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Agro Doc PERRENGUE BIOCEÂNICO

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Famasul em Ação

Famasul em Ação

Sete dias de perrengue entre o Chile e a Argentina. Enfrentando de 40ºC no deserto do Atacama até -15ºC na Cordilheira dos Andes, tudo graças a uma caminhonete estragada.

Tudo começou em 27 de setembro de 2013, quando 30 caminhonetes com representantes do setor produtivo, logística e poder público saiu em expedição de Campo Grande até os portos do Chile, no Pacífico, a 2.200 quilômetros, para analisar a viabilidade da Rota de Integração Latino-Americana (RILA), pela Bolívia.

Eu dirigia o veículo da Famasul, onde estavam: Nilton Pickler (então vice-presidente), Ruy Fachini Filho (diretor-secretário na época), Lucas Galvan (que era diretor-executivo da Aprosoja/MS) e Diego Silva (então assessor de imprensa).

As caminhonetes eram novas e usavam diesel S10. O combustível não tinha na Bolívia e, por isso, levamos galões com 150 litros. Planejávamos abastecer só no Chile. Mas, com consumo alto, tivemos que colocar diesel boliviano.

Passamos pela Bolívia e chegamos aos portos do Chile. Na primeira parte da viagem tudo perfeito. Na volta, no deserto do Atacama a caminhonete estragou. Mecânicos, que acompanhavam a expedição, tentaram, mas não conseguiram arrumar. Rebocaram até San Pedro do Atacama, onde o seguro buscaria. Nós conseguimos carona e seguimos junto.

A situação foi complicando. Veículos não podem circular na parte histórica da cidade e precisávamos encontrar alguém para ficar com a chave, até a chegada do guincho. Uma funcionária de uma agência de turismo aceitou.

Tudo encaminhado, corremos para chegar ao posto da fronteira com a Argentina, que fechava às 22h. Conseguimos, mas no tumulto, perdi meus documentos e dinheiro. Não me deixavam atravessar a aduana.

ta (5). No dia seguinte os mecânicos foram embora. Os diretores já tinham seguido antes. Ficamos eu e o Diego. Loquei um carro e fui até a fronteira regularizar a situação.

O seguro precisava que estivéssemos no Chile para acompanhar o guincho. Conseguimos passagens de ônibus para terça e agendamos com a seguradora para o dia seguinte. O ônibus era de “filme de sessão da tarde”. Tinha galinha e até porco dentro, e quebrou na saída da cidade.

Chegamos no Chile à noitinha. Procuramos um hotel e, depois fomos conhecer San Pedro do Atacama. Em um bar, conhecemos duas turistas brasileiras.

NO TUMULTO, PERDI MEUS DOCUMENTOS E DINHEIRO. NÃO ME DEIXAVAM ATRAVESSAR A ADUANA

Após muita conversa, recebi uma permissão temporária. Chegamos ao hotel, na Argentina, às 5h. O restante da expedição seguiu para Assunção (Paraguai) e nos ficamos. Mas as reservas tinham sido canceladas. Nos acomodamos como pudemos. Eu, dividi uma cama de casal com um colega. Outros dormiram em sofás.

Gustavo Nantes, colaborador do Sistema Famasul

Foi então que a seguradora mandou uma mensagem informando sobre a desistência do serviço. Nós desesperamos. Sem dinheiro, no deserto e a mil quilômetros de casa. No dia seguinte, logo cedo pedimos socorro a Famasul.

Por volta do meio-dia ligaram. Conseguiram uma empresa para buscar a caminhonete e já estavam comprando nossas passagens de avião, mas, tínhamos que chegar até Calama, a 80 quilômetros de San Pedro.

Lembrei então que as brasileiras iam pegar um transfer para Calama. Fui ao hotel, chamei o Diego e deixei a chave da caminhonete com a dona do estabelecimento.

Dormi pouco. Acordei e liguei para a atendente em San Pedro. Pedi que procurasse meus documentos na caminhonete, mas ela não quis. Consegui então que os mecânicos, que tinham ficado conosco, voltassem ao Chile. Eles encontraram os documentos e o dinheiro dentro da caminhonete e voltaram para a Argentina.

A caminhonete pifou na quarta (2 de outubro) e já era sex-

Fomos ao hotel das turistas e conseguimos a carona. Foi aí que lembramos das malas. Elas haviam ficado no hotel, na Argentina. Entre escapar do pesadelo e buscar as malas, optamos pela primeira opção.

Pegamos o voo em Calama e descemos em Santiago. De lá foi outro para São Paulo e depois Campo Grande. Chegamos como dois esquimós, queimados pelo calor e pelo frio e, cinco quilos mais magros. A caminhonete chegou 21 dias depois. Dentro, as malas despachadas da Argentina. As roupas, com a temperatura da Cordilheira, viraram pedras de gelo.

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