A INVENÇÃO DA VIDA
Eva entrou na sala errada. Quinze anos de clínica, ainda perdia a noção do espaço em toda sessão. O recepcionista apenas a olhava e sorria. − É Eva, a sempre hiperbólica! − A esquisita que se perde até no quintal de casa. No consultório, duas cadeiras velhas, um cheiro de mofo e um quadro de natureza morta comprado na 25 de março. − Eu não sei ainda o que digo. Eva respirava com dificuldade e demorava a formular as frases. − Por quê? Indagava o analista. − Pensei no corpo, sabe?
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