CARO DR. WEIZMANN Mario Fleck
E
m novembro do ano passado recebi o diploma de PHD Honoris Causa do Instituto Chaim Weizmann de Ciências. Fui informado deste prêmio com razoável antecedência, com muito orgulho e surpresa. De fato, tenho contribuído bastante para ampliar a visibilidade do Instituto Weizmann no Brasil, mas devo confessar que não tinha essa expectativa. Sabendo que deveria falar algumas palavras e conhecendo o grupo que compartilharia da ocasião comigo – outros agraciados, convidados e amigos –, pensei bastante no que deveria dizer. Gosto de ler biografias e procuro todas as oportunidades possíveis para entrar em contato com pessoas que considero especiais, seja por seu nível de inteligência, paixão por alguma causa ou impacto causado por suas iniciativas. Na impossibilidade de encontrar pessoalmente com o Dr. Weizmann, resolvi simular essa situação, através de uma carta – uma forma também de homenagem, já que ele era um amante da troca de correspondências e suas cartas acabaram preenchendo alguns tomos de livros assinados por pesquisadores e historiadores. Weizmann foi um personagem raríssimo, capaz de unir visão, política, diplomacia, ciência e realização, sempre dando o máximo de destaque à sua condição de judeu e sionista. Foi um enorme prazer pesquisar sobre sua vida nas biografias, na autobiografia e em outros livros. De fato, me encantou a oportunidade de escrever uma carta narrando
um pouco sobre a realidade de um mundo sonhado por um personagem tão especial – é como se tivesse surgido a chance de encontrá-lo para trocar ideias e aprender um pouco mais. Caro Dr. Weizmann, Eu gostaria que tivéssemos podido nos conhecer. Seria uma imensa honra e privilégio conversar com um dos principais arquitetos do mundo judaico de nossos tempos. Talvez, teria sido ainda melhor conhecê-lo hoje e trocar algumas ideias sobre essa fantástica e bem-sucedida organização que você criou há mais de 70 anos, e que eu e muitos outros apoiadores admiramos imensamente. Em preparação para escrever esta carta, aproveitei a oportunidade para fazer uma pesquisa e revisão de um pouco da história de seus dias. Fiz isso para compartilhar também, com a sua permissão, alguns elementos-chave de seus pensamentos que ainda prevalecem, pois se tornaram as raízes de uma construção única, viva e muito impactante. Para esse fim, entrei em contato com alguns de seus biógrafos, como Norman Rose, Yehuda Reinharz e, é claro, seus próprios escritos aos quais você denominou Tentativa e Erro. E também fiz um estudo sobre as cartas que você escreveu. Que personagem! Devo dizer que minha geração tem muito mais sorte que a sua e que devemos agradecer aos arquitetos da história judaica como você por nos permitirem ter o tipo de vida que temos hoje.
Revista da Associação Religiosa Israelita-A R I
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