras propriedades, fazendo network e visitando locais como Brasília e, recentemente, os Estados Unidos”, comenta Eleiza, que participou da última edição. Ela destaca que a iniciativa não apenas fortalece a visão sobre os desafios internos do setor, mas também permite uma compreensão mais ampla das dinâmicas políticas e econômicas em nível global.

A turma mais recente teve a oportunidade de participar de uma missão técnica na região norte dos Estados Unidos, onde visitaram propriedades rurais focadas na produção de grãos e pecuária.

Mariana Urt ressalta que a experiência foi fundamental para visualizar o papel do setor agropecuário brasileiro na ótica do setor produtivo americano. Ela destaca que um dos aspectos que mais chamaram a atenção da turma foi a diferença entre o modelo de organização do agronegócio no Brasil e nos Estados Unidos. “Foi muito interessante entender como funciona a governança deles. Nos Estados Unidos, não há uma estrutura sindical como a nossa. Existem algumas associações, mas o trabalho de representação é bem mais limitado do que o que temos aqui no Brasil, com a CNA, as federações estaduais e os sindicatos rurais. Quando explicamos a eles como nosso modelo é estruturado, que está presente em todos os estados e praticamente em todos os municípios do país, ficou claro o contraste”, pontua.

“Esse intercâmbio concretizou todo o conteúdo trabalhado ao longo dos dois anos do programa e ainda nos mostrou como o agronegócio brasileiro é moderno e sustentável”, complementa Mariana.

FORMAÇÃO PARA PAPÉIS DE LIDERANÇA

O programa é cuidadosamente estruturado para que cada participante desenvolva habilidades que vão além das técnicas de gestão. Segundo José Pádua, gerente-técnico do Sistema Famasul, o

conteúdo é pensado para oferecer uma formação completa em liderança, permitindo que os alunos construam uma visão ampla e crítica do mundo. “O curso não se limita ao agronegócio; abordamos política, tecnologia, inovação e até mesmo filosofia, ampliando o repertório e saindo do senso comum”, explica Pádua. Essa abordagem inovadora é um dos diferenciais do Líder MS. A ausência de uma ementa rígida e a introdução de temas variados a cada encontro são aspectos importantes da metodologia do curso. Para Pádua, essa pedagogia, que desafia o aluno a se adaptar e ser flexível em relação aos temas propostos, contribui para o amadurecimento dos futuros líderes.

apenas na gestão de suas propriedades e deixam de lado essa atuação mais ampla”, argumenta Eleiza.

José Pádua, gerente-técnico do Sistema Famasul

O curso ainda oferece aos participantes uma visão aprofundada do trabalho do Senar/MS e suas ações no estado. “O Senar/MS tem uma estrutura extensa de cursos e programas, e estar no Líder MS me trouxe uma visão completa desse suporte. Com isso, posso buscar mais capacitação para a minha equipe e, ao mesmo tempo, aplicar esses conhecimentos na diretoria do Sindicato Rural”, complementa Eleiza.

IMPACTO NACIONAL E INTERNACIONAL

A IMPORTÂNCIA DE NOVAS LIDERANÇAS

A necessidade de preparar novas lideranças no agronegócio também é destacada por Eleiza Moraes. Ela enfatiza que poucos profissionais se dispõem a dedicar tempo e esforço para representar suas classes, participar de reuniões e defender melhorias para o setor. “O programa me fez entender a relevância de estar presente, de contribuir para decisões coletivas que beneficiem todos os produtores. Isso é fundamental, pois muitos acabam focados

Ao longo das edições, o programa tem adaptado sua abordagem, acompanhando as mudanças tecnológicas e as novas demandas do setor. Para Mariana Urt, o desafio atual para qualquer líder no agronegócio é conseguir aliar as inovações tecnológicas com a gestão eficaz dos negócios. “Hoje, um líder precisa entender tanto das técnicas quanto das soft skills, para poder liderar equipes especializadas e conquistar o sucesso. O programa oferece conteúdo para alcançarmos esse equilíbrio entre técnico e comportamental”, aponta.

A próxima edição do programa está prevista para 2025.

Agro Agenda

Formação que transforma: Sindicato Rural de Bataguassu celebra entrega de certificados

O Sindicato Rural de Bataguassu, sob a liderança de seu presidente Manoel Agripino Cecílio de Lima, promoveu, no dia 12 de setembro, a entrega de mais de 800 certificados de cursos de Formação Profissional Rural (FPR) e Promoção Social (PS), oferecidos em parceria com o Senar/MS. A iniciativa reforça o compromisso da entidade em promover a qualificação profissional e o desenvolvimento social no campo, atendendo às necessidades do setor e valorizando a mão de obra local.

Somente em 2024, o sindicato já realizou 84 cursos, com a previsão de realizar mais 10 até o final do ano, alcançando um total de 94 cursos até 15 de dezembro. Entre os cursos mais procurados estão o de operação de drones, com uma média de uma turma por mês, e o de análise e classificação de grãos, ambos essenciais para o avanço da produção rural e a adoção de novas tecnologias no campo.

A alta demanda pelo curso de drones, segundo o Senar/MS, reflete o crescente interesse dos profissionais do agronegócio em dominar ferramentas tecnológicas para aprimorar a eficiência e a precisão

nas atividades agrícolas. A capacitação em operação de drones tornou-se uma habilidade estratégica, permitindo o monitoramento detalhado das lavouras, o mapeamento de áreas e a aplicação controlada de insumos — práticas que aumentam a sustentabilidade e a rentabilidade da agricultura.

O Sindicato Rural de Bataguassu também se destaca por oferecer cursos que abordam capacitações que vão desde inovações até a melhoria da qualidade e padronização dos produtos, promovendo a qualificação dos trabalhadores e fortalecendo a sus tentabilidade econômica da região.

DO SUL

Programa Despertando leva alfabetização e esperança

Em Novo Horizonte do Sul, o Programa Despertando, uma iniciativa do Sistema Famasul em parceria com o Sindicato Rural de Ivinhema e Novo Horizonte do Sul, presidido por Milton Wanderley Capuci, e a Prefeitura da cidade, tem transformado a realidade da população rural e urbana do município. Desde 2022, o projeto promove alfabetização e letramento por meio de uma metodologia inovadora, com o objetivo de melhorar a vida pessoal e profissional dos participantes.

A primeira turma, começou com 10 alunos, mas apenas 6 participantes concluíram o curso. Em agosto de 2024, uma nova turma foi iniciada com mais 10 alunos, dos quais 9 continuam frequentando as aulas regularmente. As atividades ocorrem na Escola Municipal Eduardo Pereira Calado, três vezes por semana, no período noturno.

alunos a oportunidade de expressar ideias, sonhar e acreditar na transformação”, ressalta.

A instrutora Mariza Constantino da Silva, responsável pela condução do programa no município, observa que os alunos apresentam níveis variados de conhecimento, mas todos têm avançado no processo de alfabetização, superando barreiras e abrindo novas perspectivas. “O Programa Despertando oferece mais do que aprendizado. Ele proporciona aos

Além da alfabetização, o programa abre portas para novas capacitações oferecidas pelo Senar/MS, incentivando o uso de tecnologias e práticas que aumentam a produtividade e garantem maior segurança financeira às famílias. Esse impacto positivo reforça o compromisso do Sistema Famasul com o desenvolvimento de Novo Horizonte do Sul e região.

Agro Agenda

João Lucio assume presidência do Sindicato Rural

O Sindicato Rural de Porto Murtinho empossou, em novembro, o novo presidente, João Lucio. Ele apresentou uma agenda com propostas voltadas ao fortalecimento do agronegócio local e ao atendimento das necessidades urgentes do setor rural.

João destaca que seu objetivo é representar bem os produtores da região, com atenção especial às condições de infraestrutura e segurança, essenciais para garantir a produção e o escoamento dos produtos agropecuários. Entre as demandas prioritárias estão melhorias nas estradas, pontes e na qualidade do fornecimento de energia — questões que afetam diretamente a competitividade local do setor.

Com uma visão de tornar o agronegócio do município mais visível e valorizado, João enfatizou a importância da pecuária local, reconhecida pela alta qualidade do rebanho. Ele pretende promover o trabalho dos pecuaristas para que Porto Murtinho seja reconhecido como um polo de excelência na produção bovina, especialmente no contexto da Rota Bioceânica — projeto que transformará o município em um ponto estratégico de exportação, visto como

uma oportunidade única para atrair investimentos e impulsionar o desenvolvimento.

João comenta que traz para o sistema sindical uma sólida bagagem de atuação na área comercial e na gestão de propriedades familiares. Entre suas propostas, está a intensificação de cursos e capacitações, em parceria com o Senar/MS. Ele também destaca a importância de iniciativas como o programa ATeG (Assistência Técnica e Gerencial), que oferece suporte à gestão das propriedades e promove uma visão mais estratégica e competitiva para o setor rural.

Programa Despertando leva alfabetização e esperança

Em Novo Horizonte do Sul, o Programa Despertando, uma iniciativa do Sistema Famasul em parceria com o Sindicato Rural de Ivinhema e Novo Horizonte do Sul, presidido por Milton Wanderley Capuci, e a Prefeitura da cidade, tem transformado a realidade da população rural e urbana do município. Desde 2022, o projeto promove alfabetização e letramento por meio de uma metodologia inovadora, com o objetivo de melhorar a vida pessoal e profissional dos participantes.

A primeira turma, começou com 10 alunos, mas apenas 6 participantes concluíram o curso. Em agosto de 2024, uma nova turma foi iniciada com mais 10 alunos, dos quais 9 continuam frequentando as aulas regularmente. As atividades ocorrem na Escola Municipal Eduardo Pereira Calado, três vezes por semana, no período noturno.

A instrutora Mariza Constantino da Silva, responsável pela condução do programa no município, observa que os alunos apresentam níveis variados de conhecimento, mas todos têm avançado no processo de alfabetização, superando barreiras e abrindo no-

vas perspectivas. “O Programa Despertando oferece mais do que aprendizado. Ele proporciona aos alunos a oportunidade de expressar ideias, sonhar e acreditar na transformação”, ressalta.

Além da alfabetização, o programa abre portas para novas capacitações oferecidas pelo Senar/MS, incentivando o uso de tecnologias e práticas que aumentam a produtividade e garantem maior segurança financeira às famílias. Esse impacto positivo reforça o compromisso do Sistema Famasul com o desenvolvimento de Novo Horizonte do Sul e região.

Arlam Mesquita da Silva assume presidência do Sindicato

O médico-veterinário Arlam Mesquita da Silva tomou posse, no início de novembro, como novo presidente do Sindicato Rural de Rio Negro, sucedendo Henrique Ezoe, que esteve à frente da entidade por quase nove anos e foi recentemente eleito prefeito.

A cerimônia contou com a presença de importantes autoridades locais, incluindo o atual prefeito Cleidimar da Silva Camargo, o vice-prefeito Eronias Cândido de Rezende, o ex-presidente do Sindicato e prefeito eleito Henrique Ezoe, além de Rafael Gratão, presidente da Novilho Precoce, e Marcelo Bertoni, presidente do Sistema Famasul.

Em seu discurso, Arlam Mesquita anunciou uma agenda para 2025, em parceria com o Senar/MS, que inclui cursos e programas voltados à capacitação e ao bem-estar dos trabalhadores rurais.

Entre os principais projetos está o “Saúde do Homem e da Mulher Rural”, que leva atendimento médico ao campo, e o “Sorrindo no Campo”, com foco em saúde odontológica. A programação também prevê a continuidade do projeto “Senar On” no distrito de Perdigão, um polo de ensino profis-

sionalizante com internet via satélite, que proporciona capacitação de forma acessível.

Com uma economia em que a agropecuária representa cerca de 35,47% do PIB, com destaque para a pecuária e a suinocultura, Rio Negro reforça sua aposta na educação rural e no fortalecimento das famílias do campo. A nova liderança de Arlam Mesquita busca consolidar o Sindicato Rural como um polo de apoio e desenvolvimento para o setor agropecuário.

Sindicato Rural de Três Lagoas entrega 142 certificados e celebra capacitação rural

O Sindicato Rural de Três Lagoas, em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso do Sul (Senar/MS), promoveu, em ou-

Famasul em Ação

Diretora técnica do Senar/MS, Mariana Urt, participa do lançamento da campanha Caixa Encantada (governo MS)

Diretoria da Famasul participou da Convenção Senar/MS 2024

Frederico Stella, diretor-tesoureiro do Sistema Famasul, participou da abertura do Fórum Precoce MS

Coletiva de imprensa na ALEMS sobre invasões indígenas no estado

Diretor-secretário da Famasul, Fábio Caminha, participou do lançamento do plantio da safra de soja 24/25

Lucas Galvan e Mariana Urt receberam o prefeito eleito Murilo Vaz e o vice Edy Rezende (Pedro Gomes)

Diretora-técnica, Mariana Urt, participou do evento “Sanidade na Citricultura de MS - Desafios Futuros”

Em reunião de conciliação no STF, Marcelo Bertoni, cumprimenta Raoni Metuktire, líder indígena dos caiapós

Marcelo Bertoni participa do encerramento da 4ª edição do Lider MS que formou mais de 30 pessoas

Marcelo Bertoni participou do MS Agro, que debateu as perspectivas para a economia e o agronegócio

Lucas Galvan recebeu o Consulado Americano para discutir demandas de MS sobre viagens técnicas aos EUA

MS, por meio do presidente da Famasul, Marcelo Bertoni, passa a integrar a Aliança Láctea Sul Brasileira

Produtores rurais de MS e indígenas Guarani Kaiowá fecham acordo sobre demarcação de terra em Antônio João

Marcelo Bertoni participou do Seminário Desafios Socioambientais Contemporâneos, promovido pelo TJMS

Presidente da Famasul, Marcelo Bertoni, presente na reunião da FARM, no Uruguai

Reunião de apresentação dos resultados da 2ª safra de milho 2023/2024

Mariana Urt recebeu o coord. da Câmara Setorial Consultiva da Ovinocaprinocultura de MS Fernando Reis

2º Encontro Mulheres em Campo e o 1º Seminário de Liderança Donas do Agro capacita 306 participantes

Superint. do Senar/MS, Lucas Galvan, participa da inauguração das operações da Minerva Foods em Bataguassu

Presidente do Sistema Famasul, Marcelo Bertoni, participou de mais de 60 horas de reunião de conciliação no STF

Agro Doc

TUDO VALEU A PENA

No nosso cotidiano, tudo o que vivemos vira história, e muitas delas ficam gravadas na memória, principalmente porque foram marcantes de alguma forma. Algumas merecem ser compartilhadas, para que outras pessoas também possam vivenciar esses momentos, ainda que de forma imaginária.

Tenho tido a honra de ser coordenador do Programa Líder-MS durante as suas últimas duas edições. Voltado para a liderança rural, a ação foi idealizada pelo professor Fernando Curi Peres ainda enquanto era docente da ESALQ/USP, com base em sua vivência em programas internacionais. A primeira edição foi realizada no Sistema Famasul entre 2004 e 2005, na gestão do Sr. Leo Brito Filho.

Aquele foi o primeiro encontro entre o veterano docente e o ex-aluno do Líder-MS já na condição de governador do Estado de Mato Grosso do Sul. Para quem teve a oportunidade de presenciar a cena, foi emocionante ver a alegria desse reencontro e a sinceridade das lágrimas.

MESMO QUE NÃO VEJAMOS OS RESULTADOS NO PRESENTE, HAVERÁ UM DIA EM QUE TAMBÉM ENCONTRAREMOS ALGUÉM

Em setembro deste ano, após 11 encontros presenciais e uma viagem a Brasília, foi finalizada a 4ª edição do Líder-MS, que teve duração de dois anos e quatro meses. Ao longo de 20 anos, cerca de 125 pessoas concluíram este programa, e várias delas passaram a exercer posições de liderança de destaque, como a nossa senadora e ex-ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e o atual governador Eduardo Riedel. Não menos importantes, destacamos ainda líderes como Marcelo Bertoni, Maurício Saito, Lucas Galvan, Rogério Beretta, Luiz Alberto Morais Novais (Mandi), Ademar Silva Júnior, Roberta Maia, Frederico Stella, entre tantos outros.

QUE NOS

Esse momento me trouxe à memória as indagações que eu mesmo fazia como professor, ao me questionar sobre o futuro daqueles que pude ensinar, mesmo que por um curto período. Tentei me colocar na condição do professor Fernando Peres, tentando imaginar, ou por que não, sentir as emoções que aquele encontro gerou, e as reflexões que ele teria ao rever aquele ex-aluno de quase 20 anos atrás, com quem teve a chance de compartilhar conhecimentos na primeira edição do Líder-MS e toda a carga de aprendizado vivenciada ao longo do tempo.

LEVARÁ

A DIZER: “TUDO VALEU A PENA”

A comparação que me ocorreu foi como se um artista encontrasse uma das suas obras pintadas anos antes, e ao revê-la depois de tanto tempo, descobrisse que ela se tornou valiosa e respeitada. Valiosa, pois carrega princípios sólidos; respeitada, pois foi eleita democraticamente como a maior autoridade política de um estado.

Como mencionei, foram 11 encontros presenciais, que chamamos de ciclos de estudo. Durante a última edição, ocorreu um fato que alguns tiveram a oportunidade de presenciar. Nos dias 2 e 3 de junho de 2023, realizamos o 5º Ciclo Regional do Líder-MS na cidade de Ponta Porã.

No dia 2 de junho, as atividades transcorreram normalmente, começando às 8 horas da manhã e terminando às 18 horas, seguido de um descontraído jantar com música regional, oferecido pelos alunos de Ponta Porã, Guilherme e Malena.

Na manhã de sábado, 3 de junho, estávamos aguardando do lado de fora do auditório do Sindicato Rural de Ponta Porã, quando, por volta de 7h50, apareceu inesperadamente o governador Eduardo Riedel, que cumpria agenda oficial na cidade. Sempre muito solícito, o governador cumprimentou as pessoas presentes e, após alguns passos, estava frente a frente com o professor Fernando Peres. Quando se encontraram, houve um demorado abraço entre eles, mas o que mais chamou a atenção foram as lágrimas abundantes do professor Fernando Peres.

Aquelas lágrimas, certamente, estavam dizendo que todas as horas de estudo, viagens, distâncias percorridas, cansaço, a ausência da família e o desgaste físico que os anos nos impõem, tudo isso que vivi... “tudo valeu a pena”.

Essas lágrimas sinceras e copiosas, de um decano do conhecimento, que já superou os 80 anos de vida, são a prova de que algumas respostas às nossas ações no presente só aparecerão após muitos anos. Todos nós podemos contribuir e influenciar a vida de outras pessoas, seja compartilhando conhecimento, seja sendo ético e respeitoso, seja honrando as atribuições que nos são concedidas. Mesmo que não vejamos os resul tados no presente, haverá um dia em que também encon traremos alguém que nos levará a dizer: “tudo valeu a pena”.

Clóvis Tolentino consultor técnico do Senar/MS

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