DO GERAL AO PARTICULAR O trabalho rabínico nas comunidades judaicas
Hernán Rustein O judaísmo não é “uma entidade” que possui uma “essência”, mas uma “família de comunidades”. O importante não é o conteúdo do debate, mas a sua ocorrência em si mesma. O fundamental é que a família se reúna para conversar, independentemente de como a mesa é armada.
E
m Bereshit 18, conta-se que Deus recebeu notícias de um comportamento imoral cometido pelos povos de Sdom e Amorá.1 Sua reação imediata foi checar a veracidade da informação. Será que Deus não sabe tudo? Que necessidade tem de verificar? A opinião do comentarista medieval Abraham ben Meir Ibn Ezra a esse respeito é que, talvez, Deus saiba tudo de uma maneira geral (dérech kol), mas desconhece as particularidades (dérech chélek). Será que a função rabínica responde pelo judaísmo como um todo? Ou por cada judia ou judeu em particular? Reformulando a pergunta, será seu papel ensinar às pessoas a maneira correta de viver uma vida judaica? Ou criar uma vida judaica junto com as pessoas? Minha proposta para as próximas linhas é explorar a atribuição rabínica em relação ao judaísmo em geral, e em relação às judias e judeus em forma particular.
Dérech Kol – O escopo geral do trabalho das rabinas e dos rabinos A primeira coisa que devemos esclarecer é que o que chamamos de “judaísmo” se refere ao campo de ação da atividade rabínica. Junto com o rabino Dana Kaplan e o teólogo Michael Satlow, propomos que “não há qualquer crença ou prática particular” que possa ser chamada de “núcleo” judaico. O judaísmo não é “uma entidade” que possui uma “essência”, mas uma “família de comunidades”. Segundo essa corrente de pensamento, o que as une é o fato de participa-
Revista da Associação Religiosa Israelita-A R I
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