Devarim 41 (ano 15, abril de 2020)

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UM JOVEM CARIOCA

Gabriel Richards

T

enho 22 anos de idade, sou madrich do Movimento Juvenil Judaico Sionista Hashomer Hatzair, moro no bairro da Tijuca na cidade do Rio de Janeiro, curso História na Universidade Federal do Rio de Janeiro, amo as artes e escrevo poemas. Como madrich do Hashomer Hatzair, não posso deixar de dizer que é um movimento que a cada dia me inspira, me ganha, me arrebata. Nele, o prazer da troca, da comunhão, da empatia, e de noção educacional freireana de que vivemos no mundo e com o mundo, não tem preço. Entender que nada se faz sozinho, que nada pode parecer impossível de mudar quando estamos diante de um desafio, é gracioso, me dá coragem. Nessa tnuá, tive contato direto com os valores e princípios judaicos com uma educação não formal potente e realizadora, judaica e sionista, que foram fundamentais na minha formação enquanto pessoa. Valores e princípios estes que me influenciaram a sempre almejar o respeito ao próximo e à diferença, a intelectualidade e a criticidade. E o poema que agora publico, certamente é uma extensão e fruto dessa educação ­shômrica transformadora.

66  |  d e v a r i m   |  Revista da Associação Religiosa Israelita-A R I

O que escrevi é algo que fala de corpo, dos sentidos humanos, de alma, afetos, imaginação. É tudo aquilo que em parte um jovem sente e tenta traduzir com palavras: eis um poema. Lembra o leitor, ou a leitora, que o diafragma existe e que se for usado para gargalhar, é uma boa! Propõe-se a alegria como um escape para aguentar o peso da realidade. Ou melhor: a alegria como ferramenta que detona e nos livra do que pode nos destruir enquanto sujeitos. E se legitima por intermédio de um sábio do século XVIII que gosto muito: o Baal Shem Tov. Fundador do Chassidismo, deixou como legado que o entusiasmo através do canto, da oração e da dança – e também de outras manifestações ordinárias – espantam o sofrimento na vida e aproxima o humano à dimensão do sagrado. O poema convida a quem o lê a enxergar, na recontextualização de nomes e personagens da Bíblia Hebraica e numa benção da tradição judaica, a possibilidade do rompimento como abertura, rumo a uma interpretação razoável, poética. Utilizando a repetição como técnica alusiva ao sagrado subjetivo e coletivo: uma maneira de explicitar o afeto e a intimidade com a tradição, o sagrado e o profano. Mescla caminhos explorando a imaginação.


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