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Dedo de Prosa

nosso estado agora, mas também porque há um horizonte novo para produzir e empreender, com a conclusão da Rota Bioceânica e a retomada dos projetos ferroviários. Tudo isso vai se conectar a rodovias integradas, portos, aeroportos, hidrovias e corredores de escoamento com custo muito mais baixo e barato. Por isso, minha expectativa é que o Mato Grosso do Sul continue sendo um ponto fora da curva das dificuldades de crescimento no Brasil. Vamos continuar entre os estados que mais crescem no País, porque somos esta nova fronteira de grandes oportunidades.

Há algum tempo o estado enfrenta a questão de disputas fundiárias envolvendo indígenas. A questão é federal, mas o governo do estado pode contribuir na busca por soluções?

Riedel - Como você disse muito bem - é uma política federal. Estamos atentos a este desafio, porque temos a segunda maior população de povos originários do País. O Estado vai agir e será parceiro do governo federal, cumprindo o seu papel de entregar serviços de saúde, segurança alimentar, educação diferenciada e programas garantidores dos direitos dessas comunidades e etnias. São políticas públicas especiais e essenciais, que devem funcionar em conjunto com as decisões e os investimentos da União, para que ganhem mais eficiência e resolutividade. Temos demandas muito especiais porque parte relevante das comunidades está em faixa de fronteira, sofrendo o impacto dos problemas de segurança pública que todos conhecemos. Nós não vamos nos omitir. Não vamos confundir a causa indígena com conflitos artificiais promovidos por terceiros e muito menos ignorar o aliciamento do tráfico sobre parte da população pobre.

Vamos trabalhar neste campo com propósitos muito bem definidos, transparência, mas também com clareza sobre a manipulação de interesses que não são o interesse público.

Na área ambiental, o senhor disse que pretende promover uma revisão da atual legislação de pesca do estado. Como será feito esse trabalho?

Riedel - Precisamos fazer regulamentação da lei de pesca, que foi declarada inconstitucional em 2014, e isso pode ser visto como um retrocesso das normas ambientais, mas, por outro lado, criamos avanços importantes e significativos no setor, como a instituição de tamanho máximo e mínimo para pescadores artesanais e o estabelecimento da cota zero. Agora, temos que avançar também na recomposição dos recursos pesqueiros em Mato Grosso do Sul. Precisamos ter uma política de pesca que equilibre a manutenção das atividades tradicionais, com uma legislação específica para eles, esportivas e turísticas, que atrai muita gente para o estado. Precisamos modernizar nossa legislação, que começa com uma nova lei de pesca, que passa por uma montagem de grupos, uma ampla discussão com a sociedade e participação da Assembleia Legislativa. Para iniciar esse processo, assumimos o compromisso de retornar o Conselho Estadual de Pesca, que seria o primeiro passo para essa discussão. O segundo passo é o desenvolvimento de algumas pesquisas em relação à disponibilidade de recursos pesqueiros no estado. E temos uma outra lógica de piscicultura comercial, da criação de peixes, nativos e exóticos. No caso da bacia do Paraguai, temos que buscar estímulo da criação dos peixes nativos, porque lá não pode ter o peixe exótico, e na bacia do Paraná, principalmente com a tilápia, que torna Mato Grosso do Sul o primeiro lugar na exportação da carne de peixe.

O Fundersul é importante ferramenta para viabilizar melhorias na estrutura viária em todo o estado. Em sua gestão haverá uma preocupação especial com o uso desses recursos para assegurar boas condições principalmente para as vias de escoamento da produção do agro?

Riedel – Esta será a prioridade absoluta e o foco dos investimentos do Fundersul, que foi criado com esta finalidade. O exponencial ciclo de crescimento em curso no estado demanda uma infraestrutura robusta, para garantir eficiência econômica. Não adianta produzir mais e melhor, com altíssima produtividade, se da porteira para fora os problemas e os déficits de infraestrutura acabam impondo perdas enormes ao produtor e também ao estado. Já temos uma ponderosa carteira de investimentos neste campo, que vai entregar, em curto prazo, uma nova logística de suporte à produção. Vamos tocar os investimentos com absoluta transparência e discutindo diretamente com o setor. Como eu sempre digo, eu sei o peso do Fundersul para o produtor, porque, como produtor, eu pago Fundersul. Mas, sei também como os recursos do Fundo foram fundamentais para que chegássemos a esse novo patamar de crescimento e expansão da nossa economia. Cabe destacar que com transparência na sua aplicação, e participação de uma série de entidades, e volto a citar a Famasul, o Fundersul investiu R$ 4 bilhões na malha viária do estado e em infraestrutura urbana entre 2015 e junho de 2022. Somente no primeiro semestre do ano passado 87% dos investimentos (R$ 561 milhões) foram canalizados pelo Governo do Estado na pavimentação e restauração de estradas e na infraestrutura urbana. E é bom deixar claro à sociedade que os recursos do fundo são aprovados por descrição das obras e trimestralmente por um conselho, do qual participam a Famasul (Federação de Agricultura de MS), Assomasul (Associação dos Municípios de MS), Acrissul (Associação dos Criadores de MS) e Sicadems (Sindicato das Indústrias de Frio, Carnes e Derivados de MS).

Em sua campanha o senhor disse que uma das principais ações de sua ges- tão será o desenvolvimento de ações visando transformar MS em um estado carbono zero até 2030. Para o agro quais iniciativas serão desenvolvidas?

Riedel - Mato Grosso do Sul tem sido um exemplo da aliança entre meio ambiente e desenvolvimento. Tive a oportunidade, enquanto secretário de Estado, de atuar na implementação de políticas de desenvolvimento sustentável, especialmente no que se refere a descarbonização. E fizemos isso promovendo a cooperação para o financiamento, incentivos, desoneração, capacitação, desenvolvimento, transferência e difusão de tecnologias e de processos. Ações que certamente ampliaremos e melhoraremos. É claro que essa meta até 2030 é ousada, mas não tenho dúvidas de que Mato Grosso do Sul será um exemplo para o Brasil e para o mundo, e que o estado está no caminho para ser certificado internacionalmente como um território Carbono Neutro, implementando e respeitando três eixos de políticas ambientais, a preservação da biodiversidade, proteção dos mananciais de águas e o balanço do carbono. Essas políticas unem preservação e desenvolvimento, e nos colocam em uma posição de destaque para investidores que, cada vez mais, percebem a importância de aliar estas duas pontas em prol de um futuro sustentável e rentável.

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