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Projetos Especiais ACOLHE NO CAMPO
OO Sistema Famasul está engajado na luta contra a violência doméstica. Para isso, desde 2021 tem uma parceria com o Ministério Público Estadual (MPMS) no projeto Acolhe no Campo. A iniciativa capacita técnicos e instrutores que fazem o atendimento diretamente com o público rural para identificar e denunciar os casos.
“Se engajar em um projeto com esse tema demonstra toda a responsabilidade que nós temos com as pessoas que moram, trabalham e vivem no campo. Então, tratar de temas diversos como o da violência doméstica e outros, faz com que essas pessoas tenham mais qualidade de vida e segurança. Muitas vezes, por falta de conhecimen to, as pessoas têm mais dificuldade de acesso à informação e recursos. A informação sobre como proceder em uma situação faz toda a diferença”, aponta o presidente do Sistema Famasul, Marcelo Bertoni. Ele ressalta a importância da parceria com o MPMS. “Fortalece o tratamento de assuntos tão relevantes como esse e sempre traz a participação de especialistas, para compartilhar a informação mais correta possível com o nosso público”.

A promotora de Justiça Clarissa Carlotto Torres, da 72ª Promotoria, na Casa da Mulher Brasileira, em Campo Grande, também destaca a soma de esforços. “Este tema é muito debatido no âmbito urbano, contudo, havia uma lacuna em relação às mulheres do campo, pela dificuldade de acesso à informação e à internet, pelas longas distâncias até a rede de atendimento e em razão do isolamento natural decorrente da posição geográfica. A parceria veio suprir essas lacunas. Com a formação dos instru- tores foi possível levar informações às mulheres da zona rural. Isso diminuiu as barreiras e permitiu que a informação chegasse a elas de forma orgânica e sem custo operacional relevante”.
A diretora técnica do Senar/MS, Mariana Urt, destaca o funcionamento da ação. “Reunimos nossos técnicos e instrutores, enquanto o Ministério Público Estadual disponibiliza os promotores e demais membros das equipes e, por meio de videoconferência e de modo presencial, eles aplicam o conteúdo”.
Quatro integrantes do MPMS, além de profissionais convidados, participam diretamente do trabalho. A capacitação aborda cinco temas principais. Papéis Sociais – o masculino e o feminino na sociedade; Masculinidades – Um Papo de Homem; Os Tipos de Violências: física, moral, patrimonial, sexual, psicológica e virtual/ digital; Os Aspectos Jurídicos da Lei Maria da Penha e Comunicação Não-Violenta. “Tem ainda um espaço para interação e tira-dúvidas em tempo real, bem como estudos de casos trazidos pelos próprios alunos”, relata.
A diretora técnica lembra que capacitar as equipes que atendem os mora- dores do campo é uma das principais bandeiras da instituição e que para o atendimento a uma situação extrema, como a da violência doméstica, essa preparação elaborada pelo MPMS é fundamental.
Conforme ela, foram capacitados instrutores dos cursos de Formação Profissional Rural (FPR) e de Promoção Social (PS) e consultores dos programas de Assistência Técnica e Gerencial (AteGs). “Ao todo, 202 profissionais receberam o treinamento. Hoje, estão prontos para identificar os casos de violência doméstica no meio rural”.


A promotora diz que após a capacitação, o MPMS fica disponível para qualquer dúvida ou intervenção, quando houver necessidade. “Basta que o instrutor entre em contato com os telefones colocados à disposição, especialmente os números da Pro motoria na Casa da Mulher Brasileira. Nos municípios do interior ficam à disposição as Promotorias de Justiça de cada cidade”.
Premia O
O engajamento dos parceiros e a de dicação à iniciativa foram tão grandes que em novembro do ano passado o Acolhe no Campo ganhou um reconhecimento nacional.
O projeto ficou em terceiro lugar na categoria “Transversalidade dos Direitos Fundamentais” do prêmio do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) 2022. A solenidade de premiação ocorreu em Brasília.
A promotora de Justiça diz que a conquista foi uma surpresa. “A premiação foi o reconhecimento de uma iniciativa inédita e muito assertiva que, com certeza, fortalece a divul- gação da Lei Maria da Penha e amplia seu alcance. Importante registrar que, sem a parceria da Famasul, as mulheres do campo continuariam tendo suas histórias escondidas e inalcançadas. Hoje, o êxito do projeto demonstra que parcerias como esta são, sem dúvida, a forma mais inteligente de prevenção e combate às violências”.
A diretora técnica do Senar/MS também destacou o resultado. “Esse reconhecimento nos deixou muito felizes porque, mesmo em tão pouco tempo, o Acolhe no Campo já mostrou a relevância de se olhar para o agro não só como um setor produtivo, mas com pessoas que precisam de uma atenção social sensível”.
